Maria Sibylla Merian, naturalista pioneira



Metamorfose da Thysania agrippina por Merian.
Maria Sibylla Merian (1647-1717) foi uma naturalista alemã bastante dedicada ao estudo de insetos. Filha de pai artista e criada pelo padrasto que era pintor, Maria Sibylla foi estimulada a desenvolver seu talento artístico, que usou para publicar seu primeiro livro, com pinturas de flores em 1675.
Numa época em que os insetos eram considerados animais demoníacos e por isso desprezados, Maria Sibylla se dedicou a estudá-los, atividade predominantemente masculina na época. Seu segundo livro, A maravilhosa transformação e a estranha nutrição vegetal das lagartas, publicado em 1678, traz desenhos completos do ciclo de vida das borboletas e, com isso, apresenta um processo desconhecido pela maioria da população: a metamorfose.
Depois de se separar do marido, outra atitude bastante incomum na época, Maria Sibylla foi morar em Amsterdã, capital da Holanda. Lá, conheceu os animais tropicais vindos do Suriname, que era então colônia açucareira holandesa, tal como o Brasil foi de Portugal. Deslumbrada com os animais e animada por estudá-los na natureza, partiu para outra realização até o momento feita apenas por homens: uma expedição naturalista aos trópicos.
No Suriname, ela estudou e pintou diversos tipos de planta (como a bananeira e o abacaxi) em seus ambientes naturais. Em 1705, de volta à Holanda, publicou seu último livro, Metamorfose dos insetos do Suriname.
Na época em que Maria Sibylla viveu, travava-se uma disputa entre os cientistas sobre a origem dos animais. Alguns pensavam que os insetos se originavam da lama e da sujeira, de acordo com a ideia da geração espontânea da vida. Outros cientistas acreditavam que a vida somente poderia se originar de outra vida. Como os trabalhos de Maria Sibylla mostravam que as borboletas eram geradas por outras borboletas, seus estudos reforçavam a segunda ideia.
Como não redigia seus livros em latim, língua usada pelos cientistas da época para comunicar suas descobertas, seu trabalho completo, com descrição de mais de 186 espécies, e seu pionerismo permaneceram desconhecidos da comunidade científica por muito tempo.
Se seu trabalho tivesse sido divulgado em latim na época em que foi realizado, poderia ter influenciado os rumos da ciência ao fortalecer ideias contrárias à geração espontânea da vida a partir da matéria bruta, ideias que também haviam sido exploradas e questionadas por outros cientistas, como Francesco Redi (1626–1698), por volta de 1668.


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