Depois do aquecimento global vem uma glaciação?!

Por Elton Luiz Valente

Já afirmei aqui no Geófagos que é razoável ter cautela antes de fazer afirmações categóricas sobre MUDANÇAS CLIMÁTICAS DE LONGO PRAZO. O que se pode afirmar, com um grau razoável de confiança, é que o sistema é cíclico. A um período de resfriamento segue-se outro de aquecimento, e vice-versa. Pelo menos foi assim que o clima se comportou ao longo da evolução do Planeta Terra.

Durante o Pleistoceno estima-se que houve quatro grandes glaciações, intercaladas por períodos quentes ou interglaciais. Segundo alguns autores, o Holoceno marcou o fim da última era glacial, que teve seu início a cerca de 70.000 anos. Portanto, o período “interglacial” que estamos vivendo agora começou a cerca de 10.000 anos, no início do Holoceno.

Entre algumas teorias interessantes e consistentes sobre mudanças climáticas, existe a “Teoria de Milankovitch”, que explica as mudanças climáticas responsáveis pelas glaciações. Com alguns incrementos, ela é bem aceita pela comunidade científica. Esta teoria, diga-se, foi baseada em outras teorias sobre variações climáticas provocadas pelos movimentos orbitais da Terra.

É bom lembrar que os limites entre um ciclo e outro, segundo registros paleoecológicos, foram marcados por mudanças muito bruscas no sistema como um todo, principalmente no relevo, a exemplo do que ocorreu nos ciclos do Terciário, entre 65 a 1,8 Milhões de anos (Ma), e do Quaternário, de 1,8 Ma até o presente. Ou seja, catástrofes ambientais não são nenhuma novidade nesse velho planeta. Se alguém aí se lembrou de Santa Catarina, pode até ser que exista alguma semelhança, ou relação. Mas para acalmar os ânimos de quem acha que pode acordar amanhã em um mundo arrasado pelo calor, como num Inferno de Dante ou, ao contrário, em plena Era do Gelo, é bom lembrar que no mundo real as coisas não costumam acontecer como nos filmes de Hollywood. No ‘tempo geológico’ as mudanças geralmente são graduais e costumam levar alguns milhares de anos, no mínimo algumas centenas.

Para exemplificar, há uma seqüência de eventos interessantes que ocorreram em um período entre 400 a 300 Ma. Em linhas gerais, durante um ciclo de aquecimento observou-se, entre outras coisas, o aumento de oxigênio gasoso (O2) na atmosfera, seguido de um avanço extraordinário no desenvolvimento de plantas terrestres, como Pteridófitas de até 50 m de altura, no Carbonífero (354-290 Ma), e um também extraordinário seqüestro de carbono (CO2) por via da fitomassa. Foi a maior crise de carbono já registrada na Terra – daí o nome do período ‘Carbonífero’. E então? Surpresa! O seqüestro de carbono foi tão violento que precipitou o planeta em uma nova glaciação. No final do Permiano (290-248 Ma) o sistema já estava experimentando uma dramática extinção em massa, talvez a maior delas. Alguns autores afirmam que essa extinção atingiu cerca de 90% da vida marinha e 70% da vida terrestre.

Mas é importante lembrar que, no Carbonífero, o acúmulo da fitomassa na forma de matéria orgânica deveu-se, principalmente, à inexistência de consumidores e decompositores em escala compatível. O que é muito diferente do que aconteceu nos ciclos mais recentes, em que houve um ‘equilíbrio’ entre seqüestro e emissão de CO2, e vice-versa. Mas nos últimos 100 anos a coisa mudou bastante com a chegada do Homo sapiens petroliferus no pedaço, trazendo suas emissões descontroladas de CO2. E agora? Ao que tudo indica, teremos uma crise ambiental pela frente. Uma TPM planetária não é pouca coisa, além de imprevisível é sempre desastrosa, quando não catastrófica. Se alguém propor uma boa hipótese sobre o rumo que ela vai tomar, estará se revelando um bom especulador. E ainda, esta crise certamente não será a última. Pode apostar, você não estará aqui para receber a aposta, mas pode apostar. Uma coisa é certa, o único dentre os filhos de Gaya capaz de pensar e arquitetar uma solução para o problema é o Homo sapiens sapiens. Só não sabemos se vai dar certo.

Os ciclos de aquecimento, glaciações, extinções me fazem lembrar do saudoso Raul Seixas, que já dizia, com o seu impagável deboche e bom humor: “… o planeta é como um cachorro, eu vejo, se ele já não agüenta mais as pulgas, ‘se livra’ delas num sacolejo…” É isso aí! O planeta já fez isso mais de uma vez.

