Universo numa casca de noz… ou “grandeza não é sinônimo de tamanho”.

Recebi do Kentaro Mori (autor do 100Nexos) uma indicação do mapa Biochemical Pathways (em Português, “vias bioquímicas”), e, como tenho um quadro igual pendurado na parede da sala da minha casa (junto a Einstein e Jimi Hendrix), resolvi compartilhar com vocês.

Carl-Peter-Von-Dietrich.jpg

Esse mapa já é produzido faz bastante tempo, tanto que a versão que tenho aqui é de 1974, e dá dó vê-la toda amarelada. Ainda mais por ser herança de um dos maiores cientistas que esse país já viu, o Prof. Dr. Carl Peter Von Dietrich, um dos fundadores do programa de pós-graduação em Biologia Molecular, do qual faço parte desde 2006. Infelizmente o professor faleceu em 2005, antes que o pudesse conhecer pessoalmente, motivo que só me deixa mais fã do quadro.

Cada via metabólica que estudamos é uma série de reações químicas nas quais uma reação fornece o substrato para a reação seguinte, de modo que a reação seguinte quase sempre é dependente da anterior.

Essas reações normalmente são aceleradas por enzimas, e também podem ser necessários inúmeros minerais, vitaminas, e outras moléculas que agem como cofatores em cada uma dessas milhares de reações diferentes, e interligadas.

Agora pense que todas essas reações, compostas por enzimas, cofatores, substratos, e etc, são de fundamental importância para que o organismo mantenha sua homeostase, ou seja, o seu equilíbrio metabólico. 

Com esse pensamento, olhem o mapa:


BiochemPath.jpg

Clique na imagem para ampliar

Aqui temos uma pequena amostra da complexidade que está em todo o organismo vivo. Lembrem disso da próxima vez em que estiverem pensando em algo como “por que as curas de doenças demoram tanto?” ou “esses cientistas só pensam no projetinho deles”.

Pensem que, para cada enzima que um pesquisador se dispõe a estudar, todo esse mapa pode ser afetado e, em muitos casos, ainda não conseguimos enxergar na totalidade o que está ocorrendo.

O motivo? NADA é simples como parece, mesmo em tempos como os nossos, em que tudo é banalizado, e poucas coisas são tratadas com a importância real que têm.

Para olhar o mapa em detalhes, com legendas, acessem o link abaixo do ExPASy e sintam um pouco do gostinho de se tentar entender esse emaranhado químico que é o nosso metabolismo.

Crédito das Imagens: UNIFESP, ExPASy, haha.nu

Em busca das primeiras máquinas híbridas.

Pesquisadores do Argonne National Laboratory (Laboratório Nacional Argonne, vinculado ao Departamento de Energia dos EUA) anunciaram num artigo publicado recentemente no PNAS os primeiros resultados que demonstram a possibilidade de se criar máquinas híbridas, num futuro próximo. 
Utilizando soluções contendo aproximadamente 10 bilhões de bactérias por centrímetro cúbico, os pesquisadores demonstraram ser possível mover pequenas engrenagens de 380 um (micrômetros, ou seja, um milésimo de milímetro) alterando-se os níveis de ar e nitrogênio dissolvidos no líquido.
O resultado pode ser visto no vídeo abaixo:

Fato interessante: nesse estudo descobriu-se que o movimento de natação coordenada que as bactérias Bacillus subtilis realizam em suspensão é peculiar à concentração mencionada anteriormente (de 10 bilhões/cm3). Em concentrações menores, os movimentos das bactérias parecem aleatórios, enquanto em soluções mais concentradas (acima de 40 bilhões/cm3) os organismos adotam um comportamento diferente, criando biofilmes.

Apesar de os estudos estarem em seu início, já foi aberta uma possibilidade real de se projetar, no futuro, máquinas microscópicas que utilizem esse tipo de abordagem. Na imagem abaixo há uma sequência de fotografias demonstrando os movimentos realizados:

Movimento realizado pelas bactérias em solução. (Clique na imagem para ampliar) Crédito: Igor Aronson / Argonne National Laboratory

Interessante, não? E isso é só um aperitivo do que pode vir a ser feito… Quem sabe as novas máquinas que veremos na próxima década?!

Fontes: Wired e Argonne National Laboratory (que também tem FLICKR!)

