Zumbis? Atire primeiro, pergunte depois!

Os zumbis são figuras cativas na cultura pop, sendo normalmente retratados como mortos-vivos trazidos de volta à “vida” por ação de algum surto infeccioso, uma epidemia, maldições, ou só porque o Inferno lotou e merecemos todos morrer mesmo (esse último é uma crença da Idade Média, auto-explicativo, certo?)…
zombies13.jpg

Shiny Happy Zombies holding hands


Pensando nisso, um grupo de estudantes MUITO ocupados realizou um estudo de modelagem matemática de um ataque zumbi hipotético – calma, não precisa comprar a shotgun ainda – utilizando suposições biológicas baseadas nos populares filmes de zumbis. Esse estudo está publicado como um dos capítulos de um livro que trata de doenças infecciosas chamado Infectious Disease Modelling Research Progress.
Peraí, Zumbis? Como assim, Bial?
Isso mesmo, zumbis… quem falou que cientista não tem senso de humor? Temos aqui um exemplo clássico da combinação álcool, stress de entrega de tese e Ócio Criativo (se algum dos autores quiser me processar por dizer isso, digam que é só me procurar no boteco do seu Zé, na esquina do laboratório).
zombie1.jpgVoltando ao assunto, é melhor definirmos o tipo de zumbi estamos tratando aqui. De acordo com o ÓTIMO livro Guia de Sobrevivência a Zumbis, escrito por Max Brooks (redator do Saturday Night Live e filho de Mel Brooks), e com a cultura criada pelos filmes feitos pelo cineasta George A. Romero, zumbi são corpos reanimados que se alimentam de carne humana fresca. Até aqui todo mundo sabe, afinal, ninguém esquece da pérola “mioooooooooooooloooos!!!!!”, certo?
O que talvez pouca gente saiba é que as histórias de zumbis se originaram do Vodou, uma crença Afro-caribenha (a pronúncia é vudu), e descrevem pessoas controladas por feiticeiros poderosos, como vocês podem ler nesse ótimo texto feito por Kentaro Mori, no site Ceticismo Aberto. Depois, vieram os filmes de Romero, onde os zumbis são verdadeiros idiotas (chega a dar impressão que eles querem comer “miooolos” prá ver se ficam mais espertinhos), apesar de não serem “marionetes”.
Já os filmes atuais deram uma guinada nos nossos conceitos… A última novidade em filmes como Extermínio (28 Days Later) e o remake de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead), foram os zumbis atléticos. De uma hora prá outra os zumbis antes letárgicos e até um pouco patéticos (como parodiado no ótimo Todo Mundo Quase Morto, ou Shaun of the Dead), viraram máquinas de correr, pular e morder, mais prá cachorro de pitboy do que pros zumbis retardados que tínhamos como referência popular.
O “modelo” de zumbi escolhido pelos canadenses foi o clássico assim até eu mato zumbi, com zumbis lentos imbecis, que te ganham no cansaço ou por maior número, e, claro, desespero e burrice da sua parte (características inerentes a todos os personagens desses filmes, tirando o mocinho ou mocinha).
i-dont-hate-zombies-200x200.gifAinda assim, de acordo com os cenários estudados no modelo, é possível repelir com sucesso um ataque desses monstros comedores de cérebros. A chave é “atacar com força, e de modo intenso.” (uau, parece o George Lucas dirigindo seus atores quando filmava Star Wars“Faster, and more intense!”).
Nas palavras dos autores à Revista Wired: “Um surto de zumbis é potencialmente desastroso, a menos que sejam empregadas táticas extremamente agressivas contra esses mortos-vivos. É imperativo que os zumbis sejam confrontados rapidamente, ou poderemos nos ver numa situação realmente complicada.”
E, realmente, eles se dedicaram bastante aos cálculos: “O modelo leva em conta a possibilidade de quarentena (que pode, apesar de pouco provável, levar à erradicação desses zumbis) e tratamento (alguns humanos sobrevivem, mas ainda podem coexistir com os zumbis), mas conclui que há uma única estratégia com probabilidade razoável de sucesso: a erradicação impulsiva.”
Traduzam “erradicação impulsiva” como chumbo neles. Dá praticamente na mesma.
Dica: acrescente A Cavalgada das Valquírias de Wagner ao se imaginar com um fuzil ou lança-granadas nas mãos, sentando o dedo nas hordas de zumbis estúpidos que não conseguem desviar de uma pedra no chão, que dirá de uma bala (ou míssil, ié iééé!).
“Somente ataques em número e freqüência suficientes, com força crescente, resultarão na erradicação, considerando-se que os recursos necessários para esses ataques possam ser mobilizados no tempo correto.”
E o que acontece se ficarmos com cara de tontos e demorarmos a pegar rifles e espingardas, partindo pro pau?
“Se o tempo do surto aumentar, entramos no cenário apocalíptico: o número crescente de zumbis resultará no colapso da civilização, com cada humano infectado, ou morto. Isso acontecerá pelo suprimento ilimitado que as mortes e nascimentos humanos serão para os zumbis infectarem, ressuscitarem, e converterem humanos restantes.”

