Por alimentos mais artificiais


Estamos vivendo uma procura cada vez maior por alimentos ditos naturais e orgânicos. O que a maioria das pessoas ignora é o quão artificiais e manipulados eles são.

cacto_enxertado.jpg 

Meodeos, tenho um transgênico em casa! ©James Glover

ResearchBlogging.orgNenhuma planta está livre de toxinas. As que estavam, animais comeram e Darwin cuidou. As plantas que conseguimos comer ou perderam as toxinas por que nós selecionamos as que não tinham, ou desenvolvemos tolerância a elas. (se prepara que o post é longo)


Desde antes da agricultura nós selecionamos e modificamos as plantas
que comemos, ainda que involuntariamente. Imagine você,
caçador-coletor, 20 mil anos atrás, quando descobriu que se trouxesse
sementes para perto de sua caverna (ou mesmo sem descobrir, foi só
fazer suas necessidades por ali), cresceriam as mesmas plantas de onde
você as pegou. De que macieira você pegaria as sementes, da mais baixa
e com frutos mais doces, ou da mais alta com frutos mais azedos? Desde
esse singelo momento, começamos a selecionar e mudar as plantas que
cultivamos. E a julgar pela área que plantamos, foi o começo de uma das
relações multualísticas mais bem sucedidas.

Maize-teosinte.jpg

Teosinto, milho e híbrido entre eles. [fonte]

Antes de fazer cara feia para um transgênico – o termo correto é OGM
(Organismo Geneticamente Modificado) – olhe para a figura acima. A
planta da esquerda é um teosinto, o ancestral do milho moderno, à
direita. Nossa seleção, a intervenção humana, modificou uma planta
pequena, que dá de 5 a 12 sementes pequenas, duras e que caem quando
maduras. O milho passou a ser uma planta de um caule só, com até 500
sementes bem maiores por espiga, que não caem.

De bônus, ainda vem um genoma completamente mudado. Embora nossa seleção tenha sido visual, e através de cruzamentos apenas, o genoma do milho foi duplicado várias vezes. Isso mesmo, ele não foi apenas alterado, foi multiplicado [1].
E não é nada exclusivo do milho, diversas outras plantas cultivadas,
como a cana-de-açúcar, também possuem genoma poliplóide (várias cópias
de cada cromossomo).

É um alimento modificado ou não?

wildmustard.jpg

Se não achou drástico o suficiente, pense na couve. A couve,
a couve-flor, a couve-de-bruxelas, o repolho, o repolho roxo, o
brócoli, o brócoli romanesco e varios outros tipos de couve e de
brócoli são todos variantes de uma mesma plantinha, a mostarda selvagem.

Que inclusive é próxima dos diferentes tipos de mostarda que
conhecemos, e do nabo. Todas essas variedades foram criadas pelos seres
humanos, cada hora em busca de uma característica, folhas maiores na
couve, flores no caso da couve-flor e por aí vai. E garanto que os
híbridos (cruzamentos entre as variedades) e intermediários que deram
origem às variedades não são nada agradáveis de se ver.

Pior
ainda são os alimentos que crescem com enxerto, a laranja por exemplo.
A laranja que usamos para fazer suco foi selecionada por ter um fruto
bom, e não por crescer bem. Para acelerar o crescimento, corta-se um
galho de um pé de laranja com um fruto com, e ele é preso ao tronco de
uma laranjeira selvagem, que embora dê frutos ruins, cresce muito bem e
é resistente. Com isso, a metade de baixo da planta cresce bem e nutre
a metade de cima, que dá bons frutos.

O cacto que você viu lá no
alto é um exemplo de enxertia. A parte vermelha da planta não possui
clorofila, e só cresce por ser enxertada na parte de baixo,
fotossintetizante, que nutre ela. Confira aqui como é feito.

