Santa Catarina pede socorro

A pelo menos uma semana tem se ouvido falar dos últimos acontecimentos que atingiram o estado de Santa Catarina. As chuvas torrenciais que aitngem a região nordeste do estado a cerca de 60 dias causou e ainda causa muitos estragos. Para se ter uma idéia da magnitude do evento, em um fim de semana choveu o equivalente a 4 meses. Estima-se que cerca de 114 pessoas já tenham morrido e cerca de 78000 perderam suas casas. A população de alguma forma atingida pelo desastre chega a 1500000 habitantes. No entanto, o número correto de vítimas pode nunca ser descoberto, uma vez que os deslizamentos de encostas e enchentes podem ter soterrado e arrastado seus corpos. Essa já está sendo tratada como a maior tragédia natural vivida pelo estado e possivelmente pelo Brasil. O Geófagos, por meio desse post, procurará exercer a cidadania de seus autores e prestar solidariedade para com o povo Catarinense. Além disso, esse post também visará discutir alguns aspectos sócio-ambientais que cerca o acontecido. Para início de conversa gostaríamos de pedir licença aos nossos leitores para pedir que doações sejam feitas. Segundo a Defesa Civil, colchões, gêneros alimentícios não perecíveis, cobertores, lençóis e medicamentos são ítens de extrema necessidade. As doações estão sendo coordenadas pelas defesas civis e corpos de bombeiros militares do estados da federação e do Distrito Federal.
Segundo meteorologistas as chuvas foram provocadas pelo choque de uma massa de ar quente e úmido vinda do oceano com uma massa de ar frio estacionada no continente. Essas ainda foram agravadas pelo encontro de uma zona de alta pressão com uma de baixa pressão. Fatores comuns, ensinados de maneira natural em cursos básicos e avançados de meteorologia. A princípio, pode acontecer outras vezes, como já ocorreu em 1983 quando outra grande enchente atingiu a mesma região do Vale do Itajaí. É um fenômeno que pode estar comumente relacionado com a primavera onde condições climáticas intermediárias entre o inverno e o verão estão presentes. Entretanto, um aspecto não pode passar batido. Fenômenos que envolvem aquecimento de águas oceânicas aparentemente estão ocorrendo com maior frequência e intensidade. Quem não se lembra do Catarina, no próprio litoral catarinense? Esse fenômeno meteorológico é, no entendimento de diversos especialistas do setor, o primeiro furacão brasileiro. Também não pode-se esquecer das últimas e trágicas temporadas de furacões nas Américas Central e do Norte. O fato é que, com o aquecimento da água do mar, esses fenômenos tendem a se tornar mais constantes e intensos. Obviamente ainda é muito cedo para relacioná-los às tão comentadas mudanças climáticas globais, no entanto, elas podem sim estar correlacionadas com os referidos fatos. Confesso que até ontem, dia 30/11/2008, estava decepcionado por não ter visto de nenhum especialista fazer essa útlima abordagem. No entanto, durante a cobertura do desastre pelo Fantástico a possível relação entre os últimos acontecimentos com o tão falado aquecimento global foi abordada. A opinião lá aparentemente é a mesma de cá. Com o aquecimento global esses fenômenos possivelmente estão se tornando mais constantes e intensos o que exige das autoridades medidas urgentes, sejam elas locais, regionais, nacionais e até mesmo mundiais.
É evidente que uma tragédia como essa choca e nos faz pensar sobre a nossa existência, sobre o nosso comportamento. O que não se pode é deixar que ela nos cegue. Não pode-se por causa disso perder-se o senso crítico. A região mais afetada pelas chuvas é, a muito tempo, tida como uma região altamente vulnerável a grandes trasnportes de massa (uma espécie de erosão de maior porte). Da mesma forma, as áreas inundadas representam o leito maior dos rios regionais, onde, em períodos de chuva intensa a água fatalmente o ocupa pois é o sua área de escape natural. Como então, já com um histórico de eventos naturais de tal porte, pode-se deixar áreas como estas serem ocupadas de maneira intensa? E mais, como ficarão essas regiões caso se confirme a hipótese de maior frequência e intensidade desses fenômeno graças ao Aquecimento Global? Confesso não visualizar uma saída tranquila e barata para essa situação. Até economicamente o Brasil foi afetado, já que o Porto de Itajaí, responsável por exportações que correspondem a cerca de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi destruído e, estima-se, mais de um ano para sua reconstrução. Transferir a população daquela área é quase o mesmo que transportar uma cidade inteira. Então, a melhor maneira de lidar com a situação é limpar o que restou, reconstruir as regiões e seus serviços e esperar o próximo evento? Pois é assim que as situações passadas foram tratadas. Espera-se o evento acontecer e gasta-se rios de dinheiro público para reconstruir. Essa, definitivamente não é a melhor saída. A situação poderia ter sido muito menos grave caso houvesse um mínimo planejamento urbano adequado. Agora que a situação já é catastrófica, tem-se a oportunidade de rever-se valores e quebrar-se paradigmas. É hora de não só reconstruir, mas também re-planejar. Ou melhor, é hora de planejar, já que o planejamento era praticamente inexistente. Buscar melhores alternativas para implantação das moradias que terão de ser construídas para abrigar os atingidos pela tragédia tornou-se agora obrigação governamental. E à população, cabe não só lutar pelos seus direitos e sua vida, mas também cabe a cobrança incansável para com as autoridades. E ao contrário do que tem sido dito por aí, fenômenos como esse não acontecem como obra do acaso ou vontade divina. Por mais que a previsão exata seja difícil, saber que esses fenômenos, que já aconteceram antes, podem voltar a acontecer é obrigação dos planejadores e especialistas. É hora de deixar de tapar o sol com a peneira e ver as coisas como elas realmente são. Tragédias realmente podem acontecer, mas algumas são sim anunciadas. Afinal, quem não sabe que o vale de um rio é inundável ou quem não se lembra dos princípios básicos da geografia, estudados ainda no ensino fundamental, quando vê-se que todo relevo tende à se tornar plano por processos erosivos?
Resta-me dizer,
Força Santa Catarina e que também se responsabilize os autores de anos de descaso com o planejamento urbano!
Carlos Pacheco

Discussão - 1 comentário

  1. Raianna disse:

    tipo pra miim fooi super importante a existencia desse site, pois mostra a realidade do que esta acontecendo em santa catarinha e passa o incentivo para que nos proprios tomamaos cuidado com nossa propria cidade........

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