O ataque dos pombos assassinos

Dá só uma olhada nessa notícia que O Estadão publicou essa semana:

Três golfinhos treinados pelas forças especiais da Ucrânia para desarmar minas e assassinar mergulhadores inimigos fugiram da base naval de Sebastopol. Em suas missões, os amáveis cetáceos carregam facas e armas de fogo – não está claro se os “fugitivos” estavam com o armamento. Os golfinhos teriam saído a procura de pares para acasalar.

Incrível não? Até parece mentira… e é. Ela foi desmentida dois dias depois (apesar de que, segundo este site, o exército ucraniano, russo e americano treinam golfinhos e outros animais marítimos para fins militares).

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E esta nem é a primeira vez em que animais são treinados para fins militares. Na Rússia, desde 1930, cães “suicidas” foram treinados a correr em direção a tanques carregando minas e foram usados contra os alemães na IIª Guerra Mundial. O treino nem era tão complicado: eles deixavam o cão privado de alimento (ou seja, com fome) e colocavam comida debaixo de tanques. Deste modo, quando o cão estivesse com fome e visse algo parecido com um tanque, corria para debaixo dele, mesmo com uma mina de 10kg nas costas. Outros países tentaram usar procedimentos semelhantes usando cachorros mas nem sempre com o mesmo sucesso.

Ainda na 2ª Guerra, um outro projeto quase foi colocado em prática: o “Project Pigeon“, ou Projeto Pombo.

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Encabeçado por B. F. Skinner, o pai do Behaviorismo Radical, o projeto envolvia mísseis guiados por pombos. O sistema de controle funcionava mais ou menos assim: na frente dos mísseis uma lente projetava a imagem de fora em uma tela e o pombo era treinado a bicar em um alvo nesta tela (por exemplo, um tanque ou um navio). Se o pombo bicasse no centro da tela, o míssil seguia reto, e bicadas fora do centro faziam a tela se mover, fazendo o míssil mudar de direção.

Skinner recebeu fundos para seu projeto (U$25,000) e até conseguiu algum sucesso, mas sua ideia foi considerada excêntrica demais, e o projeto nunca foi colocado em prática.

Se você ficou curioso ou acha que estou mentindo, assista neste link um vídeo dos pombos em treinamento.

O segredo para obter sucesso profissional

Dilbert career advice

“- Alice, você tem algum bom conselho para a carreira profissional?
– Trabalhe tanto até que isso destrua sua saúde e acabe com qualquer chance de ter uma vida pessoal.
– Mas isso não me faria… infeliz?
– Você não pediu por um conselho para felicidade.”

Para uns só uma tirinha simples, para outros um belo tapa na cara!

Fonte: Dilbert

Transtorno Obsessivo-Compulsivo: a visão comportamental

Acabei de publicar no Youtube este vídeo do programa TBC News sobre Transtorno Obsessivo Compulsivo com a participação da Profª Drª Ilma Britto (PUC-GO). O programa, voltado para o público leigo, traz algumas informações interessantes sobre o transtorno, mas o que chama mesmo a atenção é o contraste entre a visão da psiquiatra clássica e da Análise do Comportamento.

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=GqgL_qg6G0k”]

A visão da Análise do Comportamento não desconsidera a influência hereditária nem os desequilíbrios químicos cerebrais dos transtornos. Ela complementa esta visão explicando os comportamentos-problema dos transtornos (neste caso as obsessões e compulsões, que seriam os “sintomas” para a psiquiatria) da mesma maneira que explica outros comportamentos ditos normais. Todo comportamento pode ser analisado de acordo com seu ambiente.

Deste modo, a AC se diferencia da psiquiatria por não tratar os transtornos mentais apenas como “doenças” incontroláveis, mas sim como comportamentos que são passíveis de serem analisados e modificados como quaisquer outros. Parece uma visão estranha à primeira vista, mas ela têm produzido bons resultados, e até o psiquiatra disse ao final do programa que recomenda a seus pacientes buscarem a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).

Cerveja e enxaquecas no Twitter

Não é novidade que muita gente usa o twitter pra reclamar da vida. Aparentemente, existem horários em que a reclamação é mais frequente, pelo menos se for sobre enxaquecas.

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De acordo com este estudo que analisou um banco de dados de tweets, as pessoas falam mais sobre enxaquecas nos dias úteis do que nos finais de semana, e o horário de pico é às 7 da manhã. Dos dias úteis, a terça é “com mais enxaqueca”, e a sexta a com menos. E destes tweets, 80% eram de mulheres.