Pois
bem, uma pesquisa recente mostrou que ambas as plantas de um enxerto
trocam genes entre si. Genes do núcleo e de outra parte da célula, o
cloroplasto, responsável pela fotossíntese da planta. Logo, toda planta
enxertada, maçã, orquídeas, laranja, batata, tomate, caqui, pepino,
berinjela, melancia e muitas outras, são OGMs. Vou repetir em negrito
para os destraídos. Toda planta enxertada é geneticamente modificada! [2]

Ao
contrário dos OGMs produzidos em laboratório, tais plantas não passam
por nenhum teste, não são planejadas e não se faz idéia de que parte de
qual genoma foi parar onde. E antes que você me diga que estamos
misturando plantas próximas, ao invés de uma toxina por exemplo, digo
duas coisas. Primeiro, no OGM são um ou dois genes inseridos na planta,
mesmo porque ainda não temos técnicas refinadas o suficiente para mais.
Segundo e mais importante, plantas já contém toxinas, por exemplo, a
maçã produz açúcares capazes de liberar cianureto quando
digeridos pela barata (morte certa), enquanto nossa digestão não produz
esse veneno – e olha que não é qualquer coisa que mata uma barata.

Por que alimentos orgânicos não são a solução?

Antes
de tudo, que fique claro: como os alimentos orgânicos são cultivados
com adubo orgânico (estrume, o que inclusive requer um cuidado maior na
hora de lavar a salada), costumam ser mais ricos em vitaminas e
minerais. Se você tem dinheiro para comprá-los, são uma boa opção, até hamsters preferem.

Mas
(e é um grande mas) eles são totalmente impraticáveis em uma escala
mundial. O que permitiu e ainda permite o crescimento populacional
recente é justamente a revolução agrícola, com máquinas, fertilizantes
e agrotóxicos artificiais e a seleção de variedades. Orgânicos são mais
caros pois custam mais para serem produzidos. Requerem muito mais
cuidado com pragas, no manejo, na adubação. A produtividade é menor,
bem  como a escalabilidade do processo.

E não, por favor não
tente o argumento de que não temos um problema de falta de produção,
mas sim de distribuição. Primeiro, se a produção atual é suficiente,
ela é suficiente para a população atual, que tende a aumentar, e aí
surge a dúvida, aumentamos a produtividade ou a área plantada. Segundo,
a distribuição é desigual porque existem países mais ricos do que
outros, com pessoas com mais alimento e pessoas com menos alimento. Se
você acredita que o problema está na distribuição, você acredita que,
por exemplo, um americano vai topar comer menos, para que um nigeriano
possa comer mais. Isso não vai acontecer.

Nessa demanda por
mais alimentos, as variedades mais produtivas, OGMs ou não, vão ser as
mais cultivadas. Por poucas empresas, em um monopólio agrícola? Sim.
Variedades que podem favorecer a agressão ambiental, por suportarem
mais herbicidas, por exemplo? Sim. Acabando com a agricultura familiar,
dando chance apenas para quem tem condições de comprar máquinas
caríssimas, que tomam o posto de trabalho de milhares de pessoas? Sim.

E
nesse contexto, quem for privilegiado e puder comprar alimentos
orgânicos vai estar muito bem servido. Onde há demanda há produção, e o
mercado de comida cultivada de forma mais “natural” deve crescer. Mas a
grande maioria não pode entrar em um Pão de Açúcar e comprar uma
cenoura orgânica. Ainda mais no Brasil.

Se não investirmos em
tecnologia, desenvolvermos OGMs mais produtivos, estaremos à mercê de
quem o fizer. E atacar a tecnologia de transgenia por causa de uma
empresa como a Monsanto é como dizer que as pessoas não devem tomar
remédios por causa da farmacêutica X ou Y.

Aliás,
fica aqui uma boa dica. Para quem quer entrar de cabeça na onda de
produtos naturais, tente comer um morango selvagem, cozinhar o teosinto, ou domar (e ordenhar) um auroque.
São todos produtos muito naturais, não sofreram modificação nenhuma. Do
contrário, direta ou indiretamente, você está comendo um alimento
geneticamente modificado.

Update importante: Uma coisa não invalida outras. Acho que vamos ter que desenvolver alimentos mais produtivos, mas nada impede de se aplicar neles técnicas que sejam menos agressivas ao ambiente, como controle biológico e rotação de culturas. Quero dizer que não dá para abrir mão das técnicas mais recentes como transgenia e plantio em larga escala.

Fontes:

[1] Gewin
V
.
Genetically Modified Corn– Environmental Benefits and Risks.”
PLoS Biol 1(1) (2003):
e8.
doi:10.1371/journal.pbio.0000008
.

