Lembro que uma das maiores decepções que tive na graduação, junto da afirmação sobre velociraptors terem menos de 1 metro de altura, foram as aulas práticas de biologia celular. Para mim, mitocôndrias eram marrons, o retículo endoplasmático verde, e cada organela tinha uma cor e formato bem definidos. Eu não podia estar mais errado.

Era tudo transparente! Quando muito se corava uma coisa ou outra de roxo, azul ou vermelho, e olhe lá. Mesmo a microscopia eletrônica, que promete aquelas figuras bem claras de organelas, na prática era como identificar rostos em pavimento de concreto, ou em granito.
Quando muito, vemos figuras como esta que ilustra o post, com tudo estático e bem identificado. Ou víamos, até desenvolverem um método de microscopia baseado na difração de feixes bem finos de luz, o Bessel Beam Plane Illumination (não me arrisco a traduzir). O que ele faz é obter imagens extremamente detalhadas da célula ou de partes dela, tridimensionalmente, em movimento! Esqueça aquele tédio da célula paradinha, com as organelas todas bonitinhas e bem desenhadas, esta técnica permite que células vivas sejam acompanhadas com um nível absurdo de detalhes.
Olha só o que é uma divisão celular (mitose) onde as histonas, proteínas que se ligam ao DNA, são visualizadas. Adeus tracinho para a direita e tracinho para a esquerda, isso sim é condensação e separação de cromossomos:

E a superfície da célula, aquela coisa lisa e totalmente passiva? Eis a superfície de uma célula HeLa, me parece muito mais uma anêmona do que qualquer outra coisa. Perfeito para o clima de célula maligna.

Por último, a superfície de outra célula, de macacos. Não consegui o vídeo completo disponível aqui, então avance até 1 minuto de gravação (é a imagem que aparece no vídeo parado). É impressionante, a membrana forma verdadeiras ondas que usa para formar as vesículas por onde absorve água e nutrientes do meio. Agora eu posso dizer que a microscopia corresponde às minhas espectativas.

Via Alan Dove.

Skip to content