
Imagem do ótimo XKCD retirada descaradamente do Carlos Orsi.
Tão certo quanto o fato de que qualquer teoria imbecil terá seguidores, é o fato de que um deles vai ser mais esperto do que todos e acusar quem se opor opuser de estar no bolso de [organização do mal relevante no contexto]. Sério, contrarie alimentos orgânicos pelo que quer que seja, e você será pago pela Monsanto. Contrarie qualquer terapia alternativa e você estará automaticamente na lista de pagamento da indústria farmacêutica. Enquanto você que defende cromoterapia, florais, autohemoterapia, homeopatia e sei lá mais o quê está fazendo um bem para o mundo e lutando contra os gananciosos. Óbvio, não?
Eu mesmo já fui incluído na lista de pagamento de várias empresas segundo alguns comentários feitos aqui no blog, só não lembraram de pegar o número da minha conta. Uma das vezes foi quando defendi o uso das vacinas contra a gripe, fui acusado de ignorar o fato de que o mercúrio contido nela pode causar autismo, principalmente quando a gripe teria sido inventada justamente para vender vacinas. Quanta ironia.
Quem começou esta onda de medo e sugeriu a ligação entre vacina e autismo foi o inglês Andrew Wakefield, ao publicar um artigo na revista Lancet com 12 crianças que teriam desenvolvido sintomas de autismo e irritação do intestino cerca de 6 dias após a vacinação com a vacina tríplice (sarampo, rubéola e caxumba), em fevereiro de 1998. Não vou explicar aqui como demonstraram que ele falsificou os dados desde o começo, forjando datas para que os sintomas tivessem aparecido logo após a vacinação, utilizando crianças (5 das 12) que já haviam sido diagnosticadas com problemas de desenvolvimento antes de serem vacinadas, declarando que todas seriam autistas quando 3 delas não receberam este diagnóstico, ou outros indicativos de quão fraudulento foi seu trabalho. Tudo isso pode ser lido em detalhes aqui.
Na verdade, quero falar das motivações de Wakefield.
Além da fraude envolvida na elaboração do artigo, o jornalista Brian Deer do Sunday Times encontrou uma justificativa mais do que nobre para o ataque à vacina tríplice. Ainda em
junho de 1997, meses antes do artigo ser publicado na Lancet, Wakefield já havia depositado uma patente na Inglaterra de uma “versão mais segura da vacina contra o sarampo”, que segundo ele “evitaria problemas associados ao crescimento do vírus do sarampo no intestino e desenvolvimento de problemas associados à vacina tríplice”. Ou seja, a premissa de sua patente era que a vacina tríplice seria problemática, ele precisava que ela fosse desacreditada.
De acordo com a lei de patentes britânica, que dá até um ano para que os detalhes da patente sejam publicados após seu depósito, em julho de 1998 vieram os detalhes da proposta. A vacina patenteada no ano anterior seria capaz de promover o “tratamento de doença inflamatória do intestino e da desordem comportamental regressiva”. Andrew se referia ao autismo como desordem comportamental regressiva. Sua vacina seria capaz de curar ou pelo menos amenizar o autismo.
Mas a picaretagem não acaba na patente de algo que só faria sentido se a vacina tríplice fosse desacreditada. Além do lucro em cima da desgraça alheia, em cima de pessoas que já passam por uma situação complicadíssima e ainda tinham que conviver com a idéia de que a vacina que deram para seus filhos causou isso tudo, Wakefield ainda estava sim no bolso de interessados. Ele, entre outros envolvidos, recebeu mais de 400 mil libras do grupo que após sua publicação promoveu processos milionários contra fabricantes de vacina. O mesmo grupo que lhe forneceu os pacientes de seu trabalho, filhos de pais que já eram contra a vacinação.
Agora vamos ver. O médico inglês que forja dados em um artigo com a grande amostra de 12 crianças fez uma patente antes, que se beneficia e depende dele desacreditar a tríplice então adotada, e ainda recebe dinheiro e pacientes da associação que usa seu artigo para processar empresas está certo, e eu que digo que vacina é importante baseado em todos os outros milhares de trabalhos, com milhões de pessoas estudadas, estou errado? Estou sendo pago para isso?
Tudo isso que falei foi para trazer a discussão para um evento que acontece Sábado! nesta sexta-feira dia 5 de fevereiro às 10:23 da manhã. É quando acontece o movimento 10²³ – Homeopatia é Feita de Nada, onde várias pessoas ao redor do mundo vão tomar uma overdose de remédios homeopáticos para demonstrar que, após as trocentas diluições que eles sofrem, não sobra uma molécula do que quer que seja o princípio ativo. Mais detalhes sobre por que a homeopatia é besteira aqui e no site do movimento no Brasil.
A homeopatia segue a mesma linha da campanha anti-vacinação. Seus defensores são os primeiros a apontar o dedo para quem se opõe e acusar o mesmo de ser pago pela Big Pharma. Agora, eu me pergunto, por que homeopatas cobram por um remédio que é basicamente água, de acordo com o que eles mesmos dizem, e pode continuar sendo produzido simplesmente adicionando mais água, quando teoricamente fica ainda mais potente? Eles também gastam bilhões anualmente para testar seus remédios em milhares de animais e pessoas antes de colocá-los no mercado? O açúcar que usam precisa ser extraído de unicórnios?
O que me traz ao argumento que me vem na cabeça toda vez que lembro daqueles malucos que dizem se alimentar de luz do Sol – deixa eu trancar um aqui no meu quintal por dois meses e começamos a discutir – por que ser tão egoísta? Se você tem uma técnica que basicamente permite produzir remédio a um custo desprezível simplesmente adicionando água, por que não pegar o primeiro vôo para Uganda, montar uma barraca ao lado de um lago ou uma fonte de água mineral, e distribuir gratuitamente anti-malárico, antivirais contra o HIV, remédios contra parasitas intestinais, antibióticos e qualquer outra coisa que pode curar e salvar milhões de vidas? Sério, milhões de pessoas morrem todos os anos por falta de acesso a drogas que custam muito pouco, por que não ajudá-los?

Vejo duas respostas para esta pergunta. Ou homeopatas estão lucrando em cima da desgraça alheia, em cima de doentes, vendendo algo que sabem não funcionar, ou são os maiores hipócritas e egoístas que a humanidade pode conceber, cobrando pelo que poderia ser a cura de milhões. Mas quem sou eu para falar alguma coisa, com a conta recheada de dinheiro extorquido pela indústria farmacêutica.
“por que não pegar o primeiro vôo para Uganda?”
Eles já pegaram. Financiada por donativos(sabe-se lá de onde), uma fundação de defesa da homeopatia convenceu o governo sul-africano que a AIDS-SIDA era produto da dominação imperialista e só podia ser tratada com preparados homeopáticos. O mesmo governo que não acreditava na transmissão por relações sexuais acreditou nisso (quanta credulidade) e como resultado distribuiu gotinhas de água e bolinhas de açúcar em lugar do coquetel anti-retroviral. Como consequência morreram milhares de pessoas. Homeopatia mata! .