[2] Stegemann, S., & Bock, R. (2009). Exchange of Genetic Material Between Cells in Plant Tissue Grafts Science, 324 (5927), 649-651 DOI: 10.1126/science.1170397

,

36 responses to “Por alimentos mais artificiais”

  1. Eu costumo brincar com meus alunos (sou professor de Química) que se existem alimentos orgânicos, possivelmente existem alimentos inorgânicos. Seria o caso de comermos uma salada feita de areia? 🙂
    Ou então eu digo: Politereftalato de etileno (PET) é uma substância orgânica, logo podemos comer despreocupadamente, certo?
    Costumo deixar os professores de Biologia completamente enlouquecidos comigo, mas assim eu mostro que muitas denominações acabam se tornando estranhas se observarmos por outros ângulos.
    Grande abraço e parabéns pelos excelentes artigos.

  2. atila me considere inguinoranta no assunto; mas e essa história q a monsanto vende sementes q geram plantas q nao produzem sementes, tornando o produtor refem da empresa,… e q o unico inseticida ou praguicida q presta com essas plantas é o q a mesma empresa produz… é isso q tenho ouvido por aqui…
    mitos da internet???
    alumia meu pensamento, ó átila!

  3. Eu sou vegetariana por razões nutricionais, e sinceramente espero que modifiquem plantas para que contenham mais nutrientes.
    Algo que me assusta é o fato que a alimentação de uma pessoa comum é praticamente estufador de barriga, ricas em calorias, e pouco nutrientes. Tudo pra saciar fome: a resposta neurológica à desnutrição do que consomem.
    Adorei este post, elucida muitos que não entendem de alimentação e apenas vão na onda de sugestões.

  4. @ Dra. Lulu,
    A soja round up da Monsanto é resistente ao herbicida Round Up que a mosnasnto mesma faz. Na verdade o que ela vende é o herbicida, a planta é parte do conjunto. E a planta possui um gene que não permite que as sementes geradas brotem, então o produtor deve sempre compar mais.
    O ponto é, esse é um dos transgênicos, e não me importa se ele é bom ou ruim, se for ruim deve ser proibido ou regulado. Mas não podemos abrir mão da transgenia por causa ele em específico. Existem muitos outros tipos de transgênicos, mais ou menos interessantes.

  5. Átila, acho q vc deveria ler o Mundo é o que vc come.
    Vai dismistificar essa ideia q só plantacoes de grd escala vai resolver o problema da fome no mundo. Nao é bem assim. Peça o da Paula emprestado pq o meu ja foi pro AM!! hehe

  6. Ótima argumentação Átila.
    Mais uma vez vemos os ambientalistas demonizarem uma coisa, sem o mínimo de conhecimento sobre ela. Todos comemos sementes transgênicas há anos, ainda mais os americanos. Querer que o mundo seja bonito, verde e orgânico é muito legal. Mas nada realista.

  7. @ Claudia,
    Não acho que grandes plantações são a solução, nem as pequenas. Acho que ambas fazem parte da solução (se é que tem solução), e não podemos deixar de lado.

  8. Eu adoro a história das Brassicas. P/ mim, são as plantas cultivadas mais incríveis. 🙂
    Há um outro ponto q ouvi de uma pesquisadora em solos: de nada adianta um alimento ser “organicamente” produzido, regado com água limpa, sem agrotóxicos, etc. se vc tem um solo cheio de elementos “contaminantes”. E a maior parte dos solos cultiváveis (e os q a gente compra para pôr nossas plantinhas de apartamento) o são. Pq poluímos tudo, blablabla.
    Excelente post, Atila. Parabéns! 🙂

  9. entendi Atila.. mas eu sou dependente quimica de chocolates transgenicos!!! hehehe viva o BIS!
    mas valeu, como sempre qualquer totalitarismo é burro…
    eu num tinha pensando alem da soja !! sabe q existe uma briga grande aqui no Parana com o nosso governador q abomina a soja transgenica e blokeou parte doporto pra nao contaminar a soja nao transgenica?
    polemica eterna no porto e no estado.

