Wendy Brown
(1955-)
Franciele Bete Petry,
Professora do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFSC

Wendy Brown é uma renomada intelectual norte-americana da Teoria Política. Brown é Professora Emérita de Ciência Política na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e atuou como Professora Visitante em várias universidades nos Estados Unidos, além de instituições na Europa e em África. Nascida no ano de 1955 na Califórnia, Brown formou-se em Economia e Política em 1977, pela Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e obteve seu doutorado em Filosofia Política, em 1983, pela Universidade de Princeton. Antes de se tornar Professora em Berkeley, Brown atuou na Universidade da Califórnia em Santa Cruz e no Williams College. Após sua aposentadoria, passou a atuar como Professora da “UPS Foundation” no Instituto de Estudos Avançados, em Princeton. Brown recebeu diversos prêmios e, em 2021, foi contemplada com a honraria “The Berkeley Citation”, a mais alta concedida pela Universidade da Califórnia, Berkeley.
Traduzida para mais de vinte idiomas, a obra de Brown tem sido fundamental nas discussões sobre a política contemporânea. Destacam-se na sua trajetória intelectual as obras States of Injury: Power and Freedom in Late Modernity [Estados de dano: poder e liberdade na modernidade tardia] (1995), Regulating Aversion: Tolerance in the Age of Identity and Empire [Regulando a aversão: tolerância na era da identidade e do império] (2006), Walled States, Waning Sovereignty [Estados murados, soberania em declínio] (2010), Undoing the Demos: Neoliberalism’s Stealth Revolution [Desfazendo o demos: a revolução silenciosa do neoliberalismo] (2015), In the Ruins of Neoliberalism: The Rise of Anti-Democratic Politics in the West [Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no Ocidente] (2019) e Nihilistic Times: Thinking with Max Weber [Tempos niilistas: pensando com Max Weber] (2023). Para além de suas publicações na forma de livros e artigos, Brown, como intelectual pública, tem uma participação ativa nos debates atuais por meio de entrevistas e conferências, as quais marcam sua presença também nas mídias digitais. Além disso, Brown é reconhecida por seu ativismo, especialmente, em defesa da universidade pública.
Apesar da relevância das discussões promovidas por Brown, apenas dois de seus livros foram traduzidos e publicados no Brasil até o presente momento: Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no Ocidente (2019) e Estados murados, soberania em declínio (2023). A ausência de traduções de grande parte de sua obra representa um obstáculo ao aprofundamento do debate no Brasil, especialmente na Teoria Crítica e em áreas como o Direito e a Educação, onde suas ideias ressoam fortemente.
1. Percurso teórico
O percurso teórico de Wendy Brown, desde o final da década de 1980, quando publica seu primeiro livro, Manhood and Politics: A Feminist Reading in Political Theory [Masculinidade e Política: Uma Leitura Feminista da Teoria Política] (1988), até o presente, é marcado por uma preocupação em compreender os processos que constituem a sociedade contemporânea. Por isso, é possível observar em sua trajetória intelectual uma abertura teórica que se expressa tanto no diálogo com diferentes autores e autoras quanto na reformulação e refinamento de seus diagnósticos. Tal abertura pode ser explicada, em parte, pelo fato de Brown se vincular à tradição da Teoria Crítica, que, segundo ela, “[…] submete à crítica tanto as abordagens e normas das disciplinas tradicionais quanto os poderes e normas que organizam nossa vida” e busca compreender o mundo, examinando criticamente as “[…] premissas e os poderes que estão circulando no conhecimento e nas práticas humanas existentes” (Brown, 2017, tradução nossa).
Nas últimas décadas, o trabalho de Brown ganhou destaque por sua contribuição ao debate sobre o neoliberalismo. Em 2015, a autora publicou o livro Undoing the Demos [Desfazendo o demos], no qual o neoliberalismo é apresentado como uma racionalidade política por meio de uma reflexão conduzida em estreito diálogo com a herança foucaultiana. Depois, em 2019, veio à público a obra Nas ruínas do neoliberalismo, a qual incorpora a perspectiva neomarxista à formulação anterior. O tema do neoliberalismo e sua relação com a democracia, no entanto, não se tornaram importantes para a autora apenas recentemente. Desde o início dos anos 2000, Brown se dedica a compreender as transformações da sociedade neoliberal e seus efeitos para a democracia, como se pode observar já na sua obra Edgework: Essays on Knowledge and Politics [Edgework: ensaios sobre conhecimento e política], publicada em 2005.