Papai Noel ameaçado de extinção?!

Convicções à parte, vou seguir uma das tradições natalinas, e escrever uma cartinha com meus pedidos.

Mas, ao contrário do esperado, minha cartinha – o texto de hoje – não é para o o bom velhinho. É para o Sr. Nathan Grills, um especialista em Saúde Pública da Universidade Monash (Austrália) que aproveitou o final de ano para aparecer na mídia.

santa-claus.jpg

Como ele conseguiu isso? Publicando um artigo no periódico British Medical Journal fazendo críticas ao… Papai Noel.

É, ao Papai Noel. A patrulha do ‘politicamente correto’ quer fazer mais uma vítima e, do jeito que as coisas andam, logo mais o mundo perde toda a pouca graça que ainda tem. Já começaram a assassinar as fábulas e canções infantis, mas esse pessoal não vai se satisfazer nunca.

Para Grills, o bom velhinho representa um péssimo exemplo para as crianças retardadas e imbecis do nosso mundo. E eu digo ‘crianças retardadas e imbecis’, porque só fazendo essa premissa para acompanhar o raciocínio desse australiano idiota. Vejam alguns exemplos de incentivos ruins do bom velhinho e as ‘soluções’ propostas por essa pessoa iluminada que é o Sr. Grills:

  • Direção irresponsável/alcoolismo: a tradição anglo-saxã de deixar um copo de brandy ou vinho do Porto para ajudar o Papai Noel em sua viagem noturna (por causa do frio) pode levar as crianças à noção de não haver problema em beber e dirigir, e, a longo prazo, aumentar as chances de as mesmas desenvolverem alcoolismo. Além disso, ele argumenta que Papai Noel nunca foi visto usando CINTO DE SEGURANÇA, e que, para conseguir entregar todos os presentes na noite de Natal, tem que ignorar todas as leis de trânsito (especialmente os limites de velocidade).
  • Obesidade/sedentarismo: deixar biscoitos, tortinhas ou um copo de leite para o coitado Noel. Grills propõe que ele receba o mesmo lanche que a Rudolph (aquela rena de nariz vermelho, que parece o Maradona fuuuuuuuuuuuuu), de cenouras e aipo. Prá piorar, para melhorar a ‘imagem sedentária’ que ele passa viajando de trenó, sugere também que ele tenha um modo de locomoção mais ativo, entregando os presentes de bicicleta, ou à pé.
  • Esportes radicais: aqui ele lista exemplos como “surfe de telhado” e “salto na chaminé”, o que aumentaria os riscos de as crianças se acidentarem, tentando imitar as peripécias do Papai Noel. Realmente, será que esse cara tem família?
  • Disseminação de doenças: agora ele extrapola, afirmando que as pessoas que trabalham durante as festas vestidas de Papai Noel possam ser vetores de doenças infecciosas, e propõe a realização de mais exames médicos, e melhor monitoramento dos mesmos.
  • Finalizando essa ‘pérola de Natal’ que Grills criou, ele conclui que “há decepcionante falta de pesquisas rigorosas sobre o efeito do Papai Noel na saúde pública”, e acredita que mais pesquisas habilitariam as ‘autoridades’ a agir para regular as atividades do Papai Noel. Esse cara não é demais? Depois de uma frase dessas, quem é o retardado? As crianças, os pais, ou Nathan Grills?

    Eu já escolhi a minha resposta… e vocês?

    Aliás, só prá terminar meu recadinho pro Sr. Grills: se vocês conseguirem estragar mais essa parte da minha infância, espero, de coração, que a cena (com ‘C’, viu, Sasha?) seguinte nos jornais seja essa aqui:

    guntohead-284x300.jpg

E, claro, um ótimo Natal para todos!

A neurose do aquecimento global e as consequências na mídia.

Com o andamento da COP-15, amplamente comentada por gente muito mais competente do que eu (vide DiscutindoEcologia, EcoDesenvolvimento, Rastro de Carbono, etc.), vou comentar algo que aconteceu hoje no Twitter.
Olhando uma notícia da Reuters.com indicada por Felipe Rocha, um estudante de graduação em Ecologia de Belo Horizonte, fiquei meio cabreiro.
A notícia: “Exclusive photos: Polar bear turns cannibal” (Tradução: ‘Fotos exclusivas: urso polar vira canibal’)
polar2.jpg

Sim, isso era um filhote, e não, a natureza não é fofa (imagem de Iain D. Williams, Reuters).


