Planeta no parque: Eu fui! E NÃO gostei.
Era domingo. Era o último dia. Estava um dia “miserable” para os padrões brasileiros. Chovendinho, friozinho. Não tinha quase ninguém no Ibirapuera, se compararmos com os lindos dias de sol de primavera e verão. O que significa que também não tinha quase ninguém no “evento”.
O “evento” estava esparramado pelo parque. Três áreas, denominadas “Mobilidade”, “Consumo” e “Cidadania e coexistência”. Excelentes idéias, uma vez que esses devem mesmo ser os três assuntos que mais podem permitir a diminuição das emissões de gases do efeito estufa. Mas não necessariamente os três assuntos que mais permeiam a vida de crianças e adolescentes (se era mesmo a intenção do evento atrair escolas, acho que esses assuntos não são os mais relevantes para essas faixas etárias).
Cheguei e fiquei na tenda da “Mobilidade”. Tempo suficiente para perceber que não, ninguém ia vir falar comigo, me mostrar dados, me convencer a deixar o carro em casa e andar mais a pé ou com transporte público. Saí da tenda como entrei: mentira! Saí com um panfletinho e um carimbo (se passasse por mais duas tendas, teria direito a um brinde!). Esse é o problema de ter painéis explicativos nas tendas: os monitores acabam deixando a tarefa informativa pra eles.
Fui pra tenda “Consumo”. Lá, os monitores conversavam sobre suas preocupações em explicar coisas para crianças, suas angústias em explicar certo, suas dúvidas de que aquela informação seria realmente aproveitada por elas. Fui abordada, no meio desse assunto, com um “pra biólogo então, a gente não fala mesmo nada, com medo de falar besteira”. Pena…
Lá, fiquei sabendo que a maioria absoluta dos monitores era estudante de artes plásticas. Não que estudantes em geral não possam falar sobre meio ambiente. Claro que não! Todos, todos os cidadãos tem o mínimo de conhecimento para falar sobre o tema, ainda mais se foram instruidos para isso. Mas, acho que estudantes de geologia, biologia, gestão ambiental e áreas afins teriam muito mais o que dizer, e apoio técnico a dar. Ponto a menos para o evento, de novo.
Já estava deprê, neste momento. Fui então para uma sessão de filme no Planetário. Me salvaram!
De lá, a última tenda: Cidadania e coexistência. Supostamente aquela onde encontraria pessoas da empresa que estava organizando o evento. Talvez encontraria as pessoas com quem eventualmente troco e-mails por conta do blog. Não, ninguém. Saí de lá também como saí das outras duas tendas. Com informação zero e um carimbinho. Daí, fui pegar minha prenda…
A prenda era, obviamente, uma sacola de pano. Entre os patrocinadores, Bunge (aquela dos agrotóxicos) e Petrobrás (aquela do petróleo), entre outras menos danosas. O espaço destinado aos patrocinadores, na minha opinião era O ESPAÇO que deveria ser usado para TODO o evento. Tudo deveria ser concentrado ali, sem essa coisa de “caça à prenda”. Um espaço de discussão, de grupos falando sobre o assunto de forma conjunta, tudo misturado porque assim o é na vida. O consumo, a mobilidade e a cidadania, coexistindo num único espaço não compartimentalizado.
Resumo da ópera: acho que esses eventos estão errando na mão. Estão se preocupando menos com o público e mais com o “green wash”. Acho que vou ter que publicar sobre isso aqui… Mas por hoje é só.
Discussão - 3 comentários
Essa coisa de "Zero CO2 emitido e R$0,00 gastos" usando bicicleta é uma bestera gigantesca!!!
Eu estou tão podre que quando ando de bicicleta eu devo soltar mais CO2 que uma motocicleta...
E obviamente, quando mais você anda de bicicleta, maior sua necessidade calórica, ou seja, você come mais. Ou seja, gasta $$$ também!
Puxa, que pena!
Eles perderam uma ótima oportunidade de esclarecer a população!
Foi mesmo uma decepção: crianças acumulando prendas e mais prendas (inúteis) só porque era de graça. Qual é a mensagem dada pelo evento?