Na Ciência – 04 dezembro 2008

Acabei de receber uma notícia do Boletim Agência FAPESP que exige leitura crítica. 
Passagens como a citada abaixo me deixam perguntas
+ O Vale do Itajaí INTEIRO é irresponsavelmente ocupado?
+ Blumenau tem políticas de ocupação pública fracassadas?
+ Dá pra colocar toda a culpa da calamidade em ocupação?
+ Claro que a ocupação deve ter sua parte e significa muito, mas é só isso?
Aí vai o trecho:

A relação entre as mudanças climáticas globais e os fenômenos que deixaram mais de uma centena de mortos e cerca de 80 mil desabrigados em Santa Catarina é ainda uma incógnita. Mas a relação entre a tragédia e o fracasso das políticas de acesso à moradia e de ocupação do espaço urbano é uma certeza, de acordo com Wagner da Costa Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP).

Já para o professor Luis Carlos Molion da Ufal, as enchetes de Santa Catarina não tem nada a ver com as mudanças climáticas (o professor é conhecido por discordar nos dados do prêmio Nobel da Paz, o IPCC). No entanto, o professor “acerta na lata” quando diz que para muitas cidades do Vale do Itajaí

Seria aconselhável pensar em medidas de planejamento para minimizar problemas do tipo no futuro.

E viva os programas de vulnerabilidade e adaptação! Se faz cada vez mais necessário que nossos governantes atuem significativamente no estudo das áreas de maiores riscos de desastres ambientais como este que assolou Santa Catarina e também castiga o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, e proponham políticas públicas eficientes para prevenir tais danos.
Como diria vovó, “prevenir é melhor que remediar”.
Para ler a notícia completa, clique aqui: Agência FAPESP

Discussão - 7 comentários

  1. Luiz Bento disse:

    Mais um para a conta Paula. O chefe do departamento de Geografia da UFRJ também defende que a tragédia é apenas uma repetição do passado. E não novidade como a mídia prega.
    http://discutindoecologia.blogspot.com/2008/12/ainda-sobre-as-enchentes.html
    Aqui tem o link para um artigo publicado na Folha de São Paulo, que faz um histórico dos problemas em Itajaí. Enchente e deslizamento lá estão longe de ser novidades.
    http://discutindoecologia.blogspot.com/2008/11/desastre-em-santa-catarina-mais-do.html
    Para ter certeza que este problema em Itajaí não é de hoje, olha a descrição do histórico da Oktoberfest que eu encontrei em um blog:
    "A Oktoberfest de Blumenau teve sua primeira edição em 1984, logo após a grande enchente em Blumenau, em 1983 Blumenau foi quase totalmente destruída pelas águas do rio Itajai Açu. Inundadas até os telhados, na vazante as casas eram apenas restos enlameados das até então belas casinhas com jeito europeu, caiadas e com cercas cuidadas, muitas flores e frontais de madeira envernizada. Demorou um bom tempo até que a cidade pudesse voltar à uma certa normalidade, com o apoio da prefeitura e do governo do Estado. Mas cada chuva se transformava em uma ameaça. Em 1984, antes mesmo que a cidade estivesse funcionando normalmente, uma nova enchente, de proporções maiores para uma cidade ainda em recuperação da enchente anterior, destruiu Blumenau. "Completamente", dizem alguns blumenauenses. "Menos a coragem do povo", dizem outros..."
    http://obiercevando.blogspot.com/2007/10/24-oktoberfest-de-blumenau.html
    Hoje em dia tudo é problema das "mudanças climáticas" (aliás, este termo não quer dizer nada). Dá muito mais IBOPE falar que a causa da tragédia é o aquecimento global do que falar em problemas relacionados a políticas públicas.
    Abraços.

  2. Claudia Chow disse:

    Ahááá! Acharam pra mim o que eu queria! A coisa pode ter sido pior esse ano, mas nao é novidade.
    Desde q comecou esse fundurcio em SC eu to pensando, q raios q esses infelizes politicos nao fizeram nada pra controlar a ocupaçao. Pq afinal, encher lá vai mesmo, acontece todos os anos.
    Eu ja trabalhei com área de risco na Prefeitura de SP e a verdade é só uma: só lembram de olhar pra essa área qdo acontece desgraça. Qdo nao chove, nao cai nada, td mundo acha bobagem... Politicos principalmente.