Para finalizar, há uma outra variável nessa equação planetária que ainda é negligenciada. O nosso sistema solar não é novo, poderíamos dizer que está velho, com manifestos traços de senilidade. O Sol já está começando a ratear feito um velho motor de Kombi à gasolina. É bom pensar nisso também…

Santa Catarina pede socorro

A pelo menos uma semana tem se ouvido falar dos últimos acontecimentos que atingiram o estado de Santa Catarina. As chuvas torrenciais que aitngem a região nordeste do estado a cerca de 60 dias causou e ainda causa muitos estragos. Para se ter uma idéia da magnitude do evento, em um fim de semana choveu o equivalente a 4 meses. Estima-se que cerca de 114 pessoas já tenham morrido e cerca de 78000 perderam suas casas. A população de alguma forma atingida pelo desastre chega a 1500000 habitantes. No entanto, o número correto de vítimas pode nunca ser descoberto, uma vez que os deslizamentos de encostas e enchentes podem ter soterrado e arrastado seus corpos. Essa já está sendo tratada como a maior tragédia natural vivida pelo estado e possivelmente pelo Brasil. O Geófagos, por meio desse post, procurará exercer a cidadania de seus autores e prestar solidariedade para com o povo Catarinense. Além disso, esse post também visará discutir alguns aspectos sócio-ambientais que cerca o acontecido. Para início de conversa gostaríamos de pedir licença aos nossos leitores para pedir que doações sejam feitas. Segundo a Defesa Civil, colchões, gêneros alimentícios não perecíveis, cobertores, lençóis e medicamentos são ítens de extrema necessidade. As doações estão sendo coordenadas pelas defesas civis e corpos de bombeiros militares do estados da federação e do Distrito Federal.
Segundo meteorologistas as chuvas foram provocadas pelo choque de uma massa de ar quente e úmido vinda do oceano com uma massa de ar frio estacionada no continente. Essas ainda foram agravadas pelo encontro de uma zona de alta pressão com uma de baixa pressão. Fatores comuns, ensinados de maneira natural em cursos básicos e avançados de meteorologia. A princípio, pode acontecer outras vezes, como já ocorreu em 1983 quando outra grande enchente atingiu a mesma região do Vale do Itajaí. É um fenômeno que pode estar comumente relacionado com a primavera onde condições climáticas intermediárias entre o inverno e o verão estão presentes. Entretanto, um aspecto não pode passar batido. Fenômenos que envolvem aquecimento de águas oceânicas aparentemente estão ocorrendo com maior frequência e intensidade. Quem não se lembra do Catarina, no próprio litoral catarinense? Esse fenômeno meteorológico é, no entendimento de diversos especialistas do setor, o primeiro furacão brasileiro. Também não pode-se esquecer das últimas e trágicas temporadas de furacões nas Américas Central e do Norte. O fato é que, com o aquecimento da água do mar, esses fenômenos tendem a se tornar mais constantes e intensos. Obviamente ainda é muito cedo para relacioná-los às tão comentadas mudanças climáticas globais, no entanto, elas podem sim estar correlacionadas com os referidos fatos. Confesso que até ontem, dia 30/11/2008, estava decepcionado por não ter visto de nenhum especialista fazer essa útlima abordagem. No entanto, durante a cobertura do desastre pelo Fantástico a possível relação entre os últimos acontecimentos com o tão falado aquecimento global foi abordada. A opinião lá aparentemente é a mesma de cá. Com o aquecimento global esses fenômenos possivelmente estão se tornando mais constantes e intensos o que exige das autoridades medidas urgentes, sejam elas locais, regionais, nacionais e até mesmo mundiais.
É evidente que uma tragédia como essa choca e nos faz pensar sobre a nossa existência, sobre o nosso comportamento. O que não se pode é deixar que ela nos cegue. Não pode-se por causa disso perder-se o senso crítico. A região mais afetada pelas chuvas é, a muito tempo, tida como uma região altamente vulnerável a grandes trasnportes de massa (uma espécie de erosão de maior porte). Da mesma forma, as áreas inundadas representam o leito maior dos rios regionais, onde, em períodos de chuva intensa a água fatalmente o ocupa pois é o sua área de escape natural. Como então, já com um histórico de eventos naturais de tal porte, pode-se deixar áreas como estas serem ocupadas de maneira intensa? E mais, como ficarão essas regiões caso se confirme a hipótese de maior frequência e intensidade desses fenômeno graças ao Aquecimento Global? Confesso não visualizar uma saída tranquila e barata para essa situação. Até economicamente o Brasil foi afetado, já que o Porto de Itajaí, responsável por exportações que correspondem a cerca de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi destruído e, estima-se, mais de um ano para sua reconstrução. Transferir a população daquela área é quase o mesmo que transportar uma cidade inteira. Então, a melhor maneira de lidar com a situação é limpar o que restou, reconstruir as regiões e seus serviços e esperar o próximo evento? Pois é assim que as situações passadas foram tratadas. Espera-se o evento acontecer e gasta-se rios de dinheiro público para reconstruir. Essa, definitivamente não é a melhor saída. A situação poderia ter sido muito menos grave caso houvesse um mínimo planejamento urbano adequado. Agora que a situação já é catastrófica, tem-se a oportunidade de rever-se valores e quebrar-se paradigmas. É hora de não só reconstruir, mas também re-planejar. Ou melhor, é hora de planejar, já que o planejamento era praticamente inexistente. Buscar melhores alternativas para implantação das moradias que terão de ser construídas para abrigar os atingidos pela tragédia tornou-se agora obrigação governamental. E à população, cabe não só lutar pelos seus direitos e sua vida, mas também cabe a cobrança incansável para com as autoridades. E ao contrário do que tem sido dito por aí, fenômenos como esse não acontecem como obra do acaso ou vontade divina. Por mais que a previsão exata seja difícil, saber que esses fenômenos, que já aconteceram antes, podem voltar a acontecer é obrigação dos planejadores e especialistas. É hora de deixar de tapar o sol com a peneira e ver as coisas como elas realmente são. Tragédias realmente podem acontecer, mas algumas são sim anunciadas. Afinal, quem não sabe que o vale de um rio é inundável ou quem não se lembra dos princípios básicos da geografia, estudados ainda no ensino fundamental, quando vê-se que todo relevo tende à se tornar plano por processos erosivos?
Resta-me dizer,
Força Santa Catarina e que também se responsabilize os autores de anos de descaso com o planejamento urbano!
Carlos Pacheco

