O “pingue-pongue” de pombos

E mais uma vez a Análise do Comportamento foi citada em The Big Bang Theory (The Focus Attenuation, S08E05)!

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No episódio, os protagonistas estão tentando iniciar um novo projeto científico mas têm dificuldades para se concentrar. Para resolver o problema, Sheldon sugere o uso de técnicas de condicionamento operante (que Howard chama de “modificação de comportamento”, um termo ultrapassado, utilizado lá nas décadas de 50 e 60).

Sheldon cita que estas técnicas foram usadas para ensinar pombos a jogar pingue-pongue, o que é verdade e pode ser visto no video a seguir:

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=MFC62xcOQuQ”]

E isso não é nada, Skinner também chegou a treinar pombos para guiar mísseis para a 2ª Guerra Mundial, escrevi um post sobre isso aqui no ano passado, e aqui você pode ver um vídeo dos pombos em treinamento.

A música de Ana

Lembra da banda Silverchair, que fez muito sucesso no final dos anos 90 e início dos 2000? E de um dos seus principais hits, que se chamava “Ana’s Song (Open Fire)”? Pra refrescar a sua memória, vou deixar o clipe aqui pra você dar uma ouvida enquanto lê o resto do post:

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=zNK_r2QAXAo”]
Letra da música: Vagalume

O que nem todo mundo sabe é que esta música foi escrita pelo vocalista da banda, Daniel Johns, para o seu transtorno mental. Pois é, a “Ana” a quem ele se refere não é uma pessoa, mas sim a Anorexia. Daniel começou sofreu do transtorno desde maio de 1996 até aproximadamente o ano 2000. Na anorexia, a pessoa sente que está gorda e faz de tudo para emagrecer cada vez mais. Em uma entrevista, Daniel relatou que comia “apenas o suficiente para ficar acordado”.

” A comida era o inimigo. Eu odiava a sua aparência, o cheiro. Se alguém começasse a falar sobre isso, eu saía da sala.”

Uma curiosidade sobre os transtornos alimentares é que eles raramente aparecem “sozinhos”: muitas vezes eles estão acompanhados de sintomas de ansiedade, depressão, baixa autoestima ou problemas sociais e familiares. Com Daniel não foi diferente, ele teve crises de depressão e chegou a considerar o suicídio em alguns momentos.

Embora tenha buscado tratamento medicamentoso e psicoterápico, Daniel relatou que a melhor maneira dele se expressar era escrevendo músicas. Atualmente a banda Silverchair não existe mais, tampouco o transtorno de Daniel, que segue vivendo da música em carreira solo.

“Eu não sei como saí dessa. Eu acho que me assustei de verdade na segunda ou terceira vez que um médico disse para mim que eu estava morrendo.”

Fontes: Wikipedia e SMH.

O quanto você se conhece?

Gil Zamora foi treinado pelo FBI e desenha retratos falados para a polícia. Neste vídeo, ele recebe uma pessoa que deve se descrever fisicamente e ele faz um retrato falado dela a partir destas descrições. Em seguida, esta pessoa é descrita por um terceiro, gerando um outro retrato.

O resultado final é surpreendente: em vários desenhos, os retratos descritos pelas próprias pessoas tinham algumas feições (principalmente as negativas) mais exageradas do que as descritas por um terceiro, ou seja, a maioria das pessoas eram críticas demais consigo mesmas. E você, também não será crítico demais consigo mesmo?

Vale a pena conferir este vídeo!

O ataque dos pombos assassinos

Dá só uma olhada nessa notícia que O Estadão publicou essa semana:

Três golfinhos treinados pelas forças especiais da Ucrânia para desarmar minas e assassinar mergulhadores inimigos fugiram da base naval de Sebastopol. Em suas missões, os amáveis cetáceos carregam facas e armas de fogo – não está claro se os “fugitivos” estavam com o armamento. Os golfinhos teriam saído a procura de pares para acasalar.

Incrível não? Até parece mentira… e é. Ela foi desmentida dois dias depois (apesar de que, segundo este site, o exército ucraniano, russo e americano treinam golfinhos e outros animais marítimos para fins militares).

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E esta nem é a primeira vez em que animais são treinados para fins militares. Na Rússia, desde 1930, cães “suicidas” foram treinados a correr em direção a tanques carregando minas e foram usados contra os alemães na IIª Guerra Mundial. O treino nem era tão complicado: eles deixavam o cão privado de alimento (ou seja, com fome) e colocavam comida debaixo de tanques. Deste modo, quando o cão estivesse com fome e visse algo parecido com um tanque, corria para debaixo dele, mesmo com uma mina de 10kg nas costas. Outros países tentaram usar procedimentos semelhantes usando cachorros mas nem sempre com o mesmo sucesso.

