Comentário de Adilson Gonçalves ao artigo da Science

Para enfatizar ainda mais minha opinião sobre o assunto, leia o comentário de Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador do Projeto Finep-Bioetanol (Lorena, SP) e professor da Escola de Engenharia de Lorena – EEL – USP. Texto publicado no Jornal da Ciência, neste link.
“Precisamos tomar com cautela informações sobre a ‘sujidade’ de biocombustíveis. Parece que o estudo comparou gasolina com álcool sem medir os custos ambientais da produção do combustível fóssil.
Hoje a cana usa pouca água devido à fertirrigação, ou seja, o uso da vinhaça de volta aos campos que economiza sobremaneira água além de não mais poluir rios. Poucos sabem que para cada litro de gasolina produzido um litro de água é gasto, gerando um efluente de difícil tratamento. Esses parâmetros parecem que não foram considerados no estudo citado pela reportagem.
A visibilidade do etanol como alternativa energética viável desperta uma intrigante corrente de estudos contrários à questão, especialmente pelos concorrentes.
É claro que qualquer atividade agrícola, especialmente as monoculturas, gera resíduos e demanda insumos –não sejamos hipócritas quanto a isso. Mesmo a propalada ‘agricultura orgânica’ se usa de embalagens plásticas não degradáveis para vender seus produtos no supermercado.
A grande maioria dos estudos sobre o etanol da cana dá conta que essa é uma excelente alternativa energética, hoje existente em larga escala, mas que poderia ainda ser superada pelo uso do etanol da biomassa (resíduos agrícolas e florestais). O etanol da cana é, com certeza, muito distinto do etanol de milho norte-americano: esse sim compete diretamente com alimentos, mas a cana não.
A competição é aquela normal de mercado pois, queiramos ou não, vivemos num mundo capitalista, no qual tentamos regular os aspectos sociais e ambientais envolvidos. Tudo, à exceção desses poucos ‘estudos’ da reportagem, mostra que o etanol de cana consegue ir além dos ganhos econômicos, pois ambientalmente é muito mais favorável que a gasolina.”

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