  10. seja bom ou ruim o efeito de um transgenico laboratorial, no maximo vai desnutrir alguns e matar uns poucos um dia. o ser humano nao tinha tolerancia a gordura e depois a gordura virou uma condiçao de sobrevivencia. nós vamos resistir a modificaçao de genes.
    uma soluçao nao abordada pelo Átila foi a reduçao da populaçao.
    imagina na vida dos milhonarios, olha a vida deles. produtos sempre de qualidade, cultura de qualidade, entretenimento de qualidade, vida de real qualidade.
    isso porque sao poucos, em um país onde só tenha milhonário existe fila de milhonário, estacionamento lotado de milhonário, vaga de iate lotada de milhonário.
    mas mantem-se a qualidade.
    o que equilibraria de fato a balança, mas é trabalhoso e ruim pra economia (triste engano), é se a populaçao se nutrisse mais com menor quantidade(comida da ACME, um comprimido com uma gota serve um banquete) ou se consumisse menos (peste bubonica, 3ª guerra mundial, gripe suína).
    eu voto na reduçao drástica da populaçao em 30 anos, como eu nao sei mas guerra destrói e recupera a economia por si só.

  11. Caro Átila.
    Não li os outros assuntos deste espaço mas este me deixou perplexo e tenho obrigação de comentar. Realmente não sei como a falta de consciencia sobre a ecologia é disseminada e há uma apologia aos transgenicos. Uma coisa é melhoramento genético através de cruzamentos dentro da mesma espécie, outra é a introdução de um gene que jamais ocorreria naturalmente.É preciso saber que 70 % dos alimentos consumidos vêm da pequena propriedade. É preciso uma revisão de seus conceitos, destacar que Toda planta enxertada é geneticamente modificada, é realmente um grande absurdo, experimente enxertar um pessego em uma laranja, uma cenoura com tomate……. A crítica aos ambientalistas é a mesma que pode ser feita aos defensores do uso de transgenicos e agrotóxicos(veneno), radicalismo é prejudicial ao convivio social. Para finalizar a transgenia é mais um erro da humanidade, não resolve o problema e sou contra porque não é natural, ou alguém conhece algo mais perfeito que a natureza?

  12. @Ricardo,
    As plantas que criamos por cruzamentos também jamais ocorreriam naturalmente, o próprio milho só pode se reproduzir se alguém desprende as sementes da espiga e espalha pelo solo.
    Quanto ao enxerto, a limitação é a compatibilidade entre as plantas, mas as que forem enxertadas devem trocar genes entre si.
    Quanto ao radicalismo que você criticou (e eu também acho válido criticar), você mesmo comete ao dizer que é contra transgenia porque não é natural. Cachorros não são naturais, galinhas não são naturais, brócoli nenhum existe na natureza, nem óculos, computadores, transplantes e outros. E enquanto assumirmos essa posição do que pode ou não baseado no que é “natural”, estaremos sendo parciais.
    Por fim, a Natureza não é perfeita, ela é um fruto da evolução atuando sobre o acaso. E nós adoramos modificá-la o tempo todo, com uma pedra lascada ou uma máquina de PCR.

  13. sem falar do ponto de vista da medicina ser a coisa mais anti darwin deste planeta né? lutar contra a seleçao natural todo dia e dá-lhe modificação nas pessoinhas… porque salvar um politrauma dum cara q se acidentou bebado, é preservar na humanidade o gene da burrice né não??
    colocar placa no femur, tirar o rim e deixar ele viver com um só( e saber q isso é possivel), fala sério…o Darwin deve dar umas tres voltas na tumba por segundo por conta disso =)
    deve ser por isso q eu quero ser cremada… hehehehe.. dae não sobram nenhum dos meus genes por aí!!!
    vou virar dona de pousada =)

  14. Acho engraçado essa utopia de “natureza perfeita”.
    Todo mundo esquece que a natureza é a coisa mais cruel que existe! Até o índios sabem disso (e quem me conhece sabe o pavor que eu tenho de índio).
    As pessoas insistem em acreditar que o que é natural é mais saudável, mas nada do que consumimos é 100% natural, tudo passou por alguma modificação, mesmo que esta simples modificação seja uma simples seleção.
    Agora, se as pessoas insistem em viver na ignorância não temos porque questioná-las, elas são felizes assim!
    Eu já desisti de argumentar com vegetarianos, hoje em dia quando alguém me diz que é vegetariano eu respondo logo: “Azar o seu!” e se tentarem me convencer da filosofia deles eu parto pra grosseria e respondo rápido: “Só discuto este assunto se vc tiver argumentos científicos pra discutir comigo”.
    Dessa forma somos todos felizes: eles acreditando no falso “orgânico” que consomem e nós tentando colaborar com a produção de algo que realmente faça sentido prático.
    Excelente post Átila!

