Vive le Roi
Não pude desperdiçar a oportunidade de escrever o primeiro post da mais nova encarnação do Geófagos. Certamente novos leitores surgirão, então um pequeno histórico pode ser relevante.
O nome Geófagos foi inspirado em dois eventos aparentados. Quando decidi criar o blog Geófagos, eu acabara de cursar minha última disciplina no doutorado em Solos e Nutrição de Plantas na Universidade Federal de Viçosa, disciplina chamada Pedogeomorfologia, que resumidamente trata da interação entre a geologia e o relevo influenciando a formação dos solos e estes “retroinfluenciando” os dois primeiros. O professor, Carlos Schaefer, durante toda a disciplina enfatizou o papel crucial da biota do solo sobre a formação e características dos solos tipicamente tropicais, como os Latossolos. Minhocas e cupins são os principais atores nesta peça milenar, ambos geófagos. Neste mesmo período eu estava lendo fascinado o último livro publicado por Charles Darwin, The formation of vegetable mould through the action of worms, with observations on their habits, que entre outras coisas trata da surpreendente ação das minhocas na formação da camada superficial, enriquecida em matéria orgânica, de solos de regiões temperadas. Novamente, geófagos fazendo solos.
Por fim, inspirado na minha impressão de que, afinal, somos todos geófagos, estava decidido o nome do blog. A decisão de escrever um blog de divulgação científica surgiu, primeiramente, pela ânsia de expor em linguagem clara o muito ou pouco que eu até então aprendera ou fizera em ciência; e pela constatação de que muitos dos blogs de ciência que eu então lia, a maioria extintos, discutia muito a divulgação científica mas não divulgava nada. A vocação, por assim dizer, de divulgador científico foi despertada em mim pela leitura fascinante da coluna que o saudoso paleontólogo americano Stephen Jay Gould mantinha na revista Natural History. Controvérsias à parte, ninguém escreveu sobre ciência tão bem quanto Gould, sinceramente acredito.
A primeira versão do Geófagos foi timidamente lançada em julho de 2006, na plataforma Blogspot. Quando realmente vi que havia leitores interessados e que o tempo não era perdido, resolvi “profissionalizar” o blog um pouco mais, principalmente em termos de visual, e mudei para o WordPress. Nesta segunda fase convidei alguns amigos do doutorado para escrever conjuntamente o Geófagos e a tarefa foi aceita pelo Carlos Pacheco, pelo Elton Valente e pelo Juscimar Silva. Elton e Juscimar, assim como eu mesmo, terminaram já o doutorado. O Pacheco está nos finalmentes. Crescemos, recebemos mais leitores do que ousáramos desejar e fomos enfim convidados pelo Carlos Hotta e pelo Átila Iamarino para fazer parte do condomínio de blogs de ciência Lablogatórios. Aceitamos entusiasticamente e não nos arrependemos.
O espírito empreendedor de Hotta e Iamarino abriram as portas para que pudéssemos hoje publicar o Geófagos na versão brasileira da maior plataforma de blogs científicos do mundo. É uma oportunidade que desejávamos mas que nem sempre acreditamos possível. Para mim em especial, esta nova etapa do Geófagos vem acompanhada de perto de uma nova e feliz etapa profissional como pesquisador da Embrapa Hortaliças. O ano de 2009 será sem dúvida memorável. Faremos tudo para manter e melhorar a qualidade dos posts publicados no Geófagos e tentaremos ser uma referência para aqueles que procurarem informações acessíveis sobre Ciência do Solo, Agricultura e Meio Ambiente. Que o Geófagos viva.
Discussão - 1 comentário
Pessoal,
parabéns pelo sucesso do Geófagos.
Abraços...