Mudanças climáticas: perigosas para o planeta… e para a saúde global. (Blog Action Day 2009)

Na minha contribuição ao Blog Action Day vou abordar um tema ao mesmo tempo preocupante e interessante: o monitoramento de mudanças climáticas para a prevenção de surtos de doenças infecciosas.
ResearchBlogging.orgOs autores do trabalho publicado no periódico Emerging Infectious Diseases (do famoso CDC – Centers for Diseases Control and Prevention, de Atlanta – EUA) comentam como eventos recentes demonstraram a vulnerabilidade de grandes populações a doenças infecciosas. Um único caso de multi resistência a tuberculose em 2007 nos EUA serviu de alerta para toda a infraestrutura de saúde pública global. Agentes de saúde e o público em geral perceberam que a facilidade de locomoção aérea atual pode, potencialmente, expor centenas de pessoas a doenças carentes de tratamento.
Apesar de fatores como: facilidade para viajar, aumento populacional, poluição, atividades agrárias (gripe suína, lembram dela?), entre outros, atualmente nada tem mais potencial para efeitos graves e de longo prazo do que a influência das mudanças climáticas em surtos infecciosos, epidemias, e, como estamos vivenciando com o vírus H1N1, pandemias.
88027207.jpgO desastre natural mais frequente são as enchentes, que, de acordo com dados de 2005, afetavam mais de 70 milhões de pessoas ao redor do mundo. As doenças mais comuns associadas às enchentes são diarréia, cólera, tifo, hepatite e leptospirose. Na literatura existem relatos de surtos graves de cólera diretamente relacionados a enchentes na África e na Índia.
Para piorar, o relatório de 2001 do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) estima que o número de pessoas ao nível do mar atingidas por inundações e enchentes seja de aproximadamente 250 milhões até 2080, considerando uma elevação do nível do mar em 40 centímetros (a altura do seu joelho, mais ou menos).
A cólera, que possivelmente é a doença transmitida por água contaminada mais bem estudada, teve modelagens feitas pela NASA para prever surtos em Bangladesh, sendo que nas áreas monitoradas o número de mortes causadas por essa doença foi reduzido em mais de 50%. A imagem abaixo (desculpem a baixa qualidade, está assim no artigo também) mostra essa modelagem, e a eficiência do modelo de previsão (em amarelo) em relação ao que realmente aconteceu com os casos de cólera no tempo analisado (em verde).
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Modelagem da NASA para os casos de cólera em Bangladesh (dados não publicados de Colwell & Calkins)


A comunidade cientítica encontra-se num relativo consenso que os riscos de doenças epidêmicas e pandêmicas será bastante aumentado por mudanças climáticas que desestabilizam o comportamento regular do clima, alteram a distribuição de vetores dessas doenças (como mosquitos, roedores, e etc.), e aumentam o risco de transmissão por meios de transporte.
A elaboração de modelos preditivos pode levar a um maior entendimento da sequência de eventos em surtos infecciosos, e potencialmente prevenir futuras epidemias através da criação de ações de monitoramento, prevenção adequadas, junto a ações coordenadas de combate quando o processo de infecção encontra-se em seu início.
Com certeza o desenvolvimento de melhores técnicas de análise pode ter grande impacto em nos auxiliar a conter esses episódios num futuro próximo. Como já estamos vendo um grande exemplo dessas ações coordenadas no caso da gripe suína, vale à pena prestarmos atenção às novidades na área de modelagem climática associada a prevenção de doenças!
Quer ler mais textos relacionados ao Blog Action Day? Recomendo as contribuições dos blogs O Divã de Einstein, Ecodesenvolvimento (que fez um apanhado de textos muito bons de vários blogueiros), Rastro de Carbono (com a ótima ideia de um post multi direcionado), Gene Repórter, Uma Malla Pelo Mundo, Xis-xis e muitos outros na web, procurem e divulguem!
O Blog Action Day é um evento anual que reúne blogueiros de todo o mundo postando textos sobre o mesmo assunto, no mesmo dia. O objetivo é disseminar uma discussão mundial e simultânea sobre um tema de interesse coletivo, sendo o maior evento de mudança social na web. O tema desse ano, como vocês perceberam, é “Mudanças Climáticas”.
O lema da iniciativa é:
“Um dia. Um tema. Milhares de vozes.”


Quer conhecer mais sobre esse evento? Acesse a página do Blog Action Day clicando na imagem acima. Para acompanhar o Blog Action Day no Twitter, busque a hashtag #BAD09
Ford, T. (2009). Using Satellite Images of Environmental Changes to Predict Infectious Disease Outbreaks Emerging Infectious Diseases, 1341-1346 DOI: 10.3201/eid1509.081334

Gravidez, lordose e evolução… curvinhas que fazem a diferença.

Conselho para os homens: da próxima vez que virem uma mulher grávida se inclinando para aliviar o peso de sua barriga agradeçam, nós teríamos problemas BEM maiores para dar conta de uma gestação.

