True Life: Tenho Síndrome do Pânico

Eu estava aqui à toa (momento raro hoje em dia), abri a programação da tv a cabo e encontrei por acaso um programa chamado “True Life: Tenho Síndrome do Pânico” que vai passar daqui a pouco às 23:00 na MTV. Não conheço, nunca vi e nem sei se vai ser bom, mas sei que vou assistir! A sinopse é a seguinte:
Nome Original: True Life
Direção: Mark Herwick, Evan B. Stone
Ano: 1998
País: EUA
Classificação: Maiores de 13 anos
Sinopse: Nesse episódio de True Life nós vamos seguir os passos de Monica, Nichole e Franklin enquanto eles tentam viver uma vida normal apesar de sofrer de Síndrome do Pânico.
Duração: 60 minutos”
Os ataques de pânico surgem aparentemente do nada e atrapalham muito a vida das pessoas. Curiosamente, este é um dos transtornos em que a pessoa melhora mais rapidamente na terapia comportamental, embora pouquíssima gente saiba disso. A maioria das pessoas só chegam ao psicólogo depois de inúmeros ataques e exames com cardiologistas, endocrinologistas, neurologistas, enfim, ummontedecoisagistas. Ou então ela chega quando se cansou dos remédios.
Vou tentar assistir e postar um feedback aqui depois. Se eu gostar, ainda coloco horários das reprises!

Não sou uma só: diário de uma bipolar

Não é segredo que sou apaixonado em psicopatologia. Todos os transtornos comportamentais me fascinam, mas o transtorno bipolar tem algo que consegue me deixar ainda mais curioso: a fase de mania.
O transtorno bipolar de humor é caracterizado principalmente por grandes oscilações de humor, que podem variar desde fases depressivas onde a pessoa mal sai da cama até fases em que a euforia é tanta que a pessoa pode chegar a ler dezenas de livros numa semana, viajar milhares de kilômetros sem avisar ninguém ou gastar todo o dinheiro que tem (e o que não tem) em compras. Além da pessoa se sentir muito eufórica, ela ainda perde todos os limites e aproveita para fazer muito do que sempre quis.
Conversar com essas pessoas é sempre interessante porque você nunca sabe que tipo de histórias vai ouvir, que tipo de aventuras a pessoa já passou.
Passeando na livraria me deparei com o livro “Não sou uma só: Diário de uma bipolar“. A autora é a Marina W., que conta nele as histórias de sua vida, e consequentemente, de sua bipolaridade. Achei o livro muitíssimo interessante, e como eu esperava, ela tem várias boas histórias pra contar. Não é um livro técnico, é mais voltado para a vida da autora, suas reflexões e depoimentos, e de conhecidos também. E por isso ele é tão legal.
As informações acerca do transtorno em si são baseadas no que ela aprendeu com seus psiquiatras, o que deixa a leitura bem leve. Se eu tivesse que apontar algo que não gostei muito no livro (já que não gosto de críticas que só falam do lado positivo), eu diria que não gostei justamente do modo como ela fala sobre o transtorno bipolar: como se fosse uma doença incurável, crônica, que você convive até o fim da vida. Embora muitos profissionais hoje em dia ainda adotem essa visão, muitos bipolares respondem muito bem à terapia comportamental, mostrando que a coisa não é assim tão exclusivamente biológica.
Enfim, o livro é ótimo, eu adorei, e agora estou recomendando a todos que simpatizarem com o assunto!

Exemplo de condicionamento operante em cães

Como todo psicólogo comportamental, nunca me canso de falar sobre condicionamento operante. Outro dia conheci um estudante do 1° período da minha faculdade que mostrou esse vídeo:

Ele ensinou sua cadela a sentar e rolar usando pedaços de carne como reforçador. No vídeo vemos o resultado final. O processo requer paciência… em um momento ela senta mas não rola e ele sabiamente não disponibiliza o reforço enquanto todo o comportamento é executado.
O mais engraçado é a outra cachorrinha no maior desespero querendo comida também! (e ainda ganha! desespero reforçado heheh)

