Resenha: O mundo é o que você come

omundoeoquevocecome.jpgOK, OK, eu devo admitir. Duas das principais coisas que me fazem escolher um livro desconhecido na prateleira de uma livraria são: o nome e a capa.
Talvez se tivessem arrumado uma tradução melhor para “Animal, Vegetable, Miracle: A Year of Food Life” eu teria comprado de primeira. Mas um livro chamado “O mundo é o que você come“, onde os “os” de “mundo”, “o que”, “você” e “come” são, respectivamente um globo terrestre, uma tangerina, um tomate e uma beringela, eu jamais teria comprado.
Uma pena… Porque este livro me surpreendeu do começo ao fim.
O livro conta a história de Barbara Kingsolver (a autora) e sua família que se propuseram um desafio: comer comida local e orgânica por um ano. Claro, tiveram umas facilidades como possuir uma propriedade que permitisse e possibilitasse o cultivo e dinheiro para o investimento inicial. Mas as facilidades terminaram por aí. Ninguém da família tinha experiência real com produção agrícola, mas tiveram muita vontade de mudar os seus hábitos alimentares.
Para produzir sua própria comida, a família deixou para trás uma cidade onde todo alimento chega em containers refrigerados, vindos de longe e o aquífero natural de água está se acabando. A alternativa do governo para sanar o problema da falta da água me fez enjoar e abençoar a água que entra na minha casa. Vale a pena a história.
Para iniciar a própria produção, a família começou escolhendo sementes em um catálogo e visitando os fazendeiros da região. Escolher a época que as frutas e os legumes vão crescer e ter certeza de quando vão prontos para a colheita – para não faltar nada em uma época ou sobrar em outra é uma tarefa que exige bastante estudo. Saber a época que os perus vão estar grandes suficientes para “a colheita”, limpá-los e armazená-los também não é para qualquer um.
Depois, preparar a terra, cultivar, livrar-se das plantas daninhas, colher, processar e armazenar o alimento (para consumo no inverno) são tarefas extremamente cansativas.
Veja duas coisas interessantes: ter uma alimentação saudável, aos olhos da autora, não é tornar-se vegetariana, tão pouco comer apenas comidas frescas. Isso faz bastante sentido considerando as estações do ano bem definidas que existem na maior parte do território americano, na qual a produção de alimentos é impossível na neve do inverno.
Entre os “causos” com o novo estilo de vida, como evitar ervas daninhas cobrindo o solo com jornal e palha velha, Barbara me presenteou com informações sobre certificação orgânica e me explicou porquê muitos produtores americanos não submetem seus produtos à certificação. Também me presenteou com receitas e novas ideias, que podem inclusive ser baixadas do site preparado para o livro.
Também me deu mais dicas e me ajudou ainda mais a sustentar minha argumentação de que mudanças pessoais no estilo de vida valem a pena para o ambiente e para quem as realiza.
Resumindo, recomendo muito a leitura do livro. Trata-se de um livro agradável, que conta a história de um ano de vida de uma família que resolveu deixar de comer comida gordurosa, importada, com produtos de animais criados em confinamento intensivo para conhecer o verdadeiro sabor das frutas da época e dos animais criados em liberdade.
O mundo é o que você come é da Editora Nova Fronteira e foi uma cortesia para este blog.
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Outra resenha deste livro aqui no SBB:
Ecodesenvolvimento

Discussão - 14 comentários

  1. Bom, não li o livro mas quando você diz que a autora escreve que comer bem não significa virar vegetariano, bom , discordo nesse ponto.
    E além de ser vegetariano, cultivar os alimentos é ótimo, eu cultivo bastante lá em casa 😀
    Se eu tiver oportunidade vou ver 😉

  2. Luís Brudna disse:

    Claro. No maravilhoso mundo de Bob todos podem ter a sua mini-granja e viverem em harmonia com a natureza.