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Ahh, se a vida fosse fácil assim…

Você está no RNAm, e hoje falaremos sobre Física. Ou melhor, sobre o Prêmio IgNobel de Física!

ResearchBlogging.orgEm um artigo na revista Nature pesquisadores relataram que a coluna vertebral das mulheres evoluiu de modo a fornecer mais suporte do que a coluna vertebral masculina, provavelmente devido ao esforço-extra durante a gravidez.

Essa observação vale tanto para vocês, mocinhas faceiras, como para as fêmeas de Australopithecus que viviam há mais de 2 milhões de anos, como foi observado em dois fósseis nesse mesmo estudo.

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Australopithecus “normal” em a e grávida em b

Sem esse suporte adicional os músculos das costas precisariam fazer muito mais força para manter a postura ereta. Ao longo dos 9 meses de gestação, todo esse esforço poderia levar a fadiga muscular e eventuais lesões.

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Diferenças entre a mulher “normal” em c e grávida em d e e

Quando nossos ancestrais passaram a andar em duas pernas vários ajustes no esqueleto foram necessários. Nossas vértebras aumentaram em número e largura dando maior suporte a parte superior do corpo e a coluna tornou-se curva na porção inferior das costas de modo a manter os ombros para trás, movendo o centro de massa do corpo acima dos quadris.

Sabem aquela curvinha na base da coluna das mulheres que chama tanto a atenção masculina? Ela tem seus méritos na seleção da melhor postura para garantir uma gestação saudável.

90094449.jpgO peso extra da gravidez muda novamente o centro de massa do corpo para a frente (como acontece quando se anda em quatro pernas) fazendo com que uma mulher seja, em teoria, mais propensa a “cair” para a frente. Assim, os cientistas demonstraram que as mulheres grávidas trazem seu centro de massa de volta aos seus quadris inclinando-se para trás, aumentando a curvatura na base de sua espinha.

Ao medirem o centro de massa de 19 mulheres grávidas, eles descobriram que elas se inclinavam para trás até 28 graus além da curvatura normal da coluna, diminuindo o esforço de torção (ou torque) que o peso do bebê cria em volta do quadril em até oito vezes!

No entanto, essa maior inclinação pode produzir maior stress na espinha: as vértebras são mais propensas a atritar umas às outras, levando a dores nas costas ou mesmo fraturas.

HomemXMulher.jpgOs autores também observaram que a coluna vertebral feminina possui várias características que ajudam a prevenir esse tipo de dano. Enquanto a curvatura inferior da coluna vertebral masculina é formada por 2 vértebras (L4 e L5 no desenho da esquerda), no caso das mulheres temos 3 vértebras (L3, L4 e L5 no desenho da direita), o que ajuda a distribuir a tensão em uma área maior.

Ainda, ocorrem articulações especializadas atrás do cordão espinhal 14% maiores em relação às vértebras masculinas, sugerindo adaptações para resistir a forças superiores. Essas articulações também estão orientadas num ângulo diferente, permitindo maior proteção para as vértebras.

Todos esses fatores fazem com que as mulheres sejam, sem dúvida, mais adaptadas para carregar um bebê. Essas mesmas diferenças encontradas entre machos e fêmeas de Australopithecus certamente foram muito importantes quando o modo de vida era baseado em rotinas de coleta, caça, e, eventualmente, fugindo para não virar comida de predadores maiores ou mais perigosos.

Imagine correr de um lobo, por exemplo, carregando um peso de até sete quilos que ainda te deixa desequilibrado?

É… a vida das mulheres nunca foi fácil. Faz você repensar todas as vezes em que sua mãe te disse “te carreguei por nove meses, seu ingrato!”…

Whitcome, K., Shapiro, L., & Lieberman, D. (2007). Fetal load and the evolution of lumbar lordosis in bipedal hominins Nature, 450 (7172), 1075-1078 DOI: 10.1038/nature06342

Diamantes… Y TEQUILAAAAAAA!!!

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E no texto de hoje daremos continuidade à nossa série Prêmio IgNobel no RNAm!

Os “homenageados” da vez são os vencedores do IgNobel de Química, por sintetizarem filmes de diamante a partir de um precursor líquido.

Até aí não há novidade, então qual é a graça desse trabalho?

Explico: a base líquida utilizada é a desgraça que faz 9 entre 10 mocinhas ex virgens perderem a linha na balada… a famigerada TEQUILA!

Amada por uns e odiada por outros (estou no segundo grupo, mas não contarei o motivo… dói minha cabeça só de lembrar), são necessários 8 anos para se cultivar o agave, uma espécie de cacto que serve de matéria-prima para essa maravilha refrescante NOT.

O agave “maduro” é cozido em vapor e sob pressão, e o suco extraído é fermentado e destilado duas vezes, dando origem a uma solução com 55% do mais puro álcool (que você pode usar prá desinfetar alguma coisa… ou prá judiar do seu fígado mesmo). O produto final (ayayay muchacho!!!) é diluído droga! em água para se obter uma concentração de álcool entre 38 e 43%, sendo então armazenado de diferentes maneiras, como fazem com a cachaça aqui (essa conversa está me dando sede, ainda bem que hoje é sexta-feira).