Como as fotos são de gosto duvidoso para quem não está acostumado à ‘falta de tato’ da mãe natureza, coloquei aqui a menos agressiva, quem tiver curiosidade, o link para a fonte está logo abaixo, onde tem uma foto bem mais “explícita”.
Gosto à parte, o que me irritou nessa notícia foi o fato de estar com as seguintes TAGs (marcadores para indexação): cannibal | climate change | cub | eat | exclusive photos | polar bear
Canibal? OK. Mudanças Climáticas? OK. Filhote? OK. Fotos exclusivas? OK. Urso polar? OK.
… peraí, MUDANÇAS CLIMÁTICAS?! Segundo QUEM, querida Reuters?!
Isso é uma coisa que me deixa fulo da vida. COP-15 em andamento, a crise do aquecimento global nunca esteve tão em evidência (e com razão, sou totalmente a favor de tudo no sentido de se ‘consertar’ os problemas atuais), e, de repente, TUDO é culpa de aquecimento global.
Ou, claro, de Satanás. Só que isso é outra história, o demônio da vez, nas próximas semanas, são as emissões de CO2.
Mas, como o pouco que lembro de Comportamento Animal da graduação já serve prá me lembrar sempre que ‘a natureza não é fofa’, desconfiei, e dei uma lida com calma em tudo que escreveram na Reuters. E, claro, já saí atrás de outras fontes de consulta.
E não é que na própria página em que estão as fotos do “urso polar canibal” catalogadas como ‘mudanças climáticas’, no SEGUNDO parágrafo, está escrito que um morador local (e líder da comunidade Inuit > esquimós) relatou que o fato de os ursos polares cometerem atos de canibalismo é algo recorrente, e não necessariamente um subproduto do aquecimento do planeta.
Snow_On_Snout_Polar_Bear-1600x1200-799243.jpgEncontrei outra notícia, no NationalPost, que trata justamente desse fato: não gente, os ursos polares não são uns coitados que começaram a comer seus filhotes por causa do derretimento das calotas polares. Algumas coisas ‘feias’ na natureza simplesmente acontecem, e pelos mais variados motivos.
Espero que esse episódio sirva de exemplo para que todos nós prestemos BASTANTE atenção em tudo o que lemos sobre ‘mudanças climáticas’ atualmente.
Aquecimento global é real, extremamente perigoso, e precisa ser encarado (e solucionado) o quanto antes, para o bem de todos os habitantes do planeta (humanos ou não).
No entanto, manipular fatos para aumentar os impactos do aquecimento global é tão errado quanto manipular fatos para negá-lo.
E, claro, torço prá que algo de real saia da COP-15. Apesar de ser pessimista em relação à reunião.
Notícia original > Reuters.com
Notícia do NationalPost
Quer saber mais sobre ursos polares? Sugiro o portal Polar Bears International, tem muita informação interessante.
E sim, este post está indexado como ‘mudanças climáticas’, coé, algum problema?

Derrubando Torres de Marfim – o RNAm vai à Escola!

E-Learning.jpegExistem diferentes motivos para se trabalhar com divulgação científica, dentre os quais se destacam, na minha opinião:

  1. Diminuir o abismo que existe entre os cientistas – produtores do conhecimento – e a população em geral, que muitas vezes têm acesso somente a matérias superficiais que costumam exagerar na simplificação do conteúdo cometendo erros conceituais gravíssimos;
  2. Promover um processo de educação não-formal que, pelo menos idealmente, pode se tornar um fator importante de difusão de conhecimento, de modo acessível a todos.

Claro, ainda estamos a anos-luz de atingir o grau de qualidade/interação/penetração que esperamos das nossas ações junto ao grande público. E, apesar de eu saber que essa não é ideia de todos os divulgadores de Ciência, tenham certeza que eu sou uma das pessoas que sonha em conseguir esses feitos.

O próprio título é menção direta ao conceito da “Torre de Marfim”, que designa um mundo ou uma atmosfera em que intelectuais se envolvem em questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia-a-dia. Fácil perceber o quanto eu sou contra isso, não?

