A felicidade está na internet

amor internet.jpgDescobri duas coisas bem bizarras lendo este artigo da Science. Primeiro que existe uma revista científica chamada Journal of Happiness Studies, algo como Revista para Estudos da Felicidade (?!). Segundo que a internet, principalmente os blogs, pode ser um termômetro emocional do mundo!

A internet é o termômetro do humor do mundo

Como? Ora, no trabalho publicado nesta revista, os matemáticos Peter Dodds e Christopher Danforth analisaram sentenças de 2,4 milhões de blogs, que foram coletados pelo site www.wefeelfine.org. Este site faz buscas pelos blogs do mundo procurando por frases que começam com “I feel…” (eu me sinto…). Assim, com essas sentenças retiradas de blogs, eles analisaram as palavras presentes com diferentes pesos. Palavras alegres como “Love” e “triunphant” tinham um valor maior e palavras tristes como “disgusted” tinham um valor menor numa escala de 1 (miserable) a 9 (ecstatic). Assim os pesquisadores calcularam o índice médio de felicidade para cada texto baseados nos escores das palavras e nas suas freqüências.

Os pesquisadores escolheram este método por acharem que as pessoas são mais sinceras escrevendo espontaneamente do que respondendo questionários psicológicos. O que faz todo o sentido pra mim e justifica o trabalho.

Resultados: A blogsfera esta cada dia mais feliz! Desde 2005 a felicidade aumentou 4%. Dá até pra acompanhar a felicidade por datas especiais. Natal e dia dos namorados faz a felicidade na net subir pra 6,0, enquanto que datas pesadas como 11 de setembro ficam em tristes 5,7.

grafico felicidade.jpgO dia mais feliz desde 2005 foi 4 de Novembro, dia da eleição para presidente dos EUA, com um escore de 6,3. Esse índice foi bombado pela emoção dos bloggers que escreveram mais a palavra “proud” e menos as tristes “pain” e “guilty”. E recentemente a morte de Michael Jackson rendeu 3 dias de tristes 5,8 pontos de felicidade.

Além de datas específicas, podem-se medir diferenças entre sexo e idade. Homens e mulheres tiveram a mesma média de pontos (5,89 e 5,91 respectivamente), mas mulheres são mais extremas e usam palavras muito tristes ou muito alegres. Assim ficam na média, mas não escondem a sua exaltação.

Quanto a idade, adivinhem quem são os mais deprimidinhos? Os emos adolescentes, claro, com 5,5 na faixa e 13 a 14 anos. Também, escrevem muito mais palavras de revolta, como “sick”, “hate” e “stupid”, do que os bloggers com maior rodagem, nos seus 45 a 60 anos, e maior índice de felicidade também.

Músicas como termômetro

feliz ou triste.jpgFizeram este mesmo teste também usando letras de músicas dentro do site www.hotlyrics.net. Foram analisadas 230 mil letras de músicas quem mostraram uma realidade mais triste. Desde 1960 a felicidade nas musicas caiu 10%. A maior parte da queda se deu entre 1961 (6,7) e 1980 (6,2). Parece que se canta cada vez menos de amor para se cantar mais sobre ódio e dor.

A média de felicidade dentro de cada estilo de música não caiu com o tempo, mas o aparecimento de novos gêneros, como o punk e o metal, é que são os responsáveis pela queda do índice.
(Se for por causa do punk e do metal, acho a queda muito digna então.) 

Ah, e agora os pesquisadores querem usar o Twitter para coletar dados, e acompanhar as mudanças de humor em tempo real!

E pra que saber o humor do mundo?

Oras, podemos fazer relações em vários níveis, e responder perguntas como as sugeridas pela psicóloga Sonja Lyubomirsky: “Músicos com letras mais positivas vendem mais CDs?”, ou “Pessoas em países com blogueiros mais felizes vivem mais?”. Além disso poderíamos talvez avaliar governos diretamente pela felicidade do povo durante uma gestão, ou mesmo durante eventos como a crise econômica.

Só duas perguntas: será que este blog é mais triste ou mais alegre? E você leitor, fica mais triste ou feliz lendo este humilde RNAm?

7 comentários em “A felicidade está na internet”

  1. Muito legal. A adolescência realmente costuma ser uma época terrível - acho que a gente idealiza muito os tempos em que tínhamos 15 anos. Não que não possa ser maravilhosa, claro, mas nem sempre é. Costuma ser repleta de indecisões, de falta de experiência para lidar com as dificuldades de vida e com as pessoas, de transformações estranhas no corpo e na sexualidade, de dependência.
    Mas uma pergunta a se fazer: será que os adolescentes simplesmente não usam mais os blogs e o twitter para reclamar da vida? Seus posts não têm uma conotação mais "welcome to my life"? Me parece que adultos escrevem sobre temas mais acadêmicos (como esse!), comentam filmes, fazem um apanhado geral sobre as suas vidas ao invés de escrever um diário. Mesmo porque os mais novos são de uma geração que nasceu com o computador no colo... Quem é mais velho pode considerar, além de perda de tempo (e adolescentes têm tempo ocioso aos montes), invasão de privacidade ficar escrevendo sobre as próprias desgraças para todo mundo ler. Talvez os próprios adolescentes passem a pensar assim no futuro - e aí vai ser uma mudança de comportamento, não de felicidade.
    Parabéns pelo blog!
    Abraços!

  2. Claro q os adolescentes reclamam mais da vida. É justamente isto que a pesquisa indicou e indicou algo que concorda com o intuitivo.
    Mas perceba q o RNAm nao entraria na pesquisa de maneira muito significante pq eles usaram só frases que tenham o I FEEL no meio. E tirando algumas exceções, blogs que não são diários não contém muitos I FEEL, entende?

  3. Não é questão de entender. É de achar que nós, adultos, podemos até usar "I feel" com frenquencia, mas evitando trazer assuntos ruins para o ambiente virtual - coisa que os adolescentes não tem pudor em fazer. Os adultos talvez reclamam tanto quanto da vida, mas no bar, na sala de casa, em outros lugares. Mas veja bem, os resultados são interessantes, só não acho que não se possa questionar os métodos.

  4. Adorei o Post! Mandou super bem! Também fiquei impressionada com essa revista sobre Felicidade!! E concordo que os blogs, os diários on line, são mais fiéis que questionário, pois são escritos no momento do sentimento, ou bem próximo a ele!

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