Mas, voltando ao IgNobel de Química, os filmes de diamantes foram crescidos usando tequila como líquido precursor através de uma técnica chamada PLI-CVD (sigla em Inglês para  injeção pulsada de líquido para deposição quimica a vapor), junto a silício ou aço inoxidável, em temperaturas de 850°C!!!

Quando o resultado foi analisado, foram encontrados pequenos cristais esféricos com a mesma assinatura físico-química do diamante, confirmando o sucesso do experimento.

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Diamantes feitos com tequila e silício


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Diamantes feitos com tequila e aço inoxidável

Eu já havia discutido alguns pontos da fabricação de diamantes sintéticos quando escrevi sobre os diamantes memoriais (é o RNAm mais uma vez servindo de radar prá um IgNobel). Essa pesquisa mexicana (eu nem precisava ter dito que a pesquisa foi realizada no México, precisava?) demonstrou um precursor novo – e, por que não, original – para se criar diamantes sintéticos. Além disso, a tequila possui uma proporção atômica ótima entre seus átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio, sendo assim uma ótima alternativa para se produzir diamantes sintéticos em escala industrial…

… Isso segundo os autores, claro, porque eu preferia usar essa tequila prá fazer uma Margarita mesmo.

Não… é melhor não, eu já fiquei tonto só de pensar nessa possibilidade.

ps: o artigo completo pode ser acessado pelo arXiv.org em Growth of Diamond Films from Tequila.

Dieta da Proteína: rápida para emagrecer… e para te dar um ataque cardíaco.

As doenças cardiovasculares continuam sendo a causa dominante de mortalidade em todo o mundo, e complicações relacionadas à obesidade despertaram grande interesse em relação às dietas, incluindo dietas com baixas quantidades de carboidrato que, geralmente, são ricas em proteínas e gorduras.
Atkins diet.gifA Dieta de Atkins
Nesse cenário, o Dr. Robert Atkins, que faleceu em 2003, ainda é o rei das dietas de baixos carboidratos, num reinado que começou há quase 35 anos. Segundo Atkins, seguindo a dieta você remove toxinas das suas células, estabiliza o açúcar sangüíneo, livra-se da fadiga, irritabilidade, depressão, dores de cabeça e dores nas articulações.
Ele acreditava que se o consumo de carboidratos fosse reduzido drasticamente, o corpo seria forçado a usar o acúmulo de gordura extra para ter energia.
Eu sempre tive problemas em relação à essa dieta, mas nunca havia procurado maiores informação a respeito. Algumas coisas que eu já tinha como claras eram: apesar de parecer altamente eficiente, não há magia metabólica na dieta de Atkins, afinal, a perda de peso é inevitável quando se cortam categorias de alimentos importantes. Outro ponto importante é: como essa dieta não fornece o suficiente da fonte preferencial de energia pro corpo, os carboidratos, ele começa a decompor os próprios músculos para ter energia, ou seja, ele consome a SUA proteína.
Os efeitos colaterais dessa dieta podem incluir fadiga, náusea, dores de cabeça, constipação e mau hálito. Assim, muito do emagrecimento das primeiras semanas é o resultado de uma perda não saudável de tecido muscular e água, o que é péssimo em termos de saúde.
Além disso, prá quem quer perder peso rápido e ao mesmo tempo trocar massa (gordura por músculo) fazendo musculação, a dieta de Atkins é um tremendo tiro no pé, visto que você estará comprometendo massa magra (afinal, músculo é proteína) enquanto emagrece. Esse fator, e outras curiosidades relacionadas à dieta e treinamento físico serão abordados em alguns textos que publicarei num futuro próximo, então passemos adiante.
Não é porque é dieta, que é saudável!
ResearchBlogging.orgFiquei muito interessado quando vi um estudo tratando dos efeitos dessa dieta em modelos de arteroesclerose, o entupimento dos vasos sanguíneos que leva ao infarto. Os camundongos desse modelo são animais knockout, ou seja, não contém um gene específico. Nesse caso, o gene que codifica uma proteína chamada Apolipoproteína E, reconhecidamente importante no metabolismo de lipoproteínas. A ApoE também está intimamente relacionada a doenças cardiovasculares, e há novos indícios de relação com a doença de Alzheimer.
Os camundongos foram mantidos em dietas com baixo conteúdo de carboidratos e alto conteúdo de proteínas (LCHP), e comparados a animais mantidos ou na dieta padrão (SC), ou na dieta ocidental (WD, que contém quantidades semelhantes de gorduras e colesterol em relação à dieta LCHP). Os exames e dados foram coletados em 6 e 12 semanas.
Os camundongos da dieta LCHP desenvolveram mais focos de aterosclerose arterial, e tiveram menor habilidade de geração de novos vasos sanguíneos em resposta à isquemia (danos por falta de nutrientes/oxigênio, etc.) do tecido vascular. A imagem abaixo mostra os focos de ateroesclerose em vermelho, e fica fácil de perceber que a dieta LCHP foi realmente a mais prejucidial entre as três.
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Imagem mostrando os focos de ateroesclerose em vermelho


