Besouros masoquistas


É um porrete no seu bolso ou você está feliz em me ver?

©Johanna L. Rvnn/Uppsala University @National Geographic

Às vezes a disputa evolutiva da Rainha Vermelha pode ter consequências meio pesadas. Em algumas espécies de besouros, os machos arrumaram uma solução drástica para o sucesso reprodutivo. Os pênis possuem espinhos que machucam a genitália feminina, dessa forma a fêmea não é capaz de ser fecundada novamente.

As fêmeas, pelo outro lado, possuem um tecido bem elástico e capaz de se regenerar. Machos que machucam mais possuem uma ninhada só sua, fêmeas que se recuperam rapidamente possuem uma ninhada mais diversa. Nessa dinâmica, os pênis ficam cada vez maiores e mais agressivos e as vaginas se regeneram cada vez mais.
Essa corrida armamentista inclusive ajuda na formação de novas espécies. Populações diferentes divergem quando à anatomia dos órgãos sexuais, e podem se tornar incompatíveis. Com isso, cada grupo segue um caminho evolutivo diferente
Se sua esposa estranhar a algema, conte para ela que a evolução pode ser muito mais cruel.

Hotzy, Cosima, e Göran Arnqvist. “Sperm Competition Favors Harmful Males in Seed Beetles.” Current Biology. doi:10.1016/j.cub.2009.01.045.


7 responses to “Besouros masoquistas”

  1. O professor levou essa foto do pênis à sala de aula pra uma discussão a respeito de um exemplo (no Prólogo) no livro do Stearns – Evolução: Uma introdução, que por sinal é muito mal traduzido, e, assim, tive o prazer de revê-la. Mas, nesse mesmo texto ele, o autor, dá outro exemplo que gerou certa polêmica a respeito. É o caso da aranha-costa vermelha (Latrodectus) que come o seu parceiro, exemplo famoso, o comportamento é justificado pelo autor, porque isso diminui as chances de o macho não copular com outra fêmea e contribuir para o cuidado parental.
    Como pode ser interessante para uma espécie o macho ser comido para não copular mais, já que a idéia seria exatamente o contrário, ou seja, quanto mais fêmeas eu conseguir melhor?

  2. @Thiago,
    Tudo depende da estratégia reprodutiva daquela espécie. Para animais de vida longa, que cruzam várias vezes, essa realmente não é uma boa estratégia.
    Agora pense em um inseto com um ciclo de vida anual, que se reproduz na primavera e morre. Buscar parceiras é uma tarefa que custa caro, tanto no gasto energético de procurar quanto na maior exposição a predadores. Pode compensar mais copular com uma só fêmea e melhorar as chances de ela pôr mais ovos. Se o macho vai morrer pouco depois, servir de alimento para a fêmea é uma forma de dar a ela mais nutrientes e aumentar ainda mais o potencial dela colocar vários ovos, e ovos mais saudáveis.

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