Vacine-se e convença outros a fazerem o mesmo


Conhecimento é extremamente valoroso, mas como alguns doutorandos acabam descobrindo tarde demais seu valor não é cumulativo. Como economistas descrevem o valor do dinheiro, sua utilidade marginal é decrescente. Um mínimo de conhecimento é tremendamente útil, mas para quem já sabe muito, um pouco mais não acrescenta tanto, assim como dentes na boca para alguns. Imagine a diferença que faria para o Amir Klink ler mais um livro sobre orientação por GPS, e o quanto isso acrescentaria para o Adelir.

O problema é que muitos sobrevivem com o mínimo. Param no limiar de conhecimento onde sabem que capim amarelo também é comida e, não morrendo mais de fome, está tudo ok. E fundamentados por esta ampla base técnica geram malditos SPAMs difamando muitas coisas que não entendem, ignorando completamente que a vacina já foi utilizada por milhões de norte-americanos e europeus sem problemas. O mesmo tipo de pessoa que embarca em terapias alternativas completamente duvidosas, desde que se baseiem em métodos naturais. – Como os gêneos que tomam EDTA sem receita na terapia quelante, para retirar os metais pesados do mal do sangue. Pena que leve os metais do bem também, como o ferro.

Mas e o mercúrio e o esqualeno?

Como o Ecce Medicus apontou, a quantidade de mercúrio contido no timerosal da vacina (utilizado como conservante) é de 1,25 a 25 μg por dose, menos do que a dose diária máxima, e muito menos do que você consumiria se comesse uma porção de cação em São Paulo (link para um PDF). – Mais um motivo para não comer tubarão.

Já o esqualeno, apontado por alguns como veneno mortal e indutor de paralisia, é um precursor do colesterol e da vitamina D que ocorre naturalmente no nosso corpo e em uma série de outros seres vivos, inclusive é uma das moléculas que deixa nossa impressão digital. Ele é necessário na vacina como um adjuvante, composto que aumenta a imunogenicidade da vacina, ou seja, permite que uma dose menor de vacina provoque a mesma resposta imune. Algo muito importante nesta vacina do H1N1, uma vez que este vírus cresce com dificuldade em ovos e rende menos doses.
Como a OMS explica, ele já foi utilizado em mais de 22 milhões de doses de vacina contra a gripe desde 1997 sem risco associado. – O que mais me irrita é que, provavelmente, muitos dos ignorantes que apontam o esqualeno na vacina desconhecem que ele é muito abundante no óleo de peixes e tubarões, como a maldita pílula de cartilagem “natural” que muitos tomariam sem pensar.

E por que não há doses para todo mundo?

Dê uma olhada no sistema de produção de vacinas da gripe atual. Não há como fazer 7 bilhões de doses em ovos, não temos o tempo nem dinheiro para isso. Mesmo que fosse necessário, as doses demorariam para ser produzidas o suficiente para o vírus mutar e não ser mais atacado. Assim, as doses disponíveis precisam ser direcionadas.

Mas não é necessário vacinar a todos. Em uma doença infecciosa, basta que um limiar de pessoas seja vacinado para que as outras estejam protegidas. Por isso as doses disponíveis são direcionadas para os grupos sob maior risco da doença ou mais importantes na transmissão dela. Se você faz parte deste grupo, ser vacinado implica em se proteger e proteger os outros.

Não seja conivente com esta ignorância. Repassar uma mensagem de que vacinas são perigosas sem ter certeza do que ela afirma, afinal isto contraria a opinião da maioria absoluta dos agentes de saúde do mundo inteiro, é dar chance para que a gripe mate quem estaria protegido. Cada vez que você faz isso, Deus o influenza realmente mata uma criancinha.

Para mais:

Esclarecimentos sobre a Vacina para Gripe A H1N1
Vacinação contra a gripe H1N1, como, quem e por quê.
Spam pela vacinação

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29 responses to “Vacine-se e convença outros a fazerem o mesmo”

    • Por outro lado, é uma pena pensar que alguém tenha tomado vacina pra proporcionar um comentário REALMENTE lMBECIL COMO O TEU. No seu lugar poderia ter rolado uma pessoa com um comentário potencialmente bacana. #DarwinFAIL

  1. Olá Atila. Sempre leio seu blog, mas é a primeira vez que comento. Então, discutindo sobre esses boatos que circulam sobre a vacina com algumas colegas e uma professora de estágio (sou granduanda de enfermagem), estas trouxeram-me a informação de que a referida vacina estaria causando um número “alarmante”(sic) de casos de Síndrome de Guillain-Barré. Que somente nos Estados Unidos foram registrados 5000 (cinco mil) casos desta síndrome e “confirmados!!!”(sic). As minhas dúvidas são as seguintes:
    1- Estes dados são verdadeiros?(creio que estão confundindo com o caso de 1976, que não sei se é verídico também, mas que circula neste spam da internet);
    2- Como posso argumentar com pessoas que aparentemente sabem mais do que eu sobre esta vacina?(digo aparentemente porque ao que me parece estas pessoas andam se informando através de spams…).
    Espero que não tenha me alongado no meu comentário, espero que ele seja respondido e mais ainda, eu tomarei sim a vacina! Abraços!