Assim, foi com grande prazer que eu e o Rafael integramos o grupo de convidados do “I Ciclo de Palestras de Biologia” da E.E. Myrthes Therezinha Assad Villela, que aconteceu dia 17/10/2009, em Barueri – SP.

Faz tempo que aconteceu, eu sei, mas achei uma pena não termos comentado nada até o momento. Depois de algumas conversas excelentes que tenho tido com outros educadores, resolvi tirar esse texto da gaveta, e compartilhá-lo com todos.

BarueriGabriel.jpg
Minha palestra sobre células-tronco (foto: arquivo pessoal)

Essa atividade idealizada e realizada pelo Prof. de Biologia Flávio Rodrigues Grassi teve como principal objetivo levar pesquisadores de diversas Universidades (Federais e Estaduais) e Institutos de Pesquisa à Unidade Escolar para expor aos alunos do Ensino Médio um pouco da realidade do meio acadêmico-científico.

Além das nossas palestras, tiraramos dúvidas sobre nossas especialidades, e tentamos abordarar de maneira diferente assuntos do conteúdo programático do ano letivo e para vestibulares.

Foi uma manhã muito interessante, em que pudemos ter bastante contato com uma grande quantidade de alunos que mostrou-se bem interessada, e, claro, com uma grande quantidade de dúvidas que esperamos ter esclarecido. As palestras, e seus respectivos palestrantes, foram:

Animais Peçonhentos.
Biól. André Marsola: Bolsista PAP (Programa de Aprimoramento Profissional) do Laboratório de Artrópodes do Instituto Butantan.

Entendendo as Células-tronco.
M.Sc. Gabriel Cunha: Doutorando em Biologia Molecular da Disciplina de Biologia Molecular/Depto. de Bioquímica da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM).

Alimentos x Câncer
M.Sc. Márcia Miyuki Hoshina: Doutoranda do Laboratório de Mutagênese do Depto. de Biologia Celular e Biologia Molecular da UNESP (Campus Rio Claro)

O que é Câncer?
Biól. Rafael Soares: Doutorando pelo programa de pós-graduação em Biotecnologia da USP

Obesidade e Diabetes Mellitus
Dra. Talita Romanatto: Doutorado em Fisiopatologia Médica pelo Depto. de Clínica Médica da Fac. de Ciências Médicas da UNICAMP, iniciando o pós-doutorado na USP.

Foi um grande prazer participar dessa manhã dedicada à interação cientista-aluno, em que todos pudemos fazer um pouco de divulgação científica in loco, com respaldo imediato do público-alvo. Sem dúvida foi a primeira de muitas e aguardamos ansiosamente novos convites!

Entrevista no Programa E-farsas!

Como vocês sabem ou deveriam saber! dia 28/11/2009 nós participamos do Programa E-farsas, transmitido pela JustTV.

Promessa é dívida, então aí vai a a entrevista na íntegra!

Você que perdeu, esqueceu, ou simplesmente tinha mais o que fazer num sábado à noite, aproveite para ver o “casal mais bonito do EWCLiPo” (palavras do Mauro, do Você que é Biólogo) se engraçando com as câmeras!

Uma pena o programa estar com duração limitada a 30 minutos, a conversa realmente estava muito boa, e já estamos com vontade de voltar a gravar com o Gilmar, que, além de ser maior figura, nos recebeu extremamente bem junto com todo o pessoal do estúdio da JustTV.

Divirtam-se então com um bate-papo descontraído sobre alguns de nossos textos, Ciência, e um pouco sobre nossa vida de pesquisador (não falamos só do blog, quem gosta de Caras vai A-DO-RAR!).

Posts citados:

Gravidez, lordose e evolução… curvinhas que fazem a diferença.

O que é mais sustentável: comprar CD ou baixar da net?

Ratos flutuantes: não é feitiçaria, é tecnologia

Bicarbonato de sódio NÃO cura o câncer

Bicarbonato de sódio FUNCIONA contra Câncer

Comentários, críticas, sugestões, elogios? Libere toda a sua fúria nos comentários!

RNAm no “I Foro Iberoamericano de Comunicación y Divulgación Científica” – Quantificando a Divulgação Científica.