Excelente discussão sobre as vacinas e o autismo. De dar inveja, até porque eu tenho um texto longo e muito parecido no forno. Vou tentar modificá-lo e ensaiar um bate-blog, termo inventado pelo Dulcídio do Física na veia!
Atila, nós deveríamos abrir uma conta conjunta para ver se fica mais fácil de receber esse dinheiro, porque eu também fui acusado disso e até agora nenhum tostão apareceu.
Caro amigo, me parece acertado colocar em debate esta questão da eficácia real da homeopatia e seus limites terapêuticos.
O que não me parece correto é condenar de modo tão concludente e sem fundamentação adequada (o que é temerário para alguém que se intitula cientista) uma prática que se revela eficaz em muitos casos.
Como afirmar que a homeopatia é meramente efeito placebo se ela tem efeitos substanciais em bebês? Eles não têm consciência formada, ainda, para deixar-se influenciar pelo efeito psicológico do remédio inócuo (“efeito placebo”).
Ademais, me parece que um cientista deve dominar o vernáculo, mais do que os cidadãos “comuns”. Ocorre que você escreveu: “Tão certo quanto o fato de que qualquer teoria imbecil terá seguidores, é o fato de que um deles vai ser mais esperto do que todos e acusar quem SE OPOR de estar no bolso de [organização do mal relevante no contexto].”
O correto seria escrever “acusar quem SE OPUSER”. Me desculpe, mas foi um erro crasso.
Sugiro, ainda, que vc escreva o seu sobrenome com letra maiúscula, esta é outra regra do bom português.
Evidentemente, a homeopatia tem limites terapêuticos,e isto deve ser muito bem estudado antes de ser emitido qualquer julgamento conlusivo. E, de fato, os “juízes-cientistas” além de serem competentes, têm que ser totalmente imparciais (diante da corrupção enorme que rola nos bastidores da ciência hoje em dia).
Acho que, ao lado “cientistas” picaretas, muitos cientistas honestos se deixam dominar por uma aversão contra aquilo que não entendem, ou que ainda não tem explicação satisfatória. David Servan-Schreiber é um cientista sério que aborda muito bem esta questão. Sugiro a leitura deste autor.
Como não há consenso ainda no meio científico sobre a homeopatia, penso que o mais prudente seria somente debater de modo racional e manter a mente aberta, e não concluir apressadamente. Nada é mais anticientífico do que conluir precipitadamente.
Apenas a título de esclarecimento, não tenho interesse financeiro no assunto, sou mestrando em Direito, e cultivo a filosofia nas horas vagas.
Augusto,
Ainda não há consenso na ciência sobre a existência de dragões e unicórnios. Vamos debater de modo racional e de mente aberta? Não seja anticientífico!
Só um pitaco: o efeito placebo já foi demonstrado em diversas espécies de animais (ratos, coelhos, cachorro, e alguns primatas), e há evidências fortes de que não há a necessidade de pressupor a “consciência” como fator determinante do efeito. Algumas teorias importantes sobre a gênese do efeito placebo são baseadas nos mecanismos de condicionamento reflexo e tem sido muito bem sucedidas em explicar os resultados dos experimentos.
Há, ainda, alguns experimentos mostrando que, em humanos, o efeito placebo pode ocorrer mesmo quando a pessoa SABE que está ingerindo pílulas de açúcar sem nenhum princípio ativo. Isso fortaleceria ainda mais a hipótese de que há mecanismos de aprendizagem e de condicionamento reflexo envolvidos no efeito placebo.
O argumento de que a eficácia de homeopatia não pode ser devido ao efeito placebo PORQUE ela “funciona” em animais e bebês já caiu por terra faz um bom tempinho. (Os primeiros estudos sobre isso são da década de 70!!!)
@Leandro,
Lembro desse rolo sim, mas foi pq tentaram convencer o mundo que a AIDS era causada por cansaço e exaustão do corpo e do sistema imune, e podia ser tratada com vacinas. Calhou da África do Sul comprar o argumento e fazer o serviço que fizeram. Mas não lembro disso ser vinculado à homeopatia (e concordo que ela mata). Acontece que o HIV é um tópico à parte, ficou conhecido por infectar gays, o que mudou completamente a maneira como os “héteros” encaram a doença.
O Carlos Orsi tratou bastante no blog dele sobre o caso da vacina e autismo, recomendo a entrevista com o autor do livro O Vírus do Pânico aqui: http://www.twiv.tv/2011/01/23/twiv-117-the-panic-virus-with-seth-mnookin/
@Igor,
Essa maldita indústria farmacêutica que passa a perna até nos funcionários.
@Augusto,
Obrigado pelas correções gramaticais. Quanto ao meu sobrenome, trata-se de um i maiúsculo, se isso dissesse respeito a você algum dia.
Não dá para manter uma mente aberta para a homeopatia quando Avogrado já acabou com o argumento há 200 anos.
@Augusto
Claro, podemos debater e esperar que a ciência avance nesse campo, mas você não acha que enquanto isso vidas estão sendo perdidas? A eficácia do Efeito Placebo ainda está em campos longínquos, portanto, não me oponho que procurem avançar nesta área, mas ai ao ponto de vender um remédio ineficaz que propõe uma falsa-cura são outros quinhentos.
Eu tenho uma leve crença que o Efeito Placebo funcionaria da seguinte forma: o corpo identifica a substância ativa que foi diluída, logo após ele reage como se houvesse uma grande quantidade daquilo quando na verdade não há. Nosso corpo compreende a tarefa da substância e reage como se ela estivesse ali. De qualquer forma eu não compreendo plenamente o assunto, apenas digo o seguinte: Enquanto não for estudado, analizado, testado e comprovado que uma porção de absolutamente nada possa curar as pessoas das mais diversas doenças, a Homeopatia não deve ser usada.
Ainda há a hipótese de que o poder está no açúcar.
Um abraço. Mark.
Ok meus amigos, o debate é sempre bom e construtivo. Vamos ver, contudo, se ele é possível.
Querido amigo Luiz Bento, não sei o que você estuda, já que não indicou (acho que deveria ter indicado), mas a sua manifestação lacônica é sem pé nem cabeça. Dragões e unicórnios nunca sequer foram vistos por ninguém em sã consciência. Nunca foram objeto nem mesmo de especulação filosófica séria, que dirá de estudo científico. Com a homeopatia NÃO ocorre o mesmo. Esta é uma prática real, e tem sido objeto de estudos científicos. E o fato é que não há consenso científico sobre a sua ineficácia absoluta. Sugiro, modestamente, o estudo de filosofia para que você aprenda a ter mais humildade e a formular suas proposições de forma mais rigorosa. De qualquer modo, obrigado pela sua participação neste saudável diálogo.
Gostei muito do pitaco da Ana Arantes. Bastante esclarecedor. Reparem que ela fala em evidências fortes e em hipóteses. Toda hipótese é uma idéia possível, e é possível que alguém já considere as hipóteses citadas pela Ana como teorias. Mas, repito, o fato é que ainda não parece haver consenso na comunidade científica sobre a homeopatia.
