Genoma do Homem de Neandertal. E daí?


Dois artigos publicados recentemente nas revistas Nature e Science deram o pontapé inicial para o sequenciamento do genoma do Homem de Neandertal (Homo neandertalensis). Mas, e daí? Porque seqüenciar uma espécie extinta?

Bom, para início de conversa, esses artigos são importantes pois desenvolveram técnicas de coleta, sequenciamento e análise de DNA muito antigo, e por isso mesmo muito degradados pelo tempo, coisa que até pouco tempo era impossível de se conceber.

Mas o mais importante é que esses trabalhos possibilitaram algo muito importante para o conhecimento do homem: a comparação entre o Homo neandertalensis e nós, Homo sapiens.

A espécie viva até hoje que mais se assemelha ao homem é o chimpanzé. E olhando assim para eles, nem parecem tanto assim com a gente. Mas sabe-se que só 1% do genoma dos chimpanzés é diferente do nosso. 1% que foi o suficiente para nos dar as características que nos separam desses macacos.
O Homo neandertalensis foi a espécie mais próxima evolutivamente de nós, e por isso a mais parecida conosco que já existiu. Estima-se que nossos genomas se diferem em apenas 0,5%. Esses hominídeos tinham um corpo muito parecido com o nosso, só eram um pouco mais atarracados (mais baixos e troncudos), com alguns ossos do crânio mais salientes, um nariz bem largo e achatado e, o mais intrigante, um volume cerebral maior que o do homem moderno! Além disso eles desenvolveram habilidades únicas até então: inventaram ferramentas como a agulha, confeccionavam roupas de couro, tratavam esse couro, desenvolveram as pedras lascadas fabricando machados e martelos. Mas então, o que os tornava diferentes de nós? Algo que realmente só o Homo sapiens desenvolveu na face da Terra: abstração.

Mesmo possuindo um cérebro maior e sendo capazes de fabricar ferramentas mais bem acabadas do que os sapiens, os neandertalensis nunca foram capazes de adornar suas machadinhas, pintar suas cavernas com figuras abstratas ou fazer rituais fúnebres religiosos. Acredita-se hoje em dia que o cérebro dos neandertalensis, apesar de grande, era compartimentalisado, ou seja, não integrava os pensamentos. Comparando os cérebros do neandertalensis e do sapiens, acredita-se que o cérebro do primeiro seria como uma caixa de ferramentas, enquanto que o do segundo seria um canivete suíço. Assim, a maior interação entre as diferentres partes do cérebro do homem atual seriam a explicação para a redução do volume (da caixa de ferramentas para o canivete) e também um dos fatores para a origem da abstração.

Assim, descobrir as pequenas diferenças entre o genoma do neandertalensis e do sapiens, pode nos dar muito boas dicas de como ocorreu o primeiro estalo que nos fez abstrair, imaginar, e criar, ou seja, o que nos fez humanos.

  • Outros comentários
  • The Dawn of Stone Age Genomics
  • comentario nature
  • (Muitos destes artigos são de acesso restrito, principalmente Nature e Science. É uma pena que se restrinja acesso a esse tipo de informação. Surge assim mais uma justificativa para meios de divulgação cientifica como este blog.)

  • 5 comentários em “Genoma do Homem de Neandertal. E daí?”

    1. Desse jeito, com o blog do Fafa, eu ainda fico inteligente!!! hehehhehehehehehehehehehFafa, o bom do seu blog é q não é uma leitura chata, muito pelo contrário, é interessante e faz com que a gente use mais o "canivete" !!!!bjosGra

    2. e ai fafa?vc leu "as sete filhas de eva" ?bom, nao sei se vc recomendaria, mas é um livro que bom a ciência em um nível bastante inteligível a todos, assim como seu blog... e também é interessante pela parte que fala de recuperação de genomas e até pela construção do processo científico.bem, fica ai uma sugestãoabraçorodrigo

    3. Fala Fafa...Adorei o seu blog!!ele tah muuito boome como o da gra ele tah um texto fácil de ler daqueles que você lê sem ser a trabalho...vc lê, por diversãotinha um trabalho dificil pra caramba, aí vim aqui e esqueci do trabalho, li,li,li e esqueci do tempomuuuito boombeeijosnanda c. b.

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