Skinner e a descoberta do condicionamento operante

Costumo dizer que são 3 os cientistas que mais admiro: Um deles é o Darwin, simplesmente porque ele é o cara; tem também o Sagan, que com Cosmos e o Demônios me acordou para o mundo da ciência. E por fim, B. F. Skinner, que levou a psicologia ao campo das ciências naturais e é hoje reconhecido como o psicólogo mais influente do século 20.
Daí o leigo olha e pensa: “Ué? Skinner o mais influente? E Freud?
Acontece que na psicologia muitos estudiosos buscavam explicar os comportamentos através de conceitos metafísicos ou subjetivos, enquanto que outros, tentando torná-la uma ciência natural, excluíam o estudo da subjetividade humana. Skinner, com sua proposta behaviorista radical, virou a psicologia do avesso e conseguiu promover o estudo científico dos comportamentos sem deixar de lado os eventos privados.
Mas eu quero falar sobre descobertas, já que este post faz parte do I Carnaval Científico do Lablogatórios, uma blogagem coletiva com o tema “Grandes Descobertas Científicas”. E o que foi que esse tal Skinner descobriu?
Skinner descobriu o condicionamento operante (quê?). Ele criou a “caixa de Skinner”, onde era colocado um rato privado de alimento. Naturalmente, o rato emitia vários comportamentos aleatoriamente e quando ele se aproximava de uma barrinha perto da parede, Skinner introduzia uma gota d’água na caixa através de um mecanismo e o rato a bebia. As próximas gotas eram apresentadas quando o rato se aproximava um pouco mais da barra. As outras quando o rato encostava o nariz na barra. Depois as patas. E assim em diante até que o rato estava pressionando a barra dezenas de vezes até saciar completamente sua sede. Foi observado que os comportamentos do rato que eram seguidos de um estímulo reforçador (a água) aumentavam de frequência, enquanto outros diminuiam. Igual a seleção natural onde as espécies mais adaptadas sobrevivem e as menos vão se tornando mais raras ou eventualmente desaparecem.
Com este princípio Skinner passou a modelar diferentes padrões comportamentais em diferentes espécies (muitos vídeos sobre isso estão disponíveis em minha página no Youtube).

Graças a esta descoberta, hoje (depois de estudos muitíssimos mais avançados) somos capazes de explicar (e modificar) uma vasta gama de padrões comportamentais de amebas, golfinhos, ratos, pombos, cachorros, humanos, e até já existem estudos com estes resultados em células neuronais. A psicologia comportamental é a que traz resultados mais rápidos na clínica e a cada dia é usada em novos ambientes (escolas, hospitais, organizações, etc).
Muitos não gostam de ver o comportamento humano ser explicado através de leis científicas, muito menos em pesquisas de laboratório. Deste modo, a psicologia comportamental é frequentemente mal interpretada e rotulada de superficial, mecanicista ou até manipuladora. Eu só espero que aqui neste blog eu consiga exorcizar alguns destes “demônios” que ainda assombram a psicologia.

Que disciplina é essa?

Dê uma olhada nessa foto que tirei semana passada ao fim de uma aula:

O assunto era:
(a) Matemática
(b) Física
(c) Química
Quem vê esse quadro chuta qualquer coisa, menos psicologia.
Mas a psicologia comportamental trabalha o tempo todo com relações funcionais entre eventos e probabilidades de ocorrência de comportamentos, então é comum aparecerem termos (e funções) emprestadas da matemática e até da física. Quem não conhece até se assusta, mas na verdade ainda estamos um pouco longe de prever exatamente probabilidades de comportamentos humanos complexos como nos livros de ficção científica (só espero que não por muito tempo!).

Web Therapy


Sabe a Lisa Kudrow? A Phoebe de Friends? Então, agora ela está em uma série que pode ser vista pela net chamada “Web Therapy” onde ela é uma psicóloga realizando estranhos atendimentos de 3 minutos pela webcam.
Já achei estranho ver a Lisa como psicóloga, ainda mais uma doidona como essa, que não consegue deixar seus problemas pessoais de lado. Enfim, super divertido! Mas por enquanto, só em inglês!

Cuidado: estão te analisando!

É verdade essa história que psicólogo tá sempre analisando todo mundo?
O Hotta me perguntou isso durante um bate-papo num café de São Paulo e confesso que fiquei meio sem saber o que responder. Tem gente que diz que analisa mesmo: tem professor que, como tarefa, pede a seus alunos para observar grupos de pessoas e suas interações na cantina da faculdade. Já outros dizem que não dá pra analisar todo mundo, assim como o proctologista não põe o dedo em todo mundo.
Engraçado que no dia anterior uma amiga tinha me dito: “Eu sempre reparo nos tênis dos homens. Só o tênis já diz muito, por exemplo, se o cara tá de all star quer dizer que ele é mais descolado, deve curtir um rock e tal…” – E ela nem é psicologa!
A meu ver todo mundo analisa todo mundo! A diferença é que quem trabalha com comportamento pode ter um pé à frente em suas interpretações. Ah sim, devemos nos lembrar que tudo o que fazemos são interpretações! A partir do modo como a outra pessoa anda, conversa, se posiciona, se veste, fazemos suposições e apesar disso ter grande valor adaptativo, nem sempre quer dizer muita coisa.
Para realmente se saber porque uma pessoa faz uma coisa ou outra, o que menos importa é a topografia do comportamento (a forma). O que se deve buscar é a função: em que contextos o comportamento ocorre e quais as consequências posteriores. Essas situações e consequências interagem a todo momento com nossos comportamentos em uma relação funcional (igual da matemática), e assim podemos saber realmente o que os mantém. Descobrir todas as relações que envolvem um comportamento não é nem um pouco simples e é o que mais fazemos na clínica.
Nada nos impede de buscar quais as pistas mais adequadas, através da linguagem corporal ou perfis em sites de relacionamentos na internet. Mas continuam sendo suposições.
Não é raro a gente ver (em todo lugar, inclusive salas de aula) pessoas querendo explicações simples e mágicas para comportamentos como se tudo pudesse ser explicado de forma simples e rápida. Tirei alguns exemplos em menos de 5 minutos na seção de psicologia do Yahoo! Respostas:
O nosso pior inimigo é a solidão pq nos faz sentir saudades de pessoas que nos fazem mal?
Pq existem pessoas que adoram ser o centro das atenções?
Como ser uma pessoa altamente motivada?
Pq existem pessoas que preferem desabafar com desconhecidos, do que com amigos?“.
Quem estiver em Goiânia e quiser saber mais sobre Análise Funcional no Contexto Clínico farei uma apresentação sobre isso amanhã a partir das 19 horas na III Mostra de Trabalhos Científicos da Pós-Graduação, na área IV da Universidade Católica de Goiás.

