Resenha: Desenvolvimento sustentável: que bicho é esse?

Assim que vi a disponibilidade desse livro, pensei: preciso resenhá-lo – os leitores do blog vão gostar, ainda mais o público mais jovem, que também é o público-alvo do livro. Escrevi para a Editora Autores Associados, e devorei o livro em poucas horas.
O prólogo é fantástico! Traz trechos do discurso de uma menina de 12 anos, chamada Severn Suzuki, na Eco-92.

Nesse momento pensei comigo: o livro vai arrasar! Mas, para minha surpresa, ele tomou um caminho bem inesperado, diferente das minhas expectativas. Isso definitivamente não me motivou inicialmente, mas agora, depois de alguns dias pós-leitura, estou percebendo o livro de outra maneira.
desenvolvimentosustentavel.jpgDesenvolvimento sustentável: que bicho é esse? é, inconscientemente (ou não) dividido em duas partes. A primeira, informa sobre acidentes nucleares, crescimento populacional, subdesenvolvimento, PIB versus IDH, civilizações maia e da Ilha de Páscoa, sobre danos à camada de ozônio, sobre escassez de água e aquecimento global.
A segunda parte, lá pela metade do livro, vai finalmente falar sobre desenvolvimento sustentável, sobre a origem do termo, resiliência, protocolo de Kyoto. Escorrega ao dar uma justificativa em com base em entropia e evolução darwiniana (não, a extinção da espécie humana não é prevista pela termodinâmica, nem por Darwin – pelo menos não como diz o livro). Nas dez últimas páginas, indica um caminho do meio, que não é nem muito otimista, nem muito pessimista em relação ao desenvolvimento econômico, social e ambiental (embora eu também discorde um pouquinho sobre ser a educação a única salvação para a pobreza e a exclusão social – mas disso eu escrevo quando estiver resenhando o livro do Yunus).
O que para mim desmotivou durante a leitura foi que o livro dá informações e dados sobre diferentes visões sobre o assunto, mas ele mesmo não toma partido de nada, não se define, não defende nem ataca. Expõe a Ciência, os paradoxos existentes entre diferentes vertentes de pensamento, equilibra as informações em uma balança. E isso me incomodou porque nem sempre dá para equilibrar as informações, porque há mais controvérsia em um lado e um pouco mais de clareza nas hipóteses em outro, porque os paradoxos não são assim tão mal resolvidos. Há mais em cada ponto levantado, outras ideias, outros argumentos, outras hipóteses que poderiam ter sido discutidas.
Hoje, alguns dias depois da leitura, o que me fez de fato gostar do livro são exatamente os pontos que me desmotivaram no primeiro momento. Por quê? Porque com esse tipo de abordagem fica excelente para o professor problematizar questões, buscar o conhecimento prévio dos alunos acerca do tema, motivá-los para o debate aberto, sem pré-julgamentos ou definições.
O livro, ao não expor uma opinião, faz com que os alunos PENSEM, DISCUTAM, PROBLEMATIZEM.
Desenvolvimento sustentável: que bicho é esse? é da Editora Autores Associados e foi uma cortesia para este blog.

Discussão - 9 comentários

  1. Luiz Bento disse:

    "Escorrega ao dar uma justificativa em com base em entropia e evolução darwiniana (não, a extinção da espécie humana não é prevista pela termodinâmica, nem por Darwin - pelo menos não como diz o livro)"
    Frio na espinha...

  2. Davi disse:

    No inicio da resenha imaginei que realmente fosse um livro educacional.. e em se tratando disso como vc mesmo disse o formato é perfeito..
    Na minha epoca de estudante do segundo grau minha professora de Geografia realizou um debate entre duas turmas sobre desnvolvimento sustentável. E o levantamento de dados e argumentetos creio eu teria sido muito mais completo se tivessemos materiais como esse na época..

  3. Davi
    Isso mesmo! Acho que a ideia central é provocar. Mas há necessidade que o condutor/professor esteja bem informado e saiba alinhavar bem as conclusões.
    Luiz
    Um parágrafo, um parágrafo... Na p. 47... talvez eu não tenha entendido o objetivo, mas poderíamos ter ficado bem sem essa.

  4. Sarah K disse:

    oi Paula! voltando...
    já eu, gostei do livro enfocar desta forma, não se posicionar e deixar que cada um faça sua leitura crítica, como vc mesma fez.
    e se vc me permitir, vou um dia deste, utilizar este material e fazer um post no meu blog, claro, dando créditos a vc ... pode ser?
    beijão
    😉

  5. Oi Querida!!!
    Claro que pode! Só não vale copiar o post inteiro, como andam fazendo por aí... Fique à vontade para pegar trechos sim!
    Beijo

  6. Renato Magnum disse:

    Incrivel o video!!! Um tema muito abordado hoje em dia, que o governo e grandes empresas usam para manipular mentes(minha opnião). Mais mesmo o livro não tomando partido é importante para se conhecer os dois lados a moeda, acho que é um livro que não apenas pessoas por dentro de tal assunto deva ler, e sim as pessoas leigas e tal. Para poder terem uma opnião bem formada e não uma opnião formada por alguem que foi na TV e falo algo que só trará beneficios para ele e sua empresa.
    Abraços...

  7. joselia matos disse:

    o homem, realmente não pode mudar o que ja foi destruido por ele mesmo ,mas temos que continuar lutando para melhorar o planeta pelo bem de nossos filhos e de toda a geração futura, não se esquecendo que temos que preservar principalmente as aguas que são fontes de vida ,que gera a vida ,pois o homem tem mudado o curso dos grandes rios mudando tambem aos poucos a rotação do planeta ,pois a agua e o elemento que gira por dentro e por fora da terra ,e isso tem causado desequilibrio no meio ambiente, sem contar com a destruição das matas

  8. joselia matos disse:

    o video e incrivel ,uma criança muito corajosa

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