Cuidado com as teorias encantadoras

Acabei de ler este post incrível em um dos meus blogs favoritos de todos os tempos, o Neuroskeptic. Como acredito que ele não tem como melhorar, resolvi traduzí-lo aqui:

“Os antigos gregos tinham uma adorável teoria. Certos lugares da Terra (principalmente cavernas) eram portais para o ‘outro mundo’. Plantas que cresciam perto destes lugares podiam absorver a essência mortal de Hades e se tornavam venenosas.

Cobras e outras criaturas venenosas adquiriam seus venenos após consumir estas plantas. E insetos peçonhentos pegavam suas pequenas doses de veneno se alimentando de cobras mortas.

Não é uma ótima narrativa? Explica tudo em uma progressão lógica. Tudo bem que ela pressupõe uma força ‘sobrenatural’ como a origem última do veneno, mas além disso, é uma explicação inteiramente científica. De acordo com a Navalha de Occam, ela propõe um processo simples que unifica diversos fenômenos.

Ela é, em outras palavras, uma teoria científica perfeita. Está completamente errada, em qualquer ponto de vista, mas só sabemos disso porque hoje entendemos átomos, moléculas, química e bioquímica, coisas que os gregos antigos não tinham como conhecer. Na época, a Teoria de Hades era certamente a melhor teoria possível sobre a origem dos venenos.

A moral da história é: cuidado com teorias adoráveis baseadas em dados incompletos.”

Post: Neuroskeptic
Texto retirado do livro: Greek Fire, Poison Arrows and Scorpion Bombs

A “Seleção Natural do comportamento”

20091124_darwin.jpgTenho três grandes ídolos na esfera científica: Darwin, Sagan e Skinner. E hoje comemora-se 150 anos da publicação do “Origem das Espécies” de Darwin, um livro que mudou radicalmente a biologia, a visão do mundo sobre o homem, e que também serviu de influência sobre Skinner na formulação do comportamento operante. Não sabia? É só fazer as comparações:
A Seleção Natural:

  1. Diferentes membros de uma espécie vivem em um ambiente.
  2. Variações entre os indivíduos, por menores que sejam, podem garantir sua reprodução, transmitindo estas variações para sua prole.
  3. Em pequenos passos, a Seleção Natural “seleciona” as espécies, rejeitando as variações ruins e preservando as boas.
  4. Por fim, estas variações levam à formação de novas espécies, cada vez mais complexas e com suas especificidades.

O comportamento operante:

  1. Diferentes comportamentos são emitidos por um indivíduo em seu ambiente.
  2. Variações entre comportamentos, por menores que sejam, trazem mais reforçadores do que outros, aumentando sua frequência.
  3. Em pequenos passos, o ambiente “seleciona” os comportamentos, diminuindo os que não trazem reforçadores, e aumentando os que trazem.
  4. Por fim, o indivíduo possui novos comportamentos, cada vez mais complexo e específico para cada ambiente.

O comportamento operante é um pouco mais complicado que isso, mas a coisa funciona mais ou menos assim. Enfim, recomendo celebrar o dia visitando os posts do tema dos outros Sciencebloggers e assistindo à apresentação de Richard Dawkins sobre o tema: “There is grandeur in this view of life“.
Atualização: o Alessandro, do Olhar Comportamental, também fez um post do assunto: link aqui.

Sobre pesquisa em psicologia

Uma vez eu falei pra alguém algo do tipo “não adianta só falar com a criança, se você quer que ela aprenda algo novo é melhor usar um incentivo, sejam elogios, pontos, brinquedos ou doces” e logo recebi um “sério? você fez 5 anos de faculdade pra aprender isso? grande coisa“.
Assim como uma certa jornalista que criou polêmica entre a comunidade científica, essa minha amiga não pensou a longo prazo, nas aplicações do tal conhecimento.
Por exemplo, com essa idéia cabe ao pesquisador descobrir quais incentivos são mais eficazes, em que quantidade, com que frequência, em que intervalos, além de testar as aplicações em diferentes situações, até que um dia se tenha um plano extremamente eficaz, cientificamente provado, otimizado para cada situação de ensino.
À primeira vista dizer “a criança aprende melhor com incentivos” pode até parecer óbvio e besta, mas besta mesmo é uma jornalista achar que a ciência se resume a isso. Acabou se queimando pro resto do país.
Leia a reportagem original aqui.
E a repercussão dela no Scienceblogs: no 42, 100nexos, Brontossauros, Ecce Medicus, n-Dimensional, Rainha Vermelha, e Rastro de Carbono,