Ainda na 2ª Guerra, um outro projeto quase foi colocado em prática: o “Project Pigeon“, ou Projeto Pombo.

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Encabeçado por B. F. Skinner, o pai do Behaviorismo Radical, o projeto envolvia mísseis guiados por pombos. O sistema de controle funcionava mais ou menos assim: na frente dos mísseis uma lente projetava a imagem de fora em uma tela e o pombo era treinado a bicar em um alvo nesta tela (por exemplo, um tanque ou um navio). Se o pombo bicasse no centro da tela, o míssil seguia reto, e bicadas fora do centro faziam a tela se mover, fazendo o míssil mudar de direção.

Skinner recebeu fundos para seu projeto (U$25,000) e até conseguiu algum sucesso, mas sua ideia foi considerada excêntrica demais, e o projeto nunca foi colocado em prática.

Se você ficou curioso ou acha que estou mentindo, assista neste link um vídeo dos pombos em treinamento.

Cerveja e enxaquecas no Twitter

Não é novidade que muita gente usa o twitter pra reclamar da vida. Aparentemente, existem horários em que a reclamação é mais frequente, pelo menos se for sobre enxaquecas.

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De acordo com este estudo que analisou um banco de dados de tweets, as pessoas falam mais sobre enxaquecas nos dias úteis do que nos finais de semana, e o horário de pico é às 7 da manhã. Dos dias úteis, a terça é “com mais enxaqueca”, e a sexta a com menos. E destes tweets, 80% eram de mulheres.

Esta não é a primeira vez que utilizam o timeu.se para pesquisar tweets. Esta pesquisa o usou para verificar oscilações de humor e padrões de comportamentos durante o dia, descobrindo que as pessoas twittam com maior frequência sobre beber (e provavelmente bebem) cerveja e vinho durante a noite, principalmente nas sextas e nos sábados (que surpresa!).

Fontes:
Neuroskeptic: 1 2

Linnman, C., Maleki, N., Becerra, L., & Borsook, D. (2012). Migraine Tweets – What can online behavior tell us about disease? Cephalalgia, 33 (1), 68-69 DOI: 10.1177/0333102412465207

John, C. (2012). Using Twitter to Measure Behavior Patterns Epidemiology, 23 (5), 764-765 DOI: 10.1097/EDE.0b013e3182625e5d

Neuroses de guerra

Apesar de toda a destruição, as guerras contribuíram bastante para o desenvolvimento de vários campos da ciência. Muitos investimentos em tecnologia são feitos pensando-se nas aplicações militares, além disso, os sobreviventes das guerras, que geralmente carregam consigo sequelas físicas e psicológicas, são um campo fértil para pesquisas nos campos da medicina e psicologia.

Nos anos 1917 e 1918, o Major Arthur Hurst filmou soldados franceses sobreviventes da Iª Guerra Mundial, um filme que ficou conhecido como War Neuroses (Neuroses de Guerra). Muitos deles sofriam de transtornos nos movimentos. Estes soldados estavam sob tratamento no Hospital Militar de Netley e as imagens gravadas mostram recuperações surpreendentes.

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=AL5noVCpVKw”]

Para ver as outras partes: link

Curiosamente, como descrito por Jones (2011), nem todas as imagens são reais. Algumas das filmagens “antes” do tratamento foram encenadas para as câmeras, ou seja, o paciente estava atuando, imitando seu estado antes do tratamento. Isto pode ser comprovado em algumas cenas, em que alguns arredores e pessoas não mudam de posição.

Hoje em dia uma filmagem dessa seria considerada imoral e anti-ética, mas na época não era tão incomum. Além disso, segundo Hurst, os fins justificavam os meios.

Fonte: Neuroskeptic

ResearchBlogging.org Jones E (2012). War neuroses and Arthur Hurst: a pioneering medical film about the treatment of psychiatric battle casualties. Journal of the history of medicine and allied sciences, 67 (3), 345-73 PMID: 21596724

Como funciona o cérebro

Neste pequeno vídeo de 6 minutos o neurocientista Greg Gage nos mostra como funciona a eletricidade que percorre nosso cérebro e células nervosas, usando como exemplo uma perna de barata (que ele arranca na hora)!

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Simples, interessante e educativo!

