Entendendo 2018 em livros

Cachorro em sala pegando fogo, tentando ficar de boa

Cachorro em sala pegando fogo, tentando ficar de boa
By Evieliam

Fazendo o melhor que sei para o momento atual, segue um guia bibliográfico do que estamos passando. Os livros li e recomendo sobre internet, fake news, bolhas sociais e política para entender um pouco esse 2018:
Para começar, Manuel Castells com Redes de Indignação e Esperança. Neste livro ainda de 2012, esse professor da USC e da UCBerkeley explica como a internet e redes sociais revelaram muito sobre a política. E como essa perda de credibilidade política mundial despertou uma busca por figuras que não estavam envolvidas na política tradicional.
Em seguida, O Filtro invisível, de Eli Pariser, sobre como a internet pode responder aos nossos gostos fazendo recomendações bem mais interessantes, mas ao mesmo tempo alienando e separando grupos que não compartilham ideias próximas em bolhas próprias. Ainda é da era pré-WhatsApp e descreve uma situação menos filtrada do que a atual, mas mesmo assim bem aplicável.
The Internet of Us, do Michael Lynch, um professor de filosofia da University of Connecticut, especializado em como formamos um conceito de verdade, ajuda a entender como estamos nos fechando em argumentos partidários e ideologicamente similares, que nos fazem questionar não só as ideias adversárias, mas até os fatos que são apresentados. E como notícias falsas podem corromper todo tipo de confiança.
Em True Enough, Farhad Manjoo pega uma série de controvérsias americanas, como o passado de John Kerry durante a guerra do Vietnã e o 9/11 para mostrar como controvérsias são criadas e a que servem. E como, depois que isso acontece, atingir um consenso é impossível.
David Sumpter é um professor de matemática aplicada da Un. of Uppsala que discute a situação da Cambridge Analytica e pós eleições do Trump em dois pedaços no Outnumbered, o que os donos dizem que eram capazes de fazer e o que podemos realmente fazer. E mostra que tem um exagero dos dois lados, do que prometem e realmente podiam fazer. E quanto outros pontos são mais preocupantes.
Messing with the Enemy é escrito por Clint Watts, um ex-agente do FBI que agia fisgando terroristas em mídias socias. Ele descreve como o ISIS e como agentes russos estão usando mídias sociais para promover causas e despertar vários movimentos políticos. Dá o melhor insight que vi sobre o que aconteceu durante as eleições americanas de 2016.
Jaron Lanier é inovador tecnológio há bastante tempo e passou pela alta expectativa e a desilusão com o que a internet pode despertar na sociedade. Em Dez Argumentos Para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais, ele descreve como redes sociais exploram e despertam o que tem de pior em nós para reter atenção. E como isso promove o pior tipo de conteúdo e ideologia, ao mesmo tempo que destrói as relações sociais.
Como as Democracias Morrem tem dois professores de Harvard discutindo como democracias não precisam de grandes golpes de estado para serem enfraquecidas. E como populistas extremistas sempre existiram e ficavam de fora do sistema político muito mais por uma movimentação dos partidos do que pela intenção de voto – o que as redes sociais trouxeram de volta.

E para entender o movimento anti-político e a desilusão atual com a democracia, vale a leitura do cenário político e histórico atual feita pelo Yuval Harari em 21 lições para o Século 21. Ele faz um resumo bem legal dos argumentos da maioria dos livros que citei na thread, além de acrescentar muito sobre a cultura humana em geral.
Adendos:
The Know-It-Alls, do Noam Cohen, faz Uma biografia de várias personalidades do Silicon Valley, passando pelos primeiros pioneiros, Bill Gates e Bezos, até Peter Thiel e Zuckerberg. A explicação sobre o Thiel, o tipo de influência que ele exerce no SV e como ele influenciou Zuckerberg desde o começo da criação do Facebook vale muito para entender como adotam o discurso libertário como caminho para o monopólio.

Adendo para quem quer entender o movimento de trolls e a agressão online, também vale a leitura do This Is Why We Can’t Have Nice Things, o primeiro livro que realmente vi descrever movimentos trolls pelo que são.


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