Na literatura sobre a obra da autora, uma recente e importante publicação foi organizada por Amy Allen e Eduardo Mendieta em 2022. Trata-se do livro Power, Neoliberalism, and the Reinvention of Politics: The Critical Theory of Wendy Brown [Poder, neoliberalismo e a reinvenção da política], que reúne textos de diferentes autores e autoras sobre o pensamento de Brown, incluindo dois escritos dela própria (“Thinking Together: Reply to Critics” e “What Is Left of Freedom?” [O que resta da liberdade?]). Segundo Amy Allen e Eduardo Mendieta, no texto de introdução desse livro, seria possível observar algumas características centrais na teoria de Brown: primeiro, um ecletismo que permite à autora pensar a partir de diferentes tradições críticas, esquemas e abordagens; segundo, sua análise negativista centrada em compreender as relações de poder, dominação, injustiça, etc., mais do que em apresentar programas normativos positivos; terceiro, sua orientação prático-política que dirige a crítica a diagnósticos do mundo atualmente existente e, por fim, o caráter feminista presente em sua abordagem. Este último, embora seja importante e presente em suas obras, é um tema secundário nos trabalhos de Brown, como ela mesma reconhece em uma entrevista ao jornal El País conferida em setembro de 2023 ao afirmar: “Escrevi um livro sobre feminismo — Manhood and Politics (1988). E o feminismo é um tema secundário na maioria dos meus livros, simplesmente não é o tema principal. Há tantas pessoas escrevendo sobre feminismo que deixo isso para elas”.
A caracterização feita por Allen e Mendieta aponta adequadamente para o compromisso que permeia a obra de Brown e se expressa na busca pela compreensão das complexas dinâmicas sociais, políticas, econômicas e culturais que nada têm de transparentes. Há um esforço grande em capturar movimentos não lineares, simultâneos e aparentemente contraditórios. O conjunto de sua obra expressa esse movimento: Brown é uma intelectual pública que se faz presente no debate por meio de uma produção bastante orgânica, constituída, como mencionado, por conferências, entrevistas, além de livros, capítulos e artigos, os quais mostram o esforço constante da autora em afinar seus diagnósticos políticos. Como explicam Allen e Mendieta, ao longo de sua trajetória, a autora se dedicou à reflexão sobre vários temas: teoria política, gênero, crítica do poder, formação da subjetividade, abordados a partir do diálogo com diversos autores, tais como Marx, Weber, Nietzsche, Freud, Arendt, intelectuais da Escola de Frankfurt, Foucault e Derrida, os quais são criticamente apropriados para os fins almejados pelos projetos teóricos da própria autora. Assim, Brown se arrisca em levar adiante uma crítica que não irá contar com o porto seguro de uma única teoria. Seu uso teórico plural das contribuições de diferentes autores permite a ela explorar com originalidade seus interesses, analisando e negando, quando necessário, elementos das próprias teorias que a apoiam, até porque, como ela afirma (Brown, 2022b), essas mesmas tradições herdadas estão vinculadas ao masculinismo, branquitude, colonialismo e antropocentrismo, posições por ela criticadas. Essa forma de se apropriar da tradição com foco na crítica da sociedade contemporânea está no cerne do que Brown considera a Teoria Crítica, uma “prática heterodoxa de engajamento” (2015, p. 78, tradução nossa).
Considerando essa caraterística presente no desenvolvimento teórico de Brown, pode-se apontar algumas transições temáticas importantes. De acordo com Allen e Mendieta, haveria uma leve mudança de foco na obra da autora em 2006, com a publicação do livro Regulating Aversion, quando ela passa a se ocupar com “uma crítica incisiva às sociedades capitalistas neoliberais realmente existentes na modernidade tardia”, nas quais o autoritarismo vai se intensificando (Allen; Mendieta, 2022, p. 4, tradução nossa). Complementando o comentário dos autores, cabe lembrar que o tema do neoliberalismo e sua ameaça às sociedades democráticas já vinha sendo discutido por Brown anos antes, como, por exemplo, no artigo “Neo-Liberalism and the End of Liberal Democracy” [Neo-liberalismo e o fim da democracia liberal], de 2003, que seria republicado, posteriormente, como capítulo do livro Edgework.