Faz tempo que eu e o Rafael (ele muito antes, certamente) temos vontade de extrair informações sobre os nossos textos, em especial, sobre os comentários que aparecem em alguns deles.
Aliando esse pensamento ao fato de sermos dois nerds inveterados, nos enfiamos de cabeça em áreas de pesquisa dominadas pelas Ciências Humanas, as Análises de Discurso e de Conteúdo, e tentamos analisar alguns dos comentários presentes no texto que é o ‘carro-chefe’ do RNAm: Bicarbonato de sódio NÃO cura o câncer. Esse texto, publicado em 25 de Novembro de 2008, sempre rende muitos acessos diários, e já está ultrapassando a barreira dos 400 comentários.
Como resultado inicial, apresentamos para vocês o trabalho ‘Argumentação em blogs científicos: uma análise dos comentários’, que foi apresentado na primeira edição do Foro Iberoamericano de Comunicação e Divulgação Científica, que está sendo sediado pela UNICAMP entre os dias 23 e 25 de Novembro de 2009.
LogoForo.jpg
Deixo para vocês partes do trabalho apresentado. A versão final do poster será disponibilizada pelo Rafael (que está perdido por Campinas ainda) em breve.
Considerações Iniciais
Weblogs (blogs) vêm sendo usados cada vez mais por divulgadores de ciência. Uma das características mais interessantes desta ferramenta é a possibilidade de leitores deixarem comentários sobre o texto publicado na rede. Esses comentários permitem entender melhor como o leitor recebe, entende, e sua opinião sobre um determinado assunto.
Objetos de Análise
Neste trabalho, analisamos o conteúdo dos comentários de um texto de blog de divulgação científica que gerou grande discussão.
O texto em questão trata de uma crítica à falta de embasamento científico de um tratamento alternativo de câncer, usando bicarbonato de sódio, que circulou pela internet como um “spam”. A crítica do texto ao tratamento levantou nos comentários várias críticas aos tratamentos usuais baseados em evidência científica, creditando tratamentos alternativos não comprovados.
Principais Argumentos Idenfiticados
Desconfiança da ciência e da medicina atual:
“Quimioterapia é um tratamento cruel. Acaba com a qualidade de vida da pessoa.” “Quantas pessoas morrem deste mal com os ‘tratamentos’ disponíveis.”
“A maior causa de morte nos EUA são causadas pelo uso de medicações.”
Resistência da ciência a idéias novas:
“(…) a teoria da relatividade foi ridicularizada no início e só depois respeitada (…).”
“O meio acadêmico tem seus vícios (…) e nem sempre aceita novidades”.
“Tudo que é simplista é discriminado”
Confiança em tratamentos alternativos:
“A medicina chinesa tem sido testada e comprovada há mais de 5 mil anos” “Enema de café também cura câncer”
“Se o bicarbonato não traz males, bem ele trará”
Confiança em tratamentos alternativos:
“A medicina chinesa tem sido testada e comprovada há mais de 5 mil anos” “Enema de café também cura câncer”
“Se o bicarbonato não traz males, bem ele trará”
Lobby de indústrias farmacêuticas:
“Organizações não querem perder recursos e idéias que surgem fora de suas castas acabam por ser ceifadas”
“Estão mais preocupados com as cifras do que com a saúde pública”
“Industrias farmacêuticas ganham muito dinheiro com outros tipos de tratamento”
Inversão do ônus da prova:
“Quem tem agora que provar que o bicarbonato não cura cânceres são aqueles que contradizem a idéia.”
“Não tem coragem de colocar a cara a risco pra testar a nova idéia e fica criticando”
“Por que não faz alguns testes em laboratório e tente descobrir algo mais profundo[?]”
Além dos argumentos contrários à critica do texto, contabilizamos também pedidos de ajuda, como receitas do tal tratamento, por exemplo.
“Você poderia me fornecer o telefone deste médico?”
“Posso tomar bicarbonato com água?”
“(…) qual a quantidade em gotas a usar por cada copo?”
Os Resultados
Vou deixar por aqui os dois gráficos originados dessa análise, e, em breve, completaremos esse texto com as nossas conclusões.
Graf2Foro.jpg
GrafForo.jpg
Enquanto isso, gostaria de lançar um desafio aos nossos leitores: quais seriam as conclusões que VOCÊS tirariam de uma análise que trouxesse esses resultados? (cliquem nos gráficos para vê-los em tamanho maior)
Aguardamos suas respostas nos comentários!