Porcos também aprendem

Todo animal está sujeito à aprendizagem operante. Caso não fosse, seguramente sua espécie não sobreviveria. Depois de ver que peixes também aprendem, agora é a vez dos porcos! Achei uma graça este vídeo de um porquinho de estimação, mas o que mais me chamou a atenção foi este:

Assim como um cachorro ou qualquer outro animal, o porco foi treinado a fazer diversos movimentos. Reparem como ao final de cada truque o treinador dá um pedaço de alimento ao porco: é o poder do reforço positivo! Me lembrou o porco de botas.

Exemplo de condicionamento operante em cães

Como todo psicólogo comportamental, nunca me canso de falar sobre condicionamento operante. Outro dia conheci um estudante do 1° período da minha faculdade que mostrou esse vídeo:

Ele ensinou sua cadela a sentar e rolar usando pedaços de carne como reforçador. No vídeo vemos o resultado final. O processo requer paciência… em um momento ela senta mas não rola e ele sabiamente não disponibiliza o reforço enquanto todo o comportamento é executado.
O mais engraçado é a outra cachorrinha no maior desespero querendo comida também! (e ainda ganha! desespero reforçado heheh)

Aqui ter Dragões: Introdução ao Pensamento Crítico

Brian Dunning é o autor do site Skeptoid, dedicado à divulgação do pensamento crítico, combatendo assim as idéias pseudocientíficas que costumam aparecer em nosso cotidiano, como a face em Marte como sinal da existência de uma civilização antiga, abduções alienígenas e caçadores de fantasmas.
Recentemente foi publicado pelo autor um vídeo de 40 minutos destinado ao público geral entitulado “Here Be Dragons: An Introduction to Critical Thinking” (Aqui Ter Dragões: Uma Introdução ao Pensamento Crítico), ensinando como reconhecer e entender os perigos da pseudociência, além de como apreciar os benefícios do verdadeiro conhecimento científico.
Achei bem interessante, e ele cita alguns assuntos comuns em algumas psicologias como energias internas do corpo. No final ele ainda faz referência ao grande Carl Sagan e seu livro O Mundo Assombrado por Demônios.
Mais legal ainda seria ter este vídeo legendado em português, alguém se disponibiliza a me ajudar na tradução?

Link original: http://herebedragonsmovie.com/.

Cosmos, de Carl Sagan

Meus grandes ídolos da ciência são Skinner e Darwin, que dispensam comentários. Mas tenho outro ídolo logo ao lado deles que é o astrônomo Carl Sagan, não tão conhecido pelos psicólogos. Falei sobre um livro dele aqui e postei uma citação de outro livro aqui.

Sagan é hoje reconhecido como um dos maiores divulgadores da ciência e ficou conhecido mundialmente principalmente pela sua série televisiva “COSMOS: Uma Viagem Pessoal“, exibida em 1980, com 13 episódios abrangendo assuntos como astronomia, religião, ceticismo, evolução, pensamento científico, teoria da relatividade, viagens no espaço e tempo e até um pouco de psicologia.
A série foi premiada com os troféus Peabody e Emmy e foi vista em mais de 60 países por mais de 600 milhões de pessoas e é ainda, de acordo com o Science Channel, a série da PBS mais vista em todo o mundo.
Fica então a sugestão para as férias de julho, eu recomendo muito assistir esta sensacional série, que, para quem não quiser comprar, está disponível legendada em português no YouTube pelo usuário ztaarb.
Episódio 1 – Os Limites do Oceano Cósmico (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 2 – Uma Voz na Fuga Cósmica (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 3 – A Harmonia dos Mundos (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 4 – Céu e Inferno (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 5 – Blues por um Planeta Vermelho (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 6 – Relatos de Viajantes (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 7 – A Espinha Dorsal da Noite (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 8 – Viagens no Espaço e no Tempo (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 9 – A Vida das Estrelas (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 10 – O Limiar da Eternidade (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7).

Episódio 11 – A Persistência da Memória (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Episódio 12 – Encyclopaedia Galactica (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6)

Episódio 13 – Quem Pode Salvar a Terra? (Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6).

Estes links eu encontrei no http://ensinofisicaquimica.blogspot.com.

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