Ainda segundo Allen e Mendieta, outra mudança nos estudos de Brown ocorreria com a publicação de Estados murados, soberania em declínio, em 2010, obra em que a autora apresenta um diagnóstico sobre a emergência de muros e limites para demarcar as fronteiras de uma almejada soberania nacional em um contexto de ascensão do capitalismo global. Esse diagnóstico ganharia mais força em Undoing the Demos com a discussão sobre o entrelaçamento do neoliberalismo com o autoritarismo, cujos desdobramentos a autora seguiria explorando em Nas ruínas do neoliberalismo (Allen; Mendieta, 2022, p. 5). Allen e Mendieta destacam como centrais na concepção de neoliberalismo de Wendy Brown, especialmente a partir do livro Estados Murados, soberania em declínio, as seguintes ideias: o eclipse do homo politicus pelo homo oeconomicus, que denota a redução do âmbito político ao econômico; o sujeito neoliberal isolado, que experimenta estados afetivos singulares, inclusive como negação de direitos, sem conseguir conectá-los a sua dimensão social, o que proporcionará as condições para o surgimento tanto de uma política autoritária, antidemocrática, que seria uma espécie de “política antipolítica”, quanto de uma concepção de liberdade com essas mesmas feições (Allen; Mendieta, 2022, p. 5).
Embora atentas às transformações na obra de Brown, as indicações feitas por Allen e Mendieta não dão destaque ao fato de que não há apenas mudanças de foco ao longo do trabalho da autora, como há, ainda, reformulações no próprio diagnóstico, especialmente sobre o neoliberalismo. Além disso, há uma preocupação central expressa nos textos de Brown que segue orientando seu trabalho ao longo do tempo, a saber: os rumos da democracia no Ocidente, tema que a leva à busca pela compreensão do modo como a sociedade vai se transformando e, progressivamente, perdendo as condições de possibilidade de governo e soberania do povo. Esse tema irá exigir um olhar tanto para a dimensão social, política, econômica, quanto cultural, em que a formação da subjetividade ganha contornos cada vez mais afastados da ideia de uma liberdade compatível com a soberania. O interesse pela forma como o neoliberalismo atravessa o campo da subjetividade leva Brown a se dedicar, também, à reflexão sobre a relação entre formação democrática e educação, algo difícil de se encontrar nas teorias políticas, mas vital para se compreender as possibilidades de renovação da democracia na atualidade.
2. Crítica ao neoliberalismo e sua ameaça à democracia
Como mencionado, desde os anos 2000, Brown se dedica à reflexão sobre o neoliberalismo e suas implicações na sociedade contemporânea, especialmente nas sociedades democráticas liberais. Em 2003, no artigo “Neo-liberalism and the End of Liberal Democracy”, o qual tem origem em uma conferência realizada pela autora no mesmo ano, Brown defende que o neoliberalismo deve ser compreendido como uma racionalidade política, em clara referência à concepção formulada por Foucault. Ao buscar diferentes sentidos comumente vinculados ao termo “neoliberalismo” – como a recusa do Estado de bem-estar keynesiano, a irrestrita liberdade de mercado, as políticas aplicadas ao Terceiro Mundo que intensificaram sua pauperização ou, ainda, sua associação a formas de governo autoritárias, despóticas ou mesmo corruptas -, a autora constata que, em geral, ele denota um conjunto de políticas econômicas com efeitos sociais e políticos, desconsiderando que há uma racionalidade organizando essas mesmas políticas e expandindo-as para além da esfera econômica. Brown também adverte que essas acepções mais ordinárias costumam negligenciar o que há de novo no neoliberalismo, que não se reduz a uma mera renovação da economia política liberal clássica. Por fim, ressalta o elemento político presente no neoliberalismo que, já na Primeira Guerra Mundial, em especial nos Estados Unidos, provocou a erosão de práticas e instituições democráticas liberais.
Na reformulação do texto que integra o livro Edgework, formado por vários ensaios da autora, Brown adota o termo “neoliberalismo”, em vez de utilizar a forma anterior hifenizada, e explora, seguindo a formulação de Foucault, a concepção de racionalidade política em seus desdobramentos, os quais caracterizarão a novidade do fenômeno. O neoliberalismo, ao instaurar uma governamentalidade, amplia a normatividade que rege a esfera econômica para outros âmbitos: para a vida política, social e cultural, para as instituições legais e políticas do Estado e, também, para os sujeitos, concebidos como homo oeconomicus. As consequências dessa invasão neoliberal nas diferentes esferas têm algo em comum, a saber, a erosão das instituições e princípios democráticos liberais, sobretudo, uma ressignificação de valores como a liberdade, igualdade, autonomia e soberania popular. A nova formação política neoliberal estabelece, assim, uma governança por meio de normas. Segundo Brown, tal formação se torna possível porque envolve a produção de cidadãos formados a partir do modelo do indivíduo empreendedor, porque a sociedade civil se reduz ao exercício do empreendedorismo e o Estado passa a se portar como firma “cujos produtos são sujeitos individuais racionais, uma economia expandida, segurança nacional e poder global” (Brown, 2005, p. 57, tradução nossa).
