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Hoje é dia de campanha nacional de combate ao câncer de pele. Mas não se acha em nenhum lugar como que a luz pode causar um crescimento descontrolado das células, afinal o câncer é isso aí. Não se acha em linguagem acessível, eu quero dizer.
A pessoa que não é da área da saúde, sabe como a luz do Sol pode afetar o destino de nossas células?
A radiação UV é uma das várias ondas presentes na luz branca, e tem uma quantidade de energia grande. Essa energia toda pode ser transferida para outras moléculas sensíveis a luz. Isso pode gerar radicais livres, que são moléculas de oxigênio que uma molécula libera quando recebe energia extra, por exemplo, da luz UV. Esse oxigênio é muito instável, e ao tentar se estabilizar, ele rouba energia de outras moléculas e as desestabilizam. E se estas moléculas atacadas estiverem formando uma membrana ou uma fita de DNA os danos acontecem.
O DNA pode ser atacado diretamente.
A luz UV pode jogar sua energia diretamente nas bases de DNA. Com essa energia extra, duas bases timidinas podem se unir e assim as proteínas que lêem o DNA param ali, atrapalhando a fabricação normal do produto daquele DNA.
Com tantas células e tanta luz (pois mesmo essa luz de lâmpadas frias irradia UV), é impressionante que não tenhamos um câncer por dia. Mas as células têm mecanismos de reparo. Proteínas que percorrem o DNA, e ao encontrar estes dímeros de timidina o retiram e recolocam duas timidinas normais.
Sol e o pé-de-galinha
Claro que, em sistemas biológicos, nada é perfeito. Uma hora esse sistema falha e a mutação fica.
Quando uma célula acumula algumas mutações importantes, ela passa a se comportar de um jeito diferente do normal. A própria célula, as suas vizinhas, ou o sistema imune, podem detectar esta mudança e fazer com que ela pare de se dividir e gerar outras células. Assim, estas mutações não seguem em frente nas células-filha. Mas um tecido com muitas células paradas não se renova. Se um pedaço da pele se dobra muito, ele precisa ser elástico, suas células tem que produzir colágeno, elastina, e trocar as células frequentemente para manter a estrutura daquela região. Mas se as células estiverem paradas, por causa dos freios impostos pelas mutações, aquele tecido não se renova. Envelheceu. Este é o princípio do pé-de-galinha ou qualquer marca de expressão, as famosas rugas.
Mas e o câncer?
E se essa mutação for bem num gene que produz uma proteína que controla as divisões da célula, que controla seu ciclo celular ou o próprio sistema de reparo do DNA? Aí temos um passo para a formação do câncer.
Digo um passo porque são necessárias mais de cinco mutações para se ter um câncer. Mas não se engane, temos várias células que já podem ter acumulado um bom tanto de mutações e estão só esperando pelo próximo banho de Sol.

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