 

Poster_ForoCampinas

Aguentar as m*rdas da sua mãe tem lá suas vantagens. (se você for um besouro)

Dizem que nada supera o amor de mãe… conhecemos histórias de mães que se sacrificam por seus filhos, lendas de mães que ergueram carros sozinhas para conseguir libertar um filho atropelado e outras histórias do gênero.

No mundo animal também temos exemplos notáveis de cuidado maternal, mas um em especial me chamou a atenção: as fêmeas do besouro Neochlamisus platani fazem de tudo para proteger seus filhotes, como construir um casulo. 

De cocô.

(depois de uma pequena pausa para que todos possam dizer “Eeeeeeeca, que nojo!”, voltamos com a programação normal)

casebearingbeetle.jpgTemos aqui mais um caso da “Enciclopédia Bizarra do Mundo Animal”. As fêmeas de N. platani constroem uma carapaça-extra em suas costas que traz dá maiores chances de os filhotes chegarem à vida adulta.

E tem gente que acha que teve uma infância/adolescência de m*rda… (trocadilho infame incontrolável, foi o último… eu acho). Esses besouros servem de exemplo prá qualquer adolescente do tipo “ninguém me entende”, “meus pais não me entendem”. Aliás, imagina se a mãe do Renato Russo fosse uma fêmea de N. platani? “Pais e Filhos” seria uma música completamente diferente ; )

Essas fêmeas encasulam sua cria em uma cápsula feita de suas próprias fezes. Após a postura dos ovos, selam cada um deles em um casulo com formato de sino. As larvas eclodem e fazem algumas modificações na estrutura do casulo, como um furo no “teto”, além de aumentarem o tamanho do casulo com seu próprio excremento. 

Prá finalizar imagine esse besourinho esticando sua cabeça para fora do casulo e fazendo o mesmo com suas pernas: temos aqui um casco semelhante ao das tartarugas, que confere grande proteção ao inseto e serve de “moradia móvel” até a idade adulta.

Além dessa moradia os besouros N. platani têm formas de “tunar” seus casulos protetores. Uma das adições à estrutura inicial são pêlos (ou tricomas) de plantas hospedeiras. Esses tricomas são adicionados ao interior e exterior do casulo e possibilitam uma proteção extra contra eventuais predadores, como foi demonstrado num artigo publicado no periódico Animal Behaviour.

ResearchBlogging.orgOs autores do trabalho apontam que o material fecal é excelente para construção pois combina maleabilidade com baixo custo de “produção” (a não ser que você tenha hemorróidas ou intestino preso), além do reforço do material vegetal não digerido.

O artigo publicado na Animal Behavior testou se o casulo fornecia proteção real colocando larvas de N. platani contra três predadores: um grilo, uma ‘maria-fedida’ (Pentatomideae) e a aranha Peucetia viridans (aranha lince verde). Quando a larva do besouro estava dentro do casulo era muito menos provável que fosse atacada do que quando estava em terreno aberto, desprotegida (quando foi vítima dos 3 predadores). A adição dos tricomas à estrutura fez com que os ataques dos grilos fossem evitados apesar de não ter funcionado contra as marias-fedidas. Mesmo com esses resultados os pesquisadores argumentam que o efeito protetor desse casulo no meio ambiente é realmente grande, o que pode não ser constatado quando se coloca a pobre larva numa placa de Petri de cara com seus predadores.

casulo.jpg

Não é só um casulinho bonito… é forte também 😉

Pensando no que aconteceria no meio ambiente, primeiro o predador precisaria perfurar o casulo, o que não é tarefa fácil. Caso conseguisse, encontraria vários tricomas armazenados no interior… e esses tricomas têm ação irritante, exististindo ao menos mais um inseto (um crisopídeo da ordem Neuroptera) que também usa esse artifício para afastar predadores.

Outro fato que depõe a favor da importância desses casulos são indivíduos preservados em âmbar (lembram do mosquitinho no filme Jurassic Park?) que mostram que esses besouros já construíam esses casulos de material fecal há pelo menos 45 milhões de anos. 