Esta não é a primeira vez que utilizam o timeu.se para pesquisar tweets. Esta pesquisa o usou para verificar oscilações de humor e padrões de comportamentos durante o dia, descobrindo que as pessoas twittam com maior frequência sobre beber (e provavelmente bebem) cerveja e vinho durante a noite, principalmente nas sextas e nos sábados (que surpresa!).

Fontes:
Neuroskeptic: 1 2

Linnman, C., Maleki, N., Becerra, L., & Borsook, D. (2012). Migraine Tweets – What can online behavior tell us about disease? Cephalalgia, 33 (1), 68-69 DOI: 10.1177/0333102412465207

John, C. (2012). Using Twitter to Measure Behavior Patterns Epidemiology, 23 (5), 764-765 DOI: 10.1097/EDE.0b013e3182625e5d

8 dicas para diminuir o medo de falar em público

Segundo o brilhante comediante Seinfeld, o medo mais comum nos Estados Unidos é o de falar em público. Em segundo lugar está o medo da morte. Isso quer dizer que, em um funeral, muitos prefeririam estar no caixão do que fazendo um discurso. Brincadeiras à parte, não sei se estes dados estão corretos, mas o medo de falar em público é extremamente comum e poucas pessoas sabem que podem superá-lo apenas com um pouco de treino.

1. Prepare seu conteúdo

É importante saber qual será sua audiência para poder adaptar seu conteúdo a ela. Uma apresentação que deu certo em uma turma de alunos do ensino médio pode não funcionar com estudantes de pós-graduação. Conheça seu público, o que eles estudam, o que eles gostam, o que eles querem saber.

2. Pratique

Praticar nunca é demais. Apresente na frente do espelho ou para seus amigos e peça feedback. Veja se você está dentro do tempo previsto. A melhor dica de todas é filmar sua apresentação: nela você pode avaliar sua fluência, suas pausas, sua voz, seus gestos, sua postura. Cada apresentação é uma oportunidade para aprendizagem e você aprenderá mais se puder se assistir depois.

3. Questione seus pensamentos do tipo “E se…”

E se você tropeçar e cair? E se você esquecer o conteúdo? E se rirem de você? Mesmo que imprevistos aconteçam, você sobreviverá. É normal ficarmos ansiosos mas com o tempo a ansiedade passa. Cinco minutos depois a audiência não vai lembrar o quanto você estava nervoso mas sim como foi a apresentação.

4. Use a imaginação

Não pense apenas no lado negativo da coisa. Imagine-se mais confiante. Pense em você chegando na sala ou no auditório sorridente, com uma postura confiante, compartilhando seu conhecimento. E se os pensamentos negativos voltarem, imagine-se solucionando os problemas.

5. Foque no seu material

Quando estiver lá na frente, concentre mais no seu material e menos no que você está sentindo. Logo você esquecerá que estava nervoso. Foque em dar o seu melhor e ajudar sua audiência.

6. Respire

Esta dica eu recomendo não só para quem vai falar em público mas sim para todos os ansiosos e pode ser feita antes da apresentação ou algumas vezes ao dia. A respiração diafragmática aliada ao controle respiratório te ajudará a absorver maiores quantidades de oxigênio, diminuindo a ansiedade. O ideal é encher o pulmão de ar (ver vídeo), segurar por alguns segundos e soltar levemente, como se estivesse assoprando por um canudo.

7. Evite cafeína

A cafeína é uma substância estimulante. Ela pode te ajudar a despertar, mas se você é uma pessoa ansiosa ou agitada, ela pode te atrapalhar no restante do dia. Se você precisa se acalmar é recomendado evitar o café e outros chocolates ou bebidas que contenham cafeína. Prefira tomar água ou algum chá.

8. Enfrente a situação

Quanto mais você evitar ter que falar em público, mais difícil se tornará da próxima vez. É melhor enfrentar a apresentação de uma vez, aprender com ela, e a próxima será um pouco mais fácil. É somente com a prática que novos comportamentos se tornam hábitos.

Este texto é uma adaptação do post “Eight Tips to Decrease Public Speaking Anxiety”, escrito por Mary Ann Gauthier para o site Dumb Little Man. Espero que tenha ajudado a quem está precisando.

Novo game ensina crianças a controlar sua raiva

Quem nunca ficou p* da vida depois de perder uma vida no Super Mario? Já ouvi falar de pessoas perdendo o controle em jogos de videogame mas essa é a primeira vez que ouço o contrário: jogos de videogame ajudando pessoas a se acalmarem.