  15. Se os transgenicos são tão bons assim porque os rótulos dos alimentos que os contém não apresentam esta QUALIDADE estampada em destaque? porque são escondidos dos consumidores? porque em alguns países da Europa a população não quer comprar transgenicos? Os transgenicos utilizam genes de uma bactéria em um vegetal por exemplo. É claro que existem desordens, e cada vez mais irão acontecer por conta do desequilíbrio. O contraditório nesta história é que aqueles que tem dinheiro compram organicos e a grande parte da população se alimenta dos produtos daqueles que enriquecem vendendo remédios e agrotóxicos. Não é preciso mudar a opinião apenas refletir o que é ética ambiental!

  16. @Ricardo,
    O destaque dado ao fato de um produto ser transgênico tem muito mais a ver com o interesse e o medo do consumidor do que com algum perigo. Caso contrário o alimento transgênico seria tarjado. E o que eu falei não se aplica apenas aos trangênicos já existentes, se os atuais são confiáveis ou não, não invalida o que se aplica aos próximos.
    Não há contradição nenhuma nisso. Donos de companhias de ônibus municipais andam de Mercedes, fabricantes de celulares populares usam smartphones, e por aí vai. Transgênicos abrem a possibilidade de tornar um alimento mais acessível, o que não é a necessidade de quem tem mais poder de compra.
    Muito do que se aplica a transgênicos é um problema para não transgênicos. Agressão ao meio ambiente, monoculturas, monopólio, cruzamento com plantas selvagens e várias outras coisas.

  17. Como de hábito, um ótimo post. Convém apenas lembrar que grande parte da produção agrícola e das áreas com potencial agrícola são destinadas à produção de proteína animal (criação de bovinos, aves, suínos, etc.) Para cada pessoa alimentada com carne, dezenas estão deixando de ser alimentadas com vegetais que não estão sendo destinados ao consumo humano. Se fossemos mais racionais seríamos todos vegetarianos e assim poderíamos alimentar melhor um maior número de pessoas.

  18. Saudações Átila !!!
    parece que a intensão é desmistificar os OGM….
    no entanto ao fim permaneces preso ao que criastes…
    o teu argumento, bem como daqueles que acreditam nisso, é o de provar o próprio ponto de vista… o teu argumento não ‘escuta’… ele só afirma… ou seja… ele é um produto pós moderno desconstrutivista… algo parecido como ‘pensamentos modificados conceitualmente’… ao restringires teu argumento para somente confirmar e ou demonstrar como as pessoas são incultas não mostra muita coisa… apenas que voce ignora o que elas sabem… talvez a guiza de um tendencia integrativa deverias ‘ver/ouvir’ mais aspectos dessa transgênia…
    teu argumento está cheio de boas intenções…
    mas ele não protege … antes… tira a autonomia…
    ele confere verdade onde ainda não há…. é aético…
    teus pressupostos obnubilam as outras facetas desse rumo… e isso não mudará o que acontece…
    restringir é uma maneira antiga de imposição…
    um totalitarismo disfarçado de democracia…
    uma enxertia existencial em nossas duvidas …
    mas, deixa isso prá lá!
    unificar as opiniões não nos levará à concordância das vontades…
    mas ficou claro o quanto entendes mas não compreende….

  19. Átila,
    aqui surge um obstáculo,
    para extender ou unzipar o comentário será necessário um descompactador que nesse caso é me dizer o que achastes interessante…