Apesar de que, se eu pudesse fazer uma contribuição na construção desses casulos, usaria material vegetal de eucaliptos e talvez convidasse a aranha vegetariana-que-gosta-de-incenso e usa Macintosh que vi outro dia no Rainha Vermelha, para ajudar numa decoração “odor-free”.

Brown, C., & Funk, D. (2009). Antipredatory properties of an animal architecture: how complex faecal cases thwart arthropod attack Animal Behaviour DOI: 10.1016/j.anbehav.2009.10.010

Garrafas, garrafas… briga de bar também é Ciência!

barfight.jpgImagine o seguinte: você está num bar, e de repente começa uma confusão aqui, outra ali… e a pancadaria se torna generalizada.Quem já esteve nessa situação (como eu) sabe como uma cena (com “c” viu Sasha?) dessas é assustadora… principalmente quando as cadeiras do lugar começam a passar voando sobre a sua cabeça.
Uma coisa que nos acostumamos a ver em filmes é a clássica “cena da garrafada”. Um zé qualquer pega uma garrafa e estilhaça na cabeça do ser humano ou não mais próximo. Em filmes BEM toscos, geralmente o cara se dá o direito de terminar a cerveja da garrafa que vai usar, antes de mandá-la com tudo no cuco de alguém.
Aí vocês pensam “Certo, mas do que diabos você está falando? Briga de bar?”
Sim crianças, briga de bar! Mais especificamente, o estudo que comentarei hoje trata do estrago que uma garrafada bem dada pode causar na cabeça de quem a receber. E, claro, estou falando de mais um texto da nossa série IgNobel no RNAm!
ResearchBlogging.orgO trabalho publicado no periódico Journal of Forensic and Legal Medicine foi realizado na Suíça por uma equipe de pesquisadores especializados em Ciências Forenses. E ele trata justamente do estrago que uma garrafada bem dada pode causar na cabeça de quem a receber.
De acordo com os autores do trabalho (e de qualquer um que já tenha passado por um apuro desses num risca-facas da vida), quando uma garrafa é usada como arma para golpear um oponente, podem acontecer duas situações básicas: ela se quebra e dá origem a um ferimento em forma de corte (que pode ser bastante profundo, dependendo do seu azar/sorte), ou, num caso pior, ela não quebra e causa um sério ferimento em forma de concussão.
garrafa1.jpg
Pensando nessa diferença, os autores investigaram se garrafas de cerveja de 500 ml (humm… ler isso me deu sede) são mais propensas a se quebrar quando estão cheias ou vazias. Na outra parte do trabalho, eles avaliaram se uma garrafada possui energia suficiente para causar uma fratura ao crânio humano.
drop_tower4.jpgPara testar as propriedades de fratura das garrafas utilizadas, os suíços utilizaram um equipamento chamado torre de queda livre (tradução do termo em Inglês drop tower, corrijam-me se eu estiver errado), que você pode ver na imagem ao lado (a setinha branca mostra o local em que a esfera de metal fica armazenada antes de ser lançada na garrafa).
O experimento foi o seguinte: uma esfera de metal de 1kg foi lançada da torre de diferentes alturas (entre 2m e 4m) numa garrafa de cerveja com um molde de argila que simula a área de impacto de uma pancada com uma garrafa, distribuindo a energia do golpe igualmente. Os resultados, claro, foram analisados em seguida.
drop_tower3.jpg

