Início de 2019 foi desastroso para o Meio Ambiente

Janeiro está terminando e uma palavra define como foi o primeiro mês do governo de Jair Bolsonaro para o Meio Ambiente: desastroso. Alguns diriam até que é um eufemismo para criminoso.

Futuro do pretérito imperfeito

Ano passado, durante o período eleitoral, analisamos aqui no Natureza Crítica as propostas de todos os então presidenciáveis para o meio ambiente. Ao longo das 81 páginas de Power Point do plano de governo do então candidato, as questões ambientais eram mencionadas apenas relacionadas a atividades agropecuárias ou pejorativamente como entraves para o “desenvolvimento”. A única coisa aparentemente positiva, era no ponto em que ele dizia que “o Nordeste pode se tornar a base de uma nova matriz energética limpa, renovável e democrática”.

À época, o candidato propunha a  fusão dos ministérios da agricultura e meio ambiente. Grande baba-ovo do agronegócio, Bolsonaro só voltou atrás depois que Blairo Maggi se posicionou contra. Lembrando que Maggi está para o agronegócio assim como Zeus está para o Olimpo.

Em novembro, ainda no governo de transição, Ernesto Araújo, indicado para Ministro das Relações Exteriores, dizia que as Mudanças Climáticas eram perversões de esquerdistas. Já dava pra notar que o time que viria para comandar o país seria de inépcia técnica e ideologia alinhadas com a do presidente eleito, visto que nem um nem outro pareciam ter sequer ouvido falar do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

O IPCC é uma organização de governos que são membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Meteorológica Mundial (WMO). Foi criado em 1988 para prover informações científicas em todos os níveis. Atualmente tem 195 membros. Milhares de cientistas e técnicos de diferentes áreas do conhecimento contribuem anualmente ampliando e atualizando as informações acerca do clima. Mas…

Em dezembro, Ricardo Salles foi anunciado como futuro Ministro do Meio Ambiente. Naquele mesmo mês, Salles foi condenado por improbidade administrativa referente à sua atuação à frente da então Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (hoje Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente). O cara fraudou o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016. A condenação não impediu que tomasse posse do cargo de Ministro no início de janeiro. Ambientalistas criticaram e ruralistas aprovaram a escolha.

Presente distópico

Iniciado o governo, Bolsonaro transfere a demarcação de terras indígenas e quilombolas para a Agricultura, bem com o o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). O cara que viria a ser eleito presidente já havia dito que índio tem muita terra e que não faria demarcação. Não vale nem lembrar a forma preconceituosa como ele se referiu a quilombolas em apresentação que lhe rendeu um processo. Quanto ao SFB, quem assumiu foi um ruralista que nem vale mencionar o nome pra não dar muito Ibope mas que é autor de projeto de lei que visa liberar a caça no Brasil (PL nº 6268/2016). No governo tem ainda uma ministra de uma outra pasta que, além de ter alucinações em goiabeiras, é acusada sequestro e tráfico de crianças indígenas.

Defensor da flexibilização das leis ambientais, Bolsonaro costuma dizer que licenciamentos atrapalham o desenvolvimento e que o Ibama é uma indústria de multas. Em viagem à Suíça, para passar vergonha no Fórum Econômico Mundial, declarou que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. Dias depois, ocorreu o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho/MG. Repetiu-se a agonia do desastre da Samarco em Mariana/MG e tantos outros frequentes e recorrentes. Até o momento já são 99 pessoas mortas e 257 desaparecidas em Brumadinho. Isto sem falar da perda de biodiversidade e agonia pela qual passam os animais presos na lama tóxica. E não podemos deixar de mencionar o prejuízo econômico, já que algumas pessoas só entendem esse tipo de linguagem. Vocês lembram do Ricardo Salles, aquele ministro condenado por fraudar plano de manejo? O objetivo dele era justamente favorecer a ação de mineradoras em uma Unidade de Conservação.

Aparentemente, os único verdes que esses caras respeitam é o oliva e as notas de dólar.

5 Comentários

  1. Escrevi o texto num fôlego só e acabei me esquecendo de falar sobre a questão dos agrotóxicos que estão sendo liberados... assunto importantíssimo e que também indica o desastre que foi o início do atual governo federal.

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