  20. Queria saber que partes estou ignorando ou devia discutir mais a fundo, já que me falta compreender o outro lado.

  21. Salve!
    bem… o caminho é intenso… extenso… e ao final é simples.
    partamos das duas frases nesse último post seu:
    “Queria saber que partes estou ignorando ou devia discutir mais a fundo, já que me falta compreender o outro lado.”
    A primeira parte “Queria saber que partes estou ignorando ou devia discutir mais a fundo” aqui posso aventurar-me e trazer erros novos… o que farei.
    Na segunda ” já que me falta compreender o outro lado.”.. fiquei um pouco confuso com esse complemento… interpretei que realmente achas isso mesmo…ou não é isso? e se assim for de certa maneira já se cumpriu algo disso…
    quiçá seja assim…
    entretanto essa segunda frase nos levará para o outro lado do rio…
    existem vários ‘lados’…assim como muitos ‘outros’…
    do meu lado posso te oferecer o seguinte…
    (seria mais eficaz se copiasse seu testo e fosse interferindo mas…vamos assim)
    boa parte do teu argumento se sustenta no fato do homem já ter interferido na natureza de algo, nesse caso, plantas…
    e que foi legal isso…
    resumindo…
    pegastes essa parte e dissestes ‘portanto’o que hoje se faz é legal também…
    no entanto não é a mesma coisa… não é do mesmo jeito…
    ….
    veja … o homem é um artífice…
    fazemos cavernas artifíciais… foguetes… teletransportamos um elétron…
    ….
    todavia, também fazemos maluquices, guerreamos… construimos armas de destruição em massa… até se apropriam indevidamente de bens que não lhe pertencem…
    ….
    já sabemos que há seres que usam essa habilidade para propósitos egoistas e tal….
    ….
    também sabemos que há uma capacidade de sermos manipulados emocionalmente… condicionados à padrões… pensarmos que o que estamos pensando é fruto de nossa percepção…
    enfim… há um lado ‘B’ que precisamos constantemente incluir quando o assunto inclui investimentos milionários pois sabemos que há uma ‘natural’ corrupção de nobres princípios…
    ….
    podemos notar isso na industria de remédios…
    e outros tantos também…
    deixo assim só prá não ficar massante pois acredito que já tenha sido possível compreender que há isso acontecendo…
    ….
    pois bem… não levar em conta essa disposição humana pode acarretar num equívoco… que quando conscientizado poderá não nos permitir reverter… como o ovo cozido que não volta a ficar cru…
    ….
    poderia citar muitos exemplos … contudo, acho que não será preciso…
    ….
    voce coloca, ao fim de tudo, que não precisamos temer essa manipulação…
    no entanto talvez seja uma novidade colocarmos partes de outras ‘naturezas’ nas plantas… os antigos faziam isso?
    ou deixar as sementes sem poder de germinação…
    o milho germina… mesmo tendo sofrido alterações…
    por que se produziria algo que não germinace?
    que implicações isso teria na estratégia de alimentar o mundo e o bolso? já que não poderei guardar um tanto de sementes para o plantio… e terei de comprá-las novamente… mais os agro-reforços …
    será que há algum interesse economico por tras desse discurso de alimentar o mundo ?
    estão realmente interessados em resolver os problemas ou aproveitam-se deles para argüir e justificar seus atos?
    por que questionar isso sou como algo inculto?
    por que ridicularizam ou tratam com ironia simpática – como é o seu caso, só prá citar, o do hamster – um movimento que também possui um caráter benéfico para o mundo.. e que também possui o seu lado ‘B’….?
    ….
    achas que a solução da fome é produzir toneladas de alimentos dessa maneira justificando o uso dessa tecnologia… isso pode ser uma visão simplista ou ingênua mas bacana querer que ninguém passe fome…
    ….
    os fins justificam os meios…
    ….
    pode ser que o problema não seja a produção de alimentos..
    ….
    só prá citar … um sul africano inventou nos anos 90 um carro movido a ar comprimido… com autonomia para muitos kilomentros…
    enfim… não conseguiu que houvesse financiamento para ele… ampliar… ah! e o custo do carro … que não polui… era baixissímo…
    ….
    o que acontece?
    alguém arranja uma solução até que barata e ninguém investe…?
    não há repercurssão?
    ….
    acho que voce não soube…
    ….
    enfim… penso que possa haver como no caso do carro movido a ar… um desinteresse também de outras tecnologias mais baratas e menos manipulativas…
    teremos de produzir um carro movido a hidrogênio…
    ….
    quero com esses comentários contribuir para que coisas estais deixando de lado e para algumas que possa aprofundar… como o caso das sementes que não dão frutos…
    um exemplo é a abóbora hokaido (não é trangênica) no entanto não dá frutos… só flores…
    e uma outra questão é como o nosso organismo pode interpretar essas cadeias no momento de quebrá-las para nutrir o corpo…
    ….
    tem mais mas já tá tarde
    mas já deu prá dar um reflexo de um outro lado
    ….
    por fim …
    creio que podemos unir nossos pedaços, ao invés, de buscar autoafirmar um lado apenas…
    creio que podemos sim avançar nessas interferências mas precisamos compreender aonde elas são mais urgentes …
    compreender que não somos constituidos apenas de fome por comida mas também por abraços afeto compreensão …
    e que isso faz uma diferença na hora de consumir …
    ….
    o Ernst que praticamente desenvolveu a agrofloresta na bahia.. é um exemplo muito curioso de intervenção inteligente na natureza… e ele é geneticista …
    no entanto a intervenção dele foi no sentido de compreender como a natureza faz para assim produzir…
    ….
    lembro dos professores da Esauc embasbacados com a convivência dele com uma enorme panela de formigas…
    como? perguntavam…
    elas lhe ensivam o que estava fazendo de errado…
    assim como os animais como plantar…
    ….
    abraços