Religião ambientalista

Tenho verdadeiro horror à discussão superficial, à unanimidade dogmática e desinformada. O que aprendi, infelizmente não na escola, nem mesmo na universidade, mas lendo Gould, Sagan, Asimov e mesmo Dawkins, foi que o pensamento científico era e é a melhor saída para a rigidez mental típica da mentalidade bidimensional, sem profundidade. Apesar de não me incluir entre os ateus militantes, na verdade classificando-me mais como um agnóstico conciliador, tenho bem em mente que o pensamento religioso não raro dificulta ou impossibilita a discussão de temas mais controversos, pois se baseia na fé, na crença inabalável. A ciência, idealmente, se deveria guiar por dados. Idealmente. Tento ter em todos os aspectos da vida um pensamento, se não completamente cético, o mais crítico possível. Sigo assim os “preceitos” do genial Mário Schenberg, para quem o intelectual deveria manter uma distância crítica em relação às próprias crenças. Vejo, no entanto, que não são raras as pessoas que aceitam alguns fatos, ainda que cientificamente comprovados até o presente, como artigos de fé. Aceitariam estes fatos como verdadeiros, mesmo que a ciência não lhes desse o aval. Este tipo de atitude tem sido comum nas discussões relativas às mudanças climáticas e aos organismos geneticamente modificados.

Vejam bem, isto não invalida os fatos, invalida o modo de encarar a realidade destas pessoas. Li recentemente um post no De Rerum Natura em que se citava um trecho de discurso do recentemente falecido escritor Michael Crichton que achei bem interessante. O autor do post, o físico português Carlos Fiolhais, apesar de não fazer muitos comentários, foi duramente criticado por alguns leitores, aparentemente pela simples razão de não ter criticado Crichton. Desprezo este tipo de patrulhamento ideológico.

Pelo que ouço e leio, Crichton era cético em relação ao aquecimento global pelas atividades humanas. Minha impressão é de que as evidências científicas demonstrando a realidade das mudanças climáticas são muito fortes e expressei isto inúmeras vezes aqui no Geófagos e em outros fóruns de discussão. Na verdade, vejo este blog como um embrião de think tank cujo objetivo principal é pensar estratégias de enfrentamento ou convivência com estas mudanças. Não investiria tanto tempo nisto se não pensasse que as mudanças climáticas são reais. Tendo dito isto tudo, confesso que procurei ler o tal discurso de Michael Crichton e não nego, é um material muito bem escrito, pergunta questões bastante relevante e toca num problema que me preocupa muito: o ambientalismo como religião. Aliás, este é o título do discurso – Environmentalism as religion.

O trecho que Fiolhais transcreveu e que eu traduzo é o seguinte: “Hoje, uma das mais poderosas religiões no Mundo Ocidental é o ambientalismo. O ambientalismo parece ser a religião predileta dos ateus urbanos. (…) Há um Éden inicial, um paraíso, um estado de graça e unidade com a natureza, uma queda em desgraça para um estado de poluição como resultado de se ter comido da árvore do conhecimento, e como resultado de nossas ações há um dia do juízo vindo para nós todos. Somos todos pecadores da energia, fadados a morrer, a não ser que busquemos a salvação, chamada agora de sustentabilidade. A sustentabilidade é a salvação na igreja do ambiente. Da mesma forma que a comida orgânica é sua comunhão, aquela hóstia livre de pesticidas que as pessoas direitas com as crenças certas ingerirão.” E por aí continua ele, num tom que me pareceu equilibrado, embora cético, clamando ao final por uma ciência do ambientalismo no lugar de uma religião do ambientalismo. Não vi uma palavra em seu texto que o condenasse.

