Orelhão com formato de cérebro
Acabei de topar com esse orelhão na rua, tive que tirar uma foto com o celular:
Não é incrível? Ele está na Av. Paulista, na esquina com a Rua Pamplona. A obra é da autora Carla P. de Carvalho, intitulada “O que você tem na cabeça?”. Pena que alguns vândalos já o estragaram um pouco…
É suborno presentear um bom aluno?
Imagino que essa dúvida passe pela cabeça de muitos pais e professores: eu posso dar estrelas ou presentes para o bom aluno? Será que desta maneira eu não estaria “subornando” a criança e ensinando ela a se comportar só para ganhar presentes? A resposta é fácil: sim, você pode presentar o bom aluno, mas com certas ressalvas, que explicarei a seguir.
A criança pode até gostar de ir à escola, mas ela gosta muito mais da hora do recreio e de brincar com os amigos do que de ter que aprender cálculos matemáticos e regras gramaticais. A prática de se “presentear” os bons alunos com estrelas, pontos, ou coisa parecida funciona porque isto serve como um incentivo (nos termos da análise do comportamento, serve como um reforçador arbitrário).
Este reforço acaba fazendo com que a criança continue estudando e se sinta estimulada. No entanto, no “mundo real”, ela não vai ganhar sempre estrela e o pai não terá dinheiro infinito para presenteá-la após todo bom comportamento. É por isso que é necessário que a criança, ao estudar, fique sob controle dos reforçadores naturais deste comportamento.
Reforçadores naturais são aqueles naturalmente presentes no ambiente da pessoa. No caso da criança, o reforçamento natural ocorre quando ela consegue ler sozinha um gibi, calcular o dinheiro do lanche, etc. Quanto estes reforçadores passam a fazer efeito, ela não precisa mais dos arbitrários.
Mas isso não vale só para as crianças, mas também para nós: você gosta do seu trabalho ou está somente sob controle de reforçadores arbitrários (como o dinheiro)? Se você não se sente bem no seu dia-a-dia, a resposta pode estar nos reforçadores que o controlam (ou na falta deles)…
4 anos do blog Psicológico
Hoje o blog está completando 4 anos, já entrando na fase fálica!
É verdade que não tenho escrevido aqui com a mesma frequência de antigamente, infelizmente não tenho mais tanto tempo livre como já tive antes, mas ainda assim tenho feito o possível pra manter o blog vivo, e espero continuar assim nos próximos anos.
Hoje tenho uma média de 1.000 pageviews por dia, de um total de aproximadamente 518.000, o que considero um número bem alto para um blog de ciências. Tenho recebido comentários tanto do público leigo quanto de estudantes e profissionais de psicologia, o que me alegra muito. Todas essas visitas e comentários são extremamente reforçadores pra mim, só tenho a agradecer a todos vocês!
Vou deixar aqui uma lista dos 5 posts mais visitados, lembrando que, caso você queira fazer algum pedido de tema, é só deixar nos comentários!
Teorias na psicologia: quanto mais complexas melhor?
Infelizmente esse quadrinho mostra uma realidade nos cursos de psicologia. Vemos alguns autores que escrevem muito sobre nada e acabam sendo reverenciados, como se ser mais complexo o fizesse ser mais verdadeiro.
Acredito que o que falta é conhecimento da ciência em geral: um dos objetivos da ciência é explicar como as coisas funcionam (ou por que as pessoas fazem as coisas que elas fazem) buscando regularidades. Estas regularidades tornam um fenômeno mais fácil de ser compreendido, pois quando conhecemos a lei que o governa podemos prever quando e como este fenômeno ocorrerá novamente, assim como eu sei que se eu soltar uma bola no ar ela vai cair no chão por causa da lei da gravidade. Isso simplifica as coisas para nós.
Conhecendo as “leis” que governam o comportamento humano (como as leis do reflexo, do reforço, da extinção, etc) eu posso, a partir delas, compreender e modificar o comportamento.
Ou seja, a ciência do comportamento simplifica estes fenômenos explicando-os em leis que nos facilitam a compreender e agir sobre as pessoas. E facilita a tal ponto que eu sou capaz de explicá-las para amigos, colegas, clientes, alunos e leitores deste blog – a ciência deve ser acessível.
Se uma teoria é complexa a ponto de, para eu aprender o básico dela, eu precisar quebrar a cabeça, ler dezenas de livros e confiar mais na autoridade de quem a criou do que nos resultados promovidos por ela, então sinto muito, não é uma boa teoria.
“Novela da vida real” – como lidar com um paciente de saúde mental?
Acabaram de me enviar este vídeo de um caso do programa “Polícia 24 Horas” que mostra uma mulher bastante confusa em sua casa, denunciada por um vizinho:
[youtube_sc url=”http://youtu.be/QijbU97UX98″ fs=”1″]
Eu achei o vídeo interessantíssimo, e, embora uns podem o achar engraçado, a graça passa quando a gente se coloca no lugar da família – imagine como é viver nesta casa. Daí o vizinho diz que ela maltrata os filhos (sem nem imaginar porquê), a mãe diz que ela tem depressão e quando surta fica assim e o policial diz que ela teve cinco depressões pós-parto (???).
Não dá pra gente dizer o que ela tem porque esse é só um pequeníssimo recorte da vida dela, mas um discurso confuso desse não é característico da depressão. De qualquer maneira, dar diagnóstico não é meu objetivo aqui (e nem seria possível).
O que me chamou mais atenção nesse vídeo é algo que pessoas que trabalham em saúde mental vêem com frequência: o despreparo da comunidade em lidar com pessoas com transtornos mentais. A mãe da paciente não sabe dizer ao certo o que a filha tem, não consegue ajudá-la a seguir o tratamento e diz ter dificuldade em lidar com seus surtos. As filhas aparentam estar amedrontadas frente à mãe (talvez por terem sido maltratadas antes) e o policial fala com base em ameaças como “eu não quero voltar aqui” e “você vai perder a guarda dos seus filhos”. Tudo que uma mãe quer ouvir durante um surto.
Mas o policial não tem culpa, nem a família dela. Não é culpa nossa se temos tão pouco investimento na área da saúde. Menos ainda na área da prevenção, pois uma família treinada para lidar com uma pessoa com um transtorno mental evitaria muitas dores de cabeça e quem sabe até algumas internações.
* tinha acabado de escrever este post e lembrei de alguns relatos de pessoas que trabalham em CAPS, dizendo que a presença em atividades voltadas à família, como palestras e orientações é quase inexistente. Oh well…