Em escritos posteriores, Brown segue discutindo o neoliberalismo e o situa mais claramente como uma racionalidade entre outras que coexistem, embora ele se apresente como predominante. Em 2006, no artigo “American Nightmare: Neoliberalism, Neoconservatism, and De-Democratization” [Pesadelo norte-americano: neoliberalismo, neoconservadorismo e desdemocratização], Brown examina a conexão entre duas racionalidades que aparentemente se opõe, a neoliberal e a neoconservadora, mas que operam conjuntamente, canibalizando a democracia. Utilizando o Estado a seu favor, ambas enfraquecem a democracia e tornam difícil a emergência de uma contrarracionalidade alternativa. Brown argumenta que o neoliberalismo, por articular o sentido do político e do social, e a própria subjetividade, a partir de uma racionalidade econômica, é capaz de usurpar outras racionalidades mais democráticas (Brown, 2006a, p. 693). No contexto democrático em que o neoliberalismo se desenvolve, não há um compromisso efetivo com a realização de ideais de igualdade, universalismo, liberdade e autonomia política, cidadania, bem público, entre outras. Esse vocabulário, porém, é mantido, mas esvaziado da carga herdada da tradição liberal. Se o neoliberalismo parte de critérios econômicos que, de certa forma, aparentam ser neutros do ponto de vista moral, abre-se aí um espaço para a atuação de forças que aspiram à moralização do estado, que será bem aproveitada pelo neoconservadorismo. Apesar dos obstáculos observados, uma possível oposição ao neoliberalismo é visualizada por Brown por meio da defesa de uma contrarracionalidade, ideia que já aparecia no texto “Neoliberalism and the End of Liberal Democracy”. Uma racionalidade alternativa deveria disputar a hegemonia liberal e sua produção de uma ordem normativa atuante em diferentes esferas, incluindo a formação de uma subjetividade antidemocrática. Não é por acaso que Brown publicará vários textos sobre educação, dimensão fundamental, por um lado, para a articulação institucional de valores alternativos à racionalidade neoliberal e, por outro, para uma formação subjetiva distinta. Debatendo principalmente o ensino superior, Brown publica os seguintes textos: “Neoliberalized Knowledge” [Conhecimento neoliberalizado] (2011), “The End of Educated Democracy” [O fim da democracia educada] (2011), que se torna, depois, com pequenas alterações, um capítulo do livro Undoing the Demos, “The Vocation of the Public University” [A vocação da universidade pública] (2017), republicado na coletânea The Idea of the University: Histories and Contexts [A ideia de universidade: histórias e contextos] (2019), e o capítulo “Conhecimento” do livro Nihilistic Times: Thinking with Max Weber (2023).
Brown aprofundará a reflexão sobre o neoliberalismo na obra de 2015, Undoing the Demos. Embora a autora mantenha seu ponto de partida amparado em Foucault, ela apontará limitações e anacronismos na abordagem do filósofo. Os principais problemas da leitura foucaultiana, segundo ela, estariam no tratamento insuficiente tanto das consequências neoliberais para a democracia, quanto em uma certa recusa do filósofo em incorporar elementos da crítica de Marx em suas análises. Brown, por sua vez, explorará, como ela própria assume, com mais força do que Foucault, a concepção do neoliberalismo como racionalidade política. Nesta obra, mais do que diagnosticar meros deslocamentos dos princípios democráticos liberais no contexto da sociedade neoliberal, como havia feito anteriormente, Brown defende que ocorre uma transformação substantiva desses princípios. Para a autora, o neoliberalismo estaria “[…] convertendo o caráter, o significado e o funcionamento distintamente políticos dos elementos constitutivos da democracia em elementos econômicos” (Brown, 2015, p. 17, tradução nossa). A governança neoliberal, ao fundir a linguagem do mundo empresarial à política, dissemina o modelo do mercado para as outras esferas, que têm seu caráter alterado. Ocorre, assim, conforme a autora, um fenômeno de economização que reorienta normativamente as diferentes esferas da vida. Uma das principais expressões dessa transformação é a redução do homo politicus ao homo oeconomicus, a qual tem implicações sérias para a democracia na medida em que o exercício da liberdade nas esferas políticas e sociais é comprometido, assim como o da soberania. E esse é, segundo Brown, um paradoxo da governança neoliberal, pois ao mesmo tempo em que o neoliberalismo defende a liberdade, seja do mercado, dos países ou dos indivíduos, ele destrói as condições para seu exercício pleno.