Não tenho dúvida que a questão das mudanças climáticas, assim como outras questões de interesse ambiental, tem não raro adotado a retórica religiosa onde seria mais apropriada a objetividade da feia prosa científica. Eu mesmo já fiz isso, e não deveria ter feito. Não sou o único. Em um artigo recente para a revista Prospect Magazine, o filósofo Edward Sidelski reclama por uma necessidade de se resgatarem valores morais quase extintos e diz tradução minha: “É fácil rir do ambientalismo radical. Suas projeções climáticas são duvidosas e mesmo que sejam exatas, não fica claro como um punhado de entusiastas podem reverter o apocalipse que se aproxima. Mas isto não é o importante. O movimento verde pode falar a língua da ciência, mas o que realmente o move é um imperativo ético. É uma tentativa de criar uma sociedade em que algumas escolhas são reconhecidamente melhores que outras, em que a natureza é vista como um obstáculo aos desejos irresponsáveis. Em resumo, é uma religião – uma religião sem Deus.” E vai além, comparando as comunidades orgânicas aos antigos monges beneditinos. O tom aqui é francamente favorável aos ambientalistas radicais, mas diz a mesma coisa que Crichton. Mas as palavras de Sidelski sugerem que o conhecimento científico por si só não é suficiente para despertar um comportamento ético, para guiar uma moral sem a necessidade de religião, o que acho no mínimo discutível.

O ambientalismo tornou-se um sucedâneo de religião, com dogmas inquestionáveis, inimigos da religião (Crichton), uma divindade maléfica (o sistema, as indústrias), infiéis, hereges e toda a profusão de maniqueísmo mal-disfarçado. Eu fico com Crichton: "… no fim, a ciência oferece a única saída para além da política. E se permitirmos a politização da ciência, estamos perdidos. Entraremos uma versão internet do período das trevas".

O Pré-Sal e o desenvolvimento sustentável

A descoberta de petróleo na camada denominada Pré-Sal tem chamado a atenção do mundo inteiro. Isso não é por acaso. Economicamente e estrategicamente esse fato pode ser encarado como uma das grandes descobertas de recursos naturais economicamente exploráveis dos últimos tempos. Além disso, trata-se da descoberta de uma imensa riqueza em terras de um país corriqueiramente denominado de “em desenvolvimento”. O fato de existir petróleo a ser explorado em grande quantidade no fundo do Atlântico torna o Brasil como aspirante a membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), colocando-o tranquilamente entre os dez maiores produtores de tal produto. Isso vem a calhar em uma época onde já discutia-se até quando tal recurso, base da matriz energética mundial, estaria disponível. Por ser um recurso natural não renovável o mundo já preocupava-se com a necessidade de substituição de tal matriz o que, logicamente, geraria e gerará custos adicionais. Os iniciais 5 a 8 bilhões de barris e possivelmente até 80 bilhões de barris caíram como uma bomba destruindo todas as previsões de um fim muito próximo das reservas mundiais. O preço do barril de petróleo que estava nas alturas, hoje já não preocupa tanto. Sem sombra de dúvidas, economicamente o Brasil dá um salto importante em uma época estratégica, onde o “milagre do crescimento dá as caras” e as reservas de outros importantes exportadores do produto já não são tão grandes.
No entanto, uma coisa me preocupa. É notório e ratificado que os principais efeitos relacionados às mudanças climáticas globais são advindos, em grande parte, do uso de combustíveis fósseis. A utilização de matrizes energéticas mais limpas vem sendo apontada como a única saída disponível para obter-se um desenvolvimento econômico e ambiental concomitantes. Em outras palavras, o tão falado desenvolvimento sustentável. O Brasil sempre foi visto com bons olhos no cenário mundial pela utilização de biocombustíveis e também pela possibilidade de geração de energia hidroelétrica, solar e eólica. Mas e agora? Com a descoberta dessa imensa jazida de petróleo será que os olhos dos governantes brasileiros continuarão voltados para o desenvolvimento dessas fontes energéticas “mais limpas”? Sinceramente, tenho minhas dúvidas. Governos diferentes passarão ao longo da exploração do pré-sal e, nesse sentido, não sabe-se que uso se dará ao mesmo. Além disso, mesmo que a matriz energética brasileira continue sendo limpa, o país tornará-se um grande fornecedor de tais combustíveis fósseis para outros países. Resumindo, a descoberta do petróleo do pré-sal pode retardar a busca por novas matrizes energéticas, o que, por sua vez, provavelmente retardará o alcance dessas novas tecnologias limpas.
Para finalizar, volto a ratificar a importância dessa descoberta, colocando o Brasil definitivamente como um dos protagonistas do cenário mundial. A era de coadjuvante terminou. Estrategicamente o mundo volta os olhos para cá e nós, temos uma oportunidade ímpar para resolver muitos de nossos problemas. Porém, ambientalmente me preocupa o modo como essa riqueza será administrada. É necessário encontrarmos um ponto de equilíbrio entre a riqueza proveniente de tal recurso e a responsabilidade ambiental brasileira. E essa última, por sua vez, não pode estar só relacionada ao país em si. Ela deve estar intimamente ligada também com o planeta como um todo, afinal de contas, as mudanças são globais e não locais.
Carlos Pacheco