Percebendo que crianças com dificuldade de controlar a raiva costumam ter pouco interesse em psicoterapia mas muito em jogar videogames, os pesquisadores Jason Kahn e Joseph Gonzalez-Heydrich do Hospital Infantil de Boston desenvolveram o “RAGE Control” (controle da raiva), um jogo de videogame com biofeedback que ajuda crianças a praticar o controle de emoções (calma que já explico o que é biofeedback).

O jogo envolve atirar em naves inimigas e evitar atirar nas aliadas. Enquanto as crianças jogam, um monitor acoplado ao dedo transmite sua frequência cardíaca e a mostra na tela (isso é o biofeedback). Quando a sua frequência atinge um certo nível, o jogador perde a habilidade de atirar em naves inimigas. Ou seja, para se dar bem no jogo, ele precisa aprender a se manter calmo.

Para ter certeza se o jogo seria eficaz ou não, os pesquisadores realizaram um estudo controlado com dois grupos de crianças entre 9 a 17 anos. Um grupo, com 19 crianças, recebeu por 5 dias o tratamento tradicional para controle raiva: terapia cognitivo comportamental, técnicas de relaxamento e treinamento de habilidades sociais. O segundo grupo passou pelo mesmo tratamento mas passou os últimos 15 minutos de cada sessão jogando o RAGE Control.

No final das contas os participantes do segundo grupo se tornaram mais eficazes em manter sua frequência cardíaca baixa e tiveram escores menores em uma escala de avaliação utilizada (State Trait Anger Expression Inventory-Child and Adolescent – STAXI-CA), sinalizando menor intensidade de raiva em certos momentos, menor frequência de sentimentos raivosos com o tempo e expressão de raiva direcionada a outros ou a objetos.

Os pesquisadores afirmaram que o próximo passo é testar a aplicação deste jogo pelos pais destas crianças para que, futuramente, elas possam praticar o jogo em casa.

Fonte: Psychcentral

ResearchBlogging.orgDucharme, P., Wharff, E., Kahn, J., Hutchinson, E., & Logan, G. (2012). Augmenting Anger Control Therapy with a Videogame Requiring Emotional Control: A Pilot Study on an Inpatient Psychiatric Unit Adolescent Psychiatry, 2 (4), 323-332 DOI: 10.2174/2210676611202040323

Como sua linguagem corporal define quem você é

Provavelmente você já ouviu falar do termo “linguagem corporal”. Basicamente, isso quer dizer que a nossa postura pode transmitir emoções ou intenções. A postura corporal tem o poder de influenciar os julgamentos de outras pessoas e acabar decidindo quem vai receber um novo emprego ou quem vai conquistar outra pessoa na balada.

Mas uma nova ideia têm sido apresentada por Amy Cuddy, professora e pesquisadora na Escola de Negócios de Harvard: a nossa postura corporal pode influenciar a nós mesmos! Será mesmo? Sorrimos quando estamos felizes, mas será que ficaremos mais felizes se forçarmos o sorriso?

Para testar isso, ela pediu para seus sujeitos experimentais adotarem uma posição de “alto poder” (como da foto) ou de “baixo poder” (como inclinados, se fechando, ou com a mão no pescoço).

Após dois minutos eles participavam de um jogo de apostas. Curiosamente, 86% dos sujeitos da condição de “alto poder” apostavam, contra 60% dos sujeitos da condição de baixo poder. Outro dado observado foi o nível de testosterona (o hormônio de dominância) dos sujeitos: os sujeitos de “alto poder” tiveram um aumento de 20% nos níveis de testosterona, enquanto do outro grupo tiveram um decréscimo de 10%. Quanto aos níveis de cortisol (o hormônio do estresse), foi observado um decréscimo de 25% no grupo de “alto poder” e um aumento de 15% no grupo de “baixo poder”.

Conclusão: nosso comportamento não-verbal influencia como nós pensamos e sentimos sobre nós mesmos, ou seja, nosso corpo influencia nossa mente.

Por isso, é melhor prestar mais atenção à sua postura em uma palestra, entrevista de emprego ou outras situações em que você possa estar sendo avaliado. Quem sabe alguns minutos exercitando uma boa postura corporal pode fazer a diferença!

Eu tentei fazer um pequeno resumo da apresentação dela no TED, mas quem quiser conhecer melhor a pesquisa recomendo assisti-la na íntegra clicando aqui.