Em Undoing the Demos, Brown ressalta a maneira pela qual o modelo de capital humano, que orienta a formação da subjetividade neoliberal, transforma a relação do indivíduo consigo próprio e com sua liberdade, e também a relação entre Estado e cidadania. Para a autora, há uma reconfiguração do sacrifício dos cidadãos. Com o neoliberalismo, eles passam a ser empreendedores de si, responsáveis pelos investimentos que fazem em si mesmos e por aquilo que alcançam ou deixam de alcançar. Deixam de ser, portanto, cidadãos que, por meio de sua soberania, podem participar da vida política. Desse modo, os assuntos relacionados ao âmbito do público vão perdendo tal caráter, as funções do Estado, reduzidas à normatividade do mercado, já não buscam assegurar princípios fundamentais da democracia e cidadania, como a igualdade e a liberdade. Por meio da reconfiguração do sacrifício, as perdas sofridas em relação aos direitos e ao acesso aos bens públicos acabam sendo justificadas pela necessidade de crescimento econômico. Também a educação, no contexto neoliberal, se transforma. Brown analisa mais especificamente o caso do ensino superior, que, em vez de proporcionar conhecimentos e formação necessária para a participação democrática, se dirige, sobretudo, à profissionalização. De acordo com a autora;
Assim, no imaginário “político” neoliberal, que tomou um rumo responsabilizador, não somos mais criaturas dotadas de autonomia moral, liberdade ou igualdade. Não escolhemos mais nossos fins ou os meios para alcançá-los. Nem mesmo somos mais criaturas movidas pelo interesse, buscando incessantemente nossa própria satisfação. Nesse sentido, a interpretação do “homo oeconomicus” como capital humano deixa para trás não apenas o “homo politicus”, mas a própria humanidade (Brown, 2015, p. 42, tradução nossa).
Como consequência da dissolução do imaginário democrático, a própria visualização de alternativas à racionalidade neoliberal é ofuscada. Na última seção de Undoing the Demos, chamada “Desespero: um outro mundo é possível?”, Brown nomeia esse fenômeno de “desespero civilizatório”, o qual é aprofundado pelo neoliberalismo e deve, segundo ela, ser combatido pela esquerda política. Isso exigiria enfrentar o cenário de perda da confiança no poder do conhecimento, da razão e da vontade para deliberar e construir uma existência comum. Insistir, ainda, contra o anti-humanismo neoliberal, no projeto de uma sociedade diferente, em que os indivíduos possam ter uma vida em comum, boa e com liberdade. Para Brown, qualquer alternativa possível ao mundo organizado segundo a racionalidade neoliberal passaria pela insistência na política, nas práticas e instituições democráticas, e no conhecimento humano.
Após a publicação de Undoing the Demos, Brown irá refinar seu diagnóstico sobre o neoliberalismo, revisando elementos de suas leituras anteriores. Em 2018, ela publica “Neoliberalism’s Frankenstein: Authoritarian Freedom in Twenty-First Century “Democracies” [O Frankenstein do neoliberalismo: liberdade autoritária nas “democracias” do século XXI]. Esse texto seria transformado, no mesmo ano, em um capítulo do livro Authoritarianism: Three Inquiries in Critical Theory [Autoritarismo: três investigações na Teoria Crítica], o qual reúne, também, contribuições de Peter E. Gordon and Max Pensky. Outra publicação desse período é o texto Neoliberalism’s Scorpion Tail [A cauda de escorpião do neoliberalismo], o qual foi parcialmente incorporado à obra Nas ruínas do neoliberalismo e publicado, posteriormente, como capítulo da coletânea Mutant Neoliberalism: Market Rule and Political Rupture [Neoliberalismo mutante: domínio de mercado e ruptura política] (2020), composta por ensaios de vários autores e autoras.
É no livro Nas ruínas do neoliberalismo, lançado em 2019, que Brown examinará com maior profundidade o desenvolvimento do neoliberalismo realmente existente, considerando, agora, o âmbito da moral como um elemento interno a ele, e não mais como uma racionalidade distinta que operava de forma simbiótica. Com isso, Brown pretende explicar de que forma a cultura antidemocrática tem sido produzida pelo neoliberalismo, alcançando com seu diagnóstico também uma dimensão afetiva que se materializa em fenômenos culturais como o ressentimento e o niilismo. Para isso, a autora irá rever sua concepção de neoliberalismo como uma racionalidade política, incorporando à sua análise de influência foucaultiana também a abordagem neomarxista. Em sua reformulação teórica, Brown, mobiliza o pensamento de teóricos neoliberais como Hayek e Friedman para compreender como opera, no interior do neoliberalismo, a associação entre princípios do mercado e da moral que resultaria em uma cultura antidemocrática. Porém, ressalta a autora, o neoliberalismo realmente existente, assim como os títulos dos textos anteriores sugeriam, é uma criatura frankensteiniana, e sua obra busca investigar como ela veio a se constituir.
