Novo game ensina crianças a controlar sua raiva
Quem nunca ficou p* da vida depois de perder uma vida no Super Mario? Já ouvi falar de pessoas perdendo o controle em jogos de videogame mas essa é a primeira vez que ouço o contrário: jogos de videogame ajudando pessoas a se acalmarem.
Percebendo que crianças com dificuldade de controlar a raiva costumam ter pouco interesse em psicoterapia mas muito em jogar videogames, os pesquisadores Jason Kahn e Joseph Gonzalez-Heydrich do Hospital Infantil de Boston desenvolveram o “RAGE Control” (controle da raiva), um jogo de videogame com biofeedback que ajuda crianças a praticar o controle de emoções (calma que já explico o que é biofeedback).
O jogo envolve atirar em naves inimigas e evitar atirar nas aliadas. Enquanto as crianças jogam, um monitor acoplado ao dedo transmite sua frequência cardíaca e a mostra na tela (isso é o biofeedback). Quando a sua frequência atinge um certo nível, o jogador perde a habilidade de atirar em naves inimigas. Ou seja, para se dar bem no jogo, ele precisa aprender a se manter calmo.
Para ter certeza se o jogo seria eficaz ou não, os pesquisadores realizaram um estudo controlado com dois grupos de crianças entre 9 a 17 anos. Um grupo, com 19 crianças, recebeu por 5 dias o tratamento tradicional para controle raiva: terapia cognitivo comportamental, técnicas de relaxamento e treinamento de habilidades sociais. O segundo grupo passou pelo mesmo tratamento mas passou os últimos 15 minutos de cada sessão jogando o RAGE Control.
No final das contas os participantes do segundo grupo se tornaram mais eficazes em manter sua frequência cardíaca baixa e tiveram escores menores em uma escala de avaliação utilizada (State Trait Anger Expression Inventory-Child and Adolescent – STAXI-CA), sinalizando menor intensidade de raiva em certos momentos, menor frequência de sentimentos raivosos com o tempo e expressão de raiva direcionada a outros ou a objetos.
Os pesquisadores afirmaram que o próximo passo é testar a aplicação deste jogo pelos pais destas crianças para que, futuramente, elas possam praticar o jogo em casa.
Fonte: Psychcentral
Ducharme, P., Wharff, E., Kahn, J., Hutchinson, E., & Logan, G. (2012). Augmenting Anger Control Therapy with a Videogame Requiring Emotional Control: A Pilot Study on an Inpatient Psychiatric Unit Adolescent Psychiatry, 2 (4), 323-332 DOI: 10.2174/2210676611202040323