Atividade solar, aerossóis, cientistas e outros bichos

Duas matérias que eu li hoje e que são absolutamente contraditórias.
A primeira, publicada na FolhaOnline sob o título: “Grupo contraria teorias sobre o aquecimento global e critica IPCC“, fala sobre a visita de um grupo de cientistas brasileiros ao Ministro Sérgio Rezende (MCT) para entregar um documento questioando a influência da ação humana no aquecimento global. Segundo a FolhaOnline, os dados apresentados no documento fazem parte de um estudo internacional, o Cloud, que se concentra nas análises da influência de raios cósmicos na atmosfera terrestre. Segundo os dados do Cloud, a temperatura média do planeta Terra estará mais baixa em 20 anos. Por estes dados, as modelagens climáticas que consideram vários fatores e os cenários de elevação de temperatura (não só raios cósmicos), propostos pelo IPCC estariam todos equivocados e as emissões antrópicas seriam uma falácia.
A segunda matéria vêm do Agência FAPESP, sob o título: “Contramão climática“, que aborda os estudos feitos pelo Cloud (uia! o mesmo lá do primeiro artigo!), que, como já dito, defende o resfriamento do planeta nos próximos anos, devido à influência dos raios cósmicos sobre a concentração da poeira cósmica, que por sua vez altera a concentração de aerossóis na atmosfera, que por sua vez aumenta a probabilidade de ocorrência de nuvens baixas, com consequente diminuição na temperatura do planeta (uma vez que mais nuvens significa menos radiação incidindo sobre a superfície terrestre). “Nos próximos 50 anos o número de raios deverá aumentar consideravelmente, elevando a produção de nuvens baixas. Isso deverá gerar um resfriamento da Terra que não apenas vai compensar o aquecimento causado pela ação antropogênica, mas que deverá superá-lo, podendo levar a um efetivo resfriamento global”, disse Stozhkov, um dos autores do estudo.
Destaque meu vai para a parte em que Stozhkov reafirma a participação antropogênica num provável aquecimento global, obtido pela análise de vários modelos matemáticos para o clima. E aí vem a questão: Dá pra acreditar nos cientistas brasileiros que foram até o MCT hoje? É o velho hábito de tentar dar mais valor ao seu próprio estudo do que a um estudo grande, feito por vários cientistas, como no caso do IPCC. Este hábito, acompanhado daquele que não analisa as reais conclusões de um estudo e extrapola resultados e pronto!, está feita a confusão.
Fora tudo isso, sabe-se que há grande controvérsia em relação a participação dos aerossóis na formação de nuvens e consequente resfriamento da superfície terrestre, como já publiquei AQUI e AQUI e pode ser lido com mais detalhes AQUI. Como se não bastasse, ainda existem os estudos de Lockwood e Froehlich que mostram a diminuição da atividade solar nos últimos 20 anos, pelo menos, reiterando a não participação dos raios solares no fenômeno do aquecimento global, AQUI. Agora, se a atividade solar está diminuída nos últimos 20, como pode haver aumento da incidência de raios cósmicos.
Sento e espero o resultado desta luta.

Discussão - 1 comentário

  1. disse:

    Santa inconsistência, incongruência e tudo o mais!

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