De acordo com Brown, e diferentemente de sua leitura anterior, tanto o âmbito do social quanto do político são atacados em uma dinâmica interna do neoliberalismo. Para sustentar sua posição, a autora parte da defesa de que a igualdade política é a base da democracia e sua única condição necessária. Quando não há igualdade, sejam quais forem os motivos para isso – exclusão, disparidades sociais, manipulações em sistemas eleitorais, etc. – o demos fica impossibilitado de governar. É no âmbito do social, situado entre o Estado e a vida pessoal, que a justiça pode ser reivindicada, que a cidadania pode ser exercida, que direitos existem e bens públicos são ofertados.
Brown encontra, sobretudo no pensamento de Hayek, uma base teórica que legitimaria o ataque ao social e ao político. Isso se deve ao fato de que o autor defende que o mercado e a moral tradicional seriam esferas capazes de promover espontaneamente a justiça. Por essa razão, não apenas a sociedade não cumpriria uma função relevante em relação à justiça, como também a interferência do Estado e da política seria nociva ao desenvolvimento daquela ordem espontânea. Para que esta possa ser garantida, assegurando a realização da liberdade individual, Hayek defende a extensão e proteção da esfera pessoal. Esse é um elemento crucial, na leitura de Brown, para se entender o desenvolvimento do neoliberalismo contemporâneo, que não se realizou exatamente conforme as pretensões dos teóricos neoliberais.
Na leitura de Brown, o neoliberalismo realmente existente provoca um desmantelamento da sociedade de diferentes formas: epistemologicamente, negando a existência dessa última; politicamente, dissolvendo ou privatizando o Estado social; legalmente, apelando à liberdade para contestar demandas por igualdade, direitos sociais, etc; eticamente, opondo justiça social a valores tradicionais; culturalmente, provocando a desmassificação em suas formas contemporâneas de empreendedorização e capitalização humana. No âmbito político, o ataque ocorre por sua separação da possibilidade do exercício da soberania. Conforme Brown, “[…] o político identifica um teatro de deliberações, poderes, ações e valores no qual a existência comum é pensada, moldada e governada” (Brown, 2019a, p. 68). Ele é também permeado por poderes e pela disputa entre diferentes forças e valores (sociais, econômicos, culturais, religiosos). Com o neoliberalismo, porém, o âmbito político não é extinto, mas parasitado, abrindo espaço para o surgimento e expansão de forças políticas não democráticas e antidemocráticas – o que teria impulsionado a emergência dos movimentos populistas de direita vistos na atualidade. A ênfase na garantia de direitos individuais, por exemplo, expressa, de acordo com Brown, a expansão da moralidade cristã conservadora que, uma vez dissociada da tradição e impulsionada pelo mercado, passa a ser politizada. Emerge, assim, uma cultura antidemocrática vinculada a um duplo sentido de privatização: a nação é reconfigurada como família e empresa privada, rejeitando-se a ordem pública, secular e democrática.
Essa cultura antidemocrática seria reforçada, ainda, pela intensificação de fenômenos como o ressentimento e o niilismo que ganham lugar no contexto neoliberal, ativando a dimensão afetiva dos sujeitos. Partindo das ideias de Nietzsche e Marcuse, Brown assume que o niilismo contemporâneo se relaciona, por um lado, à instrumentalização e trivialização dos valores, por outro, à economização abrangente que faz do próprio indivíduo um capital, submetendo-o a constantes cálculos de investimento. Acionando processos de dessublimação, o niilismo alivia a consciência e a desobriga moralmente, permitindo que a vontade de potência se manifeste com intensidade. Isso se mostraria, por exemplo, na agressividade dos discursos e práticas da extrema direita, os quais se nutrem, ainda, do ressentimento da perda de poder historicamente associado à masculinidade branca. É por isso que o niilismo, na leitura de Brown, não apresenta uma força mobilizadora antidemocrática apenas nos indivíduos, mas também na moralidade tradicional, que exibe sem constrangimentos seus privilégios e poderes. Aprofundando esse processo, os efeitos econômicos neoliberais aumentam as desigualdades de acesso e hierarquias de status, minando, assim, o valor da igualdade política que seria vital à democracia. Brown conclui o livro Nas ruínas do neoliberalismo com essa discussão, questionando como a afetividade que tem sido mobilizada pela direita poderia ser transformada pelo campo da esquerda. A resposta da autora será construída posteriormente, especialmente na sua obra Nihilistic Times, publicada em 2023. Antes, porém, dessa publicação, Brown produziu textos como “Why Democracy is so Hard” [Por que a democracia é tão difícil?] (2020) e “What is Left of Freedom?” [O que resta da liberdade?] (2022), abordando as possibilidades de enfrentamento da hegemonia neoliberal por meio da política e da reconfiguração da ideia de liberdade.