É óbvio que o efeito placebo existe mesmo, e pode existir em crianças e animais como nos mostra a Ana. Mas me parece que o que precisa ser comprovado cabalmente é a ausência de nexo causal entre a melhora do paciente e a ação fisiológica do medicamento homeopático, e não simplesmente a existência do efeito placebo de modo geral. Este todo mundo sabe que existe.
Evidentemente a homeopatia, se tiver algum efeito real (além do placebo), tem limites terapêuticos. Usá-la p tratar doenças graves como AIDS, câncer etc, seria no mínimo ingenuidade.
Esclareço que não estou defendendo a homeopatia, mas somente a condenação de uma disciplina, sem que esta condenação tenha uma fundamentação clara, completa e aceita pela comunidade científica de modo geral. Busco somente a verdade sobre o tema, e os argumentos citados neste blog que se propõe a ser científico não me convenceram ainda. Talvez a leitura de outros textos mais bem fundamentados me convença.
Prezado Átila, aceito o seu agradecimento sobre a língua portuguesa, e peço-lhe desculpas pelo meu equívoco com relação ao seu nome. Bom, já que vc optou mais uma vez por condenar sumariamente a homeopatia ao invés de expor claramente os argumentos contra ela (esta segunda opção – expor os argumentos – é a que a meu ver seria verdadeiramente científica e facilitaria bastante o debate, sobretudo em se tratando de cientistas de áreas diversas, como é o nosso caso), vou ter que pesquisar mais sobre o tema (inclusive pesquisar de que forma o pensamento de Avogadro conduz à conclusão de que a homeopatia é inócua).
Qdo chegar a alguma conclusão voltarei aqui, se o debate me parecer possível.
Abço
Faltou uma palavra numa das partes do meu post anterior. Segue a forma correta, para maior clareza e compreensão:
“Esclareço que não estou defendendo a homeopatia, mas somente questionando a condenação de uma disciplina, sem que esta condenação tenha uma fundamentação clara, completa e aceita pela comunidade científica de modo geral.”
Opa, não resisti e resolvi postar mais uma idéia que me ocorreu.
A proposição “a homeopatia mata” é mal formulada, do ponto de vista lógico-material.
É um juízo formulado com o claro intuito de contrapor a homeopatia (supostamente ineficaz) à alopatia (supostamente eficaz). Ocorre que a alopatia (assim como qualquer outra orientação terapêutica) também pode matar, se utilizada de modo inadequado.
A proposição correta seria, portanto: “a homeopatia, assim como a alopatia ou qualquer outra orientação terapêutica, pode matar se utilizada de maneira inadequada”.
Poder-se-ia acrescentar, também: “todo profissional de medicina que gera a morte ou sérios danos à saúde de outrem por utilização inadequada, culposa ou dolosa, de métodos terapêuticos, deveria ser condenado à uma pena compatível com a sua culpabilidade”.
E os juízos corretos derivados destes dois poderiam se seguir, abarcando o nosso judiciário tosco (que não condena quem deveria condenar), nossas instituições científicas em grande parte imaturas e insuficientes, nosso povo desinteressado em ciência, nossos “cientistas” desinteressados em debate, nossos políticos interessados apenas em ganho pessoal etc etc…
Tirando um pouco a roda de assunto dos comentários, apenas gostaria de dizer que dia 05 de fevereiro cairá no sábado e não na sexta-feira como é mostrado, hehe…
Abraços…
@Augusto,
Você tem, razão, eu não argumentei. Pelo simples fato de que isto já foi dito várias vezes. Deixo por conta deste vídeo do Dawkins explicando a concentração de moléculas na água para mostrar o que a constante de Avogrado implica: http://www.youtube.com/watch?v=8KbLHii8M2A
E a homeopatia não é uma questão aberta na ciência. Ela já foi resolvida há décadas, não funciona. A demonstração do argumento está na mão dos homeopatas, para mostrar que ela funciona, o inverso, mostrar que ela não funciona, já foi demonstrado milhares de vezes.
Augusto Mascarenhas,
Bem engajadas as suas opiniões, hein? Que tal ser mais mente aberta e refletir sobre a lógica e os fatos para formar uma opinião?
O público desse blog é formado por pessoas que já consumiram um bom tempo lendo, pensando e formando uma opinião sobre o assunto. A maior parte de seus próprios questionamentos será respondida por você mesmo, quando puder juntar uma quantidade suficiente de conhecimento sobre o assunto.
Essa discussão toda sobre efeito placebo em bebês não tem razão de ser, porque os experimentos duplo cegos foram estabelecidos exatamente para serem imunes aos efeitos psicológicos (pesquise).
O perfil do Luiz Bento e o que ele pensa está plenamente disponível no blog acessível pelo link em seu nome (leia).
E já foi provado cientificamente que a homeopatia não funciona (clique nos links): gastemos os recursos disponíveis para pesquisa testando as ideias que ainda não foram refutadas.
Prezado Augusto,
Concordo com seu ponto de vista sobre não condenar a disciplina. Mas tenho que acrescentar: se algo pode ter conseqüências tão graves, seria melhor que sua comercialização fosse proibida e restrita sua utilização permitida somente para testes em laboratório, até que o nível de atuação fosse exatamente determinado. Desta forma, protegemos os usuários de possíveis enganos, e os homeopatas podem dizer a comunidade científica como exatamente a “ciência” da homeopatia funciona.
Acrescentando,
Não sei se a idéia ficou clara, mas quem tem de fazer testes e criar um método cientificamente verificável por outrem, devem ser os homeopatas. Afinal, afirmações extraordinarias…
A tal homeopatia anda dando o que falar.
Atila, acho que esse ser Augusto é criação sua para movimentar comentários no blog. Quero deixar claro que ele é chato pra caramba, mas serve bem de personagem passivo-irritante que fala como entendido mas não crê em unicórnios.
O cara vem cheio de “vamos debater” e não apresenta argumento algum.
Obs: Unicórnios tem mais embasamento científico que remédios homeopáticos.
God is a troll.
Citei esse post como sugestão de leitura em meu blog sobre a homeopatia. Se quiser ver, acesse aqui: http://www.nano-macro.com/2011/02/homeopatia-e-1023.html
Abraços…
Átila,
Cheguei em casa e olhei o livro Bad Science do Ben Goldacre. O sujeito que foi para a África do Sul se chama Mathias Rath. Ele tratava AIDS-SIDA com vitaminas. Como o efeito é o mesmo da homeopatia confundi as duas.
Augusto,
Desculpe mas Homeopatia mata mesmo e isso não é mal-formulado do ponto de vista lógico-material. Para usar seu argumento, “a homeopatia, assim como a alopatia ou qualquer outra orientação terapêutica, pode matar se utilizada de maneira inadequada”. Se isso estiver correto, sempre que a homeopatia é usada para tratar alguma doença que pode causar a morte ela está matando, pois nunca é uma prática adequada para tratar doenças. Claro que quando a homeopatia trata TPM, insônia, urticária ou resfriado ela não mata. No entanto, quando usada para tratar por exemplo eczema ela pode matar. Há inúmeros casos documentados de abdômen agudo tratados por homeopatas que resultaram na morte dos pacientes, o que provavelmente (mas não certamente) não ocorreria caso fosse empregada uma técnica adequada.
