Bioinformática: o emprego do futuro.

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Comecei a falar de bioinformática (bioinfo) no post passado, e continuarei falando dela aqui porque não só é uma ótima dica de carreira científica como é uma necessidade científica e social estimular essa carreira pela importância que ela tem e terá no futuro para ampliar nosso conhecimento.

Porque há tantos projetos?

Quando começamos na carreira científica geralmente é assumindo um projeto, de iniciação cinetífica, mestrado ou doutorado direto, e muitas pessoas podem parar por aí por não encontrarem um orientador com projetos que o interessem no momento. Em bioinfo isso não acontece pois os projetos surgem aos borbotões e nas mais diversas áreas, afinal a quantidade de dados que surge é imensa e sempre dá pra tirar algo novo de um banco de dados que já existe, onde a informação está lá, esperando para ser minerada, e novos dados estão sempre surgindo em velocidade cada vez maior, com os novos sequenciadores, por exemplo. Assim, projetos nunca faltarão, e as bolsas junto com eles.

Porque há tão pouca gente?

Esse é o maior gargalo da área: achar bioinformatas. Isso se explica por dois fatos principais: 1- biólogos não gostam de exatas e nem de programação; 2- computeiros até gostam de biologia, mas ganham muito mais em outras áreas como recem-fromados.

Assim, quem cobre esta área são na maioria físicos e matemáticos. Mas há sim computeiros e biólogos, claro, e estes se destacam bem se aprendem o outro lado da moeda bio/info.

O que preciso saber para ser bioinformata?

Hoje em dia, pelo desespero das instituições por bioinformatas, você não precisa de nada, só gostar de pelo menos duas dessas áreas e não chegar a odiar nenhuma delas: biologia, programação, estatística e matemática. Você terá um ano ou dois para aprender o que lhe faltar nessa equação tocando um projeto de mestrado. Mas as áreas de interesse são estas que eu mencionei. Claro que quanto mais preparado você estiver mais chances terá, por isso segue aqui a dica de onde encontrar cursos de especialização de interesse com nosso parceiro Educaedu Brasil.

Uma área nova e promissora

A bioinfo é nova no Brasil, estamos na segunda geração de bioinformatas se considerarmos que o projeto genoma da Xylela foi o que introduziu o Brasil na biologia molecular contemporânea criando a primeira geração de bioinformatas (direta ou indiretamente), tais como Emmanuel Dias-Neto, Helena Brentani, Sandro Souza, Anamaria Camargo e Paulo Oliveira. Esses são só os que eu conheço, mas olhar o lattes deles já pode dar uma idéia das possibilidades da carreira.

E sobram vagas de alto nível para pesquisadores nesta área. O Hospital AC Camargo e o INCOR, ambos hospitais fortes em pesquisa que perderam recentemente seus bioinformatas, têm dificuldade de encontrar alguém para esta posição.

Então meu filho, sente aí e aprenda a programar.

17 comentários em “Bioinformática: o emprego do futuro.”

  1. Eu "brinco" bastante com estatística e modelos matemáticos, assim como a grande maioria q trabalha com ecologia/evolução. (só ver como exemplo o laboratorio do Paulo inácio: http://ecologia.ib.usp.br/let/doku.php ou do João Batista: http://cmq.esalq.usp.br/wiki/doku.php?id=start)
    Mas eu estava olhando: o bionformata TEM q ter o perfil de "molecular"? Ou seja, ao invés de espécies em comunidades, genes em indivíduos.
    Vc acha q seguir esse caminho é válido para alguém mais "ambiental"?
    Já tava pensando nisso antes mesmo desse post, pois existe essa lacuna, mas q o pessoal da ecologia não vai atrás...Seria o "perfil" incorreto?

  2. Juliano,
    Não tem essa exclusividade de molecular não. Eu dei o exemplo do que eu conheço, mas qualquer área que gere muitos dados, como a ecologia, entra nessa. O bioinformata terá sucesso se tiver uma base de dados confiável e boa.

  3. Rafael, vale lembrar que a USP Ribeirão Preto oferece desde 2003 a graduação em Informática Biomédica, um curso integral onde são vistos os conteúdos da computação e da biologia com enfoque em três áreas de atuação: análise de imagens médicas (softwares para indexar, analisar e detectar doenças em imagens), bioinformática (sequenciamento e análise de genomas) e gestão hospitalar.
    Mais informações em: http://www.fmrp.usp.br/cg/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=115&Itemid=91
    Mas vale o que você disse: eu me formei neste curso e após 1 ano sai da área justamente para obter um melhor reconhecimento financeiro. Meus amigos que foram para a área acadêmica contudo parecem estar bastante satisfeitos.

  4. A área de bioinformática sofre também de desconhecimento durante a graduação. Muitos cursos de Ciência de Computação, perfeitos para implantar esse semente, sofre com a falta de pesquisadores/professores com interesse na área.
    Vale lembrar também, que bioinformática não é biotecnologia, muitas vezes confundidas por causas de jargões jornalísticos de massa.

  5. Ola,
    eu já sou computeiro e tenho muito interesse na área de biologia... só me falta encontrar uma oportunidade legal de começar a trabalhar, pois, como vc mesmo disse, a remuneração em outras áreas é bem melhor.