Óquei, entendi… Tem que ser bala direto, no esquema “atire primeiro, pergunte depois”… Mas quanto tempo teríamos para lidar com o surto de zumbis, com chances de sucesso?
Vejam na fórmula abaixo, que é a equação inicial que define o modelo discutido aqui:
ModeloZumbi.JPG
S são os indivíduos susceptíveis à infecção
Z são os zumbis (dãh)
R são os indivíduos removidos, mortos por zumbis ou outras causas
Seta vermelha: esse parâmetro indica que os indivíduos em S podem morrer de causas naturais, ou, nesse caso, “não-zumbis”
Seta azul: indica que alguns indivíduos mortos podem “retornar” como zumbis
Seta preta: indica que indivíduos S podem ser infectados por zumbis, entrando no grupo Z
Seta verde: zumbis que foram “mortos” e não podem retornar pelo parâmetro indicado na seta azul, pois tiveram suas cabeças arrancadas e/ou cérebros destruídos (use a imaginação para pensar mil e uma maneiras de COMO se pode fazer isso)
De acordo com as variáveis do modelo, se o surto de infecção começar numa cidade de 500 mil habitantes e nada for feito, os zumbis (Z) sobrepujarão o grupo S (indivíduos saudáveis) em rápidos 3 dias!
Em compensação, se usarmos a tática “pé na porta, tapa na cara” (ou, nesse caso, tirambaço de calibre 12), em 10 dias é possível se exterminar 100% dos zumbis, comparem os gráficos que mostram a invasão sem qualquer ação por parte dos humanos (à esquerda) e o combate pesado aos zumbis (à direita):
grafs.JPG
Bom saber que, com a força de vontade e as armas certas, já definimos cientificamente que podemos dar conta de uma invasão de zumbis à lá Resident Evil (tinha gente achando que eu nem ia mencionar né? Rá!)
E a gente aqui, morrendo de medo da Gripe Suína… Minha sugestão é: guardem o dinheiro do Tamiflu para comprarem balas… tipo, muitas balas. E, claro, decorem o Protocolo Bluehand (abaixo)!
protocolobluehand.JPG

Nunca, NUNCA esqueçam isso!


Ou, melhor ainda: acessem o ZombieTools, um site excelente que vai te ajudar a montar um arsenal específico para acabar com esse zumbis malditos!
ps: apesar de parecer, não ganhei nada prá linkar esse monte de gente… mas aceito “presentinhos”, se quiserem podem mandar uma camiseta, livro, ou quem sabe esta belezinha abaixo!
urban-bone-machete-mark-3-2.jpg

Ahh, nada como arrancar cabeças de zumbis pela manhã…


Quem quiser ver todos os cálculos feitos, deixo aqui a citação do trabalho: “When Zombies Attack!: Mathematical Modelling of an Outbreak of Zombie Infection” by Philip Munz, Ioan Hudea, Joe Imad and Robert J, Smith?. In “Infectious Disease Modelling Research Progress,” eds. J.M. Tchuenche and C. Chiyaka, Nova Science Publishers, Inc. pp. 133-150, 2009.
Agradecimentos a Emílio Garcia, que me enviou o artigo para que eu escrevesse o post. Ele sempre manda coisa boa, sigam-no em seu twitter @Piscolisco. Lembrando aos interessados que o meu twitter é o @Gabriel_RNAm
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Imagens: Podcasting News; Supersônica; ZombieTools

18 comentários em “Zumbis? Atire primeiro, pergunte depois!”

