Pássaros têm senso artístico?


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©wiccked

Os Bowerbirds ou pássaro cetim (termo em português, alguém? valeu Takata!) são aves da região da Austrália e Nova Guiné que possuem um jeito bem diferente de chamar a fêmea. Os machos constroem ninhos cafofos muito elaborados (obrigado, Eduardo), que chegam a levar anos para ficar prontos, e são enfeitados com uma série de objetos. A exigente companheira chega, examina o local e decide se vai ou não colocar um ovo ali com aquele macho.

Algumas espécies gostam de cores cítricas, vermelho, laranja, amarelo. Outras gostam de objetos metálicos como besouros, e até coisas azuis. Como o ninho da foto, que não é dos maiores. Claro que com os vários produtos de plástico com cores inusitadas que nós humanos produzimos, estamos dando uma ajudinha involuntária para eles.


Repare no como tudo que está ao redor do ninho foi cuidadosamente colocado. Outro vídeo muito bom aqui.

Agora, como o macho decide que objetos coletar, ou de que forma dispôr? Isso é arte? E qual o senso artístico da fêmea que julga?

p.s. Você que escreveu ou comentou sobre estas aves em algum lugar, não achei seu link para referenciar, me avise nos comentários.

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10 responses to “Pássaros têm senso artístico?”

  1. Olá, Atila.
    Uma pequena correção. A estrutura de exibição construída pelo macho não é um ninho, uma vez que as fêmeas não utilizam ela para a postura dos ovos. Acho seria mais correto chamar a estrutura de arena de exibição.
    Abraços!

  2. fui eu , lá no post das aranhas Pavão, o Edurado Santos tem razão aquele é somente o cenário da cópula não o ninho, ” só um errim conceitual” ^^

  3. Olá Átila, na minha opinião não se trata de arte….. se trata de instinto e percepção (aliada ao instinto) MUITO apurados!!!!
    Impossível o animal criar arte pois toda a sua ação é reação é em função da sua garantia de sobrevivência, no caso de sua manutenção fisiológica…
    Nesse caso, a comunicação visual existe e de forma complexa, mas não artística…
    O animal não é capaz de criar ferramentas de expressão artística, abstrair e nem de absorver experiências pessoais e criar reações emotivas individuais…
    Por isso não é possível criar arte.

  4. @Roberto,
    Concordo que se trata de instinto e percepção, mas até onde o mesmo não se aplica a nós? Temos um comportamento muito mais complexo, e conseguimos separar a arte de nossas necessidades, e fazê-la por “lazer”, mas o que o pássaro cetim faz não pode ser o mesmo em uma escala muito menor?
    Se o ninho pode ser construído de muitas formas diferentes, por que a análise da fêmea não pode ser uma crítica artística? A arte depende diretamente de ferramentas para fazê-la??
    🙂

  5. Bem, arte? ainda é muito cedo para afirmar que esses pássaros fazem arte, mas outros animais sim tem processos cognitivos que são origens da arte, pois arte como vemos é um conceito linguistico-cultural.
    Chimpanzés, Orangotangos, (estou verificando que em Macaco-Prego esses processos, ou a base desses processos constam neles também) e Alguns cetáceos são capazes de abstrair a ponto de criar um objeto imaginário, um planejamento e fabrica-lo em prática. Ou seja, consegue prever o futuro, imaginar uma vara antes de ser construida.
    E isto não só se restringe a técnicas de obtenção de alimento como também a socialização. Cada chimpanzé tem sua própria exibição e pode usar ferramentas a fim de impressionar seus companheiros, sendo uma clara expressão pessoal cuja abstração e planejaneto estão constantemente envolvidos.
    E dizer que a arte no homem é um processo em que não está em função do instinto é um equivoco, pois a arte nada mais é do que uma comunicação. Só se faz arte para estabelecer uma impressão nos demais companheiros, é a necessidade de expressar a imagem e o seu simbolo e valor(talvez esses dois sim únicos na espécie humana) aos demais companheiros e aos parceiros. E nesta comunicação, assim como outras comunicações, está imbutido as experiências pessoais. Na verdade, a linguagem é uma arte, o homem pensa em forma de arte, pensa em forma de simbolos, é uma pena da cognição que é base para o processo linguistico!
    Portanto, não duvido que o pássaro-cetim detenha processos cognitivos semelhantes e básicos a complexidade da arte que vemos nos humanos. E, assim como nos humanos a arte é a comunicação do simbolo humano, a produção dessa arena na ave possa ser uma comunicação de uma imagem estética voltado para a reprodução, com o intuito direto de atrair a fêmea, e não de expressar a imagem que a ave-cetim cria(que para isso precisaria ter consciência da imagem que sua consciência forma).
    Ou seja, talvez a evolução selecionou aves que tenham uma capacidade cognitiva capaz de criar imagens restritas a satisfazer a esfera sexual do animal, o que já é impressionante.
    Agora, para isto é preciso saber se a variação desse “artesanato” ocorre entre indivíduos de mesma espécie ou se ocorre somente entre espécies diferentes, se tornando padrão em uma espécie? Caso for um padrão da espécie, levará a crer que se trate nada mais do que, ai sim, uma percepção natural da espécie por aquele modelo estrutural. Ou seja, ai sim a criação desse modelo seja um processo instintivo e pouco tendo relação nas experiências do indivíduo.

  6. @José Gustavo,
    Muito obrigado pelo comentário, uma senhora contribuição. Realmente, preciso me informar se há (e qual seria) variação no padrão de adornamentos das aves. O vídeo dá a entender que sim, mas precisaria de algo quantitativo.

  7. É, pois no documentário um passaro usa fezes para decorar sua “cupula” enquanto outro usa besouros e materiais mais coloridos, e a fêmea visita ambas as cúpulas.
    Seria interessante buscar as pesquisas com que o documentário se embasou, talvez esse seja o maior defeito dos documentários, não por em seus créditos os artigos e seus pesquisadores com que eles se embasaram(quando foram usados).
    Bem, é um comportamento deveras espetacular, de uma forma ou de outra.

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