  22. Átila,
    escrevi, escrevi e escrevi … mas, quando cliquei no submit e retornando à pagina vi que não postou…
    será por que o testo era longo?
    bem, fica prá uma próxima…
    mesmo assim sinto que há algo novo pois escreves “já que me falta compreender o outro lado”…
    oxalá seja um impulso para uma visão mais abrangente!
    abraços

  23. @Benter,
    Seu comentário veio. De vez em quando aparece a mensagem de erro, mas ele vem.
    Seus contrapontos são sempre bem-vindos, o texto fica mais rico com outra visão.

  24. Átila,
    Assim como não havia risco da barragem romper………não há riscos dos transgenicos contaminar com seus gens as sementes de plantas cultivadas. “O mundo segundo a monsanto” é um bom vídeo para ver o outro lado como se refere Benter acima. É bom que haja diversidade de pensamento e o contraponto, assim quem sabe o título que originou a conversa não passe a ser “Por alimentos mais saudaveis e naturais”. Saudações

  25. @Bender,
    Não poderia ter me expressado melhor!!
    Adoro o Rainha Vermelha mas acredito que o Átila deslisou neste post. É preciso realmente buscar entender as várias faces de um fato. Não senti preocupação ambiental no post, será que precisamos mesmo de um mundo com mais agrotóxicos? Com empresas controlando o direito de preodução de alimento? Já pensou na sustetabilidade desse sistema? Nas pequenas famílias agricultoras? No estímulo a uma agricultura baseada na monocultura?
    Não sabemos os riscos dessa “forma” de modificaçõa genética. Não caio no senso comum do natural, mas como biólogo também não posso fechar meus olhos para a situação do planeta, os riscos e desafios que enfrentamos.

  26. Epílogo
    Átila e Ricardo,
    foi muito restaurador chegarmos até aqui e não temer expôr-se…
    e a disposição como conduzistes Átila favoreceu a isso…
    embora ainda possamos alcançar o que possa ser justo e com grandeza…

    não sei qual é o teu objetivo…

    por isso um epílogo…
    como disse Platão em seu diálogos:
    ‘já que concordamos então vamos aprofundar’…

    é comum chegarmos até aqui…
    nos tornamos hábeis em constatar…

    sinto que um retorno teu sobre isso daria um sentido de diálogo…

    Ricardo,
    fiquei contente em descobrir alguém que também procura trilhar um caminho com a sabedoria de harmonizar os extremos…
    abraços e até sempre,
    Benter

  27. @Ricardos,
    Alimentos orgânicos são mesmo mais saudáveis. E grande parte dos transgênicos atuais são agressivos para o meio ambiente, embora quase nenhuma crítica seja exclusiva dos transgênicos, muitos dos pontos também se aplicam a agricultura convencional.
    O ponto que quis levantar aqui é que não existe só o lado ruim. Existem riscos, existem diversos problemas, mas o que quis dizer é que não acho que eles justificam um abandono da tecnologia.