Setembro- o mês do Protocolo de Montreal

Neste mês de setembro está sendo comemorado o 21ο aniversário da assinatura do Protocolo de Montreal sobre substâncias que reduzem a camada de ozônio , considerado um dos maiores avanços em benefício ao bem estar do nosso planeta.  Na conveção de Montreal ficou estabelecido a redução da produção e do uso de gases que danificam a camada de ozônio. Anos antes da Segunda Guerra Mundial foi descoberto um composto, os clorofluorcarbonetos-CFCs, gás até então considerado inerte, que revolucionaria a indústria de refrigeradores, tornando possível o armazenamento de alimentos e, principalmente, remédios a baixas temperaturas.

O ápice da utilização dos CFCs foi na década de 70, onde eles foram empregados exaustivamente na fabricação dos novos modelos de refrigeradores da época. Porém, na década de 80, mais precisamente no ano de 1985, descobriu-se que este gás estava causando passívo ambiental sem precedentes, que era a depleção da camada de ozônio- principal responsável pela retenção dos raios ultravioletas emitidos pelo sol. Estima-se que em torno de 99% da radiação emitida pelo sol seja retido pela camada de ozônio. Sem ela, provalmente, não seria possível a vida na Terra.
Ao atingir a estratosfera (segunda camada da atmosfera), o cloro, um dos principais constituinte dos CFCs, reage prontamente com o ozônio (O3) destruindo sua molécula, provocando a depleção da camada protetora. Como consequência da emissão continuada dos CFCs observou-se o surgimento de um buraco na referida camada que se ampliava a cada ano, sendo que este evento é mais catastrófico nos polos onde a espessura da camada é menor.
A partir desta constatação, na conferência da Organização das Nações Unidas-ONU do dia 16 de setembro de 1987, na cidade de Montreal, Canadá, foi assinado o Protocolo de Montreal proibindo o uso dos CFCs pelas indústrias, com exceção dos equipamentos utilizados para uso exclusivo em hospitais. De acordo com as estimativas realizadas por especialistas, se for seguido a risca os termos assinados no protocolo, em 2050 haverá o completo restabelecimento da camada de ozônio. Porém, o legado deixado pelo incomensurável uso dos CFCs pode perdurar por mais tempo, haja visto que ainda existem emissões, embora pequenas, desses gases e, por se tratar de um gas inerte na superfície, eles têm tempo de vida útil bastante longo. Alguns podem chegar a 150 anos.
Embora seja um fenômeno que ocorre na atmosfera, não se pode confundir a depleção na camada de ozônio com o aquecimento global. Não obstante, hoje já se admite que alguns gases partipam de ambos os fenômenos, tais como os hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs) e hidrofluorcarbonetos (HFCs). Considerando a relação molar de 1:1, estes compostos são até 10.000 vezes mais potentes como gases de efeito estufa que o CO2. Diante disso, tem se proposto o cancelamento gradual da utilização dos HCFCs até o ano de 2030. Entretanto não há nenhuma restrição quanto ao uso dos HFCs.
O Protocolo de Montreal figura-se entre os vários bons exemplos do porquê o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado!
Juscimar Silva

