Nobel da Folia
João Paulo do Rio Branco era o Secretário de Turismo do Estado da Guanabara em 1966. Uma das funções da Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara era organizar o Carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Uma das tarefas ao organizar o carnaval do Rio de Janeiro é selecionar as personalidades que receberão o convite oficial do Governo do Estado para fazer parte das festividades.
Em 1966 a lista de convites internacionais tinha nomes como Salvador Dalí, o 007 Sean Connery, as Princesas Ira von Fürstenberg e Soraya Esfandiary-Bakhtiari, as atrizes Ingrid Bergman e Gina Lollobrigida, e por último mas não menos importante, um cientista vencedor do prêmio Nobel de Física do ano anterior, Richard Feynman.
Pipocou na imprensa internacional rumores de uma epidemia de tifo no Rio e até o Itamaraty foi acionado para tranquilizar os turistas que viriam para o Carnaval. Não sei se funcionou, mas pelo menos nenhum dos convidados oficiais utilizou a epidemia como motivo para não vir ao Carnaval.
Salvador Dalí alegou compromissos profissionais. Soraya, problemas com a saúde da sua mãe. Ira, compromissos pessoais. Sean Connery e Ingrid Bergman não foram vistos no Rio. E a Gina Lollobrigida, filmando em Paris, ficou em cima do muro e deixou o pessoal do Tursimo da Guanabara esperando até o último dia, mas não apareceu.
É isso mesmo que você está lendo. Como quando você é uma criança, é seu aniversário, e você tem medo que ninguém venha na sua festinha. Ninguém veio.
Feynman veio. Não foi sua primeira vez no Brasil, nem no Carnaval do Rio. Ele já havia tocado frigideira em um bloco, e passou a se interessar bastante pelos instrumentos utilizados no samba. Notícias que corriam pela época falavam que um dos motivos que fizeram a sua primeira esposa pedir o divórcio foi o barulho da cuíca.
Richard e sua segunda esposa, Gweneth, seriam recebidos pelo Secretário Rio Branco e 200 passistas do Salgueiro, Mangueira, Portela e Império Serrano, ao som da Bateria da Mocidade, mas parece que as autoridades do aeroporto não permitiram. Participaram de ensaios, dos principais bailes e assistiram aos desfiles das escolas de samba.
Além da “imensa saudade dessa festa grandiosa” Feynman levou na bagagem um agogô com a inscrição “O maior folião de 1966“, presente da Associação das Escolas de Samba.
A seguir, IBAGENS INÉDITAS fotos que você talvez ainda não tenha visto do Carnaval em que por falta de celebridades, um físico virou a principal atração.
A propósito, João Paulo do Rio Branco deixou a Secretaria de Turismo antes do fim daquele ano. Feynman não achou que foi coincidência…
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