  3. Paula disse:

    Então... Pra mim, dizer que as catástrofes de Santa Catarina não tem nada a ver com mudanças climáticas é tão errado quanto dizer que tem tudo a ver com mudanças climáticas. Simplesmente porque o fator "mudanças climáticas" não pode ser isolado.
    Até onde eu saiba (e eu sei pouco), em 1983 já tinha uma concentração de GEEs absurda na atmosfera (mas pode não ter tido nada com isso as enchentes deste ano).
    Fato é: pouquíssimas cidades brasileiras estão preparadas para eventos ambientais catastróficos (relacionados ou não a mudanças climáticas). Brusque, cidade do Vale do Itajaí sem nenhuma morte relacionada às catástrofes ambientais, é um exemplo de sucesso. Por que não fazer o mesmo com outras cidades?
    Triste mesmo foi ver um motoqueiro voluntário para entregar alimentos e roupas para algumas pessoas dizer no JN de ontem que aquele lugar onde ele estava indo era cheio de trilhas e agora é cheio de casas...

  4. Luiz Bento disse:

    Oi Paula,
    Em termos científicos, para dizer que algo "tem tudo haver" com "mudanças climáticas" você tem que ter uma prova ou pelo menos uma tendência muito forte para levar em consideração. Sem ela, você descarta a hipótese. Nenhum fenômeno climático global pode ser ligado a um evento que se repete a mais de 3 décadas. O IPCC fala em aumento de chuvas e de extremos climáticos em algumas regiões, mas as enchentes em Itajaí já acontecem a muito tempo! Não é novidade!
    Tendo ou não uma "concentração absurda" de GEE na atmosfera em 1983 não é uma prova ou tendência forte para dizer que os eventos que ocorreram desde essa época tiveram como causa o aquecimento global. Na verdade, a importância dos GEE lançados na atmosfera pelo homem em relação ao aquecimento global tem sido muito questionado recentemente, pós quarto relatório do IPCC.
    Resumindo. Não disse que as "mudanças climáticas" não tem nada haver com o que aconteceu em Itajaí. Mas que é muito improvável que um evento que se repete a tanto tempo seja controlado por um fator global. Na verdade, a enchentes de Itajaí não são só de 3 décadas atrás. Há relatos oficiais que já ocorriam enchentes no século 19 em Santa Catarina.
    http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=60216

  5. Didi disse:

    Paula, leitura crítica é mesmo um tema bom para abordar em blog, talvez eu copie a idéia! hehe
    Aqui, sua amiga deu um dever de casa aqui e eu repasso pra você
    http://direitoelegal.wordpress.com/2008/12/03/clube-da-lista/

  6. Paula disse:

    Oi Luiz
    O seu primeiro parágrafo tem a mesma validade para o "não tem nada a ver", não é?
    Então, talvez passemos a vida dizendo que é "muito improvável que as chuvas de Itajaí não devam ser controlados por um fator global" ou "as queimadas da Chapada Diamantina que já consumiram mais de 70.000 hectares não devem ser controlados por um fator global" ou "não chover no Nordeste enquanto Santa Catarina está embaixo d´água tb não pode ser controlado por um fator global" ou "o furacão Katrina pode não ter nenhuma relação com um fator global" porque o "fator global" é absolutamente impossível de ser isolado com as ferramentas tecnológicas e os métodos que temos hoje. Sendo assim, sempre encontraremos outro fator que possa explicar a coisa por aqui mesmo (embora eu ache essas explicações um pouco superficiais).
    Eu definitivamente não acredito que esses fenômenos sejam apenas um fator regional. Mas é uma crença em observações de que os fenômenos climáticos estão mudando (todos os exemplos acima são reais).
    O que eu quero dizer é que eu ENTENDO porque algumas pessoas não acreditem que esses fenômenos não estejam relacionados com mudanças climáticas. Só que eu NÃO CONCORDO.

  7. Oi querida!
    Vou tentar responder mas não prometo... não sou muito fã de memes...
    Beijocas

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