  28. Sinceramente Dr. Átila, você não entende absolutamente NADA de agricultura! É melhor continuar estudando o HIV.
    Em primeiro lugar: o melhoramento genético dito convencional é grotescamente diferente da transgenia. Na passagem (que aliás, durou centenas de anos) do teosinto ao milho, ou da mostarda selvagem às outras brássicas, não houve cruzamento genético entre espécies não aparentadas…agora no caso do milho BT transgênico, por exemplo, existe a introdução de um gene da bactéria Bacillus turigiensis em um vegetal, algo totalmente inconcebível em um melhoramento convencional, guiado pelas leis da adaptação e da evolução. A enxertia de laranja não tem nada a ver com transgenia, isto é uma falácia completa e absurda! Não há transferência de genes entre enxerto e porta-enxerto!
    Em relação aos alimentos orgânicos, espero que você se informe melhor! A agricultura orgânica não é orgânica por ser a base de adubo orgânico – o termo “orgânica” vem da idéia de organismo agrícola, isto é, um agroecossistema funcionando de forma integrada, em uma estrutura próxima aos ecossistemas, sem precisar dos aportes energéticos imensos da agricultura química poluidora. Só para ter uma idéia, para se produzir uma caloria de milho nos EUA, no sistema de monocultura com adubações nitrogenadas pesadas, herbicidas e mecanização intensa, são gastas 10 calorias de energia oriundas do petróleo! Ou seja, a agricultura atual é energéticamente desfavorável, e só pode sobreviver através dos pesados subsídios agrícolas (basta ver a Política Agrícola Comum européia, ou as constantes rolagens de dívidas do agronegócio brasileiro para se dar conta dese fato).
    Quanto a contaminação dos produtos orgânicos por esterco, valer ressaltar que, nos sistemas orgânicos de produção, o esterco é processado através da compostagem, um processo de fermentação aeróbica que mata os organismos patogênicos. Tenho certeza que um alimento com excesso de nitrogênio solúvel (tente buscar “baby blue” no Google), carregado de pesticidas, e fruto de uma manipulação genética inconsequente, este sim, é danoso para a saúde humana.
    Poderia entrar na questão do abastecimento alimentar mundial, o embate produção x distribuição, o papel da agricultura familiar na segurança alimentar….estou preparando um texto sobre isto, e assim que terminar, te envio.
    Até breve,
    Felipe
    Eng. Agrônomo

  29. @Felipe,
    Vamos por partes:
    Não sei qual a diferença entre DNA de outro organismo e o DNA da própria planta, uma vez que mesmo plantas não transgênicas produzem toxinas à vontade. É o artificial que você teme? Tão artificial quanto estes genes é a seleção que nós impusemos sobre as plantas agrícolas, quase todas inexistentes há alguns milênios e propagadas apenas com nossa ajuda. Independentemente da seleção natural.
    A enxertia produz transgênicos sim, basta ver o artigo citado mostrando troca de genes e organelas entre as plantas de um enxerto.
    Quanto ao adubo, sou completamente à favor do uso de esterco nas plantações, mas acho que não podemos depender somente dele. Primeiro porque não há o suficiente, e segundo porque ele rende menos. Imagine o quanto não se gastaria de petróleo para carregar o equivalente em esterco de uma tonelada de nitrato puro.
    Além disso, grande parte dos problemas que são citados na agricultura tradicional são problemas de mau uso das técnicas existentes, e independem dos produtos serem artificiais. Assim como contaminamos o solo com adubo químico, contaminaríamos com orgânico, o problema não está no adubo, e sim na manipulação.

  30. Sou cientista, e trabalho na pesquisa agropecuária. Infelizmente suas idéias são forjadas por informações compradas pelas grande multi do complexo agrop. Você não sabe, mas corre perigo real, de vida, quem se opõe às grande multi. Ter blog não é perigo, mas experimenta influenciar dois ou três agricultures (que não leem blogs), eles te matam.
    Sua visão é carteziana e reduzida do que é a atividade agrícola. Os cientistas sérios e comprometidos com a humanidade, não com seus bolsos, sabem que o paradigma agroquímico é mantido pelo dinheiro e pela violência.
    Estude mais.

  31. Atila,
    Não só o texto está ótimo como a leitura dos comentários é uma aula de naturebologia.
    Cada vez entendo melhor essa atitude anti-ciência como uma posição política das mais burras: uma mistura de teorias da conspiração com antiamericanismo (talvez anticapitalismo) rasteiro.
    Chamo sua atenção para esse artigo sobre Bruce Ames http://www.the-scientist.com/?articles.view/articleNo/40054/title/Mutagens-and-Multivitamins/
    Ele fala de câncer, vitaminas, nutrição e agricultura “orgânica”.

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