  2. Atila, a minha dúvida é a mesma da Isis. Na especialização que estou cursando a maior parte dos biológos disse que não vai tomar porcausa da Síndrome de Guiallain-Barré que ocorreu nos Estados Unidos em 1976. Como e onde podemos procurar para sabermos mais dados seguros para até mesmo desmentir o spam?
    Agora exagerando um pouco: Alguem garante que não vai acontecer igual aquele filme “Eu sou a Lenda” que as pessoas foram vacinadas e o vírus sofreu mutação e contaminou todo mundo. E você, Atila vai tomar a vacina?

  3. @ Isis e Márcio,
    Conforme eu e o Kentaro discutimos aqui:
    http://scienceblogs.com.br/100nexos/2009/05/gripe_suina_vamos_todos_morrer.php
    http://scienceblogs.com.br/rainha/2009/05/gripe_suina_-_licoes_do_passad.php
    Foram cerca de 25 casos fatais de Guillain-Barré em 45 milhões de vacinados. Mesmo que todos os casos realmente fossem causados pela vacina, seria uma chance menor do que 1 em 1 milhão, enquanto a gripe mata cerca de 1 em mil.
    Ainda temos que considerar que Guillain-Barré é uma doença auto-imune de diagnóstico bem complicado, que recebeu uma enorme atenção depois da campanha de vacinação, e muitos dos casos diagnosticados podiam estar desapercebidos antes da cobertura que a mídia deu. Isso é reforçado pela vacinação da Holanda, que distribuiu 1 milhão e meio de doses da mesma vacina e não registrou nenhum caso de Guillain-Barré.
    Os EUA e a Europa já utilizaram 60 milhões de doses de vacina sem problemas. E o vírus não tem como sofrer uma mutação e contaminar todo mundo porque ele é destruído. A vacina não é composta de vírus, apenas pedaços dele.
    E eu vou tomar.

  4. O que preocupa meu pai em tomar a vacina é a Síndrome de Guillain-Barré, visto que a mãe dele teve e morreu pouco tempo após a doença. Ele está pensando em não tomar, ainda mais depois de lermos por aí sobre (no wikipedia, neste mesmo blog). Ele não está na faixa erária, porém é diabético… Seria melhor tomar, né? Mas o cara tem que ser muito azarado para desenvolver a Síndrome por conta da vacina. Mundo injusto…
    Veja o segundo comentário http://scienceblogs.com.br/rainha/2009/09/blogando_sobre_gripe_iv.php
    É meio preocupante. Ainda há a possibilidade da Síndrome ser causa pela vacina?
    Obrigado

  5. @Courant,
    Dá uma lida no comentário que deixei logo acima. Por mais que não possamos excluir a vacina como causadora da Síndrome em 1976, a Holanda aplicou 1,5 milhão de doses da mesma e não observou nenhum caso de Guillain-Barré. Os riscos que ela apresenta são muito menores do que a gripe.
    O que não sei é se há algum componente genético importante envolvido, e se seu pai teria mais propenção a desenvolvê-la. Aconselho que vocês procurem um médico, tanto para saber se há esse perigo quanto se ele tem mais necessidade de tomar a vacina por ser diabético (acho que sim).

  6. Atila (O Huno?)
    Obrigado. Vou seguir seu cnselho.
    Grato pela atenção.
    Abraço.
    P.s.: Gostei da parte “estou lendo”. Quando você puder, pode até criar um post sobre livros para leigos na área. Creio que muitos irão gostar. Parabéns pelo blog. Sensacional.

  7. Oi Atila, eu conheço um casal de amigos que tem um filha de 6 meses que moram no Canadá e eles resolveram não tomar a vacina e nem dá para a filha. A mãe da garota me mandou um email dizendo que consultaram o médico da família e este disse para eles se vacinarem. Mas eles como disse acima resolveram não tomar e ela diz no email que meses depois apareceu na televisão que várias organizacoes estavam sendo processadas por manipularem os dados no sentido de levar a toda a população a se vacinar. Mas me tire uma dúvida, Atila, a vacina daqui do Brasil foi feita aqui ou veio importada de outros lugares do mundo?

