A pesquisadora Lygia Pereira da Veiga desabafou bonito no facebook:
E querem saber? EU NÃO AGUENTO MAIS!!!! ANVISA, DEIXE EU FAZER MINHA PESQUISA!!!
Células-tronco congeladas em gelo seco, enviadas para uma colaboração com Harvard (eu disse HARVARD!!!) estão há 10 dias no aeroporto, paradas pela ANVISA, que só falta pedir um documento com o nome de solteira da mãe pra liberar o material. Pô, é muito difícil fazer um cadastro de pesquisadores e facilitar a entrada para eles?
É como ela disse: rola uma pressão absurda do governo e da sociedade para o Brasil melhorar a produção científica e inovação. Mas como fazer isso se quem está afim de fazer só toma porrada por falta de estrutura no país?
É isso mesmo Lygia, tem que rodar a baiana! Enquanto o projeto de lei do Romário para facilitar a importação de insumos pra pesquisa não sai, vamos ficar nesse limbo da ciência, fazer o quê?
Mas veja pelo lado positivo: uma das exigências da anvisa é essa:
“Obs: Orientamos ao preencher a declaração, evitar termos muito técnicos ou nomes de difícil entendimento para facilitar a compreensão.”
Opa, olha aí uma oportunidade para os pós-graduandos formados sem emprego: tradutor de termos técnicos científicos para burocratas aduaneiros!
Pois é, para fazer ciência no Brasil você tem que considerar que o copo está metade cheio.
E me parece que a tendencia é śo piorar pois conforme aumentam as fontes de recursos - parcerias com empresas principalmente - aumenta a burocracia associada. Meu emprego atual - burrocrata do lab - não existiria sem isso, mas tem dias que tenho vontade de pedir demissão e voltar a viver de bolsa. Tenho professores que evitam envolver-se em novos projetos para ficarem longe dessa preocupação.