  6. Sabe que toda profissão que tem BIO como prefixo tá na moda, tá na crista da onda, será o emprego do futuro... o engraçado é que BIOólogo nunca... hehehe... Estamos entrando na era da multidisplinaridade forte! Não é mais simplesmente uma coisa bacana que a gente gosta de falar em discursos. Isso é um alarme forte para revisão de sistema educacional! O importante agora é ter formação sólida em pelo menos duas competências fortes! O bom (pelo menos pra mim) é que Biologia é uma delas!

  7. Olá Rafa!!
    Adorei o modo como vc abordou o tema, e as várias "dicas" tbm. Porém a melhor de todas sem dúvida foi: "Então meu filho, sente aí e aprenda a programar" rs.

  8. Olá,
    é a primeira vez que passo por aqui e tenho que falar do meu grande interesse por bioinformática... só tenho um pouco de receio pelo fato de fazer Bio Licenciatura...
    mas tenho tentado me preparar. Me matriculei nas disciplinas de Banco de Dados e Sistemas Operacionais nesse semestre e no próximo vou fazer de Linguagem de Programação (sei o básico de linguagem C) mas aqui na instituição que eu estudo (IFGoiano) não tem nenhum professor com formação voltada para essa área e como eu sou o único dentre os meus amigos que se interessa por esse tipo de área acabo me sentindo um peixe fora do aquário.
    Áh, muito bacana o texto e a linguagem que você usa.
    Parabens.!

  9. Que estranho dizer que biólogos não gostam de ciências exatas.
    Mas, não vou discutir a opinião publicada.
    Um biólogoa precisa saber estatística( matemática), para leavntamento de dados. Precisa de física+química para ter capacidade de compreender o funcionamento do organismo em geral. Então, se tem biólogo que não gostam de exatas, melhor estudar pedagogia e não biologia.

  10. Olá! Espero que possa me dar uma orientação. Tenho perfil adequado para bioinformata (de fato, não me vejo atuando em outra área), pois são as duas ciências com as quais mais me identifico. Sou formado em Sistemas de Informação sendo que meus estudos e minha monografia já foram sobre o assunto, tenho Mestrado incompleto (por motivos pessoais) em Ciência da Computação e moro no Noroeste do estado de São Paulo, aonde opções de trabalho/pesquiza sobre o tema são nulas.
    Tenho interesse de me mudar pra um grande centro para continuar meus estudos, contanto que eu consiga um trabalho ou bolsa para, ao menos, me manter (dificuldade que me atrapalhou no mestrado).
    Que instituições (de ensino ou empresas) posso procurar? Quais seriam os pré-requisitos por elas exigidos (para que eu possa atendê-los)?

  11. E dá-lhe LNCC!
    =D
    Trabalho com modelagem computacional e faço Biomedicina e Tecnologia da Info. Posso dizer que essa área é a coisa mais gigantesca que vcs podem imaginar! rsrs Tem lugar pra todo mundo, só falta o "todo mundo" hehe

  12. Raphael Agostin Leite

    Procure sobre o LNCC, é em Petrópolis - RJ. É o maior centro de computação científica do Brasl e um dos maiores em Bioinfo, eu trabalho lá e não é dificil de entrar!

  13. Raquel Morais

    Quero ver biólogo gostar de programação, ou de física quântica e Equações diferenciadas! rsrs
    Existem e eu conheço alguns, mas é muito difícil!

  14. Interessante o artigo, obrigado.

    Eu tenho muito interesse em sair da minha área e atuar com bioinformática, mas não sei por onde começar.

    Tenho 5 anos de experiência em desenvolvimento de sistemas e superior incompleto (parei p/ começar a trabalhar) em sistemas de informação, e sempre tive muito interesse pela área de biologia e pesquisa em geral (analise de dados, estatistica, etc). Tambem tenho bastante experiencia com Python, C e Linux, tecnologias muito usadas em pesquisa.

    O que voces me recomendariam p/ comecar a atuar na área? Onde eu consigo encontrar as vagas nessa área, só nas universidades ou existem vagas no setor privado? Sou de São Paulo, capital.

    Valeu, obrigado.

  15. Todo fica interesante, mas são areas muito especializados o qual vagas para issoo fica sendo muitoo pocas, me podem dezir sim nao é assim mesmo. obviamente nao é so para molecular é usado para diferentes areas molecular poblaccional, genetica, ambiental ecologia etc.

  16. Olá. Eu estou estudando Bioinformática na Finlândia. Me formei em Ciência da Computação no Brasil. É uma área muito legal e promissora. Infelizmente, pelo que observo aqui na Finlândia e outros lugares em geral, e se comparo ao Brasil, temo dizer que a área no Brasil é basicamente inexistente. Tem uma coisa ou outra acontecendo em uma universidade ou outra, porém está muito atrasado com relação ao real mercado e pesquisa da área. Quem tiver interesse sugiro fortemente a buscar pelo curso fora do Brasil. Mais especificamente fora da América do Sul.

  17. Parabéns pelo post.
    Esta área me interessa e gostaria de saber mais sobre diferenças entre bioinformática e biotecnologia. As informaçõe que encontrei são muito vagas.

    Rafael, já faz um tempo que penso em fazer pós em Bioinformática na Finlândia. Sou formada em Biologia. Qual a universidade que você estuda? Os custos são altos? Também tenho o mesmo receio de mercado de trabalho no Brasil.

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