Esses temas serão retomados em Nihilistic Times, livro em que Brown busca inspiração em Weber para repensar a esfera política e também a da ciência, considerando o contexto do neoliberalismo e da cultura niilista contemporânea. Na interpretação de Brown, a delimitação e separação das esferas seria importante para enfrentar o niilismo que ameaça a democracia. A esfera da política é compreendida como um campo de luta por valores. Nesse sentido, a ideia weberiana de vocação se torna central na reflexão da autora, pois permite compreender como a figura dos líderes políticos, dotados de carisma e responsabilidade, poderia mobilizar os sujeitos para a defesa de determinadas visões de futuro. Essas visões envolvem valores que não podem mais ser fundamentados somente em bases racionais.
Contudo, a política não se identifica, na leitura de Brown, ao espaço do debate acadêmico, o qual, por sua vez, tampouco pode ser um âmbito de luta por valores, ou seja, político. Na academia, os valores devem ser analisados e criticados, constituindo-se em objetos da reflexão, diferentemente da esfera política, em que eles são objeto de disputa. É por meio da disputa política, a qual pode contar com o apoio do conhecimento crítico produzido na academia, que se abre espaço para a reconfiguração da liberdade. Como se pode observar nas obras anteriores, Brown é crítica da forma pela qual a liberdade se realizou, sobretudo, pelo seu caráter individual e autoritário, e defende a necessidade de um outro desenvolvimento em que ela possa se conectar à justiça social e à soberania do povo, adquirindo expressão na vida democrática.
Apesar da influência de Weber nas formulações de Brown apresentadas em Nihilistic Times, a autora é crítica em relação a algumas posições sustentadas por ele. Desse modo, ela não subscreve a ideia, por exemplo, de que o conhecimento acadêmico deva ser neutro em relação aos valores, pois, para Brown, resguardar a esfera acadêmica significaria assumir uma responsabilidade em produzir conhecimento voltado para as questões urgentes da sociedade contemporânea, preservando, em certo sentido, o vínculo iluminista da universidade com o ideal de emancipação. Se o conceito de vocação weberiano é frutífero para a política, no âmbito acadêmico ele tenderia a intensificar o niilismo que pretende combater, uma vez que atribui à atitude de professores um caráter ascético e comprometido com o desencantamento e racionalização do mundo, em vez de mobilizar elementos que impulsionam o conhecimento na direção de um projeto de futuro viável e democrático. Assim, a delimitação da esfera acadêmica cumpriria a tarefa de proteger o conhecimento, o ensino e a pesquisa de demandas externas, como as neoliberais, assegurando que as universidades fortaleçam seu vínculo com a democracia. Por meio da formação de uma cidadania consciente e da produção de um conhecimento crítico, elas poderiam contribuir com o fortalecimento da democracia, auxiliando os sujeitos a enfrentar os problemas relativos à viabilidade de uma existência compartilhada e de projetos de futuro.
Ao longo da trajetória intelectual de Brown, a preocupação com a democracia é constante e a impulsiona na busca de diagnósticos cada vez mais afinados à complexidade da sociedade contemporânea. As mudanças na compreensão do neoliberalismo se conectam a essa tentativa de combater as dinâmicas que atuam contra a democracia e suas fontes de renovação. É curioso notar como a própria linguagem utilizada por Brown, especialmente nos títulos de seus textos, expressa a apreensão multifacetada do neoliberalismo ao longo das últimas décadas. Entre sonhos ruins e pesadelos, imagens de Frankenstein e cauda de escorpião, além de ruínas, as metáforas utilizadas por Brown revelam o imaginário político assombrado pela constante ameaça de um colapso democrático. Sua obra constitui, assim, uma referência fundamental para o enfrentamento das questões que comprometem a viabilidade de nosso futuro, impelindo-nos a construir um mundo onde a democracia ainda possa ter lugar.
Obras de Wendy Brown
BROWN, Wendy (1988). Manhood and Politics: A Feminist Reading in Political Theory. Totowa: Rowman & Littlefield.
BROWN, Wendy (2001). Politics Out of History. Princeton: Princeton University Press.
BROWN, Wendy (2003). Neo-liberalism and the End of Liberal Democracy. Theory & Event, v. 7, n. 1. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1353/tae.2003.0020. Acesso em: 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2005). Edgework: Essays on Knowledge and Politics. Princeton: Princeton University Press.
