Semper Augustus. Fonte: Wikimedia
Adoro quando consigo combinar biologia e arte, e hoje tenho um exemplo belíssimo. A aquarela de cima, de um artista holandês desconhecido, é da tulipa Semper Augustus. Durante a tulipomania, período entre 1634 e 1637 na Holanda em que os preços de tulipas subiram absurdamente, na primeira bolha econômica de que temos registro.
As tulipas eram negociadas em mercados especiais, e variedades com cores “quebradas”, diferentes padrões que variavam as cores mais simples, eram as mais valorizadas. A Semper Augustus, pintada acima, foi a tulipa mais cara e chegou a custar 5500 florins, o equivalente a mais de 100 mil reais em ouro atualmente.
O que tornava estas tulipas especiais era o fato da quebra de cores ser imprevisível, e as flores “quebradas” não podiam ser reproduzidas por sementes e davam poucos bulbos, caríssimos.
Atualmente, sabemos que esta quebra acontecia por causa de um vírus, o vírus do mosaico da tulipa (TBV), que destrói algumas células pigmentadas das pétalas, e é transmitido por pulgões, sem infectar as sementes. Por isso seu aparecimento era imprevisível, e a planta se reproduzia com mais dificuldade.
Atualmente, sabemos que esta quebra acontecia por causa de um vírus, o vírus do mosaico da tulipa (TBV), que destrói algumas células pigmentadas das pétalas, e é transmitido por pulgões, sem infectar as sementes. Por isso seu aparecimento era imprevisível, e a planta se reproduzia com mais dificuldade.
Quem diria que uma planta doente seria mais valiosa?
Mais detalhes sobre a história e sobre o vírus em um outro local, em breve…
Garber, P. (1989). Tulipmania Journal of Political Economy, 97 (3) DOI: 10.1086/261615
5 responses to “Beleza Viral”
Bem, tem o caso do foie gras que entopem a ave de comida até ficar com cirrose e um fígado inchado.
E tem tb uma iguaria do Sudeste Asiático, caranguejo fêmea doente – fêmeas doentes ficam com a ova cremosa e os chefs locais consideram uma coisa fina – em inglês chamam de “Yellow oil crab”.
Nosso gosto por caça tb acabou selecionando cães acondroplásicos – como basset – para entrar na toca de pequenos mamíferos.
[]s,
Roberto Takata
lindo Texto Átila, e imagem, também gosto de contaminar arte com ciência, assim como neste post. e as conversar sao vantajosas, para os dois lados…
abração!
Hummmm, pétalas de bacon…
Primeiramente, parabéns pelo blog!
Sou estudante de biologia e me divirto com o seus posts.
Em segundo lugar (razão principal para o comentário), logo que vi, associei a figura às pinturas de Jacob Marrel, que retratava tulipas e insetos incrivelmente bem!
Que lindo!