Ainda, a dieta LCHP reduziu de modo significativo o número de células endoteliais progenitoras (EPCs), que são marcadoras da capacidade de regeneração vascular, presentes na medula óssea e no sangue periféfico.
Em conjunto, esses dados demonstram que, em modelos animais, a dieta LCHP tem efeitos vasculares adversos que não são detectados por marcadores séricos e que macronutrientes não-lipídicos podem modular as células progenitoras endoteliais e a patofisiologia.
Eu já tinha restrições em relação a esse tipo de dieta, e agora, com esses dados, acho que é questão de tempo até os nutrólogos e nutricionistas abandonarem sua prescrição.
tofu-basil.jpgO que fazer? Há alternativa similar à Dieta de Atkins?
Existe uma alternativa à dieta de Atkins que chamam de Eco-Atkins, e consiste em usar proteína vegetal, que não teria os efeitos vistos na pesquisa que discuti no texto. O problema é: a fonte de proteína vegetal mais difundida é a soja, e, no caso dos homens, eu aconselharia bastante cuidado na quantidade que ingerem. O ideal é não abusar da soja para não correr o risco de desenvolver alguns “efeitos colaterais” indesejáveis.
Mas isso é assunto prá outro texto, fiquem curiosos até lá 😉
Para ler mais sobre a Dieta de Atkins, recomendo esse ótimo texto da HowStuffWorks, em português.
Para conhecer a Eco-Atkins, recomendo esse texto que saiu no UOL Ciência & Saúde.
Foo, S., Heller, E., Wykrzykowska, J., Sullivan, C., Manning-Tobin, J., Moore, K., Gerszten, R., & Rosenzweig, A. (2009). Vascular effects of a low-carbohydrate high-protein diet Proceedings of the National Academy of Sciences, 106 (36), 15418-15423 DOI: 10.1073/pnas.0907995106

Olhos: as “janelas da alma” ou uma das portas de entrada da nossa memória?

ResearchBlogging.org
Os movimentos dos olhos podem revelar algumas memórias de uma pessoa, mesmo que ela não consiga! O estudo, publicado na revista Neuron, demostra que a atividade do hipocampo pode predizer movimentos de nossos olhos que revelam memória de certos eventos mesmo quando os participantes do estudo erram as perguntas dos testes!
Em um teste de memória, os movimentos dos olhos dos participantes apontaram para as respostas corretas, mesmo quando o voluntário errou a pergunta. Esses movimentos corresponderam à atividade do hipocampo, um importante centro de aprendizado e memória do nosso cérebro, e sugerem que esses movimentos podem revelar memórias inconscientes ativadas via hipocampo.
Para alguns neurocientistas, o hipocampo está envolvido somente nas memórias conscientes ou memórias declarativas, que são as memórias relacionadas a pessoas, fatos ou eventos específicos. Pessoas que tiveram seu hipocampo danificado não são capazes de formar ou recordar essas memórias declarativas, mas pacientes amnésicos podem aprender novas habilidades que requerem memórias de procedimento (inconscientes), como andar de bicicleta, por exemplo.
_44354991_dplan-getty416.jpgO novo estudo sugere que o hipocampo está envolvido em memórias de relações que uma pessoa não recobra conscientemente. Os voluntários da pesquisa foram submetidos à fMRI (a ressonância magnética funcional, que acostumamos a ver quando assistimos Dr. House), enquanto observavam imagens de rostos numa paisagem. Após apresentarem aproximadamente 50 pares de imagens de faces/paisagens, os pesquisadores mostraram aos voluntários a imagem de uma das paisagens apresentadas, seguido de 3 faces diferentes, e questionaram qual era o rosto correspondente à paisagem apresentada.
Quando a imagem da paisagem foi mostrada, houve aumento da atividade no hipocampo dos voluntários, sendo que entre 500 e 750 milisegundos depois disso os movimentos oculares se direcionaram a uma das três faces apresentadas. Quando o hipocampo ficou mais ativo, os olhos se direcionaram mais à face correta, assim como uma menor atividade do hipocampo resultou nos olhos se direcionando a uma das faces erradas.
Mesmo quando os participantes escolheram uma resposta incorreta, a análise da atividade do hipocampo previu corretamente se os olhos se fixariam na face correta. No entanto, a comunicação entre o hipocampo e o córtex pré-frontal – a região executora do cérebro – foi reduzida em comparação aos testes em que os voluntários fizeram a escolha correta. Esse resultado pode significar que o hipocampo e o córtex pré-frontal devem se comunicar de modo apropriado para que uma pessoa tenha sua memória funcionando corretamente.
EyeExperiment.JPG

Clique na imagem do experimento para aumentar o desenho!