Orelhão com formato de cérebro

Acabei de topar com esse orelhão na rua, tive que tirar uma foto com o celular:

Não é incrível? Ele está na Av. Paulista, na esquina com a Rua Pamplona. A obra é da autora Carla P. de Carvalho, intitulada “O que você tem na cabeça?”. Pena que alguns vândalos já o estragaram um pouco…

Como aumentar a serotonina do cérebro sem drogas

A serotonina é uma das principais substâncias químicas presentes em nosso cérebro. Sabemos hoje que ela tem um papel importante na regulação do humor e por isso o tratamento farmacológico para a depressão e outros transtornos psicológicos costuma envolver modificar os níveis serotoninérgicos.

Mas não seria melhor para nós prevenir a depressão do que esperar chegar ao fundo do poço para começar um tratamento? Enquanto não temos vacinas ou medicamentos preventivos, existem algumas atividades que parecem aumentar os níveis de serotonina no nosso cérebro:

  1. Pensar positivo – Estudos estão sendo feitos para verificar como nossos pensamentos influenciam o metabolismo do nosso cérebro. No entanto, não é novidade que a psicoterapia, por exemplo, pode alterar este metabolismo. Tente ver o lado bom das coisas (e pessoas) ao seu redor e não focar somente nos problemas.
  2. Sair de casa – Se expor à luz do sol pode fazer nosso corpo produzir mais serotonina. Curiosamente, em análises post mortem, os níveis de serotonina de pessoas que morreram no verão costumam ser maiores dos que os que morreram no inverno. Sair de casa também acaba sendo uma boa oportunidade para se engajar em novas atividades e conhecer mais pessoas.
  3. Praticar exercícios físicos – Sabe-se que praticar exercícios regularmente tem um efeito antidepressivo e ansiolítico. Os melhores resultados são vistos quando a pessoa está acostumada a fazer exercícios aeróbicos, ou seja, os resultados não vêm da noite para o dia.
  4. Mudar sua dieta – Algumas substâncias podem melhorar o nosso humor no dia-a-dia, como o triptofano e a α-Lactoalbumina (presente no leite). Além disso, uma boa alimentação poderá te fazer se sentir melhor e melhorar a autoestima.



Essas dicas não são novas, mas acho legal ver um artigo sério demonstrando estas afirmações através de referências científicas. Costumo sempre dizer que nenhum comportamento vem “do nada”, portanto, se a pessoa está deprimida ou simplesmente um pouco triste, é importante rever os aspectos do seu dia-a-dia para encontrar as fontes dessa tristeza. Ninguém consegue mudar o que sente sem mudar o que faz.

ResearchBlogging.orgYoung SN (2007). How to increase serotonin in the human brain without drugs. Journal of psychiatry & neuroscience : JPN, 32 (6), 394-9 PMID: 18043762

Surdos “sentem a música” e aprendem a ser djs

Uma das coisas que aprendi com B. F. Skinner foi que não existe “talento inato” – tudo que fazemos são comportamentos e, como tal, podem ser treinados. Podemos achar que Ronaldinho Gaúcho nasceu com o talento para jogar futebol mas com certeza ele só apresenta este talento de hoje porque em sua história de vida ele deve ter tido muito mais experiências com futebol do que eu, e por isso joga bem melhor do que eu.

O mesmo raciocínio vale para qualquer outro comportamento. Cada pessoa, em sua história, teve mais ou menos experiências com diferentes habilidades. Já vi gente desistindo de fazer arquitetura ou design por “não saber desenhar”. Mas desenhar é um comportamento, portanto pode ser treinado e desenvolvido. Embora herdemos genes de nossos antepassados (e eles podem nos ajudar ou atrapalhar), eles não determinam nossos comportamentos.

Estou falando disso por causa deste vídeo que encontrei, sobre uma escola de djs para deficientes auditivos:

[youtube_sc url=http://www.youtube.com/watch?v=f4o30C7X8aQ]

Incrível! Embora estes alunos possuam suas deficiências auditivas, isso não os impede de trabalhar com a música, somente altera as condições necessárias para isso. A professora então busca maneiras de adaptar o conteúdo ao aluno, facilitando a sua aprendizagem: ela estimula os outros sentidos, que são o tato (com a vibração da caixa de som) e a visão (com o software de áudio).

Este é só um exemplo de como, se nos esforçarmos, podemos fazer o que quisermos. Ah se todos os professores tivessem essa dedicação…

“Se soubermos que um indivíduo tem certas limitações inerentes, poderemos usar mais inteligentemente nossas técnicas de controle, mas não podemos alterar o fator genético.” – B. F. Skinner, em Ciência e Comportamento Humano (1953)

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