Enquanto só falam sobre a Amazônia…

Um estudo realizado pela equipe do professor Manuel Eduardo Ferreira, da Universidade Federal de Goiás, aponta para uma estimativa de crescimento da área desmatada do cerrado brasileiro de cerca de 14% até 2050. A preocupação com outros ecossistemas brasileiros, além da tão citada Amazônia, já vem sendo por mim levantada aqui, no Geófagos, outras vezes. Isso pode ser visto aqui e aqui.
Reportagem do Estado de São Paulo mostrou dados preocupantes levantados pela equipe do referido professor. Por meio de análises de imagens de satélite eles puderam concluir que, mantido o mesmo ritmo atual de desmatamento, a área suprimida do cerrado brasileiro será de cerca de 40 mil km2 por década, elevando a área devastada de 800 mil km2 para 960 mil km2. A área preservada seria de cerca de 1 milhão de km2. O principal causador de tamanha elevação é o avanço da fronteira agrícola na região. Até 2020 devem ser incorporados cerca de 60 mil km2 à essa atividade. Avanço naqueles que, há cerca de quatro décadas atrás, eram considerados solos inaptos ao cultivo. Estima-se que a área desmatada chegará à metade do tamanho do estado de Goiás ou equivalente a dez vezes aquele referente ao Distrito Federal. A expansão da fronteira agrícola se dá em direção, principalmente, do cerrado nordestino (Piauí, Bahia e Maranhão).
O Cerrado é o segundo maior ecossistema brasileiro, ficando atrás somente da Amazônia. Sua riqueza, com grande presença de espécies endêmicas, é reconhecida como de grande importância há tempos. Basta lembrar que esse ecossistema, juntamente com a Mata Atlântica, constituem os dois Hotspots de biodiversidade brasileiros, propostos pelo ecólogo inglês Norman Myers para identificar áreas de conservação e preservação prioritárias, desde de 1988. Além disso, no cerrado estão importantes nascentes de bacias hidrográficas importantes como a Amazônica, do São Francisco e do Prata.
Enfim, que dê-se a devida importância também a outros ecossistemas brasileiros.
Carlos Pacheco

Discussão - 4 comentários

  1. manuel disse:

    Olá,Carlos
    A minha perplexidade vai para o que o Csrlos apontou."O principal causador de tamanha elevação é o avanço da fronteira agrícola na região...Avanço naqueles,que há cerca de quatro décadas atrás eram considerados solos inaptos ao cultivo". Julgo saber que essa inaptidão está ligada à pobreza intrínseca desses solos,aparentemente só anulada por adequadas adubações. Mas talvez se espere que outras micorrizas,ou as mesmas,convertidas,operem o milagre.
    Desculpe esta incursão em seara alheia.
    Que tudo esteja bem consigo.

  2. Paula disse:

    [piada de péssimo gosto on]
    É que o Cerrado é feio, a Amazônia é bonita, tá?
    [piada de péssimo gosto off]

  3. geofagos disse:

    Pois é Manuel. É por aí. A vocação agrícola brasileira é clara e notória, entretanto, não pode-se dar a ela poderes absolutos. Ela é uma das principais atividades do país (se não a principal), mas os impactos provocados por ela e o desrespeito à legislação são há tempos conhecidos. As mesmas adubações, bem como outras técnicas desenvolvidas ao longo do tempo, deveriam ser aplicadas para aumentar a produtividade reduzindo a necessidade de expansão da fronteira. Em muitos casos isso não ocorre. Enfim, é uma longa discussão.
    Ah, e tudo está bem comigo.
    Espero que tudo esteja bem por aí também.
    Um forte abraço.
    Carlos Pacheco

  4. geofagos disse:

    Hehehe. Põe péssimo gosto nisso Paula. E olha que o pobre do cerrado nem é tão feio assim. Coitado!
    Agora falando sério. Infelizmente a idéia que você colocou é muito encontrada por aí. Principalmente relacionada ao Cerrado e à Caatinga. Desconhece-se muito as belezas naturais que esses ecossistemas guardam, além da importância científica. Quantas cachoeiras e lagoas impressionantes estão presentes cerrado a fora! É uma pena que não tenham tanta inserção nas férias dos brasileiros quanto uma praia lotada, suja e com água que mais parece um esgoto a céu aberto. Gosto é gosto e não tenho como discutí-lo...rs.
    Abraço,
    Carlos Pacheco

Envie seu comentário

Seu e-mail não será divulgado. (*) Campos obrigatórios.

Categorias