Sobre a importância das obras na arte de pregar

Outro dia escrevi um texto cujo objetivo era para mim muito claro: não importa discutir, falar sobre meio ambiente, sobre mudanças climáticas, aquecimento global se nossas próprias ações são a causa disso tudo e não nos dispomos a agir diferente. Padre Antônio Vieira, em seu Sermão da Sexagésima, enunciou as palavras que eu gostaria de ter falado: “O pregar, que é falar, faz-se com a boca; o pregar, que é semear, faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras.” Embora em geral meu post tenha sido bem recebido, parece ter causado alguma irritação. Os que leram, desagradados, o que escrevi, reclamando alternativas, soluções práticas, lembram-me um fumante que, informado do câncer no pulmão, reclama remédios e uma cura rápida mas descrê do médico quando este lhe sugere parar de fumar. Peço, releiam o texto, pensem um pouco e chegarão a algumas soluções. Será necessário um outro post convencendo-os a não serem consumistas? Uma série de textos propagandeando as vantagens de se andar a pé, de bicicleta, ou no mínimo utilizar mais os transportes públicos? Teremos que explicar que se não houver compradores para arranha-céus dentro do mar, estes deixarão de ser construídos? Será realmente necessário explicar ao cidadão bem informado que os confortos a que ele se acostumou e exige têm um preço alto, não monetário, mas ambiental e social? Não, acho que na verdade, o incômodo veio em grande parte porque tentei mostrar que se não agirmos, se só discutirmos, a situação não vai melhorar. Seria melhor que eu tivesse proposto tecnologias inovadoras, futuristas e falasse, falasse, falasse… Eça de Queiroz já culpava o amor ibérico à oratória pela situação de atraso de Portugal do século XIX. Não preciso dizer que quando ele sugeriu que ao invés de discussar, agissem, foi violentamente criticado. Novamente Antônio Vieira: “A pregação que frutifica, a pregação que aproveita, não é aquela que dá gosto ao ouvinte, é aquela que lhe dá pena”. Duras palavras para uma geração de hedonistas, de mauricinhos e patricinhas. Não quer dizer que não sugeriremos soluções, como já temos feito várias vezes nestes mais de dois anos de Geófagos, quer dizer apenas que não estamos do lado dos que preferem ficar nas palavras. Dos politicamente corretos que defendem os saberes de minorias enquanto vestem roupas de grife depois de um banho de uma hora com chuveiro elétrico ligado. Não compactuamos com a ditadura da simpatia.
Ítalo M. R. Guedes

As fezes não morrerão de sede

Alguém já parou para pensar que absurdo é usar-se água limpa em abundância para transportar dejetos humanos para a rede de esgotos quando milhões de pessoas sequer têm o suficiente para beber? Este é o tipo de questão que vem naturalmente ao longo da leitura de um excelente artigo publicado na Scientific American Brasil de setembro (não estou ganhando nada pelo marketing), escrito pelo engenheiro ambiental americano Peter Rogers, sob o título “Preparando-se para enfrentar a crise da água”. Li o artigo ontem a noite, após a publicação deste post, mas fiquei feliz em encontrar trechos como este: “E a escassez se tornará mais comum em parte porque a população do mundo está aumentando. Uma parcela está ficando mais rica – aumentando assim a demanda – sem contar que a mudança climática global está ampliando a aridez e reduzindo as reservas em muitas regiões”. Mas o autor não se satisfaz em apenas desfiar informações – ele faz sugestões, algumas das quais o cidadão médio acharia bem antipáticas: “Estabelecer preços mais altos para a água está (…) quase no topo da minha lista de prescrições.” Nasci e cresci numa das regiões mais secas do semi-árido nordestino (Patos, na Paraíba), sei exatamente o que é escassez de água e quão frustrante é ver sociedade e governo agindo quase anualmente como se períodos de seca fossem uma anormalidade, um desvio do esperado. Aprendi quase no berço a economizar água de toda forma possível, nos pequenos hábitos, como desligar o chuveiro enquanto me ensaboava ou a torneira enquanto escovava os dentes. Tive oportunidade de morar numa região em que a água é um recurso abundante (Viçosa, Minas Gerais) e pude ver como meus hábitos econômicos surpreendiam e muitas vezes faziam rir aqueles para quem escassez de água era algo muito remoto e possivelmente exagerado, coisa de Jornal Nacional para ganhar audiência. Sinceramente creio que se mudanças drásticas nos hábitos da sociedade não forem adotadas, atitudes antipáticas terão que ser tomadas ou o mundo real baterá rudemente às nossas portas. Aos que têm acesso aos Periódicos da Capes e desejem se aprofundar no assunto, recomendo o excelente artigo Water Use, escrito por Peter H. Gleick, no Annual Review of Environment and Resources de 2003.
Ítalo M. R. Guedes