Obviamente existem condições que levam inexoravelmente à morte e a medicina não pode fazer muito. Há também erros médicos. Ninguém é perfeito. Mas as práticas validadas cientificamente, ao contrário da homeopatia, sempre oferecem chances melhores que o placebo. A homeopatia iguala o placebo no melhor dos casos. No pior, mata.
Bom Dia a todos,
sugiro a leitura da postagem abaixo e respectivos comentários sobre o assunto.
Um dos comentaristas sugere vários links de pesquisas feitas sobre a homeopatia, caso alguém se interesse.
http://scienceblogs.com.br/uoleo/2010/05/alopatia_e_uma_farsa.php
No mais, acho essas discussões cansativas e pouco intrutivas; e, a manifestação programada para o dia 05, uma perda de tempo.
Muito ‘eu acho e vamos bater panelas’, e pouca ciência.
Até onde me lembro, qualquer cidadão pode propor um projeto de lei.
Por que ao invés de ficarem ‘gralhando’, sem o menor resultado prático, não investem todo esse tempo e determinação para propor um projeto de lei que proíba a prática da homeopatia?
Bem explicado, bem fundamentado e bem escrito!
E para ajudar podem até anexar todas as assinaturas que quiserem, mostrando o forte apoio da renomada comunidade científica, a relevância e urgêcia do assunto.
Não sei, mas me parece que poderia ter um efeito melhor.
Que falem os doutos no assunto.
Abç.
C.
Caros amigos, só me manifestarei novamente aqui na próxima semana, depois de processar informações sobre as diversas questões suscitadas e de produzir as minhas próprias conclusões. As postagens, acerca das minhas opiniões, feitas por pessoas que não se identificaram, ou que denotam mera agressividade irracional e imatura, não serão respondidas.
Acho que há questões altamente relevantes relacionadas ao tema principal. Tendo em vista que alguns leitores manifestaram interesse em tais tópicos, explicitarei as minhas opiniões. E da forma mais clara e sintética possível (v. Navalha de Ockam), pois também preciso cuidar da vida.
Um bom fim de semana a todos.
Prezados,
Estudos científicos provam que o besouro é INCAPAZ de voar. Entrementes, este inseto voa. Vários estudos dizem que a homeopatia não funciona, todavia, todas as vezes que fiz uso deste medicamento, fiquei curado.
Não podemos descartar o empirismo.
Por outro giro, apenas para rechassar o argumento sobre o uso da homeopatia contra a AIDS, por favor, não queiramos tampar o sol com a peneira, não é mesmo?
Ademais, para os indivíduos que não possuem nenhum discernimento – e aqui me refiro aos corajosos que vão se submeter a overdose de remédios homeopáticos -, gostaria de lembrar o seguinte jargão popular: “Sabe qual é a diferença do remédio para o veneno? A dose!”.
Então, em português claro, se vc é macho e realmente acredita que a homeopatia não funciona, deixe de ser hipócrita e tenha um bom sábado, coloque sua saúde em risco e junto com ela um bilhete no seu bolso antes das 10:23 AM, com os seguintes dizeres: “Me levem para o hospital, urgente!”
Atte.,
Excelente texto. Parabéns. Apenas falha ao esconder o fato de que a astrologia já demonstrou que a homeopatia funciona. Experimentos em chupa-cabras são definitivos e mostram o que os grandes laboratórios que produzem essas porcarias de vacinas, sinvastatinas, etc. não querem que o povo saiba. Power to the people!
O grande problema é que a maioria das pessoas simplesmente não pensa. O povo repete o que lhe é dito, não questiona nada e detesta quem possa trazer dúvidas ou incertezas. Com a homeopatia ocorre o mesmo que com as religiões, um monte de idéias absurdas e irreais, que não se sustentam sob qualquer experimentação ou lógica, mas que ainda assim, a maioria defende. Nem é preciso ser cientistas para demolir o mito da homeopatia, basta constatar que no produto final não há qualquer molécula além de água. E como a tal da “memória da água” não existe (e olha que tentaram provar o contrário), aquelas bolinhas brancas são apenas nada. Recorrer à homeopatia é o mesmo que rezar para entidades sobrenaturais…… pura perda de tempo.
Discordo! A homeopatia também da vida! Faça sua namorada/parceira/esposa utilizar contraceptivos homeopáticos! E após 9 messes veremos o resultado!
Abraços
Os homeopatas de tanto diluírem o princípio ativo acabaram por diluir suas inteligências nas águas da ignorância.
Os comentários que se pretendem céticos estão parecidos com os comentários cheios de fé dos homeopatas. Alguns simplesmente odeiam “alternativos” e confundem essas atitudes como “esquerdistas” e outros acham que a frase “power to the people” é praticada por homeopatas e sonha com militares proibindo o uso de florais de bach. Como é que é a notícia de Uganda mesmo ? Acho que ugandenses não iriam engolir (…) problemas com imperialismo…
Paixões… paixões…
Precisamos analisar os experimentos que supostamente identificam um efeito de medicamentos homeopáticos. Será que essa bobagem identifica algum efeito ?
Acho perigoso o pessoal ficar tomando toneladas de bolinhas homeopáticas — risco de indigestão por engolir um monte de lactose (descobri !! são efeitos da lactose) e ficar afogados com litros e litros de água sem absolutamente nada (aí está – um efeito da água bidestilada).
Como diz Ray Kurzweil, “A verdade basica é profunda o suficiente para transcender aparentes contradições”.
Apenas tentando estender a discussão, poderíamos olhar o uso de homeopáticos pelo ponto de vista social, não tenho os numeros, mas não posso negar que ja vi muitas pessoas curarem suas alergias e outros maus menores com uso de remedios homeopáticos, obviamente receitar homeopatia para AIDS ou cancer deve ser considerado crime, mas o uso de de um placebo onde ele realmente funciona não poderia ser levado em conta?
Talvez alguns de nós consigam meditar profundamente e alterar psicossomaticamente a química de seu corpo para combater uma dor de cabeça, mas para a grande maioria tomar gotinhas de agua a cada 10 minutos é o unico jeito para lembrar de se curar, além de tomar uma aspirina, claro.
Não acredito em homeopatia, portanto não funciona pra mim, (uma pena), mas encher nosso corpo de quimicos por preguiça ou falta de tempo de sentir dor, também não é a melhor coisa a se fazer.
Enfim, minha opinião é que, as vezes, uma mentira que conforta é melhor que uma meia verdade incômoda.
Abraço!
Caramba, Tauan, os teus tres ultimos parágrafos foram muito bem escritos. Falou algo que eu concordo em gênero, número e grau. Sintetizou uma idéia bem difícil: se o placebo é pura psicossomatização, que seja usado nas devidas situações. Interessante.
