Papai Noel ameaçado de extinção?!

Convicções à parte, vou seguir uma das tradições natalinas, e escrever uma cartinha com meus pedidos.

Mas, ao contrário do esperado, minha cartinha – o texto de hoje – não é para o o bom velhinho. É para o Sr. Nathan Grills, um especialista em Saúde Pública da Universidade Monash (Austrália) que aproveitou o final de ano para aparecer na mídia.

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Como ele conseguiu isso? Publicando um artigo no periódico British Medical Journal fazendo críticas ao… Papai Noel.

É, ao Papai Noel. A patrulha do ‘politicamente correto’ quer fazer mais uma vítima e, do jeito que as coisas andam, logo mais o mundo perde toda a pouca graça que ainda tem. Já começaram a assassinar as fábulas e canções infantis, mas esse pessoal não vai se satisfazer nunca.

Para Grills, o bom velhinho representa um péssimo exemplo para as crianças retardadas e imbecis do nosso mundo. E eu digo ‘crianças retardadas e imbecis’, porque só fazendo essa premissa para acompanhar o raciocínio desse australiano idiota. Vejam alguns exemplos de incentivos ruins do bom velhinho e as ‘soluções’ propostas por essa pessoa iluminada que é o Sr. Grills:

  • Direção irresponsável/alcoolismo: a tradição anglo-saxã de deixar um copo de brandy ou vinho do Porto para ajudar o Papai Noel em sua viagem noturna (por causa do frio) pode levar as crianças à noção de não haver problema em beber e dirigir, e, a longo prazo, aumentar as chances de as mesmas desenvolverem alcoolismo. Além disso, ele argumenta que Papai Noel nunca foi visto usando CINTO DE SEGURANÇA, e que, para conseguir entregar todos os presentes na noite de Natal, tem que ignorar todas as leis de trânsito (especialmente os limites de velocidade).
  • Obesidade/sedentarismo: deixar biscoitos, tortinhas ou um copo de leite para o coitado Noel. Grills propõe que ele receba o mesmo lanche que a Rudolph (aquela rena de nariz vermelho, que parece o Maradona fuuuuuuuuuuuuu), de cenouras e aipo. Prá piorar, para melhorar a ‘imagem sedentária’ que ele passa viajando de trenó, sugere também que ele tenha um modo de locomoção mais ativo, entregando os presentes de bicicleta, ou à pé.
  • Esportes radicais: aqui ele lista exemplos como “surfe de telhado” e “salto na chaminé”, o que aumentaria os riscos de as crianças se acidentarem, tentando imitar as peripécias do Papai Noel. Realmente, será que esse cara tem família?
  • Disseminação de doenças: agora ele extrapola, afirmando que as pessoas que trabalham durante as festas vestidas de Papai Noel possam ser vetores de doenças infecciosas, e propõe a realização de mais exames médicos, e melhor monitoramento dos mesmos.
  • Finalizando essa ‘pérola de Natal’ que Grills criou, ele conclui que “há decepcionante falta de pesquisas rigorosas sobre o efeito do Papai Noel na saúde pública”, e acredita que mais pesquisas habilitariam as ‘autoridades’ a agir para regular as atividades do Papai Noel. Esse cara não é demais? Depois de uma frase dessas, quem é o retardado? As crianças, os pais, ou Nathan Grills?

    Eu já escolhi a minha resposta… e vocês?

    Aliás, só prá terminar meu recadinho pro Sr. Grills: se vocês conseguirem estragar mais essa parte da minha infância, espero, de coração, que a cena (com ‘C’, viu, Sasha?) seguinte nos jornais seja essa aqui:

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E, claro, um ótimo Natal para todos!

6 comentários em “Papai Noel ameaçado de extinção?!”

  1. Querido Papai Noel, por favor, entregue uma camisa de força ao Sr. Nathan Grills. Por onde andam os papa-loucos quando mas se precisa deles??

  2. É pessoal, foi justamente por isso que eu comentei sobre o 'método de conseguir mídia' utilizado por Nathan Grills, não culpo só ele.
    Sou da opinião que, do mesmo modo, o British Medical Journal, bem como, em seguida, todos os veículos de maior circulação (não especializados), adoraram a ideia de publicar um conteúdo tão 'polêmico' como esse texto...
    Ou vocês acham que os editores do BMJ não pensaram 'olha só, se publicarmos isso, ganharemos visibilidade em tudo quanto é formato de mídia, não vamos perder tempo!'? Eu não tenho nenhuma dúvida que alguma conversa nesse sentido aconteceu, quando eles receberam a prévia do artigo.
    E isso é um dos maiores problemas da nossa mídia atual: quem está errado?
    O autor, que escreve uma idiotice?
    Os editores da revista, que aceitam, dando o 'aval de qualidade' para aquele trabalho/matéria/entrevista?
    Ou nós, que compramos e/ou divulgamos esse material?
    Nada é tão simples... eu fiz questão de não ler o artigo, nem indexá-lo no ResearchBlogging BR justamente por isso: para não dar maior visibilidade para algo que considero lixo (escrevi meu texto com base na matéria da BBC Brasil, confesso), mas, de qualquer modo, cá estamos nós, 'passando prá frente'.
    O melhor que podemos fazer, claro, é 'passar prá frente', mas com o devido comentário sobre as qualidades (ou não, nesse caso) do material em questão.
    E esse é o maior poder das chamadas 'web 2.0' e 'sociedade da informação': o controle de qualidade, e a leitura que se dá para algum produto de mídia, pode, em muitos casos, sair completamente do controle dos produtores/autores/editores/marketeiros.
    Cabe a nós sermos responsáveis com a informação que cai em nossas mãos.

  3. Só falta ele dizer agora que o Papai Noel não existe e acabar com o bico que os "tiozinhos" fazem nas lojas e shoppings. A melhor idéia para ele era pegar o demônio da tasmania com fome e largar com ele na sala.
    Quer matar nossas ilusões agora?
    Abraço

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