Um pouco de Física e uma conversa com Albert Fert
Algumas tecnologias surgem para suprir alguma necessidade humana. A necessidade de armazenar cada vez mais pornografia, por exemplo, nos trouxe mídias com capacidades cada vez mais alta em tamanhos cada vez menores. Em algum momento da história, os discos rígidos magnéticos foram dominantes no mercado de computadores.
O funcionamento do HD se baseia em um fenômeno físico chamado de magnetorresistência gigante, descrito em 1988 com uma importante participação do Físico brasileiro Mario Baibich. Em 1997, a Academia Real das Ciências da Suécia premiou a descoberta com o Nobel. Foram laureados Albert Fert, chefe do laboratório francês onde o Baibich fez a descoberta, e Peter Grünberg que obteve os resultados de forma independente na Alemanha.
Um sanduíche muito, muito fino. Pães de material ferromagnético e recheio de um material não magnético. Nessa configuração, cada um dos pães tem uma orientação magnética para um lado diferente (anti paralelas). Quando sanduíche recebe um campo elétrico externo, as orientações se alinham (paralelas), e a resistência do sistema cai drasticamente. Isso, minha gente, é a magnetorresistência gigante.
Na semana passada Fert esteve em Porto Alegre para receber da UFRGS o título de Doutor Honoris Causa. Uma das atividades do Físico francês foi uma especie de encontro com os alunos da Universidade. Uma hora, disponível para responder qualquer uma das nossas perguntas.
Entre perguntas sobre a carreira de físico e a pesquisa que levou ao prêmio, alguns pontos chamaram a minha atenção.
Acho curioso como a opinião do Fert sobre o prêmio seja muito parecida com a do Feynman, que diz no seu livro algo como o Nobel ser quase um fardo a ser carregado para o resto da vida. Fert não vai tão longe, mas nos contou que a posição de “Relações Públicas da Ciência” que assume todo laureado, fez com que ele tivesse que parar de dar aulas, por exemplo, algo que ele diz gostar muito por “renovar o conhecimento”.
Ainda sobre o prêmio, comentou que existem muitos pesquisadores bons que não ganham, e que a pesquisa é emocionante por si mesma, “explorar” o conhecimento é divertido, um Nobel é só “uma cereja no bolo”.
Sobre a pesquisa no Brasil, Fert falou não conhecer muito, mas destacou um ponto que eu confesso nunca ter considerado. O isolamento. Colaboração é importante na Ciência, e estar distante dos grandes centros na Europa e EUA pode ser um dificultador. Fert falou que é muito prático poder sair da França, visitar um colaborador na Alemanha, e voltar pra casa no mesmo dia.
A colaboração com a iniciativa privada também é importante na visão do francês. Ele vê com entusiasmo aplicações práticas para os resultados das pesquisas.
E vocês, o que acham?
Discussão - 1 comentário
[...] é óbvio, eu gosto de Ciência, gosto de Física e Matemática, gosto de Astronomia e Espaço, de lembrar, daqueles que fizeram coisas inusitadas [...]