  3. Sérgio,
    Essa é particularmente uma área bastante explorada pela autora... ela sabe que o assunto é controverso e polêmico!!!

  4. Brudna,
    Fato! Mas também é fato que pra plantar alguma coisa em casa (orgânica ou não) não precisa de muito espaço. Estou me aventurando no cultivo de tomates cereja, numa florerinha dentro do apê. Mando notícias do sucesso ou do fracasso!

  5. Luís Brudna disse:

    Plantar algo no apartamento está bem longe da idéia do livro. Meu apto não tem hectares de área. 🙂
    Aqui em casa (apto) temos uns pés de temperos.
    O hortelã foi responsável por trazer uma praga de pulgões. 🙂 Agora estão atacando um pé de pimenta (ornamental).
    Sei que existem predadores naturais, mas não estou a fim de trazer todo um sistema ecológico pra dentro do apto. hehe

  6. Fato! Mas, como vc mesmo disse, não é todo mundo que tem esse pedaço de chão... Ainda assim acho mesmo que o livro incentiva as pessoas a pensarem mais sobre produzirem algum alimento. Pulgões: já tentou jogar extrato de folha de fumo neles? É batata!

  7. Opa, neste caso em que são poucas plantas, nem precisa do extrato de fumo. Uma simples esponja de cozinha úmida com um pouco de detergente passada nas folhas já é suficiente. Os pulgões em geral são atraídos por plantas nutricionalmente desequilibradas, normalmente com excesso de nitrogênio. Põe um pouco de calcário ou carbonato de cálcio no vaso que o probelema pode ser resolvido ou minimizado.

  8. Nada como um especialista!
    Nitrogênio é? Boa! Dessa eu não sabia!

  9. Silvia disse:

    Paula, aproveitando a indicação de visitar o blog da Claudia, deixa eu pedir pra você falar com a galera de poder aí do ScienceBlogs: eu não estou conseguindo visualizar o conteúdo do Ecodesenvolvimento! Já enviei duas mensagens para o webmaster (uma agora há pouco), mas continuo com o problema. Só no blog dela, os outros blogs do grupo eu consigo ler direitinho. Mistério?

  10. Luis Brudna disse:

    O pé de pimenta não resistiu.
    O pé de hortelã está cada dia melhor e os pulgões estão diminuindo.
    Vou usar a técnica da esponja com detergente. 🙂

  11. Wendell disse:

    Propuzeram, Paula? Ai... 😛
    Gostei da sua resenha, acredito que o livro deva ser bom mesmo. Mas o que foge do campo das ciências é essa mania editorial de dar uma tradução "simplificadinha e comercial" para os livros. É por isso que eu digo: A melhor tradução de um título de livro até hoje foi "A Origem das Espécies", rsrs. Aliás, se Darwin tivesse lançado seu livro no século XXI, certamente sua obra seria conhecida como "Explicando a Origem de Tudo: Dos Bichinhos Microscópicos aos Dinossauros".
    A ideia por trás do livro é bem legal também, e acredito que, pelo menos em algum momento da vida, a gente já parou pra pensar na quantidade de agrotóxicos/transgênicos que comemos, e imaginamos formas de burlar isso a partir de uma "hortinha própria". Aos não-motivados (como eu), o livro parece ser um prato cheio. Sem trocadilho! 🙂

  12. OOOPS!
    Valeu Wendell, vou corrigir!

  13. Anderson Henrique Mota de Bastos disse:

    Gostei muito,da resenha deste livro, pois me enteresso muito por plantar e comer oque eu planto.
    Gostaria de saber se existe alguma possibilidade de quando você postar estas resenhas, enviar tambem para meu e-amail pois gosto muito destes assuntos e tambem acho que meu modo de pensar se asemelha muito ao seu.

  14. Olá, Anderson!
    Na barra esquerda do blog há uma seção "Siga-me". Lá vc pode assinar o blog e receber todos os posts por e-mail! Divirta-se!
    Paula

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