Por que você não deveria argumentar com radicais – o efeito “backfire”

Sabe aquela vez que você topou, nas redes sociais ou fora delas, com uma pessoa muito convicta defendendo algo que você tinha certeza de que estava errado? Pode ter sido um antivacina, um terraplanista, um negacionista da pandemia ou um apoiador ferrenho de algum político, daqueles dispostos a defender qualquer bobagem ou mentira que seu ídolo tenha dito. E então, tendo sempre os fatos e a ciência a seu favor, você argumentou contra o que essa pessoa convictamente defendia e ela obviamente mudou de opinião diante das evidências que você apontou, não foi? Pois é, comigo também nunca aconteceu. A verdade é que, diante de pessoas inflexíveis sobre algo, muitas vezes não as convencemos nem mesmo de fatos elementares.

Efeito backfire: quando a tentativa de argumentar sai pela culatra.
(fonte: https://web.northeastern.edu/nulab/backfire-effects-misinformation)

Seria essa tentativa de argumentar com os muito convictos, então, puro desperdício de tempo e energia? A realidade dura nos mostra que pode ser ainda pior do que isso. Sua tentativa de convencer o fanático pode ter um efeito totalmente negativo e torná-lo ainda mais convicto de sua crença. Esse é o chamado “efeito backfire” e é bem provável que você já o tenha produzido em alguém ou nele incorrido em discussões por aí.

Entendendo o conceito

“Nenhuma opinião deve ser defendida com fervor (…) O fervor apenas se faz necessário quando se trata de manter uma opinião que é duvidosa ou demonstravelmente falsa.” — Bertrand Russell

O efeito backfire foi verificado pela primeira vez em um estudo publicado em 2010 [1], conduzido pelos cientistas políticos Brendan Nyhan e Jason Reifler das universidades de Michigan e da Georgia, EUA. Nesse estudo, eles criaram artigos fictícios de jornal que reproduziam informações falsas amplamente difundidas nos EUA à época, como a ideia de que as forças armadas estadunidenses teriam encontrado armas de destruição em massa no Iraque do ditador Sadam Husseim. Os voluntários da pesquisa liam esses artigos e, na sequência, recebiam outro texto com a informação correta: as supostas armas de destruição em massa jamais foram encontradas. Um curioso resultado encontrado pela pesquisa foi o de que os voluntários mais conservadores e favoráveis à guerra contra o Iraque relataram, após a leitura do artigo com a informação verdadeira, que tinham ainda mais certeza de que as tais armas de destruição em massa realmente existiam. Em outras palavras, a tentativa de correção da crença incorreta desses voluntários “saiu pela culatra” (o efeito backfire) e eles ficaram ainda mais convictos sobre algo que nunca aconteceu de fato. Por acaso isso te soa familiar e te faz lembrar de alguma discussão que já teve com alguém?

Esse efeito, contudo, não é fruto de ignorância ou burrice, como se poderia imaginar a princípio. Ele ocorre, na verdade, como um desdobramento do raciocínio motivado, que é uma forma de pensar na qual selecionamos somente as evidências que nos agradam para embasar uma conclusão à qual já tínhamos chegado de antemão. Ao receber uma informação que se choca com sua crença, a pessoa tende a revisar mentalmente as “evidências” (não importa muito que possam ser falsas) que a induziram a ter essa concepção equivocada e, nesse processo de revisão de suas memórias, pode acabar reforçando sua crença inicial.

Efeito backfire e política em contexto de pandemia

Até o uso das máscaras tem sido objeto de disputa na polarização política (fonte: Pixabay)

No âmbito da política, que tem como motor as ideologias e paixões humanas, não faltam exemplos de racionalização de “evidências” que levam ao efeito backfire de forma coletiva. Em um cenário de intensa polarização política, quase tudo é politizado e não seria diferente com os aspectos que envolvem a pandemia de coronavírus. Nesse contexto, um exemplo do efeito backfire coletivo pôde ser observado nos que passaram a minimizar a pandemia, buscando equivaler a Covid-19 a uma gripe comum.