BROWN, Wendy (2006a). American Nightmare: Neoconservatism, Neoliberalism, and De-Democratization, Political Theory, v. 34, n. 6. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0090591706293016. Acesso em: 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2006b). Regulating Aversion: Tolerance in the Age of Empire and Identity. Princeton: Princeton University Press.
BROWN, Wendy (2008). “With Reason on Our Side…” Theory & Event, v. 11, n. 4. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/257573. Acesso em: 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2011a). Neoliberalized Knowledge. History of the Present, v. 1, n. 1. Disponível em: https://doi.org/10.5406/historypresent.1.1.0113. Acesso em: 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2011b). The End of Educated Democracy. Representations, v. 116, n. 1. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/10.1525/rep.2011.116.1.19. Acesso em: 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2015). Undoing the Demos: Neoliberalism’s Stealth Revolution. New York: Zone Books.
BROWN, Wendy (2017). Interview – Wendy Brown. Entrevista concedida a Alvina Hoffmann. E-International Relations. Disponível em: https://www.e-ir.info/2017/04/25/interview/. 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2018a). Neoliberalism’s Frankenstein: Authoritarian Freedom in Twenty-First Century Democracies. In: BROWN, Wendy; GORDON, Peter E.; PENSKY, Max. Authoritarianism: Three Inquiries in Critical Theory. Chicago: University of Chicago Press.
BROWN, Wendy (2018b). Neoliberalism’s Frankenstein: Authoritarian Freedom in Twenty-First Century Democracies. Critical Times, v.1, n. 1. Disponível em: https://doi.org/10.1215/26410478-1.1.60. 29 mar. 2025.
BROWN, Wendy (2019). Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no Ocidente. Tradução de Mario A. Marino, Eduardo Altheman S. Santos. São Paulo: Politeia.
BROWN, Wendy (2020a). Neoliberalism’s Scorpion Tail. In: CALLISON, William; MANFREDI, Zachary. Mutant Neoliberalism: Market Rule and Political Rupture. New York: Fordham University Press.
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BROWN, Wendy (2021). O Frankenstein do neoliberalismo: liberdade autoritária nas “democracias” do século XXI. In: ALBINO, Chiara; OLIVEIRA, Jainara; MELO, Mariana. Neoliberalismo, neoconservadorismo e crise em tempos sombrios. Recife: Editora Seriguela.
BROWN, Wendy (2019b). The Vocation of the Public University. In: BHATTACHARYA, Debaditya. The Idea of the University. Histories and Contexts. New York: Routledge.
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BROWN, Wendy (2022c). What Is Left of Freedom? In: ALLEN, Amy; MENDIETA, Eduardo. Power, Neoliberalism, and the Reinvention of Politics: The Critical Theory of Wendy Brown. Pennsylvania: The Pennsylvania State University Press.
BROWN, Wendy (2023a). Nihilistic Times: Thinking with Max Weber. Cambridge/Massachusetts/London: The Belknap Press of Harvard University Press.
BROWN, Wendy (2023b). Wendy Brown, Philosopher: “Instead of being so reactive to everything the right says or does, the left needs to set out its own vision”. Entrevista concedida a Iker Seisdedos. El País, 27 set. Disponível em: https://english.elpais.com/culture/2023-09-27/wendy-brown-philosopher-instead-of-being-so-reactive-to-everything-the-right-says-or-does-the-left-needs-to-set-out-its-own-vision.html. Acesso em: 29 mar. 2025.
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BROWN, Wendy; FORST, Rainer (2014). The Power of Tolerance. A Debate. New York: Columbia University Press.
Literatura secundária
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PETRY, Franciele Bete (2024). A vocação da universidade pública contemporânea a partir da crítica de Wendy Brown. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 49, n. 2, p. 1228-1244. DOI: 10.5216/ia.v49i2.78993. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/78993. Acesso em: 29 mar. 2025.
PETRY, Franciele Bete (2025). Neoliberalismo e universidade pública contemporânea: contribuições da crítica de Wendy Brown. Trans/Form/Ação, Marília, SP, v. 48, p. e025052. DOI: 10.1590/0101-3173.2025.v48.n4.e025052. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/16818. Acesso em: 29 mar. 2025.
VERBICARO, Loiane Prado; PONTES, Juliana F. (2021). Resenha do livro “Nas Ruínas do Neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no Ocidente”, de Wendy Brown. Blogs de Ciência da Universidade Estadual de Campinas: Mulheres na Filosofia, v. 7, n. 2. Disponível em:
https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/resenhas/resenha-de-nas-ruinas-do-neoliberalismo-a-ascensao-da-politica-antidemocratica-no-ocidente-de-wendy-brown/. Acesso em: 29 mar. 2025.