Garrafa pronta para receber o impacto


As garrafas cheias se quebraram em impactos com 30 J (joules) de energia, enquanto as garrafas vazias precisaram de uma energia de 40 J para se partirem na queda. No entando, nas duas situações as quantidades de energia observadas são suficientes para se fraturar um crânio humano.
Sem grandes explicações físicas, em todas as condições experimentais analisadas, foi constatado que as garrafas de cerveja podem fraturar gravemente o crânio humano, servindo como instrumentos perigosos em qualquer disputa física.
Conclusão do artigo: numa briga, tome MUITO cuidado se alguém tiver uma garrafa nas mãos, e, principalmente, pense duas vezes antes de usar uma, agora que você sabe do estrago que o uso desse tipo de “arma” pode causar.
DanielPowell.jpgAliás, se você ainda não se convenceu disso e quer continuar acreditando nos filmes de pancadaria, dê uma olhada na imagem ao lado, retirada de um artigo no site britânico de notícias Metro que descreveu um ataque que um adolescente sofreu de um grupo de imbecis.
Se você tinha alguma dúvida sobre o perigo que trazer uma garrafa prá uma briga pode ter, espero que tenha desaparecido agora… As minhas com certeza desapareceram.
Quanto ao mérito do artigo, entrou na categoria “OK, vocês demonstraram algo meio óbvio, não acham?” então, como vocês já sabem: IgNobel prá eles!
Bolliger, S., Ross, S., Oesterhelweg, L., Thali, M., & Kneubuehl, B. (2009). Are full or empty beer bottles sturdier and does their fracture-threshold suffice to break the human skull? Journal of Forensic and Legal Medicine, 16 (3), 138-142 DOI: 10.1016/j.jflm.2008.07.013

RNAm ao vivo no SBT, dia 24! É o Teleton 2009!

Logo Teleton reduzido.JPGHoje o RNAm falará de mais um evento, mas esse é especial pela importância social que tem em todo o país.
Nos dias 23 e 24 de Outubro (ou seja, no próximo final de semana) acontecerá a 12ª edição do Teleton, evento que tem como objetivo arrecadar recursos para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), cujo lema é:
“Promover a prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência física, especialmente de crianças, adolescentes e jovens, favorecendo a integração social”
ronaldo-aacd.jpgNesses – até hoje – 11 anos de história, as arrecadações do Teleton já possibilitaram a construção de sete novos Centros de Reabilitação e a ampliação de outros dois Centros já existentes. São mais de 6 mil atendimentos diários, em várias partes do Brasil. As campanhas são sempre excelentes, como podemos ver na imagem ao lado, com o Ronaldo (clique na imagem para ampliar).
Tudo bem, todo mundo conhece o Teleton e acha a iniciativa excelente mas vocês devem estar pensando… e o RNAm com isso, uai?
“E o RNAm com isso” que nós fomos convidados a participar da divulgação, e vocês poderão nos ver ao vivo no palco do SBT nesse sábado! E não tem “Rá! Pegadinha do Mallandro!” nesse caso. A brincadeira é séria. Mas não deixará de ser divertida, podem ter certeza.
A produção do Teleton sabe da importância que a divulgação online pode ter, e decidiu montar uma bancada com vários blogueiros que farão a “cobertura em tempo real” do evento. Eu e o Rafael atuaremos principalmente via Twitter, então não deixem de nos acompanhar em @Gabriel_RNAm e @Rafael_RNAm!!!
Teremos fotos e vídeos feitos diretamente do palco, interação com os apresentadores – medo! – e, claro, a todo momento tentaremos abordar algum aspecto científico relacionado a qualquer maluquice que esteja acontecendo no palco do SBT!
silvio_santos.jpg
E eu digo maluquice mesmo, por que, quando temos Sílvio Santos, tudo é possível 😉
Aliás, tem alguma coisa que você queira perguntar ao Sílvio, à Hebe, ao Daniel ou ao Justus? Mande suas sugestões nos comentários que nós faremos de tudo prá aproveitar durante o programa!
Então estamos combinados: sábado, dia 24 de Outubro de 2009, todo mundo de olho no Twitter e sintonizado no SBT! Oeeeeeeeee!!!
As doações para a campanha já podem ser feitas desde o dia 8 de Outubro, e seguirão até o dia 6 de Novembro. Veja como fazer para contribuir:
Por telefone, para doar:
R$ 5 ligue 0500 12345 05
R$ 10 ligue 0500 12345 10

Para doações a partir de R$ 30,00 as ligações devem ser feitas para 0800 775 2009
Quem doar R$ 60 pode escolher um dos “mascotes” da campanha, o Tonzinho OU a
Nina. Doações de R$100 ganham o Tonzinho E a Nina. Só prá lembrar: a promoção não é cumulativa.
logo-aacd.gifPara doar pela Internet, acesse o site da campanha clicando AQUI (esse endereço é válido durante o ano todo). Para conhecer mais sobre a AACD visite o site deles AQUI!
Até o final do período de doações faremos alguns posts temáticos para ajudar essa grande iniciativa. Aguardem maiores novidades!