Nos EUA e no Brasil, foram os presidentes os principais líderes políticos a sistematicamente minimizar a gravidade do coronavírus [2, 3]. Tanto lá como cá, os seguidores de ambos, ao receberem o sinal de seus ídolos, passaram a reproduzir sua concepção. Diante do crescente número de casos comprovados e das complicações, sequelas e mortes causadas pelo vírus, parte expressiva dos defensores da ideia de que se tratava de uma “gripezinha”, ao invés de mudarem de posição perante evidências contrárias, passaram a intensificar seu negacionismo por meio de teorias conspiratórias, ou seja, acionaram o raciocínio motivado resultando no efeito backfire. Da afirmação — jamais comprovada — de que governadores estariam inflando os números de óbitos [4], passando pelo questionamento sobre a lotação de hospitais (com sugestão do presidente para que populares os invadissem e filmassem os leitos) [5), até o enfoque no número de casos recuperados [6], foram muitos os esforços dos negacionistas convictos para minimizar o terrível impacto da pandemia no segundo país em número de óbitos causados pela Covid-19 no mundo.

Quanto àquele esforço de se minimizar a pandemia por meio do enfoque nos milhões de recuperados, é quase cômico observar que, na verdade, isso pesa contra o negacionismo dos fanáticos: a constatação de que há milhões de recuperados pressupõe a existência de um número ainda maior de infectados, o que por si só já expõe a extensão e a gravidade da pandemia.

Animados pelo mesmo impulso negacionista, surgiram também inúmeros apoiadores do presidente cujos parentes ou conhecidos supostamente tiveram diagnóstico positivo para Covid-19, mas que morreram, juram eles, de câncer ou outra doença grave. Por suposto, trata-se aqui do que chamamos, em ciência, de evidência anedótica; é razoável a probabilidade, porém, de que a leitora tenha visto alguma história do tipo em suas redes sociais durante a pandemia.

A “vacina chinesa” e o efeito backfire

Nem mesmo a vacina contra o coronavírus escapou à lógica da polarização política. Bastou o Ministério da Saúde anunciar a intenção de adquirir a CoronaVac [7]– vacina que está sendo produzida em associação entre o Butantã e a Sinovac, uma empresa chinesa — que o presidente, pressionado por apoiadores contrários à vacina [8], cancelou o acordo de compra [9]. Após esse imbróglio, várias fake news sobre a CoronaVac inundaram as redes sociais [10], como a de que a vacina usaria células de bebês abortados [11]. Isso tudo nos faz levantar a questão: existe a possibilidade de ocorrer o efeito backfire ao argumentarmos com um antivacina? Considerando-se a ciência sobre o tema, a resposta infelizmente é “sim”.

[Fonte: Renato Machado — cartunista]

Os mesmos pesquisadores citados, Reifler e Nyhan, conduziram, em 2015, um estudo sobre mitos relativos a vacinas [12]. À época, 43% dos estadunidenses acreditavam que a vacina da gripe poderia fazê-los ter gripe. Nesse estudo, eles buscaram verificar a eficácia de se oferecer as informações corretivas dessa crença infundada. Como resultado, o estudo apontou que informações corretas — que a vacina não causava a gripe — foram suficientes para reduzir bastante essa crença específica. No entanto, os voluntários da pesquisa que demonstraram níveis mais altos de preocupação com supostos efeitos colaterais de vacinas (como acreditar que elas causam autismo) passaram a manifestar menor disposição a vacinarem seus filhos. Nesse estudo, o efeito backfire ocorreu não na crença específica, alvo da informação corretiva, mas na postura dos voluntários que já tinham uma perspectiva antivacina, os quais ficaram ainda mais convictos sobre isso.

A esta altura, a leitora pode estar se perguntando se, por causa da possibilidade do efeito backfire, não devemos jamais argumentar com as pessoas muito convictas que estejam defendendo algum absurdo. Na realidade, há uma situação bastante frequente na qual convém, sim, debater com dogmáticos.

Argumentar ou não argumentar, eis a questão

Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” — Carl Sagan

Em uma conversa privada, no tête-à-tête mesmo, com alguém defendendo radicalmente alguma inverdade, talvez seja melhor não insistir. O risco de você contribuir para que a pessoa fique ainda mais convicta é real. Por isso, vale muito mais a pena argumentar com as pessoas que podem ter caído em alguma desinformação, mas que têm maior abertura ao debate. E elas são muitas. Dessa forma, como sustenta o cientista político David Redlawsk, isolam-se os fanáticos de todo tipo, reduzindo sua influência.