  8. Estou gostando muito do seu aprofundamento na vacinação da gripe,considerando o mar de informções divergentes que quase nos afoga diaremente sobre o assunto. Como médico, também estou fazendo minha parte no blog www.hiperboriax.blogspot.com . Quem quiser outras informações (e algumas piadas 🙂 do assunto pode acessar e podem perguntar no comentários.

  9. @Flávio,
    Perdeu a credibilidade por quê?
    @Márcio,
    Nossa vacina é importada sim, uma parte é feita pela Sanofi-Pasteur, que é o que está sendo embalado pelo Butantan e outra veio da Bristol-Meyers, se não me engano.

  10. se as pessoas que tomaram a vacina com adjuvantes desenvolverem alguma doença ou morrerem o ministério da saúde vai se responsabilizar?

  11. @carla fernandes
    Em qual fonte você obteve essa informação? Pelo que eu sei os adjuvantes estão presentes em TODAS as doses da vacina…
    Pelo menos o governo está deixando a vacinação voluntária. Se ele fizesse (o que eu acharia certo) obrigatória, teríamos uma Revolta da Vacina 2: A Missão

  12. vi a bula da vacina e lá está mostrando que tem laboratório que produziu com adjuvante e outros sem, da uma olhada. Queria saber se a quantidade de esqualeno que tem na vacina pode causar doença auto-imune?

  13. @Carla,
    O adjuvante é parte do processo de produção de cada fabricante, com tecnologia patenteada e tudo mais. A variação (se tiver) se dá por isso, alguns laboratórios desenvolveram a vacina com ele e outros não.

  14. sou enfermeira e já tomei a vacina! peço pelos meus filhos que não estão na faixa etária a ser imunizada!, que todas as pessoas nas faixas abrangidas que tomem, e se caso tenham alguma reação que vai desde cefaléi, vômitos até dores no local de aplicação que procurem uma unidade básica de saúde para notificar o caso, assim o enfermeiro irá notificar toda e qualquer reação ao orgão competente ( recomendações do MS). Até o momento não tivemos nenhuma reação mais grave que pudesse levar a hospitalização ou óbito. Se isto acontecer certamente a imprensa divulgará.

  15. Caro Átila.
    Tomei a liberdade de mandar seu post para todos meus conhecidos, para ver se param de encher minha caixa postal de baboseiras sobre os “perigos” da vacina. Realmente concordo com outra leitora, estamos revendo a Revolta da Vacina. Abraços. Cristiane

  16. Esse gráfico sugere o que normalmente acontece quando um vírus sofre uma grande modificação: no impacto inicial, há um aumento no número de mortes de infecção pelo vírus. Mas veja que esse momento é único para cada modificação e esse momento, no caso da h1n1, é mostrado no gráfico que você apresentou.
    Para que a sentença “vacina contra a gripe: cada vez que alguém deixa de tomar, o influenza realmente mata uma criancinha” seja verdadeira, considerando o gráfico, precisamos que alguma dessas premissas seja verdadeira: ou a vacina da gripe é eficiente contra uma grande modificação do vírus ou você tomar a vacina agora vai prevenir o impacto do novo vírus no passado. A primeira é falsa porque é impossível fazer uma vacina para um vírus que ainda não existe e, no caso dessa grande modificação, é indiferente se você tomou ou não a vacina, o impacto irá acontecer de qualquer forma. Se a vacina da gripe comum existente àquela época fosse eficiente, não precisaríamos de uma nova vacina só para o H1N1. A segunda é obviamente falsa, visto que não existe vacina retroativa.
    Então podemos concluir que deixar de tomar a vacina da H1N1 agora é tão arriscado quanto foi de deixar de tomar a vacina da gripe comum, ou como sempre foi para a gripe em geral. Veja que não chegou, nem de longe e bem cego, a se caracterizar uma pandemia. Não é para esse alarde todo que há acerca disso – um professor daqui da faculdade, que trabalha com vacinas e nanotecnologia, falou que essa história de pandemia é pra boi dormir. O que era verdade antes, não deixa de o ser agora. Gripe é gripe.
    Veja que você age como se o risco do H1N1 fosse cumulativo, somando o risco do impacto inicial e o do risco atual e fazendo campanha de vacinação em cima disso. Na verdade o risco atual substitui o risco do impacto inicial e é o mesmo que sempre foi para a gripe. Não há como prevenir o impacto, só amenizar com medidas que fortaleçam o sistema imunológico e o ajudem a vencer o vírus.
    Se os e-mails exageram por um lado, você não deixam por menos e exageram pelo outro. É interessante essa reação humana de radicalizar tudo, tanto os mais quanto os menos.

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