O segredo para obter sucesso profissional
“- Alice, você tem algum bom conselho para a carreira profissional?
– Trabalhe tanto até que isso destrua sua saúde e acabe com qualquer chance de ter uma vida pessoal.
– Mas isso não me faria… infeliz?
– Você não pediu por um conselho para felicidade.”
Para uns só uma tirinha simples, para outros um belo tapa na cara!
Fonte: Dilbert
É suborno presentear um bom aluno?
Imagino que essa dúvida passe pela cabeça de muitos pais e professores: eu posso dar estrelas ou presentes para o bom aluno? Será que desta maneira eu não estaria “subornando” a criança e ensinando ela a se comportar só para ganhar presentes? A resposta é fácil: sim, você pode presentar o bom aluno, mas com certas ressalvas, que explicarei a seguir.
A criança pode até gostar de ir à escola, mas ela gosta muito mais da hora do recreio e de brincar com os amigos do que de ter que aprender cálculos matemáticos e regras gramaticais. A prática de se “presentear” os bons alunos com estrelas, pontos, ou coisa parecida funciona porque isto serve como um incentivo (nos termos da análise do comportamento, serve como um reforçador arbitrário).
Este reforço acaba fazendo com que a criança continue estudando e se sinta estimulada. No entanto, no “mundo real”, ela não vai ganhar sempre estrela e o pai não terá dinheiro infinito para presenteá-la após todo bom comportamento. É por isso que é necessário que a criança, ao estudar, fique sob controle dos reforçadores naturais deste comportamento.
Reforçadores naturais são aqueles naturalmente presentes no ambiente da pessoa. No caso da criança, o reforçamento natural ocorre quando ela consegue ler sozinha um gibi, calcular o dinheiro do lanche, etc. Quanto estes reforçadores passam a fazer efeito, ela não precisa mais dos arbitrários.
Mas isso não vale só para as crianças, mas também para nós: você gosta do seu trabalho ou está somente sob controle de reforçadores arbitrários (como o dinheiro)? Se você não se sente bem no seu dia-a-dia, a resposta pode estar nos reforçadores que o controlam (ou na falta deles)…
Teorias na psicologia: quanto mais complexas melhor?
Infelizmente esse quadrinho mostra uma realidade nos cursos de psicologia. Vemos alguns autores que escrevem muito sobre nada e acabam sendo reverenciados, como se ser mais complexo o fizesse ser mais verdadeiro.
Acredito que o que falta é conhecimento da ciência em geral: um dos objetivos da ciência é explicar como as coisas funcionam (ou por que as pessoas fazem as coisas que elas fazem) buscando regularidades. Estas regularidades tornam um fenômeno mais fácil de ser compreendido, pois quando conhecemos a lei que o governa podemos prever quando e como este fenômeno ocorrerá novamente, assim como eu sei que se eu soltar uma bola no ar ela vai cair no chão por causa da lei da gravidade. Isso simplifica as coisas para nós.
Conhecendo as “leis” que governam o comportamento humano (como as leis do reflexo, do reforço, da extinção, etc) eu posso, a partir delas, compreender e modificar o comportamento.
Ou seja, a ciência do comportamento simplifica estes fenômenos explicando-os em leis que nos facilitam a compreender e agir sobre as pessoas. E facilita a tal ponto que eu sou capaz de explicá-las para amigos, colegas, clientes, alunos e leitores deste blog – a ciência deve ser acessível.
Se uma teoria é complexa a ponto de, para eu aprender o básico dela, eu precisar quebrar a cabeça, ler dezenas de livros e confiar mais na autoridade de quem a criou do que nos resultados promovidos por ela, então sinto muito, não é uma boa teoria.
Gatos vs Internet
Muito legal essa tirinha: mostra um gato lutando para conseguir a atenção de seu dono, que não larga a internet.
O gato mia, entra na frente e até monta uma festa pro seu dono. Mas ele só o dá atenção quando o felino arranha o sofá da sala. Da próxima vez o gato irá mais rápido ao que funciona, que é arranhar o sofá.
O mesmo princípio vale para o namorado(a), filho(a) ou aluno(a) que precisa de atenção. Não espere algo dar errado: reforce o comportamento adequado!
As misteriosas anotações dos psicólogos
Seja em uma consulta terapêutica, uma sessão de observação ou em alguma visita, o psicólogo sempre precisa fazer anotações, seja na sua cabeça ou no papel. O difícil é que quase sempre só na cabeça não é o suficiente.
Começarei o ano, após um bom período de férias, dividindo com vocês esse vídeo que me foi recomendado por uma colega, que mostra uma sessão bem cômica envolvendo a curiosidade da cliente frente às anotações da psicóloga. Ainda não vi os outros da série, mas parecem interessantes também.
Link: Multishow
Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?
Antes de começar a falar do livro, gostaria de dizer que estou muito contente em saber que a maioria das pesquisas afirmam que este blog é o melhor blog de psicologia (pausa dramática). Mentira, não é. Nunca houve uma pesquisa dessa, mas quando eu falo assim parece verdade, né?
Bom, sobre o livro: é divertidíssimo. Peguei emprestado da minha namorada e gostei muito! Na verdade ele não é sobre sexo, é sobre as diferenças entre homens e mulheres e suas influências nos relacionamentos. O sexo é só um capítulo. Ao fazer estas explicações os autores relatam exemplos do cotidiano que certamente são familiares a muita gente! Confesso que muitas discussões ocorridas entre eu e minha namorada teriam sido evitadas se tivéssemos lido este livro antes.