Para começar sou biólogo, tenho pós-graduação e dou aulas de metodologia científica. Ou seja, conheço o método científico e acho que ele é a maior invenção humana. Agora, vamos ao tema…
Ainda não identificaram o modo como a homeopatia funciona. Do mesmo modo que não identificaram o modo como age a maior parte dos medicamentos que tomamos. Os princípios ativos dos remédios alopáticos são ‘descobertos’ testando em animais e/ou culturas de células e se observam os efeitos. Depois disso se testam nas pessoas. Mas os mecanismos de ação? São poucos que são conhecidos.
Ou seja: em ambos os casos o que vale são resultados empíricos. E como o William disse acima, existem evidências de que a homeopatia funciona.
Funciona para tudo? Óbvio que não. Doenças que tem fundo psicossomático obviamente que serão melhor tratadas do que outras. Mas já vi artigos técnicos evidenciando que pegam gripe pessoas mais deprimidas do que pessoas alegres. Ou seja, aspectos psicológicos afetam sim a saúde das pessoas.
O que me parece é que a homeopatia está ainda em um nível que a alopatia estava a uns 70 anos atrás. Ainda depende muito da sensibilidade do médico em identificar o remédio certo para o paciente certo. Faltam experimentos bem definidos, entre os homeopatas, para definir melhor os limites de atuação de cada remédio.
Preconceito é o oposto do conhecimento. Descartar de cara é tão errado como aceitar de cara.
Eu aponto o dedo pra defensores de medicinas alternativas e digo que são gente burra que vive no passado usando técnicas ultrapassadas e primitivas. A medicina melhorou muito, se aprimorou, estreitou o foco dos medicamentos, não vive mais de simpatias como era 200 anos atrás, mas essa gente que defende med. alternativa quer viver naquela época e acha que a gente tem que aceitar viver num mundo que não avança, pra frente, pro futuro.
Eu não me importo que eles, individualmente escolham se tratar com nada, ou com chás, ou com alfinetes, ou com luz, não me importo que eles sofram e morram. O que eu me importo é que o Governo usa estes medicamentos em postos de saúde. Se eu vou com um dente cariado no SUS pra obturar e o dentista me receita pílulas de açúcar? Não é pra rir!!!
André,
Se você realmente conhece o método científico, falha ao aplicá-lo à homeopatia. Ela não possui efeitos distinguíveis do placebo, daí a possibilidade de tratar melhor o que tem fundo psicossomático.
Você mesmo mostrou a distinção, quando disse que a homeopatia pode funcionar quando o médico acha o remédio certo para a pessoa certa. Remédios de verdade são primeiro testados para ver quais os efeitos que têm para depois serem aplicados à alguma doença. Já os homeopáticos, como você mesmo disse, não passam por experimentos. E mesmo se passarem, não possuem efeitos.
Não vejo motivo para dar crédito a algo que já foi testado e demonstrado falho várias vezes. Dar chance e testar é ciência, persistir no erro é crença.
É impressão minha ou não há uma discussão entre prós e contras? Vamos queimar todos os medicamentos homeopáticos!!! Vamos levar ao descrédito vários profissionais sérios e resultados!!!
Me incomoda o argumento da homeopatia na África. A maior parte dos remédios (a matéria-prima deles) não custa praticamente nada para as grandes farmacêuticas, assim como o autor diz que não custa nada para os homeopatas.
Por que eles não distribuem remédios de graça por aí? AH.
@R.M.
Remédios custam caro sim, não só pela matéria prima. A estimativa para o lançamento de uma droga nova no mercado, entre potenciais remédios que não vão para frente e testes até a aceitação e venda em prateleiras, estima-se que um remédio novo custe cerca de 1 bilhão de dólares atualmente para ser feito, que precisa ser recuperado com suas vendas para o próximo ser desenvolvido.
Homeopáticos não passam por nenhum teste desse, por isso digo que não custam. Ah, e muitos remédios são distribuídos de graça ou quase na África, mas geralmente financiados por instituições filantrópicas.
Ei Atila, parabéns pelo blog.
Assim como o placebo, homeopatia cura. O paciente não se curaria sem a pílula de farinha, portanto o “remedio” teve sua função. Trazer alivio ao paciente por enganar o organismo do mesmo eu acho, sem hipocrisia, justo.
Se é um problema uma industria ganhar milhões vendendo agua pura, eu digo que é!, mas juro, a industria farmaceutica e médica em geral é tão ou mais mau-cárater quanto a homeopática!
Não é um simplesmente problema de saúde, acho que seria até exigente demais com a pessoa comum dizer que é um problema de educação, este é um problema do sistema economico que vivemos, onde se precifica absolutamente tudo em detrimento do homem.
Eu pessoalmente prefiro que minha mãe cuide da Asma dela tomando agua pura do que fazendo uma sangria ou indo em uma benzedeira, e quando ela tiver uma crise, pode ter certeza que vai apelar para alopatias.
Sou cientista e sei que o metodo é a unica maneira do homem chegar mais proximo das verdades essenciais, mas ainda sim, não somos capazes ainda de chegar as verdades essenciais. Não tomo nada humano como verdade absoluta, principalmente quando isto esta inserido dentro do contexto da complexidade da sociedade humana
Mas enfim, este é um blog de ciencia, e a ciencia tem o direito de defender seu ponto de vista.
abs
Boa noite,
Vou dar minha opinião como utilizador da homeopatia.Passei três meses tratando minha “tosse” pela homeopatia, tomando três remédios diferentes, dois a cada oito horas, e um três vezes por semana.
Pouco depois do início do tratamento fui diagnosticado, por uma pneumologista, com início de bronquite, porém, mesmo contrário a opinião da médica, decidi seguir com o tratamento homeopático.O resultado foi bem simples, depois de meses tomando os remédios, minha tosse não parou, e ganhei uma bronquite de verdade…
Considero superficial o vídeo de Richard Dawkins indicado acima pelo gestor do blog.