Estudos mais recentes, como o dos cientistas políticos Thomas Wood e Ethan Porter, da George Washington University, não encontraram o efeito backfire em relação a fatos específicos [13]. Os pesquisadores argumentam que é possível, sim, mudar a opinião equivocada das pessoas com a exposição de fatos. É preciso lembrar, no entanto, que existe sempre a possibilidade de que elas reforcem sua postura — como ocorreu no estudo mencionado sobre a vacina — apesar de se dobrarem a um fato específico. Como um exemplo, imagine que você vai argumentar com uma pessoa que defende um remédio comprovadamente ineficaz contra a Covid-19 porque o político que ela apoia insiste se tratar de um medicamento salvador. A depender de sua abordagem e do nível de convicção dessa pessoa, talvez até a convença do fato de que o remédio é ineficaz. Não espere, porém, que diminua o apoio dela ao político, pois o mais provável é que o contrário aconteça.

No entanto, como parte significativa de nossas vidas atualmente acontece em rede, quando o debate for em público, como no Facebook ou em grupos de Whatsapp, convém demonstrar que os radicais estão equivocados. Nas redes, terceiros quase sempre estão observando as conversas alheias. Eis aí a situação na qual vale a pena travar o bom combate contra a desinformação, a mentira e as concepções falsas. Se seu interlocutor direto ficar ainda mais convicto na defesa de alguma desinformação qualquer, paciência. Quase sempre há vários outros que podem se beneficiar do seu esforço de argumentação em prol do restabelecimento da verdade.

Vivemos em tempos nos quais vicejam posturas anticientíficas e esforços de relativização da verdade, quando não de sua negação completa. Como é bastante conhecido, isso é impulsionado por líderes políticos cujo comportamento é replicado por milhões de seguidores. Por isso, é importante que continuemos disputando, se não os corações, ao menos as mentes das pessoas e ter consciência de que o efeito backfire pode ocorrer é um passo fundamental nessa jornada.

Obs: o canal Eureka (Youtube) converteu esse artigo em um excelente vídeo animado. Confira neste link.

Referências:

[1] Nyhan, B., Reifler, J. (2010). When Corrections Fail: The Persistence of Political Misperceptions. Political Behavior, Vol. 32, No. 2, pp. 303-330.

[2] (2020) Timeline: How Trump Has Downplayed The Coronavirus Pandemic. National Public Radio (NPR), 02 de outubro de 2020. {link}

[3] (2020) “Gripezinha” e “histeria”: cinco vezes em que Bolsonaro minimizou o coronavírus {link}

[4] (2020) Bolsonaro endossa notícia falsa para dizer que Estados inflam mortes por coronavírus. Valor Econômico, Edição de 31 de outubro de 2020. {link}

[5] (2020) Bolsonaro recomenda invadir hospitais. Correio Braziliense, Edição de 11 de junho de 2020. {link}

[6] (2020) Na data em que Brasil ultrapassa 100 mil mortos, Bolsonaro destaca pacientes recuperados. Agência Brasil (EBC), Edição de 20 de outubro de 2020. {link}

[7] (2020) Brasil anuncia que vai comprar 46 milhões de doses da CoronaVac. Agência Brasil, Edição de 20 de outubro de 2020. {link}

[8] (2020) Bolsonaro sabia da intenção de compra da CoronaVac, mas recuou. Estado de Minas, Edição de 21 de outubro de 2020. {link}

[9] (2020) Bolsonaro diz que Governo Federal não comprará vacina CoronaVac. Agência Brasil (EBC), Edição de 21 de outubro de 2020. {link}

[10] Aos Fatos (agência de fact-checking) – resultados de busca do verbete “coronavac”

[11] (2020) É falso que CoronaVac usa células de bebês abortados. Aos Fatos, Edição de 28 de julho de 2020. {link}

[12] Nyhan, B., Reifler, J. (2015). Does correcting myths about the flu vaccine work? An experimental evaluation of the effects of corrective information. Vaccine 33 (3): 459–464.

[13] Wood, T., Porter, E. (2018). The elusive backfire effect: Mass attitudes’ steadfast factual adherence. Political Behavior, Vol. 41, pp. 135-163.

  • OBS: Esse texto contou com a revisão primorosa de Caroline Frere Martiniuc e Eduardo Jesus Veríssimo, aos quais agradeço enormemente.

73 comments

        1. Oi, Giva!

          O vídeo do canal Eureka ficou pronto. Acesse no link: https://www.youtube.com/watch?v=I2nZY6bp8R4

          Compartilhe com os amigos também!

