Patentes Patéticas (nº. 47)

laser razor

Se você já fez a barba alguma vez na vida, provavelmente já se cortou. Evidentemente, as feridas são mais comuns quando se usam lâminas durante o corte manual, mas o uso de barbeadores elétricos não é necessariamente seguro. Se você for um metrossexual, ainda tem a preocupação adicional com a irritação de pele causada pelas lâminas e/ou vibração. Mas como fazer a barba é — ao menos no mundo Ocidental — indispensável, qual a solução?

Que tal barbeadores a laser? Pode parecer coisa de ficção científica, mas o alemão Pal Simon já pensou nisso nos anos 90. Segundo a patente que traz o banal título de  “Aparelho de barbear”,

A invenção trata-se de um aparelho de barbear que é caracterizado por um raio laser (13) que serve como meio cortante e de um método de remoção de pelos corporais através de tal aparelho de barbear. O aparelho inclui uma placa de corte (11) com uma ranhura de entrada (24). O raio laser (13) é gerado por um dispositivo (12), danifica o pelo na proximidade da ranhura de entrada e é preferencialmente refletido pela placa de corte e detectado por uma fotocélula (18). O aparelho de barbear desta invenção permite a remoção dos pelos sem irritar a pele.

A invenção de Mr. Simon foi patenteada na Alemanha (3.936.367) e nos Estados Unidos, onde foi aprovada sob número 5.182.857 em 2 de fevereiro de 1993 e cedida à Philips americana. Na patente americana, o inventor argumenta que “todos os aparelhos de barbear conhecidos têm a desvantagem de que, durante o barbear, as lâminas ou mecanismos de barbear eliminam não apenas os pelos, mas também entram em contato com a pele, irritando-a”, o que potencialmente “aumenta a possibilidade de infecções.”

Mas será que o uso de um aparelho que “elimina pelos por queimadura” não traria outros riscos? Mr. Simon diz que não, pois o “raio laser é gerado” em uma “frequência que corresponde à frequência de absorção da substância capilar” a qual “difere daquela dos constituintes básicos da pele humana. A pele não é queimada pela incidência de um raio laser dessa frequência.”

Além disso, o aparelho “é construído de tal forma que o contato do raio laser com a pele é substancialmente impossível”, já que ela é protegida por uma placa de corte reflexiva — o eventual excesso de laser é refletido em direção a uma fotocélula que pode desligar o raio em caso de risco.

Ok, mas pelo menos os sistemas mecânicos não geram um cheiro de pelo queimado. Mr. Simon também percebeu esse ponto fraco:

Uma vez que a remoção de pelos por aquecimento com a ajuda do raio laser pode não ser livre de odores, um filtro de odor pode ser colocado na estrutura do aparelho de barbear. Adicionalmente, uma ventoinha pode ser arranjada para direcionar o ar a passar pelo filtro de odor.

Apesar de o inventor alemão afirmar que seu sistema pode ser usado diariamente para a remoção de pelos faciais ou outros pelos corporais (para as meninas isso deve ser melhor que cera quente), o uso frequente deve ser no mínimo duvidoso — afinal, quem já viu um aparelho desses? Uma possível razão é que, embora a técnica de depilação a laser tenha sido aprovada pelo FDA em 1997, ela não deve ser economicamente viável para os fabricantes de barbeadores (ou depiladores) elétricos — em muitos casos, a remoção é permanente. Não faria sentido fabricar aparelhos tão sofisticados para uso único…

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  • Igor Santos

    Renato, se o barbeador separa os pelos da pele, a remoção não seria permanente, pois não queimaria os bulbos, apenas o pelo que já está para fora.

    • nao vou falar

      tb pensei isso

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