Para os autores do estudo, esse achado é uma pista de que algo além do hipocampo é necessário para se fazer uma memória consciente. Mesmo que você não se lembre de ter aprendido determinada relação entre dois objetos, seu hipocampo e olhos podem ter alguns restos daquela informação, tempos depois.
HAN_094.jpgApesar de não se saber se essa análise revela memórias conscientes ou inconscientes, os movimentos oculares podem ser utilizados para se entender o quanto pacientes com esquizofrenia ou demência se lembram. Pessoas com tais desordens podem lembrar mais do que são capazes de comunicar às outras pessoas, segundo os próprios pesquisadores que publicaram esse estudo.
Outra coisa bastante interessante é uma possível aplicação desse tipo de análise para aprendermos mais a respeito da memória de animais, e também de crianças que ainda são muito novas para falar.
Ainda há uma expectativa de que a análise desses movimentos oculares seja utilizada para se determinar a precisão do depoimento de determinada testemunha, ou então revelar memórias de pessoas que não estão conscientes em relação fatos específicos, ou simplesmente preferem não adimitir que têm consciência sobre o fato.
Será que vem um novo tipo de polígrafo por aí?
Kumaran, D., & Wagner, A. (2009). It’s In My Eyes, but It Doesn’t Look that Way to Me Neuron, 63 (5), 561-563 DOI: 10.1016/j.neuron.2009.08.027
Imagens: Getty Images

RNAm no Prêmio ABC de Blogs Científicos!

Ontem, ao voltar de um churrasco em Rio Claro que provavelmente terá consequências desastrosas para o meu fígado (como sempre…), fui dar uma olhada no Twitter e descobri que tinha saído o resultado da votação do Prêmio ABC para Blogs Científicos, organizado pelo Laboratório de Divulgação Científica da USP de Ribeirão Preto.

Fui ver os ganhadores no Blog Sem Ciência do Prof. Osame Kinouchi e, para minha surpresa, descobri que o RNAm ficou em terceiro lugar na categoria Ciências da Vida!

O que é mais legal sobre esse prêmio: somente quem pertence ao Anel de Blogs Científicos pôde votar, ou seja: são os eleitores mais críticos que se pode arrumar numa votação. Praticamente um Oscar dos blogs científicos (OK, agora forcei) já que foi uma “votação por pares”, nos melhores moldes da Ciência atual 😉

Foi realmente muito bom saber que muitos dos nossos colegas de trabalho gostam do conteúdo que produzimos aqui no RNAm. Ainda mais quando vemos que o Anel de Blogs Científicos tem tantos blogs bons em várias categorias, que foi outra coisa que gostei muito em relação a essa iniciativa: descobri muita coisa legal prá acompanhar (adeus Google Reader zerado).

No próximo final de semana vai acontecer a premiação… lá em Arraial do Cabo, onde ocorrerá o II EWCLiPo (Encontro de Weblogs Científicos em Língua Portuguesa). Essa viagem continua ficando cada vez mais interessante.

Nota do Rafael_RNAm:

Eu como fundador deste blog estou muito feliz. Primeiro a colocação entre os cem no TopBlogs, onde quem escolhia eram os leitores, e agora este terceirão do Anel de Blogs Científicos. É isso que chamam de sucesso de público e crítica?

Alguém pode dizer que nós estamos festejando demais estes prêmios. Mas escrever este blog é querer um mínimo de visibilidade para temas científicos urgentes a todos hoje em dia. Ele é a nossa pequena ação social. E os prêmios são atestados de que estamos no caminho certo.

Agradeço aos leitores, colegas e (antes que o Kanye me interrompa) ao Gabriel que deu um novo gás ao blog.

Que o RNAm continue se expressando!

Pneuzinhos revolucionando a Medicina?!

Como muito bem lembrado pelo Blog 80 Beats (Discover Magazine), o filme Clube da Luta foi bastante feliz em apontar que a gordura retirada na lipoaspiração era muito valiosa para virar lixo. Enquanto no filme os personagens (ou não) -> mini-spoiler 1 pegaram esse descarte biológico para fazer sabão (ou não) -> mini-spoiler 2, pesquisadores desenvolveram uma maneira de reprogramar essas células de gordura em células-tronco, num procedimento muito mais eficiente do que os métodos atuais de produção de células-tronco induzidas, chamadas iPS.

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Bob tinha “bitch tits” cheias de candidatas a iPS!

O que são as iPS?
Essas células são um tipo de célula-tronco de caráter pluripotente (ou seja, que têm capacidade de dar origem a praticamente qualquer tipo celular do nosso organismo). As iPS são produzidas de modo artificial a partir de células não-pluripotentes (geralmente adultas), pela indução da expressão de genes específicos.

Quando essa indução é bem-sucedida, a célula adulta “regride” a um estado de menor diferenciação (ou especialização) celular, o que dá à mesma características de células-tronco. Acredita-se que as iPS sejam idênticas em muitos aspectos às células-tronco pluripotentes naturais, como as células-tronco embrionárias, por exemplo. Quem quiser ler um pouco mais sobre essas células, pode clicar AQUI.