  1. AHAHAHAHAHHAA
    MUITO BOOM!
    Eu juro que realmente achei que você não fosse citar Resident Evil.. rsrs
    Isso sim é divulgação científica de qualidade!
    kkkk
    Abraço..

  2. Em tempo! Se prestarem atenção, um erro poderá ser corrigido: na mitologia de Romero não é uma maldição que desperta os zumbis ou porque o inferno está cheio. Os pesonagens entendem as coisas assim.
    No entanto, foi um experimento que liberou algum tipo de radiação na atmosfera que reviveu os mortos.
    Vide Nigth of the living dead.

  3. "com zumbis lentos imbecis, que te ganham no cansaço ou por maior número"
    Gabriel... juro que já passei por isso! huahuahau Com esse post vc me fez "reviver" aquele cenário! Qualquer semelhança entre Resident Evil e um shopping em dezembro, não é mera coicidência! hehehe

  4. SEN-SA-CIO-NAL!!!!
    Obrigado pelas infos de saúde pública....
    Fica a questão: Seria o Sylar do Heroes uma espécie de Zumbi moderninho? Afinal de contas ele tem fome de miooolos (queria escrever isso!!!) e fica mais inteligente quando come?
    Não, não se dêem ao trabalho de responder!

  5. Cara, lendo o texto já me imagino com a doze na mão, coberto por sangue de cabeças de Zumbi estouradas à queima roupa! Bom saber que temos chances (e mais uma coisa... maldita lei brasileira contra armas - vamos ter que subir nas favelas para poder nos defender!)

  6. Ah, que saudade do fliperama. Para os que gostam de games de tiro, quem não jogou House of the Dead (I, II e III). Tem até versão para Wii.
    Mas se os zumbis são mortos-vivos, será que seus corpos passam por algum dos fenômenos cadavéricos, como o
    rigor mortis?
    Saudações periciais,

  7. Gabriel, uma correção: os zumbis de Romero não comem miolos, comem gente de um modo geral.
    Quem comem miolos são os zumbis de A Volta dos Mortos Vivos, um filme que deveria ser uma sequência de terror e virou paródia de comédia de confusão, com os mortos clamando por miolos para aplacar a dor da morte ("morte dói, miolos passam a dor").
    Outra, que entrou de mansinho na pesquisa: no zombielore original, qualquer pessoa que morrer por qualquer motivo desperta como zumbi (vide um dos personagens do primeiro filme, que morre de um tiro no abdômem e reparece no final como zumbi).
    Nas refilmagens e livros é que um zumbi só surge depois de uma infecção, mas Romero é deus e a palavra dele é que conta.
    "Dad, you killed the zombie Flanders!"
    "He was a zombie?"

  8. Este arsenal todo funciona contra os Zumbis brasileiros Sarney-Renan-Collor? Se funciona, me manda 3 Kits completos, que tenho alguns cadáveres para abater!

  9. fiquei pensando:
    entre os países cuja maioria da população é cremada, qual deles seria o mais seguro, ou o menos inseguro, para se fugir?

  10. Legal, mas como esse modelo iria se adaptar às casas daqui do Brasil, muitas muradas e com cercas elétricas e afins...
    E a grande pergunta que realmente importa: Quando vão lançar um "When Cthulhu attack!: Mathematical Modelling of a Return of Great Old Ones"

  11. Se houvesse uma infestação de zumbis eu,meu irmão e minha mãe pegaríamos o carro e íamos para delegacia pegar armas e depois que pegasse tudo voltaríamos para casa,na varanda atirando contra os zumbis(o muro da minha casa é alto e tem cerca cortante) procuraríamos sobreviventes durante o DIA e iríamos ao mercado buscar suprimentos,bom isso é o que se deve fazer numa infestação de zumbis(eles são gays)!!!

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