Barack Obama e a Lógica do Império

Por Elton Luiz Valente

Nem tanto ao mar, nem tanto a terra, já dizia sabiamente o velho provérbio. O Capitalismo tem trazido excessos discutíveis e perigosos à saúde desse Velho Planeta, mas é preciso reconhecer que se dependesse de Marx, Lênin, Mao e seus ascetas, nós não teríamos os avanços tecnológicos importantíssimos que tivemos no último século e, presumivelmente, estaríamos mergulhados nas trevas. Seríamos governados por déspotas, caudilhos, ditadores, cujas reminiscências ainda rondam por aí. Ou seja, não fosse o Capitalismo, nós não teríamos os avanços que tivemos em áreas como científicas, sociais, políticas e econômicas. Há um preço alto a ser pago pelos abusos, é certo, mas esta é outra questão, aliás, muito bem discutida aqui no Geófagos.

Digo isso porque quero falar do Obama, o Fenômeno. Em minha análise particular – e ninguém está obrigado a concordar comigo – Barack Hussein Obama é o mais recente canto da sereia chamada Estados Unidos da América. Um canto muito bem urdido por sinal. Temos de reconhecer, eles são bons no que fazem. E vejam só, quem não se encantar com a história e com o discurso daquele ‘neguinho’, é um desalmado. O mundo aplaudiu de pé. Muita gente importante e equilibrada chorou de emoção, não só nos EUA, mas mundo afora. A televisão não cansa de mostrar.

George W. Bush pegou um país com superávit econômico e uma política externa relativamente equilibrada. Está deixando duas guerras, um déficit econômico, uma crise financeira mundial histórica e uma política externa antipopular, talvez a maior desde que o Império é Império.

E eis que surge o Obama, que agora todo mundo conhece, mas que ainda ontem se seu nome fosse pronunciado de súbito e em voz alta, dependendo do lugar, faria gelar o sangue de muita gente, talvez até provocasse algum pânico.

E aqui entro eu com minhas especulações. Existe uma Power Elite, uma elite econômica mundial, certamente sediada nos Estados Unidos, com tentáculos em Israel e Reino Unido. Os partidos Republicano e Democrata são apenas, digamos, seus galinhos de briga, para divertir a patuléia, como um Circo Romano de tempos menos bárbaros.

Depois de George W. Bush que, não duvidem, cumpriu o seu papel à risca, conforme o script do establishment, eis que eles nos oferecem Barack Obama, um presidente negro, democraticamente eleito de forma exemplar, em um país sabidamente racista, com apenas 13% de eleitores negros. Olhem para a cara espantada do mundo. Ouçam a palavrinha mágica esperança sendo entoada nos quatro cantos do planeta. Vejam o Império se ajustando confortavelmente no trono, com um sorriso maroto, escondendo a sua face mais feia.

Discussão - 5 comentários

  1. Concordo plenamente meu amigo.
    Meio suspeito a nação mais malvada do planeta de repente eleger um cara "bonzinho" né?

  2. Ítalo M. R. Guedes disse:

    Elton,
    Já sentíamos falta de suas palavras. Muito relevante seu post, também suspeito que a Power Elite está apenas estrategicamente "dando um tempo" à sua estratégia explicitamente imperial, resolvendo expor sua face "relações públicas" com Obama. Claramente Bush angariou uma antipatia unânime em relação aos EUA, de forma eficiente demais. Era necessário reverter um pouco este processo. Nada melhor do que dar a impressão de real democracia, capaz de eleger um negro com nome reminiscente de noites árabes. O marketing absurdamente bem feito não nos deixa duvidar das origens e interesses empresariais da Elite do Poder.

  3. João Carlos disse:

    Um pouco ousada essa sua afirmativa quanto às propostas socialistas, hem?... 😯 (a idéia subjacente era exatamente libertar a humanidade do modo de produção capitalista... Enfim, as tentativas foram realmente um fracasso...)
    Mas exagero mesmo é afirmar que “George W. Bush que, não duvidem, cumpriu o seu papel à risca, conforme o script do establishment”... Dificilmente a inépcia da administração Bush em matéria de finanças beneficiou o "establishment".
    Eu não espero grande coisa de um governo Obama, mas daí a afirmar que é um mero "jogo de cena" da "Elite do Poder", vai uma enorme distância.

  4. João Carlos,
    Antes de tudo, obrigado por manifestar a sua opinião aqui no Geófagos.
    O que mais me chama a atenção na política dos Estados Unidos - a história deles indica isso - é que eles têm um projeto de país que está acima deste ou daquele governo. Há um nível hierárquico superior. Em todas as eleições, nas que eu pude acompanhar, a face do candidato derrotado é sempre serena, segura, não há clima de derrota nem belicosidade, comuns nas repúblicas de bananas. Às vezes o clima é de piada e descontração, como ocorreu entre Al Gore e Bush na sucessão de Bill Clinton.
    Em relação ao governo Bush, enumerando algumas possibilidades que me ocorrem no momento, entendo que o benefício do establishment está, por exemplo, em que Bush deu um aviso claro ao mundo para não brincar com esse negócio de cotar o petróleo em euros, como queria Saddam Hussein. Bush passou como um trator por cima da ONU, que hoje mais atrapalha do que beneficia os projetos da suposta Power Elite. Bush promoveu duas guerras, beneficiando a indústria bélica, entre outras. O ônus de resolver a crise financeira foi distribuído entre todos os países ricos e emergentes do mundo. O barril de petróleo já recuou para sessenta dólares, com possibilidades de reduzir ainda mais e, é óbvio, sabemos que dinheiro é o menor dos problemas que eles têm.
    Não consigo atribuir inépcia ao Bush, ao contrário, acredito sim que ele tenha ‘exagerado na dose’ e a coisa começou a fugir do controle. E quem sabe não seja exatamente esta a principal razão do fenômeno Barack Hussein Obama? Fato que, ainda ontem, era dificílimo de acreditar, um presidente norte-americano negro com nome afro-árabe-tribal, ou seja, uma dose também exagerada e inusitada de ‘calmante’ para arrefecer os ânimos do mundo, embora eu acredite que com o Obama não vá mudar coisa alguma, o mundo vai continuar obedecendo e eles mandando, como sempre foi.

  5. asdf disse:

    luta de vitor belfort www.ufccombate.com.br

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