Por esse motivo, a revista Science escolheu a produção de iPS como o grande avanço científico do ano de 2008. Se realmente pudermos confiar no potencial e segurança das iPS, pode ser que toda a discussão que envolve a utilização das células-tronco embrionárias não seja mais necessária. Imaginem o que uma tecnologia dessas pode significar para os estudos de biologia molecular, e futuramente para a medicina…

Pneuzinhos são ruins? Prá nossa saúde sim, para conseguirmos células-tronco induzidas, não!
ResearchBlogging.orgA obtenção de células-tronco por reprogramação de células adultas mais famosa consiste na transformação de células da pele em iPS. Apesar de o procedimento ter sido de extrema importância por inaugurar essa nova técnica, continua bastante ineficiente, demorando aproximadamente 1 mês para que, de cada 10000 células induzidas, uma realmente se transforme em uma iPS. Por isso, muitos grupos de pesquisa encontram-se na busca por tecidos que possam ser transformados em iPS de modo mais rápido e fácil.

O trabalho utilizando células de gordura para a produção de células-tronco induzidas foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (em Inglês, o artigo está aberto para download). Os cientistas prepararam as células do tecido adiposo (gordura) provenientes de material de lipoaspiração doado por pacientes do Dr. Michael Longaker, cirurgião plástico da Universidade de Stanford, sendo que cada paciente doou um volume entre 1 e 3 litros de gordura.

As células do tecido adiposo foram preparadas e reprogramadas em apenas duas semanas, sendo que somente o processo de reprogramação de células da pele demora 4 semanas. Ainda, o procedimento utilizando as células do tecido adiposo demonstrou uma eficiência 20 vezes superior à conversão das células da pele!

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Crescimento das células transformadas em iPS (marcadas em verde)


Em entrevista à Nature News, Ron Evans, fisiologista molecular do Salk Institute em La Jolla, California, disse que as células do tecido adiposo são “até o momento o tipo celular com maior eficiência e eficácia descrito para a geração de iPS”.

Outro aspecto bastante importante do estudo publicado na PNAS é que os pesquisadores usaram um protocolo de preparo das células diferente do padrão, em que não foi utilizada a chamada “feeder layer”, que consiste em uma camada de células de camundongos responsável por fornecer algumas moléculas que a pouca quantidade de células extraídas dos tecidos para indução não é capaz de fabricar.

O fato de se conseguir iPS num ambiente livre dessas células “mantenedoras” é de grande valia, pois as “feeder layer” impossibilitam qualquer chance de se utilizar outras iPS em tratamentos clínicos, devido ao perigo de se obter uma contaminação com produtos das células de camundongos.

Engraçado nós vermos um estudo assim nos tempos de hoje. Ao mesmo tempo em que existe uma grande “cultura ao corpo” que extrapola os limites da saúde e promove a campanha de que “toda a gordura é ruim”, vemos um artigo publicado numa das revistas científicas mais importantes da atualidade mostrando justamente o valor que o material que muitos lutam todos os dias para se livrar (as temidas gordurinhas) pode ser um dos grandes materiais para as pesquisas de ponta em diversas doenças e em seus respectivos tratamentos.

Claro que não estou discutindo as recomendações de saúde em relação ao excesso de gordura na constituição corporal, ou ainda à importância de termos hábitos saudáveis,
mas é impossível não ver um paradoxo um pouco cômico. De repente vemos um grande aliado surgindo de um dos maiores problemas em termos de saúde no mundo contemporâneo.

Sun, N., Panetta, N., Gupta, D., Wilson, K., Lee, A., Jia, F., Hu, S., Cherry, A., Robbins, R., Longaker, M., & Wu, J. (2009). Feeder-free derivation of induced pluripotent stem cells from adult human adipose stem cells Proceedings of the National Academy of Sciences DOI: 10.1073/pnas.0908450106

Genes sintéticos e Bioterrorismo: a certificação de segurança pode prevenir um novo 11 de Setembro?