A riqueza, a hipocrisia e o fim do mundo

Querem saber qual é o problema ambiental mais grave do planeta? Não titubeio em dizer: a riqueza, ou melhor, o “desenvolvimento”. Os padrões ocidentais de riqueza e desenvolvimento. E não me refiro apenas à riqueza dos países desenvolvidos com seus padrões de consumo irresponsáveis. Em países “em desenvolvimento” também há o tipo de riqueza a que me refiro. Não queremos todos alcançar um nível de vida típico de classe média americana, nós da classe pensante brasileira? Até onde posso ver, é comum o desejo de possuir carros. Para aplacar a consciência, exigimos carros flex, ou a álcool, ou doravante movido a qualquer biocombustível, mas ignoramos tranqüilamente as montanhas de minério de Minas Gerais e do Pará literalmente transportadas para as siderúrgicas para retirada de ferro e alumínio destes mesmos carros. Alguém tem idéia do impacto disto? Alguém se predispõe a protestar contra o desejo de possuir um carro? Não, é melhor ser hipócrita. Bastam os biocombustíveis, aliás cultivados utilizando-se insumos agrícolas produzidos com o uso de combustíveis fósseis ou de recursos minerais não renováveis. Sim, porque pouquíssimos estariam dispostos a pagar por biocombustíveis totalmente orgânicos (alguém já viu os preços de hortaliças orgânicas?). Um outro grande desejo humano é ter casa, e a classe média bem informada prefere apartamentos, talvez na beira da praia, tirando a vista dos outros do mar. Uma surpresa para os que acham que só os grandes empresários e os agricultores do mal produzem gases de efeito estufa: a produção do cimento de seu apartamento comprado a suadas prestações é feita a partir da calcinação do carbonato de cálcio: CaCO3  → CaO + CO2. Este CO2 aí no final é o dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa. Alguém se propõe a combater a construção de casas? Não, é melhor ser hipócrita. A vaquinha que produziu a picanha que entusiasticamente queimamos no fim de semana produz uma quantidade não desprezível de metano, um gás de efeito estufa mais poderoso que o CO2, imaginem quanto metano produzem vaquinhas para alimentar 6 bilhões de bocas. Ah, você não come carne? Um dos maiores produtores de metano no planeta são os plantios de arroz inundado. Você é um ambientalista ativamente preocupado com a possibilidade de construção de usinas nucleares? Orgulhoso porque o Brasil produz energia a partir da água, um recurso natural renovável? As hidrelétricas estão bem, obrigado, produzindo quantidades nada desprezíveis de metano. Creiam-me, pouquíssimos estão dispostos a realmente fazer as mudanças necessárias para que vivamos numa sociedade realmente sustentável. Modernizando a imagem que Cristo utiliza no Novo Testamento para descrever os hipócritas, preferimos ser sepulcros caiados exalando metano pelas mal disfarçadas rachaduras.
Ítalo M. R. Guedes

DN no. 116 – Nova Legislação em Vigor para Minas Gerais

Enfim, conscientes de que as atividades humanas têm intensificado de maneira significativa as mudanças globais ocorridas nas diferentes “esperas” do planeta, geosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera, orgãos governamentais responsáveis pela execusão de políticas de segurança ambiental estão estabelencendo uma séria de regulamentações para dificultar e, ao mesmo tempo, restringir que tais atividades (por exemplo, mineração e indústrias de bens e serviço) continuem causando, por negligência, passivos ambientais muitas das vezes irreversíveis ao meio ambiente.

Neste contexto, já esta vigorando desde o dia 28 de junho de 2008, para o estado de Minas Gerais, a Deliberação Normativa (DN) No. 116. O ponto chave desta DN é o fato de que todos os responsáveis por áreas suspeitas de contaminação (introdução no meio ambiente de organismos patogênicos, substâncias tóxicas ou outros elementos, em concentrações que possam afetar a saúde humana, meio ambiente ou a outro bem a proteger. Um caso particular de poluição) e contaminadas por substâncias químicas ficam convocados a apresentar à FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente) até 31 de março de 2009 um Formulário de Cadastro de Áreas Suspeitas de Contaminação e Contaminadas por Substâncias Químicas. Em curtas palavras, uma autodeclaração de culpa por parte das empresas. A partir desta DN, o COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental) pretende cadastrar as empresas ou empreendimentos com potencial causador de passivo ambiental, na espectativas de gerar um banco de dados e de traçar estratégias de monitoramento destas empresas junto a FEAM.

Diante desta situação, pode-se vislumbrar inúmeras oportunidades tanto para pesquisa quanto para futuras fontes de emprego no estado, tendo em vista que, uma vez que o orgão ambiental é sabedor das potenciais fontes de contaminação, o trabalho de fiscalização pode ser mais atuante. Assim, as empresas deveram intensificar ou iniciar trabalhos de monitoramento ambiental não somente da sua área de atuação, mas das áreas de entorno.
No campo das pesquisas científicas, para que as empresas e orgãos ambientais possam atribuir que determinado local apresente padrões anômalos, por exemplo de elementos traço (metal pesado), é necessário o conhecimento de propriedades e, ou, características de áreas não antropisadas (áreas que apresentam características naturais, como áreas de matas nativa) que possam servir de referência. Dai a possibilidade de desenvolver diversos trabalhos direcionados para a obtenção de padrões de referências de “qualidade”, pesquisas estas incipientes e muito carentes no Brasil.

