Este post participa da Blogagem Coletiva sobre consumo consciente promovida pelo blog A vida como a vida quer e do Natal do Faça!
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Consumir conscientemente não é nada fácil. Sinceramente, às vezes, é chato. É chato ter que ficar vasculhando prateleira de supermercado em busca de um selo (tipo
Procel,
transgênicos ou da
Sociedade Brasileira de Cardiologia) ou informações sobre a empresa que o produz (a escala
Akatu é excelente para isso). É chato às vezes não ter escolha para um produto (simplesmente porque todos as marcas daquele produto específico são igualmente não sustentáveis). É chato ter que pagar mais caro por um produto melhor porque a produção é baixa ou porque o mercado é pequeno… Enfim, consumir conscientemente é uma tarefa para poucos.
Fim de ano, sempre, sempre fico pensando em consumo. Sempre desde os 13 anos, mais ou menos, quando passei o que foi o pior Natal da minha vida (outros igualmente ruins vieram depois, mas esse foi marcante por ter sido o primeiro). Estávamos na praia passando o final de ano junto com a família do então namorado de uma prima. Já era 24 a noite, e então começou a troca de presentes. Muitos presentes. Infinitos presentes. Meu pai ficou tão chateado que deixou a sala onde estávamos e foi caminhar sozinho na praia. Minha mãe e eu ficamos por educação. Meu irmãozinho ficou porque estava maravilhado com tudo, porque certamente nunca tinha visto nada igual em toda a sua vida (e também porque, como era o mais novo, estava ganhando vários presentes). E assim, nosso Natal que sempre tinha sido simples, virou uma bagunça consumista e sem sentimentos.
Desde então, sempre que estamos na nossa família, optamos por um consumo racional, sem exageros, sem excessos, enfim, consciente. Nada de presentes inúteis do tipo que você nunca mais vai usar. Nos últimos temos tentamos optar por pouca embalagem e alimentos nacionais. Nada de cerejas do Peru, mas frutas da época, como abacaxi, banana-prata, coco-verde, jabuticaba, laranja-pera, mamão hawai, manga, uva itália, uva rubi, romã, de preferência, produzidas o mais perto possível de casa.
Comida? Aquele monte de peru, tender, lombo? Aquele pra comer a semana toda, até o Ano-Novo? Não precisa, né? Cozinhar também deve ser uma ação consciente. Um monte de comida gasta um monte de gás de cozinha e desperdício de comida, pra mim, é quase um crime, ainda mais considerando que muitas pessoas no mundo passam fome.
E, que tal inovar nos presentes? Como eu li
neste texto (em inglês), trocar os presentes convencionais por entradas de cinema/teatro, massagens, um jantar num restaurante de comida local são uma ótima idéia e uma ótima pedida, que com certeza agradarão.
O mais importante disso tudo é se lembrar que o Natal é muito mais que uma simples troca de presentes. É na época das festas que as amizades se fortalecem, que a família se une, que os sentimentos tornam-se milagrosamente bons. E, como diz Hélio Mattar, do Instituto Akatu, você e eu, consumidores, é quem decidimos o que queremos na hora de comprar.
E você? Opta pelos sentimentos na hora de comprar, ou é daqueles que diz “TENHO que comprar uma lembrancinha pro Fulano?” Pensa no que você QUER ou no que você PRECISA na hora da compra?
Consuma conscientemente. Não só nas Festas, mas o ano todo!
Discussão - 9 comentários
Ótimo texto e parabéns pela ideologia!
Abraço!
Nossa, você tocou na ferida de muita gente e devo confessar até na minha!
Sem perceber e talvez por uma vida inteira de erros, escorregamos bonito no quiabo e principalmente nesta época.
Muito bom ler seu artigo pra dar uma freiada no consumismo desenfreado que esta época nos incita.
Adorei...parabéns!
Oi Serena, seja bem vinda!
Acho que o maior de todos os problemas é que entramos numa roda de consumo tão grande que é difícil sair. O pensamento é meio "mas se eu comprei X pra Amanda, tb tenho que comprar alguma coisa pra Carol, e se comprei pra ela, tenho que comprar pra Valéria... e por aí vai...
Sem querer deixamos de pensar nas PESSOAS e passamos a pensar em ALGUMA COISA para dar a elas...
Beijocas
Olá, tb estou na blogagem coletiva e vim conferir seu post. Parabéns! Eu tb me sinto assim em relação ao natal pq na casa da minha avó materna o natal sempre foi de exagero em presentes e comida. Na minha casa prefiro simplicidade.
Um abraço
É a mesma coisa comigo... quer dizer, sempre foi com a minha família, só degringolou depois que ela cresceu. Mas voltamos à simplicidade assim que a família diminuiu de novo, e resolvemos que ficaríamos mais felizes no nosso pequeno núcleo familiar. Isso também nos polpou de olhares reprovadores do tipo "eu te dei presente o ano passado e vc nunca me dá nada!"...
Paula,
Pouca gente conhece um Natal diferente do consumismo atual. A TV e a indústria do marketing levaram anos construindo o estado atual de presentear por presentear e vai demorar algum tempo para reverter tudo. Atitudes como a sua é que irão disseminar o antídoto dessa overdose de consumo.
Parabéns pelo belo texto.
Allan
(Colaborador do Faça a Sua Parte)