O que você acha?


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Vai fundo! ©CarbonNYC

O que você acha que vai te informar mais sobre uma situação nova, saber como outras pessoas reagiram a ela ou saber informações diretas sobre o evento? Se você acha que uma descrição sobre uma novidade é melhor do que uma opinião, está enganado.

Quando imaginamos uma situação infeliz, como uma reprovação em um teste, tendemos a superestimar o quão mal ficaremos. O mesmo quando imaginamos uma situação boa, como ganhar um prêmio, costumamos achar que ficaremos mais felizes do que ficamos de fato. Isso porque pensamos nas partes principais do acontecimento, mas deixamos de lado pequenos detalhes que podem fazer diferença, ou não pensamos a longo prazo.

Já a opinião de outras pessoas tende a ser válida. Por mais que tenhamos gostos diferentes (tem até gente que torce para o Corinthians tem até gente que gosta de apanhar) certas preferências são universais. Todos preferem ganhar do que perder, ser feliz do que ser triste, ser amado do que odiado. A opinião de alguém sobre o que você vai fazer ou experimentar pode ser um ótimo indicativo do que está por vir. (continue no read on)

Se meus argumentos não te convenceram, acompanhe o resultado de
um estudo com homens e mulheres em Harvad – sério, foi lá mesmo, nada
daquele papo de spam de pesquisadores de Harvard disseram que quem não
passou essa mensagem morreu, é só conferir a fonte no fim do texto, de
uma das mais respeitadas revistas científicas:

Na primeira
rodada de experimentos, foi testada a reação de mulheres a encontros
rápidos. Homens e mulheres solteiros e heterossexuais foram convocados
para uma série de conversas de 5 minutos em uma sala, e as mulheres
avaliavam o quão interessante foi a conversa.

Antes de entrar na
sala, elas eram expostas a uma de duas informações. Ou recebiam
a ficha com o perfil que os homens haviam preenchido, com preferências
como livros, filmes, interesses e outros dados pessoais, ou eram
informadas da nota que a mulher anterior havia dado para aquele homem
em uma escala. Com base em uma dessas duas fontes, elas marcavam na
escala qual a nota que imaginavam que dariam para o rapaz. Depois de
ter dado a nota que imaginavam, recebiam a outra informação, perfil ou
nota anterior, para garantir que não haveria diferença do que sabiam
antes do encontro.

As mulheres que basearam a expectativa em
uma opinião anterior divergiram da nota real cerca de 50% menos do que
as mulheres que se basearam nas informações preenchidas pelos homens no
perfil
. E não foi o caso das fichas serem exageradas, pois na
maioria das vezes, as mulheres haviam subestimado a nota que deram
depois da conversa. Se o perfil do “candidato” fosse exagerado, as
notas reais teriam sido menores.

Sabe o que é pior? 75% das mulheres esperavam avaliar melhor o encontro com base na informação do que na opinião. Isso quer dizer que além das pessoas se saírem melhor com uma opinião, a maioria delas não sabe disso.

Para
garantir o resultado, foi realizado um outro experimento. As pessoas
escreviam uma história que seria avaliada por uma banca. A avaliação
podia ser A – positiva, B – neutra e C – negativa. Em seguida, metade
recebia uma descrição detalhada sobre o que significava receber cada
conceito e precisava dizer como se sentiria recebendo o conceito C. A
outra metade via uma declaração de quem havia recebido o conceito C e
descrevia como se sentiria tendo a mesma avaliação que aquela pessoa.

Quando entregaram as histórias, todos receberam conceito C, para se avaliar qual a sensação real. Novamente,
quem se baseou na reação de outra pessoa se sentiu muito mais próximo
do que havia esperado do que quem se guiou pela descrição
.

E o que um blog tem com isso?

Nos
experimentos anteriores, tudo que os participantes tinham em comum, ou
sabiam que tinham, era o fato de estudarem na mesma universidade. O
efeito de uma opinião ou crítica feita por alguém com mais coisas em
comum, uma pessoa que eu já conheço e me identifico com as idéias dela,
é muito maior
.

Isso é um blog. O que me motiva a ler a maioria dos blogs que leio é o quanto valorizo as idéias do autor. Se sei que as idéias dele são dignas de atenção, a opinião dele sobre um filme ou um evento vai ser muito mais válida para mim do que ler informações sobre aquilo, sejam elas bem descritivas ou não.

No
mundo de opções que é a internet, um leitor pára para ler (me recuso a
não acentuar) textos com os quais ele se identifica. Nesse contexto, a
opinião de quem escreve é muito influenciadora, mesmo que ele não saiba
(a maioria das cobaias também não achava que as críticas seriam mais
relevantes).

O que você acha?

Fonte:

Gilbert, Daniel T., Matthew A. Killingsworth,
Rebecca N. Eyre, e Timothy D. Wilson. “The Surprising Power of
Neighborly Advice.” Science 323, no. 5921 (Março 20, 2009): 1617-1619.


2 responses to “O que você acha?”

  1. Atila, acredito realmente que a opinião de algum conhecido conte bastante na formação da nossa opinião. Mas não posso negar que, instintivamente, lembrei de um fato recorrente:
    Algumas mulheres saem com namorados (ou ex-namorados) de suas melhores amigas… porque essas amigas fizeram muitas boas propagandas sobre eles. Claro, isso pode parecer machismo, provocação da minha parte, mas algumas mulheres realmente falam praticamente tudo o que rola com eles. Depois, não adianta reclamar que a concorrência parte para cima dos seus namorados 😉
    Putz, espero que isso não se torne um bafafá, mas não pude deixar de comentar esse pensamento (maldoso) que passou pela minha cabeça…
    Ah, antes que alguém possa falar, o mesmo pode acontecer com homens e a namorada de seus amigos (se bem que homens não costumam fazer muita propaganda de suas namoradas).

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