2 anos de Psicológico!
Esta semana o blog completou dois anos de existência (mais especificamente na segunda-feira, dia 17) e eu quase deixo passar a data! Mas também, esse último ano passou tão rápido!
Um ano atrás, no primeiro aniversário, eu falei um pouco da história do blog, quem tiver curiosidade só abrir o post.
Não sei bem o que dizer, só que está sendo uma ótima experiência e spero continuar escrevendo por mais alguns anos! 🙂
Educar com ou sem palmadas?
Uma notícia meio que virou polêmica nos últimos dois dias no Jornal Hoje: um projeto de lei que visa proibir as chamadas “palmadas educativas”. Vários profissionais deram suas opiniões no programa e, insatisfeito com todas elas, resolvi agora dar a minha.
Primeiro a pergunta clássica: palmadas funcionam? A resposta é sim. Mas não como os pais esperam. Gritos, palmadas e castigos são diferentes tipos de punição, que exercem bem sua função que é suprimir um certo comportamento indesejado da criança. Mas estas punições também tem efeitos colaterais como a eliciação de respostas emocionais negativas na criança, a supressão de outros comportamentos, o próprio punidor passa a ser visto como algo ruim, além de que a criança pode querer continuar a fazer coisas que o punidor não deixa, talvez até pelo simples ato de desafiar.
Ou seja, a criança não aprende nada, só que o punidor é um chato, que deve temê-lo e que o comportamento inadequado deve ser feito às escondidas. Daí de quem é a culpa quando o garoto cresce e foge de casa pra usar drogas?
Punimos tanto no dia a dia porque para nós ela parece funcionar a curto prazo: uma palmada faz sim com que a criança pare aquele comportamento indesejado. Mas só a punição não dá certo a longo prazo.
As pessoas estão vendo o problema pelo ângulo errado: a melhor maneira de se educar uma criança não é controlando o comportamento indesejado, mas sim o desejado. Ao invés de punir quando ela faz algo errado, tente reforçar aquele adequado. Quando a criança está quieta, brinca com os amigos ou faz a tarefa, os pais (e professores) devem parabenizá-la, reconhecer o trabalho bem feito, mostrar carinho, ou seja, sinalizá-la que aquele é o comportamento correto que, a longo prazo, ele certamente aumentará de frequência. Quando os comportamentos adequados aumentam de frequência sobra menos tempo para os inadequados ocorrerem.
Sim, a solução é simples assim, mas infelizmente parece que a maioria das pessoas estão acostumadas a usar apenas punição. Tanto que agora o governo quer simplesmente punir os pais que usam da força, mas planejar campanhas, cursos e workshops sobre como melhorar educação para os filhos ninguém quer fazer.
Para pais, psicólogos e curiosos recomendo a leitura: Eduque com Carinho, de Lidia Weber
Procurando o lado bom da depressão
A última edição da Galileu estampa na capa o texto “O lado bom da depressão“, o que me fez ler a matéria. Curiosamente, em um debate com três profissionais da saúde, os três disseram não concordar que a depressão tenha um lado bom (quer dizer…).
E realmente não tem! Acho que o que a revista quer dizer é que, no processo de superação da depressão (que geralmente envolve terapia) você pode adquirir um autoconhecimento muito grande, podendo até passar por reviravoltas na sua vida que, no fim, podem ser muito satisfatórias. Neste ponto eu concordo: a depressão não tem lado bom, mas o modo come você lida com ela pode trazer benefícios.
É por isso que defendo o uso da terapia mesmo quando a pessoa está tomando medicamentos, caso contrário é como tomar aspirina para a dor de cabeça: seu sintoma some, mas você não sabe porque ele apareceu e nem quando pode voltar.
A primeira capa da matéria diz: “Ela [a depressão] não pode ser diagnosticada por exames de sangue, detectada em chapas de raios-x ou investigada em testes de resistência física“. Isso porque a depressão não é uma doença como o mal de Alzheimer ou a diabetes, mas sim um transtorno comportamental.
Isso quer dizer que ela se desenvolve de acordo com a maneira que lidamos com nossas dificuldades do dia-a-dia. Pode até ser que algumas pesquisas apontem indícios de predisposição genética, mas ela ainda depende do ambiente. E a própria matéria, apesar de chamar a depressão de “doença” umas mil vezes, mostra isso em seus casos relatados: primeiro uma jovem morando só em uma cidade sem emprego nem amigos, depois uma mulher que trabalhava e estudava excessivamente (e aumentou essas horas para lidar com a sensação de vazio), e em seguida um rapaz insatisfeito com o curso que havia escolhido (e para mascarar a tristeza, gastava tempo e dinheiro em compras e baladas). São situações que já trazem mal estar e, dependendo de como lidamos com elas, podemos piorar ainda mais as coisas. A desesperança vem e daí a rotulamos de depressão – o “câncer da alma”.
Acho que acabei falando mais mal do que bem da matéria, mas ela é bem interessante sim! Principalmente para curiosos e pessoas que conheçam outras com o diagnóstico. Já para profissionais da área as revistas científicas são sempre preferíveis.
Brilho eterno de uma mente com lembranças
Está na última Galileu (maio/2010):
“Pioneiros” neurocientistas de Nova York induziram um medo em seres humanos: apresentaram um quadrado azul seguido de um leve choque, fazendo com que o próprio quadrado, apresentado sozinho, produzisse o medo. Bom, isso se chama condicionamento pavloviano, foi descrito por Pavlov no final do século XIX e é bem conhecido na psicologia.
“Numa segunda fase, tentamos apagar o temor que instauramos propositadamente. Para isso, (…) voltamos a mostrá-lo [o quadrado] às mesmas pessoas inúmeras vezes, só que sem os choques. Ao fazer isso, fornecemos novas informações sobre o objeto, agora não mais tão ameaçador. Conseguimos assim prevenir o retorno do medo provocado por ele.”
Ora, isso também foi descrito por Pavlov e muito outro psicólogos! Este princípio é tão conhecido que deu base à técnicas de terapia como o contracondicionamento e a dessensibilização sistemática!
Só não vou falar mais do assunto porque o Neto já o fez em seu blog quando a mesma notícia apareceu na revista da FAPESP.
Mais gorjeta para as mais bonitas
No Brasil a maioria das contas de bares já vem com os 10% inclusos, mas isso não costuma acontecer lá nos EUA – são os fregueses que decidem quanto será a gorjeta. O Prof. Michael Lynn resolver estudar que fatores influenciam mais nessa escolha e parece que, no caso das garçonetes, a qualidade do serviço tem um efeito muito menor do que, por exemplo, o tamanho dos seios.
Não só o tamanho do sutiã, mas também mulheres com cabelos loiros e corpos mais bem delineados também receberam maiores gorjetas. A pesquisa foi feita ao todo com 374 garçonetes. A seleção natural diz que estas mulheres teriam maior sucesso reprodutivo e por isso os homens reagem desta maneira a elas.
Você pode até dizer “eu já imaginava isso” mas esta é uma daquelas pesquisas que testam o que já é senso comum, como aquela que disse que as pessoas aparentam ser mais bonitas quando você bebe [link].
O mais engraçado é imaginar o orientador e seus pesquisadores explicando às suas mulheres “eu estava no Hooters só fazendo uma pesquisa, é sério”.
Fonte: The Cornell Daily Sun