      1. Opa, Fernando! Ficou pronto o vídeo no canal Eureka. Acesse no link: https://www.youtube.com/watch?v=I2nZY6bp8R4
        Compartilhe com os amigos também!

    1. O texto já vou zapear para todos os meus contatos. O vídeo quando estiver pronto, por favor disponibilize para compartilhar!

      1. Olá, Pedro! Segue o link do vídeo, que será incorporado ao fim do artigo também:

        https://www.youtube.com/watch?v=I2nZY6bp8R4

    1. Olá, Tato! Há mais de um motivo para isso. Há estatísticas informando que o público leitor de blogs é majoritariamente feminino. Se há mais mulheres, porque flexionar a língua no masculino? Outro motivo é justamente gerar o questionamento. Jamais uma mulher perguntou o porquê, só homens. rs Em português, se usássemos o masculino "leitor", ninguém perguntaria o porquê, não é mesmo? Abraço!

      1. Tb achei estranho e voltei lá em cima pra ver se se tratava de artigo de alguma revista direcionada principalmente às mulheres.
        A língua portuguesa não possui gênero neutro, por isso quando nos voltamos a um público de ambos os sexos, utilizamos o gênero masculino, que neste caso passa a ser genérico e não masculino. Se o público for composto exclusivamente de mulheres, aí sim usa-se palavras no gênero feminino.
        Mas se o objetivo foi prender a atenção e gerar questionamento, beleza hehe
        Quanto ao texto em si, achei muito interessante e concordo com tudo que li. Realmente os extremismos são complicados. Tudo deve ser ponderado e logicamente argumentado. Quando a discussão deixa de ter base em ciência e passa à crenças, não adianta continuar. E pelo estudo que vc colocou, percebemos que até piora a situação.
        Parabéns!

        1. Entendo e concordo com sua explicação sobre a língua, Cesar, mas a ideia sempre foi provocar a reflexão. Acho que deu certo, vários comentários nesse sentido. rs Todos os textos do blog estão assim e 3 deles (sobre fake news) já foram inclusive para materiais didáticos, da rede privada e da pública. Espero que suscitem a reflexão em outras searas também!
          Obrigado pelo comentário!

  1. Excelente seu artigo. Empiricamente já percebermos que os crentes antivacina, pró-cloroquina, terraplanistas e congêneres são impermeáveis aos bons argumentos! O que fazer? Rezar para que tomem muita cloroquina, morram de covid ou caiam no “precipício “ nas bordas do planeta! No mais, estranhei a referência a “leitora”, o que na linguagem correntemente aceita implica em que só leem suas palavras as do sexo feminino. Espero não ser vitima de backfire! abs

    1. Obrigado pelo comentário, Alvaro! A referência apenas à "leitora" é proposital, para suscitar justamente a reflexão. Acho que tocou no ponto principal, ao citar a "linguagem correntemente aceita". Ademais, não deixa de ser curioso que, até hoje, apenas homens tenham estranhado os textos do blog se referirem à "leitora". rs
      Abraço!

      1. Saudações, tchê!

        Muito bom o texto produzido... para entendermos ações e reações nas relações de poder estrutural e cognitivo, sociológico e psicológico.

        Mas, já que estamos no espaço cibernético, que tal leitor@!!
        *Tire tuas próprias conclusões

        *Para eles e elas... e tantas outras variantes.

        Tenho usado, assim, para muitas situações... amig@s... estimad@s... solidári@... sábi@s... gat@s... louc@.... amad@... etc. e tal!

      2. Eu observei no momento da leitura e imaginei que iria gerar questionamento,e acho ótimo que exista.
        Estamos falando tanto em desconstrução e assim ocorre.Otima oportunidade de reflexão.

  2. Olá pessoas! Faz um tempo que questiono sobre flexionar a língua no masculino se temos maioria feminina na maioria dos ambientes.
    Outra coisa, tenho usado dessa forma: as(os) meninas(os), medicas(os)...
    E se tratando de mulher não faço "homenagem" e sim "mulheragem" .
    Sobre o texto - Efeito "backfire" gostei.