“Don’t fake it till you make it. Fake it till you become it.” – Amy Cuddy

Entrevista à TV FURG

Esta semana estive em Rio Grande (RS) para ministrar uma palestra na XXI Semana Acadêmica de Medicina da FURG. No dia 03/10, antes da palestra, participei de uma entrevista à FURG TV, em que falamos sobre vários temas como terapia familiar, suicídio, desastres naturais, psicopatologia e blogs.

O vídeo da entrevista já está disponível no Youtube:

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=dUQnkyL0x0Q”]

Morre, aos 91, o psiquiatra Thomas Szasz

Hoje de manhã recebi a triste notícia do falecimento do famoso psiquiatra Thomas Szasz, que morreu em sua casa, no dia 8 de setembro, aos 92 anos.

Ele se tornou famoso pelas suas críticas feitas à psiquiatria, mas ele não era necessariamente contra a psiquiatria, mas sim contra a internação involuntária de pacientes e o excesso de diagnósticos e medicalização. Eu mesmo já legendei alguns de seus vídeos e tenho alguns de seus livros na minha estante.

Sua ideia era de que os chamados transtornos mentais não são o mesmo que doenças cerebrais, principalmente porque não dispomos de uma maneira de observá-los diretamente. Deste modo, o diagnóstico é subjetivo e dizer que alguém tem um transtorno mental seria o mesmo que dizer que seu gosto por filmes é errado ou doentio. Além disso, pior do que criar vários diagnósticos que acabam por rotular as pessoas, seria “tratá-las” com medicamentos psicotrópicos que podem causar tantos efeitos colaterais.

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=Wv49RFo1ckQ”]

Apesar disso, ele não era contra os medicamentos usados pela psiquiatria. Nem era contra os hospitais psiquiátricos, mas sim aos abusos cometidos pelas más práticas de alguns profissionais da área. O que Szasz defendia era que nenhuma pessoa deveria ser forçada a tomar um medicamento contra a sua vontade, muito menos ser internada em algum hospital psiquiátrico.

Seu mais famoso livro é “O Mito da Doença Mental”, da década de 60, em que ele discorre sobre esses assuntos. No entanto, nos últimos anos ele têm perdido um pouco de sua credibilidade, principalmente ao se unir à Cientologia para a criação do CCHR, a “Comissão dos Cidadãos para os Direitos Humanos”. Inclusive aqui tem uma foto dele com o Tom Cruise.

Apesar de suas derrapadas, não dá pra negar que Szasz foi um homem incrível, de muita inteligência e cujas críticas merecem muita consideração e não serão esquecidas com sua morte. Toda profissão merece um crítico à altura de Szasz para fazer com que seus profissionais repensem o seu modo de atuar. Encerrarei o post com um dos meus vídeos favoritos dele:

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=uE0mysIHvvg”]

Neuroses de guerra

Apesar de toda a destruição, as guerras contribuíram bastante para o desenvolvimento de vários campos da ciência. Muitos investimentos em tecnologia são feitos pensando-se nas aplicações militares, além disso, os sobreviventes das guerras, que geralmente carregam consigo sequelas físicas e psicológicas, são um campo fértil para pesquisas nos campos da medicina e psicologia.

Nos anos 1917 e 1918, o Major Arthur Hurst filmou soldados franceses sobreviventes da Iª Guerra Mundial, um filme que ficou conhecido como War Neuroses (Neuroses de Guerra). Muitos deles sofriam de transtornos nos movimentos. Estes soldados estavam sob tratamento no Hospital Militar de Netley e as imagens gravadas mostram recuperações surpreendentes.

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=AL5noVCpVKw”]

Para ver as outras partes: link

Curiosamente, como descrito por Jones (2011), nem todas as imagens são reais. Algumas das filmagens “antes” do tratamento foram encenadas para as câmeras, ou seja, o paciente estava atuando, imitando seu estado antes do tratamento. Isto pode ser comprovado em algumas cenas, em que alguns arredores e pessoas não mudam de posição.

Hoje em dia uma filmagem dessa seria considerada imoral e anti-ética, mas na época não era tão incomum. Além disso, segundo Hurst, os fins justificavam os meios.

Fonte: Neuroskeptic

ResearchBlogging.org Jones E (2012). War neuroses and Arthur Hurst: a pioneering medical film about the treatment of psychiatric battle casualties. Journal of the history of medicine and allied sciences, 67 (3), 345-73 PMID: 21596724

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