No entanto, duas coisas me incomodam no livro e a primeira é o determinismo em suas explicações. É verdade que uma parte de nosso comportamento acontece devido a predisposições biológicas, mas os autores exageram demais nesse tipo de explicação. E aí falam coisas como “os homens não pedem ajuda no trânsito porque sempre foram caçadores e isso é sinal de fracasso”. Sinceramente? Acho isso absurdo. Se os homens pedissem ajuda no trânsito poderíamos simplesmente dizer que “os homens eram caçadores e precisavam da colaboração dos outros para atingir a presa”. É muito fácil inventar uma explicação quando não se tem como comprová-la.
Ainda no determinismo biológico, eles falam muito em como injeções de hormônio no feto vão determinar o que você gosta e não gosta quando cresce, portanto o quanto você é feminino ou masculino, independentemente do seu sexo. Como se as experiências da vida e os fatores culturais não importassem também. O capítulo sobre preferências sexuais é tenebroso.
A outra coisa que me incomodou no livro foi que, para dar mais credibilidade (ou não) à estas explicações, os autores falam que são oriundas de “pesquisas”, “pesquisadores” “cientistas”, entre outros, mas raramente citam de qual pesquisa ou pesquisador essa afirmação veio. Igual eu fiz ali em cima neste post. Eu entendo que o público leigo (povão) não está interessado em conferir as referências bibliográficas, mas não custa nada colocá-las ao final do livro. Pelo menos isso não me deixaria tão desconfiado.
Resumindo: o livro é muito legal, divertido e com exemplos fáceis da gente se identificar. Só aconselho que fiquem com um pé atrás (ou os dois, se possível) quanto às explicações “científicas” apresentadas.
Concluirei com algumas cenas da vida real:
Medicamentos depressivos para pessoas efusivas
Você provavelmente já ouviu falar de medicamendos antidepressivos, ou seja, aqueles que tiram a pessoa do “fundo do poço” que é a depressão. Mas provavelmente ainda não conhecia os medicamentos depressivos, recomendados para pessoas irritantemente contentes:
Na verdade se trata de uma brincadeira, o vídeo foi feito pelo pessoal do The Onion, que trabalha com humor.
Mas ele realmente parece verdadeiro e quase nos convence que o medicamento é uma boa ideia. As falas dos personagens são típicas da vida real, como o psiquiatra dizendo “se você está um pouco feliz, tudo bem, é normal, mas se está demais…” ou a paciente “agora sei que estava doente e precisava de medicamento“.
Não que depressivos não se beneficiem com medicamentos, pelo contrário, mas o vídeo fez uma brincadeira muito boa com a tendência atual de problematizar tudo como doença.
Mais gorjeta para as mais bonitas
No Brasil a maioria das contas de bares já vem com os 10% inclusos, mas isso não costuma acontecer lá nos EUA – são os fregueses que decidem quanto será a gorjeta. O Prof. Michael Lynn resolver estudar que fatores influenciam mais nessa escolha e parece que, no caso das garçonetes, a qualidade do serviço tem um efeito muito menor do que, por exemplo, o tamanho dos seios.
Não só o tamanho do sutiã, mas também mulheres com cabelos loiros e corpos mais bem delineados também receberam maiores gorjetas. A pesquisa foi feita ao todo com 374 garçonetes. A seleção natural diz que estas mulheres teriam maior sucesso reprodutivo e por isso os homens reagem desta maneira a elas.
Você pode até dizer “eu já imaginava isso” mas esta é uma daquelas pesquisas que testam o que já é senso comum, como aquela que disse que as pessoas aparentam ser mais bonitas quando você bebe [link].
O mais engraçado é imaginar o orientador e seus pesquisadores explicando às suas mulheres “eu estava no Hooters só fazendo uma pesquisa, é sério”.
Fonte: The Cornell Daily Sun
Pavlov no escritório
Ivan Pavlov foi um fisiologista que descobriu que apresentando várias vezes alimento a um cão junto a um som, com o tempo, o som sozinho produziria a salivação, resposta que antes era automática somente ao alimento. Este processo de aprendizagem se chama condicionamento respondente, ou pavloviano. Já postei um vídeo sobre isso no Youtube.
Em um episódio do seriado The Office, o personagem Jim usa esta técnica com seu colega Dwight:
Mas legal mesmo é este vídeo que encontrei no Youtube, ótimo para mostrar em sala de aula:
Uma alternativa à Ritalina para o TDA
Em um episódio do desenho South Park há uma crítica bem curiosa ao grande número de “diagnósticos” de Déficit de Atenção e o enorme uso da Ritalina, mostrando que existem tratamentos alternativos:
O vídeo é bem engraçado, mas é claro que se trata de um programa de comédia, falar sobre os efeitos da punição seria assunto pra outro post, mas ainda assim o vídeo nos faz questionar se a verdadeira causa para o grande número de crianças com dificuldade de concentração está no cérebro delas ou na sociedade.
Mais uma vez irei citar o neurocientista Steven Rose (como neste post):
“Mascarar a dor psíquica indicada pelo comportamento destrutivo pode propiciar um espaço para pais e professores respirarem e para a criança negociar um relacionamento novo e melhor; mas, se a oportunidade não for agarrada, mais uma vez vamos nos encontrar tentando ajustar a mente, em vez de ajustar a sociedade.”
O vídeo eu conheci graças ao Alessandro.