J0287641.JPGEm 1970, o biólogo molecular Har Gobind Khorana, atualmente professor do MIT, fez a primeira demonstração da síntese de um gene de modo artificial.
Apesar de estarmos em tempos de Caminho das Índias e do hype indiano por causa dos BRIC (ou pelo menos da versão Global da Índia, que é photoshopada até a alma), o nome desse pesquisador pode não dizer nada mesmo para os biólogos. Para dar uma idéia de quem é esse senhor, vou deixar esse link com uma curta biografia (em Inglês), e me limitar a dizer que ele foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1968.
O que deu um Nobel à ele? Ah, nada muito importante… Ele SÓ interpretou a função do Código Genético na síntese de proteínas, o que faz dele, no mínimo, um dos “padrinhos” da Biologia Molecular como a conhecemos. Mas você está aqui prá aprender, então não se sinta culpado por não saber de antemão. E, claro, acredite que eu já sabia 😉
Bom, voltando à síntese de genes, atualmente existem inúmeras empresas de biotecnologia que oferecem esse serviço, muitas vezes com um custo inferior a 1 dólar por par de base solicitado na síntese (sem esforço encontrei “promoções” com preços menores ainda). Barato, e, sem dúvida, uma ferramenta de extrema importância para inúmeros estudos.
Apesar disso, há muito se debate o perigo por trás de um acesso tão fácil à fabricação artificial de genes. Existe um temor de que essa tecnologia seja utilizada para a criação de novas linhagens de organismos patogênicos (como vírus e/ou bactérias), ou então para que se possa “ressuscitar” organismos perigosos já extintos.
biohazard.jpgComo países como EUA e Inglaterra vivem em constante alerta sobre uma eventual ação terrorista de grandes proporções como visto em 11 de Setembro de 2001, os pedidos feitos às empresas que oferecem o serviço de síntese de genes artificiais possuem mecanismos de verificação sobre as encomendas, de modo a se evitar o problema descrito acima. No entanto, como uma das principais ações de toda e qualquer empresa para maximizar seus lucros é diminuir os gastos, existe hoje uma grande discussão em torno do procedimento de verificação utilizado, que foi aumentado pela atitude de duas empresas, a DNA2.0 (EUA) e a Geneart (Alemanha).
Há mais de um ano existe na Europa a International Association of Syntetic Biology (IASB – Associação Internacional de Biologia Sintética), que vem desenvolvendo um código de conduta que, claro, inclui procedimentos-padrão para a análise desses pedidos de genes sintéticos. O problema? As duas empresas citadas acima anunciaram a criação de um código próprio de análise que, segundo a matéria da Nature News que adaptei para escrever esse texto, se escolhido pode ser crucial para a biossegurança global.
Mas qual é a grande diferença proposta, e por que ela pode significar o aumento do perigo?
Atualmente, o processo de verificação dos genes sintéticos envolve, num primeiro momento, um passo automatizado, em que os genes de um determinado pedido são comparados com os dados de organismos presentes em listas contra bioterrorismo, como essa aqui mantida pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC – Centro para Controle e Prevenção de Doenças). Esse passo do processo de verificação é feito pelo uso de programas de computador como o BLAST (Basic Local Alignment Search Tool), velho conhecido d e qualquer um que tenha trabalhado ou trabalhe com Biologia Molecular. Esse programa busca similaridades entre sequências gênicas escolhidas pelo usuário, ou seja, ele fornece a porcentagem de “igualdade” entre as sequências que você queira comparar.
biohazard1.jpgNo entanto, apesar de o código elaborado pelo IASB especificar que um especialista analise os resultados obtidos pelo computador caso haja uma identificação positiva (entre um gene conhecido de um agente patogênico, por exemplo, e um pedido feito à empresa), o código elaborado pela DNA2.0 e pela Geneart determina que o processo de verificação de segurança dos pedidos termine na parte automatizada, sem verificação posterior. Isso fará com que a empresa ganhe agilidade na entrega dos pedidos, e, CLARO, fará com que as mesmas economizem uma boa grana em gastos com funcionários, visto que o especialista responsável pela verificação não será mais necessário.
Apesar disso, nenhum especialista acredita que uma lista contendo TODOS os genes “perigosos” possa ser criada. Por exemplo, sem a revisão de um especialista, pode acontecer de as listas utilizadas no processo automatizado não identifiquem organismos não-patogênicos que tenham sido modificados geneticamente para formarem algo novo, e potencialmente perigoso.
A defesa de um dos vice-presidentes da DNA2.0, Claes Gustafsson, é de que a revisão de especialistas também não é perfeita, podendo acontecer o mesmo fato, de modo que ele defende que não há uma padronização que possa ser feita para garantir 100% de segurança dos produtos sintetizados. Além disso, ele alega que as autoridades governamentais debatem isso há muito tempo sem chegar à um consenso, razão pela qual eles decidiram adotar esse novo código. Algumas empresas anunciaram a possibilidade de fazer o mesmo que a DNA2.0 e a Geneart, e uma reunião organizada pela IASB ocorrerá agora em Novembro nos EUA, para que as empresas adotem o código que a mesma desenvolveu.
A esperança de especialistas em “boas práticas de trabalho”, preocupados com a adoção do padrão exclusivamente automatizado pelas empresas que sintetizam esses genes artificiais, é de que o governo dos EUA, o país mais preocupado com biossegurança, manifeste sua preferência pelo código desenvolvido pela IASB, “forçando” a oficialização desse padrão.
Apesar de eu não ter certeza de que esses códigos de verificação possam realmente ter efeito na proteção contra a fabricação de armas biológicas, creio que há casos em que é melhor não se testar a sorte. Junto à isso, nunca vou preferir os resultados de um computador, se me derem a opção de ter os resultados de um computador revisados por um especialista.
É torcer para a reunião de Novembro ter sucesso em convencer que, em alguns casos, não se pode simplesmente usar o “mínimo denominador comum” na indústria, só porque o concorrente decidiu forçar a briga por maior faturamento por diminuição da qualidade de seus produtos.
* Esse texto foi adaptado de “Keeping genes out of terrorists’ hands”, escrito por Erika Check Hayden e publicado na Nature News em 31 de Agosto de 2009.

