Usain Bolt, o corredor QUASE perfeito

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Imagem e texto adaptados do artigo “Taller, heavier: the speedy evolution of the fastest people on the planet” do The Sydney Morning Herald

Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo. Será ele a máquina perfeita de corrida? Parece que ainda não.
Pesquisadores vêm observando o desenvolvimento dos atletas de corrida durante toda a história das competições. Suas medidas, como peso, altura e tamanho de membros, são dados que estão sendo analisados, e pela comparação dos atletas e suas marcas estão-se tirando conclusões interessantes.
Os corredores de velocidade estão cada vez mais altos e pesados. É fato que a população em geral vem crescendo. Cresceu 5cm em média desde 1900. Mas os corredores campeões cresceram 16,2cm neste mesmo tempo. Logo parece haver uma vantagem em ser alto nesta modalidade.
Mesmo nesta foto acima parece que podemos perceber algo diferente. Parece que todos os outros corredores já estão com os corpos esticados, enquanto Bolt parece ainda estar com uma sobra para se impulsionar ainda mais. Aí está: mais alto para aproveitar este impulso, e mais pesado, com mais força para se propelir. Assim ele economiza passos e ganha tempo.
O corredor perfeito
O professor de Ciência do Exercício, da University of South Australia considera Bolt um primor morfológico para correr. “Ele é perfeitamente projetado para passos longos e movimentos rápidos”, disse o dr. Norton. “A parte de baixo da sua perna com relação à de cima é bem longa. O comprimento da perna toda em relação ao corpo todo também é longa”.
Se Bolt tivesse potência compatível ao comprimento da sua perna “ele teria ido abaixo dos nove segundos”. E um homem de 2,13 metros de altura ainda vai correr abaixo dos nove algum dia.
Mas como achar ou “produzir” um campeão destes? Se já se sabe a altura, peso e comprimento de membros ideais, o que impede a produção destes atletas se utilizando técnicas de biotecnologia.
Evolução do mais rápido
Bem, a biotecnologia não está tão avançada neste sentido. Peso e altura são características complexas, que não dependem só de um ou poucos genes.
Mas de certo modo já existe uma seleção natural dessas características, já que muitos atletas acabam se casando entre si e se reproduzindo, o que pode levar a uma incidência maior das características dos atletas nos seus filhos. Mas isto nos leva a outra questão: filho de peixe, peixinho é?
Não necessariamente. Também há o caso do metabolismo ideal. Afinal, corredores rápidos se beneficiam de células que também são rápidas em gerar energia, ao contrario de maratonistas que se beneficiam mais por células lentas. E esta decisão se as células serão rápidas ou lentas acontece na fase de feto do desenvolvimento do indivíduo. Assim o ambiente, desde o feto, até o afinco nos treinos, é fundamental. Não depende só da genética.
Afinal, eu sou alto, poderia até ter as proporções ideais para ser uma máquina de corrida em velocidade. Mas sempre gostei mais de corridas de longa distância. E fora isso, adquiri uma tendência imensa de preferir assistir TV a correr, principalmente depois dos 17 anos. Assim não há genética que salve.
Mas Salve Usain Bolt! (Que na minha opinião ainda segurou bastante neste mundial só pra causar nos outros. Afinal, pra ser um atleta de elite hoje em dia não adianta ter proporções perfeitas, tem que ter muita cabeça também.)
Atualização (18/08/09): A leitora Tatiana mandou um link muito interessante do The Guardian que me lembrou de uma informação interessantíssima: a qual velocidade ele chegou? 44,72km/h entre os 60 e 80 ms!!! Existem áreas em que ele poderia ser multado por excesso de velocidade!!!
Ele deu 40 a 41 passos nos 100ms, enquanto seus concorrentes precisaram de 45 a 48
E realmente o aumento no record é muito maior do que vem sendo atingido nos outros anos desde o começo da marcação eletrônica de tempo. E alguns estatísticos haviam previsto esta marca de Bolt, seguindo as tendências, só para 2030! Claro, afinal o último record é de 1929.
Aguardemos agora o seu prometido 9.4s!
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11 comentários em “Usain Bolt, o corredor QUASE perfeito”

  1. Ótimo post..
    Mas não podemos deixar de lado a evolução do estudo e prática dos técnicos e profissionais de Ed. Fisica que vem melhorando seus métodos durante esse temop todo.
    parabéns

  2. Muito legal, Rafael.
    Você viu o vídeo da corrida e premiação dos 200m? (ele fazendo "chifrinho" no outro jamaicano(?) que estava no ódio com ele para as fotos)

  3. Sem dúvida o avanço na área da Educação Física é a principal responsável por todo esse desenvolvimento.
    Mas considerando o atleta individualmente e essa questão genético X ambiente, o treino cai dentro do ambiente.

  4. por que 2,13m? imagino que, a partir de uma certa estatura, o tamanho passe a ser um fardo biomecânico de alguma maneira. eles preveem que 2,13 é o tamanho ideal, topo da curva de eficiência?

  5. Excelente,Fafá!Só pra lembrar que o treino pode acabar por transformar um tipo de fibra em outro também,por mais mágico que pareça.

  6. Maria, esta altura é a progressão de um calculo de proporções do pesquisador sim.
    Pelos seus calculos, um homem com 2,13m tem potencial para correr 100m abaixo dos 9s!
    Mas não sei se é um "topo" ou "ideal". Acho que eles não fecham o perfil do corredor desta maneira determinista. Aliás não há como fazer isso, acho.

  7. Eu acerdito que o factor genético seja muito importante para facilitar aquilo que tentamos fazer, é mais facil cavar com uma pá do que com as mãos. Só não nos podemos esquecer, sem vontade não há campeões, até podemos ter a pá mas se não tivermos vontade de lhe mexer até o que cava à mão faz melhor que nós.
    Acho que aquilo que todos dizem ser talento, estão a referir-se aquele bixinho que todos os dias nos faz batalhar no mesmo, é aquele gosto quase de vício que temos por alguma coisa.

  8. Pingback: Anônimo
  9. Rafael, se você corre mais que o Bolt pq não ouvi seu nome nas olimpíadas? Deixa disso cara. Se toca.

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