Ainda sobre interdisciplinaridade, posto aqui um comentário da leitora Dannyelle Novaes sobre o post Quer Multidisciplinaridade? Vá para a Áreas de Saúde . Ela conta como foi estudar em um curso que aplica multidisciplinaridade na prática. Obrigado Danny!
Quando vi o título do último post, tive logo que ler e comentar…
Digo, por que esse assunto esteve presente diariamente nos meus últimos 4 anos. Me formei ano passado pela Unifesp/ Baixada Santista e a graduação de lá tem sido bem focada em multidisciplinaridade. E especialmente lá, diferente de outros Campi, temos tentado uma nova metodologia bem diferente de ensino, mas bem bacana.
Desde o primeiro ano, somos incentivados a pensar de modo multiprofissional. No primeiro ano, temos aulas com todos os cursos, menos o nosso. Temos aula com nosso curso apenas 1 vez na semana, com aquelas matérias básicas de história da Nutrição (aah, sou nutricionista!) e assim por diante. Assim, aulas básicas para todos os cursos são assistidas juntas, como ética, iniciação em pesquisa, metodologia, bem como microbiologia, anatomia, fisiologia, histologia. Para cada matéria temos uma sala diferente, com todos os 5 cursos do campus, claro, todos da saúde. E todo tipo de trabalho que tinhamos, precisávamos de pelo menos 1 representante de cada curso. Além disso, durante todo o curso, desde o primeiro semestre, tinhamos atividades de campo, onde entravamos nas palafitas e nos centros urbanos, para conversar com a população mais carente, e aos poucos (conforme tinhamos conhecimento), agir para ajudar a população, mas SEMPRE em grupos multi. Por exemplo, no primeiro semestre, apenas conversávamos com a população sobre a importância da saúde, no segundo semestre, já poderíamos sugerir procurar os serviços especializados, depois podíamos reunir um grupo e realizar atividades de prevenção e promoção na área da saúde, depois tínhamos casos clínicos particulares, na qual podíamos agir plenamente, conforme orientação dos professores, até os estágios e formaturas.
Apenas no último ano ficamos mais próximos da nossa sala mesmo, com 4 aulas na semana sobre nosso curso, e ainda 1 dia com a matéria de ir a campo.
Na época, por vezes achávamos complicado ficar procurando gente de todo curso pra fazer grupo, mas hoje sinto uma enorme diferença entre minha formação e a de alguns colegas, por que a geração que se formou nesse contexto consegue colocar na prática a interdisciplinaridade muito mais facilmente, entende a importância e entende que é sim possível de uma forma muito mais fácil, percebemos o quanto a opinião de outros cursos, de outras visões é sim importante.
Ainda sou uma generalista, sem saber se corro ou se fico, ou se compro uma bicicleta, mas gostaria sim de me especializar. Acho ainda que especializar não impede a interdisciplinaridade, já que precisamos de contribuições e contribuímos ao mesmo tempo, só que em situações mais específicas… Acho também que na saúde é o lugar mais visível esse pedido de interdisciplinaridade, já que na saúde, uma pessoa doente é uma pessoa doente, e não um rim doente que não tem nada a ver com o sistema circulatório que não tem nada a ver com coração. Está tudo ligado, e precisamos uns dos outros sim! Agora só falta colocar em prática nos serviços de saúde, o que pode ser muito complicado, já que a maioria dos sistemas não é muito flexível. E já que a burocracia sempre empata tudo.
Espero que eu tenha contribuído em algo! Espero que abram suas mentes pra interdisciplinaridade!
Um Grande Abraço,
Danny.
Quer área multidisciplinar? Que tal Ciências dos Alimentos?
Durante a graduação vc recebe muita info de Química (análitica, orgânica, bioquímica), Microbiologia/Toxicologia e Análise do Consumidor (Marketing, Análise Sensorial). E nos último 2 anos do curso vc tem as disciplinas mais focadas em alimentos, como Amiláceos, Carnes, Óleos, Laticínios, Frutas e Hortaliças...
Ah sim! O curso é da USP / ESALQ, de Piracicaba.
Que tal um ambiente adisciplinar, com ausência total do que chamamos de disciplinas?