      1. Realmente, Ana. Há estudos que demonstram que, quanto mais ideológica for a pessoa, mais fácil dela cair em diversos vieses cognitivos. Sugiro ler os outros textos do blog, que versam sobre esses vieses 😉

  3. Excelente artigo, Davi. Embora seja homem, somente quando li os comentários notei que você se refere apenas a "leitora". Se o objetivo é agradar o público que você diz ser majoritariamente feminino ou para suscitar reflexão, compreendo. Se o intuito é mudar a linguagem corrente, registro minha respeitosa discordância. Penso que esse tipo de atitude apenas reforça uma distinção que tem mais relação com a forma do que com o conteúdo. Nossa sociedade já está sobrevalorizando demais as aparências.
    Abs.

  4. Gostei muito do texto e venho tentando espalhar idéias assim faz tempo.
    É triste ver a forma passional e visceral como defendem políticos.
    Se conseguíssemos ser mais questionadores e buscássemos mais verdades em vez de querer sempre ter razão, acho que conseguiríamos evoluir um pouco.

    “Nenhuma opinião deve ser defendida com fervor (…) O fervor apenas se faz necessário quando se trata de manter uma opinião que é duvidosa ou demonstravelmente falsa.” — Bertrand Russell

    Pois é, aqui fica a questão do que é "duvidosa ou falsa". rs
    Para muita gente isso é relativo.

  5. Bacana como as coisas, palavras, notícias e exemplos são devidamente colocadas para identificarmos o público. A mão que escreve tem sua direção e exerce o poder de mostrá-lo. Parabéns pelo texto

  6. A gente vem constatando o efeito backfire há pelo menos 20 anos no país. Aconteceu em vários governos anteriores, acontece neste e muito provavelmente acontecerá nos futuros. Enquanto o país continuar insistindo em eleger salvadores da pátria, de ambos os extremos do espectro político, é isso que se terá. Não há como defender salvadores da pátria exceto se você se guiar cegamente por suas crenças e não pelo seu racional

  7. Texto muito oportuno. Pena que se focou em apenas um grande problema político que temos. Seria muito oportuno, e existem muitas referências confiáveis de pesquisa, incluir nos exemplos a questão da inocência do Lula. (liberado por uma firula jurídica, aplicada após muito tempo do julgamento que passou por três instâncias). Neste caso, a posição dos que insistem na inocência é semelhante aos argumentos dos terraplanistas ou defensores de medicamentos sem comprovação.

    1. Obrigado pelo comentário, Francisco! Concordo que o efeito backfire possa ocorrer em quaisquer dos lados político-ideológicos. No campo da esquerda, por exemplo, há um certo negacionismo de alguns sobre o antipetismo. Há quem diga, o próprio Lula incluído, que já disse isso com todas as letras, que "o antipetismo não existe". Se você tentar argumentar com uma pessoa que chega a esse nível de negacionismo, provavelmente vai rolar backfire e ela ficará ainda mais convicta desse absurdo. Abraço!

  8. Excelente o artigo, boas reflexões para tempos onde as ferramentas de "comunicação" estão cada vez mais próximas das pontas dos dedos ao invés de percorrer um caminho um pouco maior. Parabéns pelo cuidado na escrita e consequentes reflexões sobre a forma dita corrente.

  9. Perfeito! Na verdade é um texto que nos diz de uma forma muito elegante que NÃO ADIANTA DISCUTIR COM BURRO, não importa a cor, pois ele se perde nele mesmo em suas maluquices. Arrancam "do meio do rabo" cada teoria que pelo amor de Edir Macedo... O Burrão sempre encontra uma portinha para o subsolo no fundo do poço da razão. Pra mim, a esmagadora maioria dos bolsonaristas é assim, seguindo o líder claro. Mas os "esquerdopatas" não ficam nadica atrás...rs

    1. Olá, Mauricio! Se me permite, vou discordar um pouco de ti. A burrice é um fenômeno realmente existente, mas as pessoas não precisam ser burras -- com deficiência cognitiva -- para caírem no efeito backfire. Basta serem muito convictas de algo. Em geral, isso acontece facilmente com ideólogos, com quem tem ideologia política muito denotada, à direita e à esquerda. Pode reparar que, com certeza, você conhece desses ideólogos que são pessoas bem-sucedidas em suas profissões, que não exatamente podem ser consideradas burras, não conhece?

      Obrigado pelo comentário!