Pré-História Brasileira: Um Ensaio

Por Elton Luiz Valente
O gênero humano evoluiu em ambiente de vegetação do tipo savana, de fitofisionomia aberta. Em condições naturais, a floresta não é um ambiente confortável para a nossa espécie. Em sua diáspora pelo mundo, o Homo sapiens provavelmente colonizou mais facilmente aquelas áreas onde o ambiente era semelhante ao de sua origem atávica. Na América do Sul, mais especificamente na área que corresponde ao Brasil, durante e após a última glaciação (cerca de 10.000 anos atrás), parece natural que o homem tenha desenvolvido suas comunidades em áreas como as Coxilhas Gaúchas, a Caatinga e o Cerrado, ambientes de vegetação aberta. Nestas áreas encontram-se muitos dos sítios arqueológicos já descobertos no território brasileiro.
É bem possível que a principal rota de dispersão do homem pela América do Sul tenha se dado por vias litorâneas, que certamente apresentavam clima mais agradável, facilidade de locomoção e maior disponibilidade de alimentos independentemente das estações. Em períodos frios do Pleistoceno (de 1,6 milhão a 10.000 anos atrás), o nível global dos oceanos sofreu recuos em até mais de 100 metros, portanto, os possíveis sítios arqueológicos litorâneos, da transição entre o Pleistoceno e o Holoceno (iniciado no fim da última Era Glacial, há cerca de 10.000 anos), estão agora submersos. Mesmo aqueles sítios do interior do continente, datados desse mesmo período, certamente localizados em áreas como leitos maiores dos rios e terraços, ou terrenos marginais de lagos, muito provavelmente foram destruídos pelos processos erosivos intensos do Quaternário (que compreende todo o Pleistoceno e o Holoceno).
Por outro lado, ainda no fim da última Era Glacial, há cerca de 10.000 anos atrás, as florestas tropicais das Américas estavam restritas a refúgios de matas e brejos de encostas e serras úmidas. A América do Sul era tomada por eixos de expansão de semi-aridez e Cerrados, segundo o geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab’Saber, em trabalho publicado em 1977. É de se esperar que os períodos secos do Pleistoceno tenham influenciado a ecologia do homem americano. Uma importante fase climático-ecológica Pleistocênica teria ocorrido entre 20 mil e 12 mil anos atrás. Sem dúvida, o homem já estava instalado na porção leste da plataforma continental sul-americana há cerca de 11 mil anos atrás. Vários sítios arqueológicos datados desse período são encontrados em diversas regiões brasileiras. Muito provavelmente a dispersão das populações paleoindígenas daquele período, por toda a América do Sul e principalmente na vasta região que viria a ser o território brasileiro, foi favorecida, de certa forma, pelas condições climáticas e fitogeográficas vigentes. Desde a Região Amazônica até o Brasil Central, bem como do Nordeste até a Região Sul, dominavam vegetações de natureza e fitofisionomias savânicas.
De modo análogo, segundo Ab’Saber (1986), a presença de enclaves de vegetações savanizadas nos domínios da Floresta Amazônica, em tempos atuais, são testemunhos dessa vegetação pretérita, arcaica, de clima mais frio e seco, antecessora da recente expansão, em clima mais quente e úmido, das coberturas florestais amazônicas. Fenômeno este que teria ocorrido significativamente após a mudança do Pleistoceno para o Holoceno, coincidindo com o final da última glaciação e se estendendo até hoje.
O ambiente não deve ser encarado como um contexto generalizado para a ação humana ou como uma força determinista; ao contrário, deve ser entendido como conjuntos de limitações e de oportunidades às quais as populações humanas podem ou não responder (Neves, 1991; Moran, 1991). O fato é que existem importantes registros arqueológicos em todas as regiões brasileiras, revelando indícios significativos da ocupação humana do período pré-histórico ao pré-colombiano, em vários pontos do território nacional.
CONHEÇA MAIS:
1) Arqueologia Brasileira. André Prous. Brasília: UnB, 1992. 613p.: il.
2) No Rastro do Povo de Luzia. Entrevista com Walter A. Neves. Le Mond Diplomatique Brasil. Ano 1, número 10, maio de 2008, p.12-14.
3) Arquivos do Museu de História Natural. André Prous & Loredana Ribeiro (Org.). Belo Horizonte: UFMG, vol. XVII/XVIII,1996/7. 523p.: il.
4) Origens, Adaptações e Diversidade Biológica do Homem Nativo da Amazônia. Walter A. Neves. Belém: Museu Parense Emílio Goeldi, 1991. 192p.: il.
5) Espaços Ocupados Pela Expansão dos Climas Secos na América do Sul, Por Ocasião dos Períodos Glaciais Quaternários. Aziz Nacib Ab’Sáber. Paleoclimas, São Paulo: USP, v.3, p.1-19, 1977.
6) Geomorfologia da Região de Carajás. Aziz Nacib Ab’Sáber. In: Almeida. J. M. G. de (Org.). Carajás: Desafio político, ecologia e desenvolvimento. Cap. 5: Brasiliense. 1986, p.88-124.
7) Key Environments: Amazônia. Prance, G. T. & Lovejoy, T. E. (eds). Oxford: Pergamon Press. 1985. 442p.: il.

Categorias