Perfis no Facebook podem ser usados para detectar narcisismo

Descobrimos que pessoas narcisistas usam o Facebook se auto-promovendo, podendo ser identificado por outros” disse Laura Buffardi, doutora em psicologia co-autora da pesquisa com o professor W. Keith Campbell.
Na pesquisa, deram questionários a 130 usuários, analisaram o conteúdo dos perfis e pediram a sujeitos para avaliar as páginas e relatar o nível de impressão de narcisismo do usuário. Os resultados encontrados indicaram que a quantidade de amigos e mensagens na página principal estão correlacionadas com o narcisismo – o que a autora diz ser consistente com o mundo real, em que estas pessoas tendem a ter muitos relacionamentos, em sua maioria superficiais.
Achei super legal a idéia dos autores! Hoje em dia é até esquisito alguém dizer que não tem Orkut ou MSN, estas redes sociais cresceram tanto que já tomam conta das vidas de muitas pessoas (como a minha). O Orkut no Brasil é de longe mais popular que o Facebook e já foi responsável por muitas novas amizades, discussões, encontros (e desencontros) amorosos e por aí em diante. Conhecer um pouco mais sobre os indicadores dos traços de personalidade das pessoas baseados nas informações do perfil é algo que muita gente que conheço gostaria de fazer!
O estudo citado não é tão aprofundado, não é feito no Orkut e nem mesmo com sujeitos brasileiros. Mas a idéia é interessante e os resultados sem dúvida já servem como fontes de inspiração para novas pesquisas!
Vi no ScienceDaily.

A Cientista que Curou seu Próprio Cérebro

Eu estava um dia com meu pai em um avião indo para São Paulo onde em seguida pegaríamos outro vôo para o Rio de Janeiro. Neste avião ele encontrou um amigo que faria o mesmo trajeto que a gente, mas não pegou o segundo vôo: ele tinha voltado para casa porque sua mulher, que tinha passado o dia sentindo tonturas, tinha acabado de sofrer um derrame cerebral. Dois meses depois recebi da Ediouro o livro “A cientista que curou seu próprio cérebro”, livro escrito por uma neurocientista que, além de ser especialista em derrames, teve um em seu próprio cérebro e se recuperou para contar a história.
Recomendaria este livro a todos profissionais da área da saúde, ou pelo menos as primeiras partes dele: achei absolutamente incríveis as descrições da autora sobre as sensações no início do derrame (e ela as descreve de uma maneira tão sensacional que confesso que fiquei com vontade de passar pela mesma experiência – mas só essa parte).
Mas o que o livro tem mesmo de mais rico vem depois: embora ela tenha ficado quase completamente paralisada, ela permaneceu consciente dos acontecimentos ao seu redor e relata no livro a diferença entre um bom e um mau tratamento e seus resultados consequentes – o que nos faz pensar em como está nossa própria postura profissional.
Eu como psicólogo adorei ler as estratégias usadas para reconstruir seu repertório comportamental: ela lutou muito para reaprender a pensar logicamente e, junto com sua mãe, treinaram novos comportamentos pouco a pouco, como se levantar, descer escadas, segurar talheres, correr, ler, e muitos outros. Engraçado que muitas destas técnicas e estratégias estão muito de acordo com as propostas da psicologia comportamental, embora ela não cite isso (e nem deve saber também). Me fez pensar sobre o espaço do psicólogo comportamental na reabilitação deste tipo de pacientes: será que existe? E funciona?
Mas nem todo o livro me agradou. Achei a história dela sensacional, mas em seguida o foco do livro passa para as reflexões dela após o acidente e então o livro de repente vira algo entre auto-ajuda e “O Segredo”, um tipo de leitura que não me agrada nem um pouco. Além disso, os behavioristas que lerem o livro poderão se sentir incomodados (como eu) com a linguagem extremamente mentalista e de senso comum que a autora utiliza, principalmente nestas partes do livro (por exemplo, muitas vezes ela está falando sobre o lado direito e esquerdo do cérebro e de repente lados esquerdo e direito da mente).
No final das contas, a história dela é super interessante, e até recomendo o livro, seja para profissionais de saúde ou não. Pelo que vi nas lojas o livro é barato então compensa a leitura, mesmo excluindo a parte de auto-ajuda.

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