  10. Muito tro-lo-lo' para dizer sua ojeriza ao presidente e a tudo o que ele faz ou fiz.
    Agora uma pergunta: você alguma vez esteve a frente de uma equipe para combater uma pandemia? Pós é...O Dr.Osmar Terra esteve. E saiu-se muito bem, diga-se. Portanto, não se trata de um palpiteiro como você quer insinuar. Muito prolixo e mais ainda tendencioso.

    1. Olá, Amauri! Osmar Terra é um notório negacionista, mas não vou argumentar com você porque provavelmente aconteceria o efeito backfire, como descrito no texto. Obrigado pelo comentário!

  11. Fico tentado a imaginar de perguntar ao negacionista o que o faz acreditar profundamente em determinada notícia ou informação falsas. Até onde a busca de base ou evidências que ele me apresenta pode ir? Até algum momento em que ele reconheceria a falha das evidências? Ou ainda não? Neste caso se trata justamente da crença mais profunda...... essa crenca equivale à dos flamenguistas se dizerem os melhores no futebol. Acreditar nas palavras do Bolsonaro é como acreditar nontime para o qualnsempre se torce? No fundo, essa crenca equivale á crença religiosa (...., temos os apaixonadamente retóricos Malafaia e Bispo Macedo)

    1. Gisele, não aconteceu aqui nos comentários, mas dependendo do nível de convicção de quem vê esse detalhe do artigo como um grande "problema", não convém nem argumentar. Pode dar backfire. rs

  12. Li o texto, gostei, mas fiquei preocupado!
    Só vim a perceber a questão da utilização do termo leitora no lugar de leitor, como manda a chamada "regra culta", nos comentários!
    O que será que isso significa? Será grave?
    Me socorram!!

  13. Excelente. Mesmo sem conhecer os trabalhos científicos que corroboram a ocorrência do efeito backfire, eu já havia desistido de argumentar contra radicais que negam as evidências.

    1. Fez bem! A ciência, nesse caso, serve para nos libertar ainda mais daquela coceira de argumentar com fanáticos. Lembremos, porém, que sempre vale a pena no caso de discussões em públicos. Em geral, terceiros estão acompanhando (ainda que em silêncio) e podem se beneficiar.

  14. Excelente! Tenho procurado assistir palestras sobre esse fenômeno principalmente após o golpe para poder não pirar. Ouvi filósofas e psicanalistas... Revisitei a questão da ideologia... O 'backfire' acrescenta muito a esses conhecimentos.

  15. É claro que uma discussão deve ser educada, mas...
    Quando se fala em polarização eu desconfio.
    Desconfio também quando querem jogar toda discussão acalorada sobre política na vala comum da ignomínia.
    O “radical de centro” não é ficção, ele também existe, afinal:
    É aquele que não admite sair de cima do muro.

  16. Caro david
    Gostei do artigo, mas cuidado, qualquer pessoa tem direito de ter as suas crenças ideológicas, elas estão baseadas de certeza em factos reais da vida de cada pessoa, ou seja das suas experiências pessoais. as crenças normalmente surgem do facto de o nosso cérebro não saber, e através da dissonância cognitiva, tentar arranjar uma explicação, que para ele seja aceitavel á luz do que sabe.
    E muitas vezes a palavra liberdade é muito prezada, neste ambiente politico, suplantando mesmo a ciência.
    Abraço.

    1. Sim, Carlos, você tem razão: as pessoas tem direito a ter suas crenças ideológicas. Por outro lado, isso não nos impede de criticar o impacto negativo que algumas dessas crenças podem ter na sociedade, não é mesmo? Obrigado pelo comentário d'além mar!

  17. Caro Davi, muito esclarecedor a matéria aqui apresentada. Parabéns, deu-me um alento...
    Estava tentando mostrar a algumas pessoas, nas redes sociais, que deveriam ter um pouco de empatia com aqueles que hoje passam dificuldades e fome por estarem desempregados. Foi assustador. Muitos dizem que desempregados e famintos não passam de vagabundos que não querem trabalhar. Espero sinceramente que não sejam a maioria porque é muito difícil conviver com pessoas que ignoram os fatos e a realidade.

    1. Olá, Regis! Muito obrigado pelo comentário.
      É assustador mesmo, não? Porém, essas pessoas não são maioria e, como argumento no texto, o ideal é nem perder tempo tentando convencer esse pessoal de qualquer coisa. A meta é investir tempo e energia nos que estão abertos a ouvir e, assim, isolar os que não têm empatia alguma.

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