A idéias de Dawkins são melhor fundamentadas em um artigo que ele publicou em 23/02/2010 ( http://richarddawkins.net/articles/5139-the-trouble-with-homeopathy ). Neste texto, ele afirma, em síntese: 1) que a melhor maneira de testar qualquer terapia proposta é o teste duplo-cego; 2) que às vezes é difícil pôr este teste em prática, mas com a homeopatia é possível; 3) que o dogma central da homeopatia é o de que “quanto mais diluído for o princípio ativo, mais efetivo ele será”; 4) que nas dosagens ditas mais efetivas pelos homeopatas a diluição é tão extrema que, para haver a mínima probabilidade de ingerir ao menos uma molécula do princípio ativo original, ter-se-ia que beber uma quantidade equivalente a toda a matéria do sistema solar; 5) diante disto, não há (no teste duplo-cego relativo à homeopatia) diferença química confiável entre a dose experimental e a dose de controle; 6) que a resposta dos homeopatas a esta questão sai do campo da química e adentra na física; 7) que eles alegam que durante o processo de diluição, e antes que o medicamento se torne diluído demais para manifestar alguma influência, o princípio ativo imprimiria uma “memória” de si mesmo na estrutura molecular da água: uma memória armazenada no padrão em que as moléculas de água são organizadas/arrumadas/combinadas umas em relação às outras; 8) Dawkins afirma, então, que embora esta explicação seja impalusível, os efeitos terapêuticos alegados são testáveis (em seguida ele propõe, detalhadamente, um modelo de experimento); 9) que se o experimento apresentar um resultado positivo, nós poderemos, depois, nos ocupar com a pesquisa de memórias moleculares e coisas do gênero; 10) que, de tempos em tempos, experimentos que parecem um pouco como o proposto por ele são realizados, sendo que, ocasionalmente, diferenças (nos resultados do grupo experimental e do grupo de controle) têm sido relatadas; mas Dawkins considera que estes resultados positivos não são convincentes, em parte por serem fugazes e irrepetíveis, e também porque nenhum dos experimentos foi feito com todos os controles listados no modelo experimental proposto no artigo; 11) que se experimentos tão cuidadosamente controlados quanto o proposto confiável e repetidamente mostrarem que as substâncias homeopáticas extremamente diluídas foram eficazes, isto significaria que um princípio físico até o momento desconhecido foi descoberto; segundo Dawkins, isto é extremamente improvável, mas não totalmente impossível; 12) por Dawkins critica os homeopatas por não estarem trabalhando energicamente no laboratório, dia e noite, para demonstrar o efeito dos seus medicamentos.
Percebe-se, então, que ao contrário do quanto afirmado neste blog, a homeopatia ainda é objeto de alguns estudos, e o teste definitivo ainda não foi realizado, segundo o próprio Dawkins (ao menos até a publicação do artigo citado).
Contudo, penso que esta não é a principal questão. Como disse antes, não entrei neste debate para defender a homeopatia. Não uso homeopatia e, de vez em quando, utilizo pouquíssimos medicamentos alopáticos. Tenho uma alimentação saudável (vegetariana) e procuro cultivar bons hábitos de vida, portanto quase nunca fico doente, e quando fico geralmente é coisa leve e fácil de curar (gripe, crise leve de rinite etc).
O fato é que o uso de medicamentos alopáticos se tornou excessivo na nossa sociedade, sendo que muitos deles são intoxicantes, debilitantes e patogênicos (muitos antiinflamatórios, p. ex., geram gastrites, úlceras etc ; antibióticos são utilizados muitas vezes de modo desnecessário, debilitando o organismo etc). Além disso, embora a linha alopática tenha enormes e inegáveis méritos, em boa parte dos casos (talvez na maioria) não cura a doença de fato, mas a torna crônica, somente controlando os sintomas.
Isto é exatamente o que interessa ao esquema simbiótico que se formou entre a indústria de alimentos (que causa doenças), a indústria farmacêutica (que controla os sintomas, mas não cura, mantendo o doente crônico como um consumidor regular de medicamentos) e boa parte dos médicos alopatas (que recebem comissões da indústria para receitar medicamentos alopáticos [isto é de conhecimento geral], e acabam receitando mesmo de modo desnecessário, e também mantém o paciente – cuja doença foi habilmente cronificada pelo remédio alopático – como um consumidor regular dos seus serviços). A mídia também entra no esquema, recebendo a sua fração para difundir a versão que interessa aos atores citados.
Segundo a representante farmacêutica que tentou subornar uma das minhas primas médicas, a maioria dos médicos recebem comissões da indústria. Este foi o argumento que a representante utilizou quando a minha prima recusou-se a entrar no esquema: “mas doutora, a maioria dos seus colegas faz isto, por que a senhora não quer?”
Evidentemente, esta relação promíscua entre médicos e indústrias compromete a confiabilidade da prática médica e gera efeitos colaterais desnecessários (sendo que alguns podem levar à morte). Sei de casos em que o tratamento com químicos quase matou o paciente ou piorou os sintomas (e isto aconteceu comigo também), sendo que havia outras formas mais naturais e eficazes de tratar o problema. Felizmente, no meu caso, eu descobri o tratamento adequado (que não foi o alopático) e me curei.
Tudo o que o esquema simbiótico citado não quer é que a população seja instruída e estimulada maciçamente a realizar mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida. Isto reduziria drasticamente os lucros do esquemão, pois a quantidade da ocorrência de doenças seria reduzida de modo espetacular.
Pode ser mesmo que, em breve, surja uma prova cabal de que a homeopatia não passa de placebo. Mas, pode-se afirmar, com certeza, que nenhum medicamento alopático é somente placebo? Será que no Brasil (o país da pilantragem) este controle é mesmo tão perfeito?
Quanto à África, não há dados, mas provavelmente os testes ilícitos que são realizados lá por indústrias alopáticas com humanos (v. o filme “O jardineiro fiel”, p. ex.) matam muito mais que os homeopatas picaretas que foram lá.
De qualquer modo, diante das incertezas existentes, melhor seria permitir o uso da homeopatia somente para algumas enfermidades crônicas leves (como a rinite alérgica). Nunca ouvi falar de nenhum homeopata que trate câncer ou AIDS com homeopatia, mas se tal indivíduo existir, ele deve ser processado por homicídio doloso.
Assim como deve ser processado (por lesão corporal ou, se for o caso, homicídio) o alopata que aplica químicos pesados (e caros) num paciente que poderia tentar, antes, outras terapias menos agressivas, mais baratas e bastante eficazes.
Creio que boa parte do sucesso terapêutico do tratamento com um “homeopata” (nos casos em que isto ocorre) deriva mais propriamente da prescrição de medicamentos que não são estritamente homeopáticos (por conterem concentrações do princípio ativo muito superiores a 30 CH) e das recomendações no sentido de mudanças alimentares e de hábitos de vida, e não dos medicamentos homeopáticos em si. Acontece que esta abordagem integral, entre os meros alopatas, ainda é muito rara (até porque a grande maioria deles adota o esquema da consulta de dez minutos, não havendo tempo para aprofundamento sobre os hábitos do paciente e nem sobre as causas mais profundas e sutis da doença).
Outra questão: acho que para que a idoneidade e honestidade do grupo que realizou a campanha contra a homeopatia fosse comprovada, este grupo teria que lançar outras campanhas, igualmente importantes, exigindo: 1) a necessidade de investigação rigorosa e punição (com a cassação da licença) dos médicos que recebem dinheiro da indústria farmacêutica ao receitar remédios alopáticos, bem como exigência de criminalização das condutas de “prescrever medicamento mediante o recebimento de comissão” e de “prescrever tratamento com grau considerável de efeitos colaterais sem antes tentar terapias menos intoxicantes, quando isto for possível”, cujos sujeitos ativos seriam os médicos; 2) o levantamento e disponibilização para a população de dados acerca da quantidade de pessoas que morrem ou têm a saúde lesada todos os anos em consequência do mau uso ou do uso excessivo de medicamentos alopáticos ou da má aplicação terapias à base de homeopatia, confrontando-se os dados; 3) a divulgação maciça dos tratamentos mais naturais, baratos, extremamente eficazes e com baixíssimos (ou inexistentes) efeitos colaterais, cuja eficácia já foi comprovada pela ciência ocidental (como, p. ex, dietoterapia associada à fitoterapia, acupuntura e medicina tradicional chinesa, medicina ayurvêdica, técnicas indianas de respiração e meditação etc – tudo isso já vêm sendo implementado pelo SUS) – evidentemente, os limites terapêuticos destas técnicas teriam que ser divulgados para a população; 4) a investigação e divulgação, se for o caso, da lista dos medicamentos ditos alopáticos existentes no mercado que não passam de placebo; 5) a exigência para que médicos, antes de entrar no mercado de trabalho, realizem um exame profissional rigoroso nos moldes do que existe para os advogados (Exame de Ordem).
