Nada como uma disputa evolutiva, melhor ainda quando se descobre mais gente envolvida nela. No cardápio de hoje, um tema que vai ser tratado em dois posts: competição sexual, fêmeas fedidas, parasitas aproveitadores (e inteligentes) e plantas que se vingam.

© S Sepp
Nina Fatouros é uma entomóloga holandesa que faz o tipo de trabalho que admiro muito em um pesquisador. Assim como Kenneth Catania, que trabalhou com a toupeira nariz-de-estrela, ela escolheu um organismo modelo que permitiu a descoberta de muita coisa interessante. Seu organismo é a borboleta branca da couve (Pieris brassicae), que aparece na foto acima.
Nessa borboleta, a competição sexual ocorre de uma forma inusitada. Quando fecunda a fêmea, além dos espermatozóides que vão buscar os óvulos, os machos depositam um composto químico chamado benzil cianido (BC) que a torna menos atraente para outros machos. Isso mesmo, assim como alguns homens que são capazes de deixar a mulher um bagaço com o decorrer do relacionamento, a fêmeas recém fecundadas ficam em desvantagem.
Além de ficar fedida e menos atraente, outros tiram proveito da situação. Só para reforçar a minha admiração por vespas parasitóides, conheça a Trichogramma brassicae. Trata-se de uma vespa bem pequena, cujas larvas parasitam as lagartas da borboleta da couve. Para encurtar o caminho, a vespinha é capaz de seguir o cheiro do BC liberado pela fecundação, o que a leva direto para fêmeas cheias de ovos fresquinhos.

© Nina E. Fatouros

Mais do que isso, além de seguir o cheiro e encontrar a borboleta, a T. brassicae monta na fêmea e pega uma carona, até o local onde os ovos serão depositados – basta ver a pilantra pega no ato aí em cima. Passeio grátis e refeição completa para seus descendentes.
Além de embarangar a fêmea, o macho da borboleta da couve ainda a deixa mais suscetível a parasitas. E existem mais aproveitadores, como você confere no próximo post da série…
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