Obrigado a todos que votaram no RNAm para o Prêmio TopBlog 2009!!!

Nós, do RNAm, gostaríamos de agradecer a todos os leitores que acessam o blog sempre, e que votaram em nós para melhor blog de Variedades do Prêmio TopBlog de 2009!
Graças aos votos de vocês, nosso blog ficou entre os 100 mais votados do ano, e o selo que aparecerá em nossa barra lateral é esse aí abaixo! Além disso, fomos convidados para participar da cerimônia de entrega dos prêmios, que vai acontecer no próximo sábado, dia 12 de Setembro, em São Paulo.


Claro que não tínhamos pretensão de ganhar o prêmio, afinal, a categoria Variedades é muito ampla, e concorremos com mais de 65 mil outros blogs, e não há uma categoria que possa abrigar melhor blogs como o nosso (e já fica a dica prá organização desse evento!)!
Por isso mesmo achamos ótimo já estar entre os 100 primeiros, por se tratar de um blog que se preocupa em transmitir conteúdo científico aos seus leitores!
Obrigado novamente a todos que votaram e nos indicaram a outras pessoas! Não deixem de trazer mais leitores!

Mulheres, testosterona e ousadia profissional: mulher-macho, sim senhor!

ResearchBlogging.orgPor favor, não me interpretem mal por causa do título desse post, tudo será explicado ao longo do texto.

De modo geral, as mulheres são mais “conservadoras” em relação às operações financeiras. É o que diz um estudo publicado em 1999 que analisou os resultados de 150 estudos que avaliaram a tendência de homens e mulheres em relação à tomada de decisões que envolviam riscos financeiros.

Your-Ultimate-Savings-Guide_full_article_vertical.jpgEssas diferenças entre homens e mulheres em evitar operações financeiras de maior risco podem também ser associadas às diferenças observadas nas escolhas de carreira. Nas instituições de ensino analisadas 37% das mulheres estudantes de MBA escolheram carreiras que tinham maior risco associado (como bancos de investimento ou mercado de ações) contra 57% dos estudantes homens. Apesar de se considerar sempre os fatores sociais e culturais, se acredita que as diferenças biológicas entre os sexos podem desempenhar um papel importante nessas diferenças comportamentais.

Dentre essas diferenças biológicas a testosterona, ou “hormônio masculino”, se destaca. Níveis mais altos de testosterona em homens podem resultar em diferenças comportamentais e de aprendizado, e já foi demonstrado em outros trabalhos que a testosterona aumenta a motivação para competição e dominância, diminui a sensação de medo e altera o equilíbrio entre a sensibilidade entre punição e recompensa. Prá completar a testosterona também já foi associada a comportamentos tidos como de alto risco, como jogatina e abuso de álcool.

O fato de esse hormônio influenciar as decisões de risco no mundo financeiro ou em outros aspectos econômicos que envolvam tomada de riscos ainda é controverso no mundo atual e um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences traz mais alguns dados referentes à essa questão.

Cientistas da Universidade de Chicago investigaram diferenças entre homens e mulheres em relação à aversão a riscos financeiros verificando as concentrações salivares de testosterona em mais de 500 estudantes de MBA.

flew_1124_p056_f1.jpgApesar de não terem encontrado nenhuma variação entre os homens (nós homens realmente não temos graça nenhuma), no caso das mulheres os níveis mais altos de testosterona circulante foram associados a uma menor aversão ao risco financeiro. Ainda nesse estudo, os níveis de testosterona e a aversão ao risco foram bons indicadores para se predizer as escolhas de carreira dentro da área financeira.

Ou seja, de acordo com os dados desse estudo norte-americano podemos concluir que as mulheres que têm mais testosterona (por isso a brincadeira com o “mulher-macho”) adquirem uma abordagem mais agressiva em relação à condução de sua carreira, algo que ainda é visto como característico dos homens (e que eu acho que vai cair por terra logo logo).

Aguardem mais textos falando sobre as maravilhas (ou não) que a testosterona pode fazer por você, seja homem, seja mulher!

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ps: Esse deve ter sido o texto mais curto que já escrevi até hoje. Achei tão estranho quanto vocês, mas não reparem, a causa é simples: são 4h da manhã e escrevi logo depois de entregar (FINALMENTE!) minha tese de Mestrado!

Byrnes, J., Miller, D., & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological Bulletin, 125 (3), 367-383 DOI: 10.1037/0033-2909.125.3.367

Sapienza, P., Zingales, L., & Maestripieri, D. (2009). Gender differences in financial risk aversion and career choices are affected by testosterone Proceedings of the National Academy of Sciences DOI: 10.1073/pnas.0907352106