Só assim este grupo poderia demonstrar que, de fato, se preocupa com a saúde da população, e não somente com os lucros da indústria alopática.
Tirar o dinheiro da homeopatia e trazê-lo para a alopatia é um grande negócio, pois, segundo o próprio Dawkins, cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo utilizam medicamentos homeopáticos (seja pagando do próprio bolso ou através dos sistemas governamentais de saúde).
Na minha opinião, as pessoas (e os sistemas governamentais de saúde) deveriam gastar este dinheiro não com a homeopatia (tendo em vista as evidências científicas parcas acerca da sua real efetividade) e nem com a alopatia intoxicante (às vezes letal) e geralmente cronificante de doenças, mas sim com o investimento na divulgação da importância dos hábitos saudáveis de vida (que são mais eficazes na prevenção e cura de doenças do que a homeopatia e a alopatia juntas, em grande parte dos casos).
É necessário que não se confunda homeopatia com fitoterapia, pois nesta última o princípio ativo é mantido em concentrações consideráveis no medicamento, havendo, portanto, efeitos além do placebo.
De qualquer modo, a medicina que predominará no futuro provavelmente será a regenerativa (células tronco etc), e com isso a alopatia, a homeopatia e várias outras orientações terapêuticas deverão perder espaço.
Por fim, quanto ao raciocínio do Leandro Tessler (comentário nº 20), penso que se se considerar que a homeopatia possui o efeito placebo, e que tal efeito evidentemente não é sinônimo de nada, sendo que em muitos casos ele sozinho é suficiente para tratar enfermidades leves (pois a redução da ansiedade, provocada pelo efeito psicológico do placebo, reduz a ativação do sistema simpático, gerando sobra energética para que o próprio corpo cure a doença), a proposição do Leandro continuará no mínimo incompleta. Mas a minha intenção aqui não é perder tempo com debates sobre filigranas lógicas. O que pretendi ao criticar a proposição “homeopatia mata” foi demonstrar a parcialidade e a incompletude da mesma, tendo em vista que alopatia também mata (e muito).
No mais, considero o blog do Leandro bem interessante, inclusive foi um dos poucos onde encontrei uma crítica ao pseudocientista Amit Goswami, que é um baita de um picareta (coisa que percebi logo que folheei um dos seus livros).
Abço a todos e desculpem a extensão do texto,
Augusto
http://augustomascarenhas.blogspot.com/
Caro Atila, olha só a minha situação: Faço a faculdade de farmácia e tenho de estudar e (incrivel!) aprovar na disciplina de Homeopatia, é mole? Estudar com afinco algo que rodou no teste do método científico. Não li todos os comentários, mas uma parte de um deles tenho de “colar” aqui pois é uma pérola;
“E o fato é que não há consenso científico sobre a sua ineficácia absoluta”
Rapaz eu morro e não leio tudo.
Abração
Nossa não sabia do seu blog e li essa primeira materia, gostei muito do que vc escreveu nesse topico.
Nossa ..parecia legal o blog, mas fazia tempo q não via tanta besteira escrita tanto no texto como nos comentários … Este mundo está perdido msm ..
Caro Dr Atila,
tenho pena de você e da sua “causa”… Pois embora coberto de razão e constatações o mundo, ou melhor, a maioria o condena…
Como pode você uma homem da ciência, cuja conduta é sempre se informar, estudar e – acima de tudo – raciocinar, ter a audácia de experssar suas imperssões sobre um tema tão vago, inócuo como a homeopatia. Tsc…Tsc…Tsc…. como pode. Veja as evidências dos pacientes tratados com homeopatia, SEUS DEPOIMENTOS, “puramente” científico.
Deculpe ter começado de forma irônica… mas não dá para ser diferente com esse assunto. Eu respeito as vítimas que pela falta de conhecimento sobre as coisas caem nessa situação e a defende como se fosse a uma agressão a seu próprio filho.
Tenho grande didiculdade em lecionar na graduação e pós, pois alguns alunos são adeptos da alternativa, o que acredito ser extremamente prejudicial ao paciente oncológico e os demais que atendo. Há homeopatas que orientam seus pacientes a não misturar medicação alopática (convencional) com a homeopática, atrapalhando o tratamento científico.
Aliás, a homeopatia alega ter fundamento científico, bem como comprovação, gostaria de saber quais são os critérios de científicos para eles, pois não há uma publicação em periódicos realmente científicos.
Obrigado pelo desabafo e um abração.
Caetano Baptista Neto
CD; Estomatologista; Mestre em Diagnóstico Bucal pela USP; Prof de Semiologia e Estomatologia na graduação e pós da Unimes; Membro do corpo Editorial e Conselho Científico das revistas “Full Science” e “Espelho Clínico”.
Engraçado, a história da humanidade vai vai vai e não para de se repetir. O Renascimento acreditou que iria ser o fim das religiões e seus dógmas.
Mas quem disse que acabaram os dógmas? as autoridades de assuntos unilaterais(onde uns dizem a verdade, outros se calam)?
Pois é, sou estudante em Ciências Biológicas, e embora não acredite na homeopatia, perceba a palavra ACREDITE, por razões lógicas-conceituais, não tento impor tal conceito para os outros como verbete a respeito do que é certo e do que é errado.
É o velho classissimo e a aristocracia transvestidas em outro significado. A Ciência ainda tem seus dógmas com base em teorias-conceitos, sim já bem pesquisados, mas que acabam sendo GENERALIZADOS, sendo agentes generalizantes.
O que cada um toma é problema de cada um, cabe aos ditos pesquisadores investigarem as fórmulas sem rótulos, pesquisando a fundo(por mais que seja efeito placebo, até efeito placebo pode ser melhor solução para pequenos problemmas do que imbutir substâncias estranhas ao corpo). A Homeopatia fere com os princípios da Física? não é por conta disso que ela não pode ser estudada e seus agentes RESPEITADOS. Pois, como eu disse, a saúde não é posse de ninguém, cada um é dono do seu próprio destino, e consequentemente da sua crença.
