Chamar vaca de Mimosa faz ela produzir mais leite?


Notícia da BBC Brasil:

O animal que recebe um nome e é tratado com “um toque mais pessoal” pode aumentar a produção em até 285 litros por ano.
“Nossos dados sugerem que, no total, os fazendeiros que produzem leite no Reino Unido consideram suas vacas seres inteligentes, capazes de viverem uma gama de emoções.” “Dar mais importância a conhecer os animais individualmente e chamá-los pelo nome pode, sem custo adicional ao fazendeiro, levar a um aumento significativo na produção de leite”, afirmou Douglas.

Ok, os fazendeiros amam suas vaquinhas que são seu ganha-pão, e realmente não deixam de ter personalidade, óbvio.
Mas o estudo só perguntou se o fazendeiro dá ou não nome às suas vacas? Não analisou mais nada?
Imagino que o fato de dar nomes tenha relação com o maior conhecimento do rebanho por seu dono, não?
Me parece a velha confusão de correlação versus causa-efeito. Vacas com nomes correlacionam com maior produtividade, mas não quer dizer que o nome é que causa a maior produtividade. Neste caso, me parece mais lógico que a causa da maior produtividade seja a intimidade do fazendeiro com o gado, o que acaba trazendo uma relação de convívio em que os fazendeiros acabam batizando suas colegas de trabalho.

Não é o fato de simplesmente ter um nome, ou um tratamento com um toque pessoal, que aumenta a produção de uma vaca, como muitos interpretaram da reportagem. Mas sim a maior intimidade do dono com as condições do gado, sua saúde, higiene e bem-estar. Estar em contato com o gado e perceber rapidamente uma doença, por exemplo, aumentará a produção deste fazendeiro.
Provavelmente os proprietários que não dão nomes aos bois não tenham um contato direto e por isso fiquem menos atentos às condições gerais de saúde dos animais não-humanos em questão.
Parece que esta pesquisa só reforça o que já dizia minha vó: é o olho do dono que engorda o boi.

8 comentários em “Chamar vaca de Mimosa faz ela produzir mais leite?”

  1. Só sei que a Morena (minha vaca) produzia o melhor leite de todos do mundo, diferente das vacas 1, 2 e 3.
    Aliás, a Morena tem muita história...
    1) Ela tossia. - O que poderia deixar muitos usuários da frase "Nem que a vaca tussa" meio desconcertados. (é assim que se conjuga o verbo tossir?)
    2) Morena teve vários filhotes. Nenhum deles sobreviveu por muito tempo - mas o leite ainda assim era fenomenal e eu estou viva até hoje.
    3) Morena chorava toda vez que eu ia embora do sítio.
    4) Morena um dia decidiu que já tinha cumprido sua missão na Terra. E foi para o brejo.
    Enfim... a Morena produzia mais e melhor leite porque a comida dela era especial, porque ela recebia carinho e porque nós estávamos sempre atentos a sua saúde. O nome não era Mimosa, então certamente não é por conta disso ; )

  2. Acredito que a coisa vai um pouco além da mera familiaridade com as condições de saúde do rebanho. Um fato que observei na infância, na fazenda de parentes em Macuco, RJ: as vacas, na hora da ordenha, atendiam quando chamadas pelo nome (nada de "extra-sensorial" nisso: os bezerros atendiam igualmente quando o nome da mãe era chamado). E a produção de leite variava muito, conforme o nível de stress de cada vaca: sob chuva, por exemplo, produziam menos.
    Mas eu concordo com a diferença entre "correlação" e "causa-efeito". Um fazendeiro que nem se dá ao trabalho de dar nome às vacas, não está nem aí para o stress das bichinhas (o que, provavelmente, é mais próximo da causa da melhor produção).

  3. Sendo assim um fazendeiro que tenha 5.000 cabeças de gado vai gastar uma graninha fazendo crachás pra fazer as vacas se sentirem melhor.

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