A cara do consumo ecologicamente correto

Atualmente podemos dirigir nosso carro flex até o aeroporto e fazer uma viagem de avião até a Europa ou até a Indonésia e pagar para uma empresa plantar árvores para compensar o carbono emitido.
É possível comprar ponchos feitos a partir de fibra de soja, jeans de algodão orgânico com botões de coco (na Levi’s por US$ 245), abajures feitos com bagaço de cana, batons de cera de abelhas orgânica da floresta tropical do oeste do Zâmbia e porta retratos de papel reciclado. Tudo disponível para nós, os insaciáveis consumidores.
Podemos entrar na onda das sacolas de pano e pagar R$ 20,00 por uma, com a promessa de que parte do dinheiro ajudará no plantio de mais árvores. Podemos, inclusive, ficar horas na fila, na chuva, esperando pela nossa própria sacola ecológica, como fizeram os americanos.
Uma vida cheia de “consumismo verde” está invadindo nossa casa e nossas escolhas na hora de comprar. E várias empresas estão lucrando muito com essas nossas escolhas, dizendo-se (e de fato devem estar) realmente preocupadas com o aquecimento global e com o efeito estufa. Um levantamento recente feito nos EUA traz a seguinte informação: cerca de 35 milhões de norte-americanos compram regularmente produtos comercializados como ecológicos, movimentando cerca de 500 bilhões de dólares.
A “vida verde” pode finalmente ser comprada. Artistas, livros, programas de televisão e reportagens nos mostram esta opção o tempo todo. E assim nasce o “consumismo verde”. Um consumismo livre de culpa, já que supostamente podemos reverter o aquecimento global apenas comprando produtos como carros flex, casas carbono-free, viagens neutralizadas, roupas e acessórios tudo ecologicamente correto. Entretanto, o efeito do consumo continua sendo enorme.
Qual a solução? A solução mais sustentável seria reduzir significativamente o consumo. Entre comprar um alimento orgânico e um não orgânico, se os dois forem produzidos localmente, os orgânicos são melhores (e mais caros). Entre re-decorar a sala com produtos ecologicamente corretos e re-decorar com produtos “normais”, customizar os móveis antigos parece melhor opção. Entre pegar o ônibus para ir ao trabalho uma vez por semana ou comprar outro carro flex para se livrar do rodízio, a solução mais sustentável é pegar o ônibus.
Certamente é mais sustentável quando optamos pela não-compra, ou pela compra do que é realmente necessário. A solução para o aquecimento global, ou para a diminuição da poluição não está nos produtos ecologicamente corretos. Está na nossa opção por reduzir o consumo.

Discussão - 4 comentários

  1. Luz Fernández disse:

    Oi Paula,Concordo que devemos sempre optar pelo consumo consciente. Mas no caso dos norte-americanos, eles precisam pisar no freio.Nós, brasileiros, acabamos economizando por questões econômicas mesmo. Não é à toa que somos os campeões em reciclagem de alumínio.Fico contente que existem pessoas que pensam como a gente e fazem alguma diferença.Saudações,Luz

  2. Paula disse:

    Espero que nossa população nunca consuma irracionalmente como os americanos!Mas vai dizer que parte da nossa população não se comporta assim? Quantos carros 4X4 vc já viu andando no centro da cidade? Quantas pessoas levantando a bandeira da vida verde tendo uma vida extremamente despendiosa?Chego a comparar isso com um comportamento tipo: Vou me entupir de feijoada, mas a Coca-Cola é light!Ou seja... de nada adianta se encher de produtos ecologicamente corretos, quando o melhor mesmo é deixar de consumir.Paula

  3. Thais disse:

    OLA! Boa tarde
    Sou Thais, estudante de São Paulo- Brasil
    faço curso técnico de administração no Senac e estou a proucura de informaçoes de paises e até cidades e bairros e empresas que trabalham no desenvolvimento da fibra do coco verde, por que estamos desenvolvendo um projeto deste produto aonde esta segmentado no ramo civil de construção, e proucuramos muita, mais muitas informações do mesmo.
    Gostaria de manter contato e também receber informações a respeito.
    Aguardo uma resposta/ contato positivo -Obrigada!

  4. Cara Thais,
    Boa sorte na sua busca! Se vc quiser depois da sua pesquisa escrever um texto sobre esse assunto, poderíamos pensar em publicar na seção Fala Leitor. Que tal?

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