AAh, Átila, não cerendo corrigir, pois adoro o seu blog e sua iniciativa, mas acho interessante por no fim as referências e/ou no corpo do texto as citações, não necessariamente nos padrões exigidos pelo meio cientíco, mas para justamente servir como pilar em que os outros que não tiveram acesso a tais fontes, possam acessar e assim se suprir das fontes em que se baseou para assim entender a lógica de seu raciocínio e sua fundamentação teórica.
Olá a quem possa interessar.
Concordo com o José Gustavo em respeitar. Entretanto, respeito as vítimas, como havia comentado acima, pois são leigos que fazem uso da homeopatia esperando por efeito.
Quem cuida da saúde, na minha especialidade lido com pacientes em tratamento com câncer de boca, acaba se sentindo na obrigação de orientar os menos avisados sobre a ineficácia da tal alternativa, fazendo o paciente perder dinheiro para comprar tal produto e o pior, tempo!
Não tento impor nada, apenas exteriorizo minha opinião sobre o assunto, ajudando aqueles que nas horas de desespero buscando uma solução sobre seu problema, não seja ludibriado pela alternativa, mas sim pela orientação científica que possa ajudar seu problema. Investir no placebo para doenças sérias é uma falta de respeito com o enfermo, isso deveria ser meditado.
Meu receio reside na preocupação sobre os doentes que desesperadamente entram na internet para saber mais sobre sua condição e são bombardeados com informações erradas e tratamentos inócuos.
Peço sim para respeitarmos essas pessoas, afinal, estas palavras, assim como as demais, não são imposições, mas informações democráticas que o leitor irá relevar ou não.
Abraços a todos.
Dr. Caetano Baptista Neto
CD; Mestre em Diagnóstico Bucal / Semiologia pela USP;
Especialista em Estomatologia; Professor de Graduação e Pós da Unimes /Abcd; Membro do Conselho Científico da revista “Full Science” e “Espelho Clínico” da Apcd.
Mas a decisão de qual remédio tomar ainda é, e TEM QUE SER, do cidadão, e não de terceiros!
E quanto dramalhão meu amigo, já pensou em fazer novela?
Certamente aqueles que tu qualificas como leigos ou que não tem a informação irão buscar informações em fontes que o mesmo confia. Cabe aos médicos, alopáticos, expor os argumentos e os fundamentos lógico-empíricos científico, sim, revelando a ineficácia dos princípios de alguns métodos alternativos. Mas a responsabilidade e o dever de um médico vai somente até ai, nenhum cientísta, nenhum médico, pode promover uma perseguição ou eliminar as opções para os clientes, nem mesmo estereotipa-los.
É do direito de cada SER decidir as rédias do seu destino e arcar com as consequencias. Como disse, não é seu dever tentar ao máximo fazer com que o paciente siga consigo sob a pena de ser taxado de algum estereótipo ou sob pena de projeções catastróficas,….
Claro que pode-se expressar, e É preciso expressar o conhecimento científico, a opinião de cada um, não há nada de errado nisso, e a priori, não há nada de errado(em natureza) nos comentários e principalmente na matéria, afinal, é a expressão da idéia do autor. Mas essa pentelhação em cima de tipos de crença que a ciência não crê (sim pois ainda cremos nos nossos olhos) me soa como um mimimi exagerado, parece até que são vocês que estão com dor no estomago por ter tomado algum remédio inapropriado. Há um certo tom de “caça as bruxas” na discussão aqui.
Aaah, apesar de hoje medicar-me com remédios alopáticos, passei o meu desenvolvimento infanto-juvenil tomando homeopatia, minha mãe acredita nessa alternativa, e tive muitas doenças que foram curadas graças ao efeito placebo(o sistema imunológico do meu próprio foi o responsável).
E outra, devido, a provavel falta de investigação minunciosa, segundo creio ser típica da Ciência, da homeopatia me faz até duvidar se alguns remédios são em natureza o que a própria filosofia prega, se uma substância em um determinado remédio estaria dissolvida SUFICIENTEMENTE para que ela possa sofrer o fenômeno que os homopatas pregam(e que é um absurdo científico), ou seja, a substância em isolamento resultar em uma tal “memória das moléculas de água”. Uma vez que algumas moléculas se caracterizam por ter alto poder de ação e não necessitar de uma alta concentração para que possa fazer efeito. Mas isso também pode depor contra a ciência, uma vez que é tratado com tabu, e assim os medicamentos encaminhados pelos homeopatas não terem uma investigação científica para saber se há alguma explicação fora da questão do efeito placebo, como no caso de possuir moléculas extremamente instáveis que não precise de uma solução concentrada para que possa se separar e facilmente interagir com os centros ativos das células intestinais, e que portanto, o desconhecimento afundo dos homeopatas levem-nos a dissolver o principio ativo o sufiicente insuficientemente para que sua crença possa explicar o fenômeno(isso é só um exemplo hipotético), aqui seria só um erro de explicação, não de lógica, uma vez que sendo esse principio muito reativo, o que o homeopata espera realmente ocorre, a baixa concentração do mesmo resulta em cura para determinada doença, já essa substância em alta concentração teria o efeito inverso, agravaria o quadro do paciênte.
O SER tem o direito de escolher o remédio que toma, mas acredito que não possua conhecimento técnico para tal. Por isso, devemos orientá-los sim sobre o que se pode ser constatado, provado para que possua informações adequadas para seu tratamento.
Quanto a fazer novela… espero que a vida não traga roteios ruins para vc, pois sei que quando a doença é séria, irá procurar a boa e velha ciência para tratar.
Infelizmente, ou melhor, felizmente vc acha que o DRAMALHÃO que me referi só está na novela… Que bom seria, mas são casos reais e muito freqüentes, mas que pelo visto vc não presenciou ou participou. Como essa é minha rotina, vejo esse “dramalhão” todos os dias se repetirem e os maiores prejudicados são os pacientes, pois perderam tempo para tratamento, pois essas alternativas fizeram a doença evoluir, como o câncer. Mas parece que vc não acredita muito nisso, talvez porque não faça parte do seu trabalho vivenciar tal fato. Acho estranho falar em RESPEITAR o SER e ao mesmo tempo ridicularizar esse drama real.
É, Caetano, apenas lembrando do Carl Sagan: “alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias”. Se alguém quiser acreditar em algo como pílulas de farinha e água de ótima memória, que o faça, porém sabendo que se trata de uma aposta, um palpite, um feeling, fé, ou como quiser chamar sua maneira infantil e escapista de se relacionar com a realidade. Porém o ônus da prova deve recair sempre sobre quem FAZ as alegações. Não cabe a ninguém provar que a homeopatia não funciona, senão poderíamos postular que luz, óleo de motor ou Veja multi-uso também funcionam como medicamentos, e certamente haveria alguns SERES dispostos a utilizá-los…
Enquanto isso, aguardo ansiosamente as provas. Os adeptos devem ter estudos e mais estudos sendo conduzidos a todo vapor, incansavelmente… Afinal, eles têm em mãos a capacidade e o poder de curar e amenizar o sofrimento de boa parte da humanidade! O espaço aqui será exíguo para tanto material, sugiro que se aluguem alguns servidores ociosos do Yahoo…